sábado, 7 de janeiro de 2012

Globo espalha o “caosaquático”. E atola o Governo



Do Blog Conversa Afiada

Saiu na primeira página do Globo reportagem que dá o tom parcial e alarmista de toda a cobertura da chuva do verão de 2012 (vamos ver como se comportará o Ali Kamel quando a chuva cair em São Paulo): 

“Águas de janeiro: alerta de temporais só existe em 20% das cidades (do Rio) sob risco. Anunciado há um ano, sistema federal (leia-se Dilma – PHA) começou a funcionar em novembro”

“Minas (de Aécio – PHA) pouco aproveitou verbas contra cheias” (pág. 12).

“Japão: rápida reconstrução nas tragédias”, está na página 3 colonizada.

(Tão rápido que o Primeiro Ministro caiu …)

Na pág. 4, a Presidenta corre de volta da praia para enfrentar o caos que a Globo disseminou:

“Após dez dias de férias, na Bahia (onde já se viu isso ? – PHA) Dilma Rouseff voltou a Brasília para comandar pessoalmente (sic) as ações do Governo Federal … “

(A Globo ganhou: melou as férias da Presidenta !)






Navalha

O jornal nacional foi o maior propagador do “caos aéreo”, a maior crise do Governo Lula, segundo o próprio Lula.
Agora, na interrupta batalha para Golpear o Governo (trabalhista), a Globo instala o “caosaquático”.
A técnico é simples: a culpa é do Governo (trabalhista).
Que culpa ?
De tudo !
No caso do sistema de alerta do Ministério da Ciência e Tecnologia caberia saber (se a Globo fôsse séria):
– do que se trata ?
É o melhor computador fora dos Estados Unidos que se instalou no INPE para prever chuva;
– de novembro para cá (como não se trata de uma pizzaria, levou algum tempo
 para o sistema entrar em atividade), o que já foi feito ? Como progredimos ?
– na própria cidade do Rio de Janeiro, debaixo do nariz da Globo, a prefeitura e
 o INPE montaram um sistema complexo que valeria a pena – fosse a Globo séria 
– ver como funciona neste verão;
- quantas encostas foram contidas, quantas casas removidas de áreas de risco, 
quantas casas do Minha Vida foram construídas no lugar ?
Nada disso interessa.
O jogo da Globo é quebrar a espinha da Dilma no “caosaquático” que quase 
derrubou o Lula.
Foi no “caosaéreo” que o PiG (*) impôs o Ministro cerrista Nelson Johnbim ao
 Presidente Lula e isso teve um custo altíssimo – para o Lula e para a Dilma.
Quem a Globo quer levar para o Ministério ?
O Wellington Moreira Franco, tão querido da casa ?
Enquanto isso, diria o Millôr Fernandes, o Governo é o “elefante no caos”.
Atolado, paralisado.
Sem reação.
A opinião pública amedrontada, com medo da chuva e do “caoasaquático” 
não tem alternativa: a Globo é a fonte primária de informação.
O Governo não sabe o que dizer.
E se soubesse não teria megafone.
Depois, não pode reclamar.

A guerra suja da grande mídia contra o crescimento do PCdoB



O balanço do primeiro ano do governo Dilma, considerando os impactos negativos da crise mundial do capitalismo sobre o Brasil e o “cerco” que lhe impôs o monopólio midiático, como resultante é positivo. Mesmo que a economia tenha crescido aquém do esperado e na rabeira da classificação dos Brics, o governo assegurou um bom índice de geração de empregos.

Por Adalberto Monteiro, no site da Fundação Maurício Grabois
No Congresso, o governo obteve êxitos, entre eles, a aprovação da Comissão da Verdade e do novo Código Florestal. A presidente chegou ao final de 2011 ostentando índices recorde de aprovação popular, segundo pesquisas de opinião.

Todavia, a grande mídia – porta-voz do capital financeiro e do conservadorismo – tem feito um verdadeiro cerco contra o governo. Manipulando a bandeira do combate à corrupção, ela empreende corrosiva campanha falsamente moralista que já levou ao chão seis ministros. E, como parte dessa escalada contra o governo, desencadeou um bombardeio cerrado contra o PCdoB e seu ex-ministro do Esporte, Orlando Silva.

A campanha difamatória contra do PCdoB teve como ponto de partida uma matéria de capa da revista Veja de 15 de outubro de 2011. Nela se acusava o ex-ministro do Esporte Orlando Silva e o PCdoB de terem montando um suposto esquema de corrupção no qual “seriam utilizadas ONGs de fachada para desviar recursos públicos do Programa Segundo Tempo para os cofres do Partido”.

Todavia, ao ler a pretensa reportagem se via que a munição do ataque era podre, pois se fundamentava tão somente nas palavras de um farsante, o soldado João Dias. Um elemento com folha corrida na polícia, tendo, inclusive, sido preso, acusado de corrupção. Dias, também, fora instado pelo Ministério do Esporte a devolver mais de R$ 3 milhões, por não ter cumprido as normas de um convênio que ele havia assinado com o ministério.

A partir dessa “senha” de Veja, se formou uma santa aliança de todos os grandes veículos de comunicação que, por cerca de 20 dias seguidos, espalharam essa mentira até a saturação.

O ex-ministro do Esporte, Orlando Silva, com altivez, apresentou esclarecimentos demonstrando a lisura de sua gestão. Deu inúmeras entrevistas, de vontade própria foi às duas casas do Congresso nacional, cobrando de seus caluniadores ao menos uma prova que fosse. Do mesmo modo, a direção nacional do PCdoB, por intermédio de seu presidente Renato Rabelo, liderou a defesa da dignidade da histórica legenda dos comunistas e a integridade do ministro.

Todavia, a grande mídia – agindo na condição de um verdadeiro tribunal de exceção, em rito sumário, e sem provas – julgou, condenou e promoveu um verdadeiro linchamento moral do ex-ministro e de seu Partido.

De lá para cá, nenhuma prova – conforme desafiou o ex-ministro Orlando – surgiu contra ele, tampouco contra o PCdoB. O farsante João Dias, depois da injusta queda de Orlando, foi preso duas vezes, em 7 e 15 dezembro último, por tentar invadir o Palácio do Buriti, sede do governo do Distrito Federal.

O PCdoB, apoiado na verdade, na coesão de seu coletivo militante e na coragem política de sua direção, no apoio de aliados e do povo, tem conseguido batalha a batalha enfrentar a armação política contra ele montada. A guerra suja não conseguiu nem retirá-lo do governo, nem isolá-lo.

Na história brasileira, toda vez que recorreu ao anticomunismo – além de procurar “aniquilar” o Partido Comunista em virtude do seu crescimento ou de sua resistência à tirania – a direita sempre usou esse ataque como estratagema para golpear governos democráticos. Isso se repete agora. A direita reacionária recorre ao seu atávico anticomunismo para satanizar o PCdoB, justamente porque ele ganha crescente força política e social, exerce responsabilidades destacadas no governo da República, e se qualifica como um Partido revolucionário e contemporâneo.

Das lições de 2011, do balanço do primeiro ano do governo Dilma, duas grandes tarefas se apresentam: avançar na adoção de uma nova política macroeconômica, com redução forte dos juros, ajuste cambial e política fiscal consoante aos tempos de crise; e garantir à sociedade o direito constitucional à liberdade de expressão, o direito à informação e à comunicação.

Se outrora a comunicação plural e a liberdade de imprensa foram aniquiladas pela ditadura militar, agora se encontram sufocadas pelos monopólios do setor. Assim como o sufrágio universal decorrente da luta do povo, nas primeiras décadas do século 20, foi uma conquista determinante à ampliação da democracia, hoje, no século 21, pela dimensão adquirida pela mídia – sobretudo, na esfera da política –, sua democratização é uma condição à conquista de uma sociedade verdadeiramente democrática.

Fidel Castro: A marcha rumo ao abismo




Não se trata de otimismo ou pessimismo, de saber ou ignorar coisas elementares, ser responsável ou não pelos acontecimentos. Os que se pretendem políticos devem ser jogados à lixeira da história se, como é norma, nessa atividade ignoram tudo, ou quase tudo, o que se relaciona com ela.

Por Fidel Castro


Não falo, claro, dos que ao longo de vários milênios converteram os assuntos públicos em instrumento de poder e riqueza para as classes privilegiadas, atividade em que verdadeiros recordes de crueldade têm sido impostos durante os últimos oito ou dez mil anos em que existem vestígios certos da conduta social de nossa espécie, cuja existência como seres pensantes tem apenas, segundo os cientistas, uns 180 mi anos.

Não é minha intenção engajar-me em tais temas que, certamente, aborreceriam quase cem por cento das pessoas que continuamente são bombardeadas com notícias através da mídia, que vão desde a palavra escrita até as imagens tridimensionais que começam a ser exibidas em custosos cinemas, e não está muito distante o dia em que também predominem nas já por si fabulosas imagens da televisão. Não é casual que a chamada indústria de recreação tenha sua sede no coração do império que a todos tiraniza.

Pretendo situar-me no ponto de partida atual de nossa espécie para falar da marcha rumo ao abismo. Poderia, inclusive, falar de uma marcha “inexorável” e estaria com certeza mais próximo da realidade. A ideia de um juízo final está implícita nas doutrinas religiosas dominantes entre os habitantes do planeta, sem que ninguém as qualifique de pessimistas. Considero, ao contrário, que é um dever elementar de todas as pessoas mais sérias, que são milhões, lutar para adiar e, talvez, impedir, esse dramático e próximo acontecimento no mundo atual.

Numerosos perigos nos ameaçam, mas dois deles - a guerra nuclear e a mudança climática - são decisivos e ambos estão cada vez mais longe de ter uma solução.

O palavrório demagógico, as declarações e discursos da tirania imposta ao mundo pelos Estados Unidos e seus poderosos e incondicionais aliados, em ambos os temas, não admitem a menor dúvida a respeito. 

O primeiro de janeiro de 2012, ano novo ocidental e cristão, coincide com o aniversário do triunfo da Revolução em Cuba e o ano em que se completam os 50 anos da Crise de Outubro de 1962, que colocou o mundo à beira de uma guerra mundial nuclear, o que me obriga a escrever estas linhas.

Minhas palavras não teriam sentido se tivessem como objetivo atribuir alguma culpa ao povo norte-americano, ou ao de qualquer outro país aliado dos Estados Unidos na insólita aventura; eles, como os demais povos do mundo, seriam as vítimas inevitáveis da tragédia. Fatos recentes ocorridos na Europa e outros pontos mostram a indignação massiva daqueles a quem o desemprego, o custo de vida, a redução nas rendas, as dívidas, a discriminação, as mentiras e a politicagem, conduzem aos protestos e às brutais repressões dos guardiões da ordem estabelecida.

Com frequência crescente se fala de tecnologias militares que afetam a totalidade do planeta, único local habitável conhecido a centenas de anos luz de outro que talvez possa ser adequado se pudéssemos viajar à velocidade da luz, trezentos mil quilômetros por segundo.

Não devemos ignorar que nossa maravilhosa espécie pensante desaparecerá muitos milhões de anos antes de que surja novamente outra capaz de pensar, em virtude dos princípios naturais que regem a evolução das espécies, descobertos por Darwin em 1859 e hoje reconhecidos por cientistas sérios, religiosos o ou não.

Nenhuma outra época da história do homem conheceu os atuais perigos que ameaçam a humanidade. Pessoas como eu, com 85 anos de idade, tínhamos chegado aos 18 com o título de bacharel antes de ser construída a primeira bomba atômica.

Hoje os artefatos deste tipo, prontos para serem empregados - incomparavelmente mais poderosos que aqueles que produziram o calor do sol sobre as cidades de Hiroshima e Nagasaki ─ são milhares.

As armas desse tipo, armazenadas adicionalmente nos depósitos, somadas às já desativadas em virtude dos acordos, alcançam cifras que superam os vinte mil projéteis nucleares.

O emprego de apenas uma centena dessas armas seria suficiente para criar um inverno nuclear que provocaria uma morte espantosa, em pouco tempo, de todos os seres humanos que habitam o planeta, como demonstrou brilhantemente e com dados computadorizados o cientista norte-americano e professor da Universidade de Rutgers (Nova Jersey), Alan Robock.

Os que costumam ler as notícias e análises internacionais sérias conhecem como os riscos do início de uma guerra com o emprego de armas nucleares se incrementam na medida em que a tensão cresce no Oriente Médio, onde só o governo de Israel acumula centenas de armas nucleares em plena disposição para o combate, e cujo caráter de forte potência nuclear não se confirma nem se nega. Cresce igualmente a tensão em torno da Rússia, país de inquestionável capacidade de resposta, ameaçada por um suposto escudo nuclear europeu.

É de provocar riso a afirmação ianque de que o escudo nuclear europeu existe para proteger também a Rússia do Irã e da Coreia do Norte. A posição ianque é tão débil neste assunto delicado que seu aliado Israel nem sequer se incomoda em garantir consultas prévias sobre medidas que possam desencadear a guerra.

A humanidade, por outro lado, não goza de garantia nenhuma. O espaço cósmico, nas proximidades de nosso planeta, está saturado de satélites artificiais dos Estados Unidos destinados a espionar o que ocorre até nos telhados das residências de qualquer nação no mundo. A vida e os costumes de cada pessoa ou família passaram a ser objeto de espionagem. A escuta de centenas de milhares de celulares, e os temas das conversas de qualquer usuário em qualquer parte do mundo, deixam de ser assuntos privados para serem convertidos em material de informação para os serviços secretos dos Estados Unidos.

Este é o direito que resta aos cidadãos de nosso mundo em virtude dos atos de um governo cuja Constituição, aprovada no Congresso de Filadélfia em 1776, estabelecia que todos os homens nascem livres e iguais, tendo recebido do Criador determinados direitos, dos quais já não lhes resta, nem aos próprios norte-americanos ou a qualquer cidadão do mundo, nem sequer o direito de comunicar por telefone a familiares e amigos seus sentimentos mais íntimos.

A guerra, contudo, é uma tragédia que pode ocorrer, e é muito provável que ocorra. Mas, se a humanidade fosse capaz de retardá-la por um tempo indefinido, outro fato igualmente dramático está ocorrendo já em ritmo crescente: a mudança climática. Assinalarei apenas aquilo que eminentes cientistas e comentaristas de relevo mundial têm explicado através de documentos e filmes que ninguém questiona.

É bem conhecido que o governo dos Estados Unidos se opôs aos acordos de Quioto sobre o meio ambiente, uma linha de conduta que nem sequer combinou com seus aliados mais próximos, cujos territórios sofreriam grandemente e alguns dos quais, como a Holanda, desapareceriam completamente.

O planeta segue hoje sem uma política sobre este grave problema, enquanto os níveis do mar sobem, as enormes camadas de gelo que cobrem a Antártica e a Groenlândia (onde se acumula mais de 90% da água doce do mundo), derretem em ritmo crescente, e a humanidade já alcançou oficialmente, em 30 de novembro de 2011, a cifra de sete bilhões de habitantes que, nas áreas mais pobres do mundo, cresce de forma inevitável. Por acaso aqueles que se dedicaram a bombardear países e matar milhões de pessoas durante os últimos 50 anos podem se preocupar com o destino dos demais povos?

Os Estados Unidos são hoje não só o promotor dessas guerras, mas também o maior produtor e exportador de armas no mundo.

Como se sabe, esse poderoso país assinou um acordo para fornecer 60 bilhões de dólares nos próximos anos ao reino da Arábia Saudita, onde as transnacionais dos Estados Unidos e de seus aliados extraem todo dia 10 milhões de barris de petróleo leve, isto é, bilhões de dólares em combustível. Que será daquele país e da região quando estas reservas se esgotarem? Não é possível que nosso mundo globalizado aceite sem choradeira o colossal desperdício de recursos energéticos que a natureza levou centenas de milhares de anos para criar, e cuja dilapidação encarece os custos essenciais. Não seria em absoluto digno do caráter inteligente atribuído a nossa espécie.

Nos últimos doze meses essa situação se agravou consideravelmente a partir de novos avanços tecnológicos que, longe de aliviar a tragédia proveniente do desperdício dos combustíveis fósseis, a agrava consideravelmente.

Cientistas e pesquisadores de prestígio mundial vinham assinalando as consequências dramáticas da mudança climática.

Em um excelente documentário, o diretor francês Yann Arthus-Bertrand, intitulado Home, e elaborado com a colaboração de prestigiosas e bem informadas personalidades internacionais, publicado em meados de 2009, advertiu ao mundo com dados irrebatíveis o que estava ocorrendo. Com sólidos argumentos, expunha as consequências nefastas do consumo, em menos de dois séculos, dos recursos energéticos criados pela natureza em centenas de milhões de anos. Mas o pior não é o colossal desperdício, mas as consequências suicidas que teria para a espécie humana : “... te beneficias de um fabuloso legado de quatro bilhões de anos ministrado pela Terra. Tens apenas 200 mil anos, mas já mudaste a face do mundo”.

Não culpava, nem poderia culpar, a ninguém - sinalizava apenas uma realidade objetiva. Contudo, hoje temos que culpar-nos a todos os que sabemos e nada fazemos para remediar esta situação.

Em suas imagens e conceitos, os autores desta obra incluem memórias, dados e ideias que temos o dever de conhecer e levar em conta.

Recentemente outro fabuloso material fílmico exibido foi Oceanos, elaborado por dois produtores franceses, considerado em Cuba o melhor filme do ano. Talvez, em minha opinião, o melhor desta época.

É um material que assombra pela precisão e beleza das imagens nunca antes filmadas por câmara alguma: oito anos e 50 milhões de euros foram investidos no filme. A humanidade terá que agradecer essa prova da forma como se expressam os princípios da natureza adulterados pelo homem. Os atores não são seres humanos; são os povoadores dos mares do mundo. Um Oscar para eles!

O que despertou em mim o dever de escrever estas linhas não surgiu dos fatos referidos até aqui, que de uma forma ou outra comentei anteriormente. Mas de outros que, manejados pelo interesse das transnacionais, saíram à luz em doses graduais nos últimos meses e servem em minha opinião como prova definitiva da confusão e do caos político que imperam no mundo.

Foi apenas há alguns meses que li pela primeira vez algumas notícias sobre a existência do gás de xisto. Dizia-se que os Estados Unidos dispunham de reservas para suprir suas necessidades deste combustível durante 100 anos. Como disponho, atualmente, de tempo para indagar sobre temas políticos, econômicos e científicos que podem ser realmente úteis a nossos povos, entrei em contato discretamente com várias pessoas que residem em Cuba ou no exterior. Curiosamente, nenhuma delas havia ouvido uma palavra sobre o assunto. Não era a primeira vez que isso acontecia. E é assombroso que fatos importantes podem ser escondidos num verdadeiro mar de informações, misturados com centenas ou milhares de notícias que circulam pelo planeta.

Persisti, entretanto, em meu interesse sobre o tema. Transcorreram vários meses e o gás de xisto não é notícia. Na véspera do ano novo já se conheciam dados suficientes para ver com clareza a marcha inexorável do mundo rumo ao abismo, ameaçado por riscos tão extremamente graves como a guerra nuclear e a mudança climática. Do primeiro já falei; do segundo, por uma questão de brevidade, me limitarei a expor dados conhecidos e alguns por conhecer que nenhum dirigente político ou pessoa sensata pode ignorar.

Não vacilo em afirmar que observo ambos os fatos com a serenidade dos anos vividos, nesta espetacular fase da história humana, que contribuiu para a educação de nosso povo valente e heroico.

O gás se mede em TCF, podendo ser referido em pés cúbicos ou metros cúbicos - nem sempre se explica se se trata de um ou outro - dependendo do sistema de medidas que se use em um determinado país. Por outro lado, quando se fala de bilhões, podem se referir ao bilhão espanhol que significa um milhão de milhões (bilhões em português). Essa cifra em inglês é classificada como trilhão que deve ser levada em conta quando se analisa os dados referidos ao gás, que costumam referir-se a volumes. Tratarei de indicar quando for necessário.

O analista norte-americano Daniel Yergin, autor de um volumoso clássico da história do petróleo afirmou, segundo a agência de notícias IPS, que um terço de todo o gás produzido nos Estados Unidos já é gás de xisto.

“... a exploração de uma plataforma com seis poços pode consumir 170 mil metros cúbicos de água e inclusive provocar efeitos danosos como influir nos movimentos sísmicos, contaminar águas subterrâneas e superficiais, e afetar a paisagem”.

O grupo britânico BP informou por sua parte que “as reservas provadas de gás convencional ou tradicional no planeta somam 6.608 trilhões de pés cúbicos, uns 187 trilhões de metros cúbicos, (...) e os depósitos maiores estão na Rússia (1.580 TCF), Irã (1.045), Catar (894), Arábia Saudita e Turquemenistão, com 283 TCF cada um”. Trata-se do gás que se vinha produzindo e comercializando.

“Um estudo da EIA - uma agência governamental dos Estados Unidos sobre energia - publicado em abril de 2011 encontrou praticamente o mesmo volume (6.620 TCF ou 187 trilhões de metros cúbicos) de gás de xistos recuperável em apenas 32 países, e os gigantes são: China (1.275 TCF), Estados Unidos (862), Argentina (774), México (681), África do Sul (485) e Austrália (396 TCF)”. Observe-se que de acordo com o que se sabe, Argentina e México possuem quase tanto quanto os Estados Unidos. China, com as maiores jazidas, possui reservas que equivalem a quase o dobro daqueles e uns 40% a mais que os Estados Unidos.

“... países secularmente dependentes de fornecedores estrangeiros contariam com uma enorme base de recursos em relação a seu consumo, como França e Polônia, e importam 98 e 64 por cento, respectivamente, do gás que consomem e que teriam em rochas de xisto reservas superiores a 180 TCF cada um”.

“Para extraí-lo - assinala a IPS - se apela a um método batizado de “fracking” (fratura hidráulica), com a injeção de grandes quantidades de água, areia e aditivos químicos. A emissão de carbono (produção de dióxido de carbono liberada na atmosfera) é muito maior que a gerada com a produção de gás convencional”.

“Como se trata de bombardear camadas da crista terrestre com água e outras substâncias, aumenta o risco de provocar danos no subsolo, no solo, águas subterrâneas e superficiais, a paisagem e as vias de comunicação se as intalações para extrair e transportar a nova riqueza apresentem defeitos ou erros de manejo”.

Basta assinalar que entre as numerosas substâncias químicas injetadas com a água para extrair este gás se encontram o benzeno e o tolueno, que são terrivelmente cancerígenas.

A especialista Lourdes Melgar, do Instituto Tecnológico e de Estudos Superiores de Monterrey, opina que: 

“´É uma tecnologia que gera muito debate e são recursos encontrados em regiões onde não há água´...”

“Os xistos gasíferos - diz IPS - são pedreiras de hidrocarbonetos não convencionais enquistados em rochas que as abrigam, e é por isso que se aplica a fratura hidráulica (conhecida como ‘fracking’) para liberá-las em grande escala”.

“A geração de gás de xisto envolve altos volumes de água e a escavação e fratura geram grandes quantidades de resíduos líquidos, que podem conter substâncias químicas dissolvidas e outros contaminantes que exigem tratamento antes de serem descartados”.

“A produção de xisto saltou de 11.037 milhões de metros cúbicos em 2000 a 135.840 milhões em 2010. Se este ritmo de expansão continuar, em 2035 chegará a cobrir 45 por cento da demanda geral de gás”, diz a EIA.

“Pesquisas cientificas recentes alertam para o perfil ambientalmente negativo do gás de xisto”.

“Os acadêmicos Robert Howarth, Renee Santoro e Anthony Ingraffea, da estadunidense Universidade de Cornell, concluíram que este hidrocarboneto é mais contaminante que o petróleo e o gás, segundo seu estudo ‘Metano e a pegada de gases de efeito estufa do gás natural proveniente de formações de xisto’, divulgado em abril passado pela revista Climatic Change.

“A pegada carbônica é maior que a do gás convencional ou o petróleo, vistos em qualquer horizonte temporal, mas particularmente num espaço de 20 anos. Comparada com o carvão, é ao menos 20por cento maior e talvez mais do dobro em 20 anos´, ressaltou a notícia.”

“O metano é um dos gases do efeito estufa mais contaminantes, responsáveis pelo aumento da temperatura do planeta”.

“´Em áreas ativas de extração (um ou mais poços em um quilômetro), as concentrações médias e máximas de metano em poços de água potável crescem com a vizinhança ao poço gasífero mais próximo, além do perigo potencial de explosão´, assegura o texto escrito por Stephen Osborn, Avner Vengosh, Nathaniel Warner y Robert Jackson, da estatal Universidade de Duke.

“Estes indicadores questionam o argumento da indústria de que o xisto pode substituir o carvão para a geração de energia elétrica e, portanto, ser um recurso para mitigar a mudança climática.”

“´É uma aventura muito prematura e arriscada´.”

“Em abril de 2010, o Departamento de Estado dos Estados Unidos colocou em marcha a Iniciativa Global de Gás de Xisto para ajudar os países que querem aproveitar este recurso, para identificação e desenvolvimento. Com um eventual ganho econômico para as transnacionais dessa nação.”

Fui inevitavelmente extenso; não tive outra opção. Redijo estas linhas para o portal Cubadebate e para a Telesur, uma das emissoras de notícias mais sérias e honestas de nosso sofrido mundo.

Para abordar o tema deixei que passassem os dias festivos do velho e do novo ano.

Fidel Castro Ruz
4 de janeiro de 2012, 21h15

Fonte: Cubadebate
http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=172707&id_secao=9 
Tradução da redação do Vermelho






sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Criança indígena de 8 anos é queimada viva por madeireiros


                                 A violência contra o povo indígena sempre presente no Brasil...


Do Portal Vermelho


Quando a bestialidade emerge, fica difícil encontrar palavras para descrever qualquer pensamento ou sentimento que tenta compreender um acontecimento como esse. Na última semana uma criança de oito anos foi queimada viva por madeireiros em Arame, cidade da região central do Maranhão.

Por Rogério Tomaz Jr. no blog Conexão Brasília Maranhão


Enquanto a criança – da etnia awa-guajá – agonizava, os carrascos se divertiam com a cena.

O caso não vai ganhar capa da Veja ou da Folha de S. Paulo. Não vai aparecer no Jornal Nacional e não vai merecer um “isso é uma vergonha” do Boris Casoy.

Também não vai virar TT no Twitter ou viral no Facebook.

Não vai ser um tema de rodas de boteco, como o cãozinho que foi morto por uma enfermeira.

E, obviamente, não vai gerar qualquer passeata da turma do Cansei ou do Cansei 2 (a turma criada no suco de caranguejo que diz combater a corrupção usando máscara do Guy Fawkes e fazendo carinha de indignada na Avenida Paulista ou na Esplanada dos Ministérios).

Entretanto, se amanhã ou depois um índio der um tapa na cara de um fazendeiro ou madeireiro, em Arame ou em qualquer lugar do Brasil, não faltarão editoriais – em jornais, revistas, rádios, TVs e portais – para falar da “selvageria” e das tribos “não civilizadas” e da ameaça que elas representam para as pessoas de bem e para a democracia.

Mas isso não vai ocorrer.

E as “pessoas de bem” e bem informadas vão continuar achando que existe “muita terra para pouco índio” e, principalmente, que o progresso no campo é o agronegócio. Que modernos são a CNA e a Kátia Abreu.

A área dos awa-guajá em Arame já está demarcada, mas os latifundiários da região não se importam com a lei. A lei, aliás, são eles que fazem. E ai de quem achar ruim.

Os ruralistas brasileiros – aqueles que dizem que o atual Código Florestal representa uma ameaça à “classe produtora” brasileira – matam dois (sem terra ou quilombola ou sindicalista ou indígena ou pequeno pescador) por semana. E o MST (ou os índios ou os quilombolas) é violento. Ou os sindicatos são radicais.

Pressão constante

Os madeireiros que cobiçam o território dos awa-guajá em Arame não cessam um dia de ameaçar, intimidade e agredir os índios.

E a situação é a mesma em todos os rincões do Brasil onde há um povo indígena lutando pela demarcação da sua área. Ou onde existe uma comunidade quilombola reivindicando a posse do seu território ou mesmo resistindo ao assédio de latifundiários que não aceitam as decisões do poder público. E o cenário se repete em acampamentos e assentamentos de trabalhadores rurais.

Até quando?

Esclarecimento do jornal Vias de Fato

O Conselho Indigenista Missionário (CIMI) confirmou na quinta-feira (6), a informação que uma criança da etnia Awá-Gwajá, de aproximadamente 8 anos, foi assassinada e queimada por madeireiros na terra indígena Araribóia, no município de Arame, distante 476 km de São Luis. A denúncia feita pelo Vias de Fato, foi postada logo após receber um telefonema de um índio Guajajara denunciando o caso. 

De acordo com Gilderlan Rodrigues da Silva, um dos representantes do CIMI no Maranhão, um índio Guajajara filmou o corpo da criança carbonizado. ”Os Awá-Gwajás são muito isolados, e madeireiros invasores montaram acampamento na Aldeia Tatizal, onde estavam instalados os Awá. Estamos atrás desse vídeo, ainda não fizemos a denúncia porque precisamos das provas em mãos” disse Gilderlan.

Violência contra indígenas é fato recorrente no Maranhão, no dia 26 de setembro de 2011, conforme denunciamos aqui nesse site, uma senhora indígena do Povo Canela, Ramkokamekrá Conceição Krion Canela, de 51 anos foi encontrada morta a pauladas. A atrocidade aconteceu no Povoado Escondido, interior de Barra do Corda. No mês de outubro, uma índia de 22 anos, deficiente mental, da terra indígena Krikati foi violentada sexualmente por um homem identificado como Francildo. Segundo Belair de Sousa, coordenador técnico da terra indígena, o indivíduo chegou na aldeia Campo Grande armado. O CIMI Nacional informou que vai emitir nota pedindo apuração do caso do assassinato da criança Awá.

Com informações do jornal Vias de Fato

Notícias atualizada às 14h45 para acréscimo de informações



http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=172661&id_secao=1 

"Na América Latina, sou o negro mais votado"- Netinho de Paula -PCdoB



Lula com Netinho a campanha de senador, onde Netinho obteve quase 8 milhões de votos!



Netinho de Paula, ao lado de Martinho da Vila, em cerimônia do PC do B
Quando oPCdoB anunciou, no final de 2009, que o vereador Netinho de Paula seria candidato ao Senado pela legenda, os caciques do PT acharam que a notícia não passava de um balão de ensaio.
No ano seguinte, o músico surpreendeu a todos, se manteve no páreo e por muito pouco não foi eleito no lugar da favorita Marta Suplicy.
Na reta final da campanha, a morte de Romeu Tuma, candidato do PTB, e a exploração de um caso antigo de agressão à ex-mulher minaram as chances do comunista, que acabou em terceiro na disputa. Em 2011 o roteiro se repete.
O PCdoB, que foi o primeiro partido de São Paulo a anunciar seu pré-candidato, afirma que não abrirá mão de lançar Netinho, dessa vez para a prefeitura. O Comitê Central comunista até chegou a negociar um recuo em troca do apoio do PT gaúcho à deputada Manuela D'àvila, que disputará a prefeitura de Porto Alegre.
Como o acordo não deu certo e Netinho apareceu em segundo lugar na última pesquisa do Datafolha, seu nome ganhou musculatura.
"Existe clima na cidade para quebrar a bipolarização de tantos anos entre PT e PSDB. Não está nos meus planos ser vice de ninguém. O partido levará minha candidatura até o fim", diz Netinho.
A experiência de 2010 deixou claro que o caso da ex-mulher será sempre usado contra ele, especialmente em eleições majoritárias.
"Aquele episódio vai aparecer de novo. Eu sei disso. Mas sei também que não foi esse o motivo da minha derrota e sim o fato de dois candidatos terem morrido. Sou o negro mais votado do Brasil e da América Latina".
"Temos críticas  ao investimento social ,foi muito baixo. Nossas críticas serão com base em dados reais", promete o vereador comunista.
http://www.brasileconomico.com.br/noticias/na-america-latina-sou-o-negro-mais-votado_110713.html


Indicado pelo maior colégio eleitoral do País (30.289.723 eleitores), Netinho obteve 7.770.882 votos, a senador.21,13% em São Paulo. O candidato do PC do B superou nomes tarimbados de outros Estados, como os mineiros Aécio Neves (PSDB) e Itamar Franco (PPS), que conseguiram respectivamente 7.561.413 e 5.122.674 votos em um colégio de 14.513.934 eleitores. Aécio obteve 39,47% dos votos válidos, enquanto Itamar ficou com 26,74%.
Netinho não foi o único terceiro colocado que obteve votação expressiva. O petista Fernando Pimentel conseguiu 4.592.617 votos em Minas Gerais, mais que o gaúcho Paim (PT) e o baiano Walter Pinheiro (PT), por exemplo.
*Números divulgados pelo TSE