quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Influência de LULA em SP preocupa demo-tucanos


A influência de Lula no pleito paulistano em 2012, apurada pelo Datafolha, é mais alarmante para os tucanos do que a rejeição de José Serra. Essa é a primeira vez que Lula tem mais influência sobre a decisão de voto na capital paulista do que o governador Geraldo Alckmin.

A informação é do Painel, editado por Renata Lo Prete e publicado na Folha desta terça-feira (a íntegra da coluna está disponível para assinantes do jornal e do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha).

Lula deve ser o cabo eleitoral de maior peso na eleição: 40% dos entrevistados dizem que poderiam votar num candidato apoiado por ele. O apoio da presidente Dilma Rousseff (PT) é importante para 26%, e o do governador Geraldo Alckmin (PSDB), para 27%.

O dado deixa aliados de Geraldo Alckmin com as barbas de molho não apenas pelo peso do ex-presidente em 2012 -40% declaram a intenção de escolher o candidato patrocinado por ele, contra 27% na opção indicada pelo governador-, mas também pelo risco potencial para a reeleição em 2014.

O indicado do prefeito Gilberto Kassab (PSD) só teria a preferência de 15%. Outros 38% dizem que não votariam no candidato do prefeito.

O Datafolha ouviu 1.039 moradores de São Paulo na última quinta-feira. A margem de erro do levantamento é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.

fonte:blog do Esmael

O comunista e o capitalista...


Em 1975, um americano e um soviético morreram, e, foram direto para a fila do inferno.
Chegando no demônio, ele disse: Ivan Ivanov e John Smith?
Os dois respondem: Somos nós!
- Olha, vocês dois, esse é o sistema, como ainda estamos na guerra fria, o inferno se adaptou a ela, então vocês escolhem, ou vão para o inferno americano ou para o soviético, para onde querem ir?
O americano, sem entender, pergunta: - Qual a diferença entre os dois infernos?
E o demônio responde: - No americano, vocês fazem o que quiserem, mas serão obrigados a comer um balde bosta a cada manhã.
O soviético, com medo de levar bala, nem pergunta nada.
E o americano replica: - E no soviético?
O demônio responde de novo: - Lá, ninguém corre o risco de passar fome, o desemprego é de 0,001%, a saúde é gratuita e de qualidade, mas a porção de bosta é quatro vezes maior.
Certo, agora que já sabem, digam para ondem querem ir, e lembrem-se que a escolha não tem volta até que o mundo mude!
O americano diz: - Eu hem! Prefiro ficar doente, passar fome e ficar sem emprego a comer quatro baldes de bosta, eu vou é para o inferno americano!
O soviético responde: - Eu não sou bobo, vou para a pátria amada, União Soviética!
Passaram-se quatorze anos, e o muro de Berlim caiu, e o dos infernos também, e os dois se encontraram.
O soviético pergunta: - Como foi no inferno americano, sr. Smith?
E o americano responde: - Era muito bom, me dei bem, virei patrão de uns empregados imbecis, o duro era comer aquela bosta todo dia, mas e no soviético, foi muito ruim, os quatros baldões?
E o soviético: - Claro que não! Eu trabalhava, era bem alimentado e quando tinha gripe, já era bem atendido, nem parecia um inferno.
E o americano, irritado por ter de repetir, pergunta: - Mas e aquela parte? Dos quatro, cinco baldes?
E o soviético: - Ah, não, esse inferno era igualzinho à URSS, a bosta raramente chegava em casa, e quando chegava, era racionada, vinha um trocinho, e, muitas vezes, o estado vinha buscar de volta, eu nunca comi sequer um pedaço de bosta!


terça-feira, 6 de setembro de 2011

Outro livro para inutilmente tentar desmoralizar, o construtor da União Soviética Joseph Stálin







JOSEPH STÁLIN



Stalin sempre despertou o ódio irrestrito da burguesia internacional, que sempre tentou atacá-lo e depreciá-lo de todas as formas. Para isso a reação sempre contou com seus fiéis escudeiros, o revisionismo e o oportunismo, no geral, o kruschovismo e o trotskismo, em particular. Recentemente foi editado o livro do pretenso historiador Simon Sebag Montefiore intitulado O Jovem Stalin, que "traz à luz a juventude sombria do terrível ditador". Fora a baba hidrofóbica que sai pelo canto da boca, escorre pelo braço e chega à caneta, se misturando com a tinta, nada que deprecie a imagem de Stalin pode ser achado no livro.




Esta seria uma tarefa extremamente difícil, dado que se difama Stalin desde a sua morte e sua vida já foi virada ao avesso por predecessores do pretenso historiador, na esperança de encontrar alguma foto do "diabo georgiano" jantando uma criancinha assada. O livro, no entanto, tem feito sucesso e deve virar filme. Todo esse ódio somente demonstra a importância de Stalin como camarada e sucessor de Lenin na direção da Revolução Russa e de seu magistral papel na primeira experiência de construção socialista da humanidade, bem como de brilhante comandante militar na vitória sobre o nazifascismo. Sem dúvida, o ódio dos inimigos de classe só pode ser bem vindo para aqueles que entendem e defendem a imensa contribuição deste grande revolucionário.


Não se pretende aqui contradizer todas as calúnias, visto que seria demasiado tedioso e o respeito ao leitor nos impede de gastar mais que meia página para desmontar a verborragia ensebada do livro.


O autor começa falando que muito pouco se havia escrito sobre a juventude de Stalin enquanto de outros como Hitler, Roosevelt e Churchill havia vasto material. Afirma que só recentemente foram abertos arquivos que trazem à tona sua "sombria" juventude. Ora, por que os revisionistas haveriam de esconder tais preciosidades se elas seriam tão úteis para caracterizar o monstro? Isto seria naturalmente cereja no sorvete do relatório secreto de Kruschov traidor, o responsável pela detratação de Stalin e a restauração capitalista na União Soviética. Quando ataca Stalin não se pode deixar de falar do tal "culto à personalidade" e o autor afirma não entender por que Stalin não utilizou as memórias de sua mãe no culto e nem tão pouco por que ficou furioso quando ela foi entrevistada por uma revista de moda. "Peço-lhes que proíbam essa gentalha farisaica que penetrou em nossa imprensa de publicar qualquer outra 'entrevista' com minha mãe e toda espécie de publicidade crassa".


Afirma o autor que Stalin também evitava falar de sua mocidade. Que motivos teria para isso? Sua mocidade foi heróica, com intensa e apaixonada militância, diversas ações de expropriação, várias prisões, fugas e edições de vários jornais. Algum "ingênuo" poderia argumentar que um historiador deve primeiro investigar e depois tirar suas conclusões. Ora, historiadores pertencem a classes sociais e quase sempre refletem a maneira de ver o mundo destas classes. O autor pertence a uma família d e banqueiros e as conclusões, ou melhor, o objetivo do livro — detratar Stalin — estava traçado antes mesmo de alguma suposta pesquisa em fontes obscuras. Aliás, este não é o primeiro livro de Montefiore atacando Stalin, existe um tal de A corte do tzar vermelho. Não é preciso ser muito inteligente para ver que as evidências apresentadas pelo pretenso historiador depõem contra a acusação do "culto à personalidade", mas faz parte da tática do mesmo ir caluniando e depois dizer que talvez não fosse bem assim.


Isso pode ser visto quando discute a paternidade de Stalin. Afirma que ele pode ser filho do padre, do padrinho e de mais alguns, e depois que provavelmente é filho de Besso, o marido de sua mãe. Essa conversa de comadre nada tem a ver com história, é tentativa de difamação pura e grosseira. Mesmo que a mãe de Stalin fosse uma prostituta, ser filho de uma meretriz (em sentido literal é claro) em nada depõe contra uma pessoa. Já os que as têm (no sentido figurado)...


Outra acusação contra Stalin na verdade mostra mais uma de suas grandes contribuições à causa revolucionária, que foi usada até pelos que afirmaram odiar Stalin: as ações de expropriação contra bancos para financiar a Revolução. Aliás, nosso "banqueirozinho" afirma que o termo expropriação é apenas um eufemismo para roubo de banco. Bem compreensível, classes diferentes vêem de forma diferente. Para as classes oprimidas fica confuso separar roubo de juros, financiamento, agiotagem e congêneres, mas de expropriação é extremamente fácil. Como o próprio banqueiro-historiador afirma, os revolucionários que participavam das ações não ligavam para o dinheiro, não o usariam em proveito próprio, mas para financiar a Revolução e aniquilar à outra categoria de roubo, a legal, com que eufemismo possa ser chamada.


Por que requentar a difamação contra Stalin e outros dirigentes comunistas quando afirma-se que o socialismo acabou, que vivemos uma nova era de modernidade e outras bobagens do gênero? Sabe muito bem a burguesia que esta balela engabela, no máximo, aos oportunistas e revisionistas, que se utilizam disto para vomitar diuturnamente seu ódio à Revolução. É verdade que, principalmente com a restauração capitalista na URSS após a morte de Stalin e na China após a morte de Mao Tse-tung, como de resto nos demais países em que o povo tomara o poder, há demasiado oportunismo no movimento popular e revolucionário em todo o mundo, toda uma canalha que se faz chamar de "esquerda". No entanto, como já podemos ver, a crise geral do imperialismo e sua beligerância cada vez maior empurra os povos para a Revolução. Tentam inutilmente fazer uma cortina de fumaça em torno dos grandes líderes dos povos, mas, inevitavelmente, outros Stalins surgirão.




Fonte - A Nova Democracia

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Imprensa suja...Revista Veja

Sindicato analisa representações contra repórteres da Veja


O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal recebeu nas últimas semanas diversas manifestações e duas representações formais contra o repórter Gustavo Ribeiro, autor das matérias "Madraçal do Planalto" e "O Poderoso Chefão", publicadas na Revista Veja. A segunda representação também pede instauração de procedimento ético contra o editor Daniel Pereira, coautor da matéria "O Poderoso Chefão".


Tendo em vista o Código de Ética dos Jornalistas, as representações foram encaminhadas esta semana à Comissão de Ética da entidade, que irá analisar as circunstâncias de possível conduta antiética no exercício da profissão e as providências cabíveis.

Em virtude dos mandamentos do regimento interno, será respeitado o sigilo do processo sob responsabilidade dos membros do citado colegiado, que terá 90 dias para se manifestar.

O artigo 4º do Código de Ética dos Jornalistas diz que “o compromisso fundamental do jornalista é com a verdade no relato dos fatos, razão pela qual ele deve pautar seu trabalho pela precisa apuração e pela sua correta divulgação”. E o artigo 7º estabelece que o jornalista não pode “submeter-se a diretrizes contrárias à precisa apuração dos acontecimentos e à correta divulgação da informação”.

Com informação do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal (SJPDF)

PT e PSDB lideram pesquisa em SP; PCdoB tem boa colocação

PT e PSDB lideram pesquisa em SP; PCdoB tem boa colocação


Em pesquisa realizada pelo Datafolha, para a prefeitura de São Paulo, a pré-candidata petista, senadora Marta Suplicy, e o tucano José Serra ocupam o primeiro e segundo lugares, com 29% e 18%, respectivamente. O candidato do PCdoB, Netinho de Paula, está na quarta colocação com 8%, 5 pontos percentuais a menos que Celso Russomano (PP), com 13% da votação, em terceiro.



Em quinto lugar aparece Soninha Francine (PPS), com 6%, seguida de Paulinho da Força (PDT), 6%; Gabriel Chalita (PMDB), 3%; Eduardo Jorge (PV) e Luiz Borges D’Urso (PTB), cada um com 2%. Brancos e nulos somam 10% e 3% disseram não saber ainda em quem votar.

A enquete ouviu 1.039 moradores da cidade na quinta-feira, com oito cenários diferentes. A margem de erro é de três pontos percentuais.

Em outro cenário, quando o senador Aloysio Nunes é o candidato do PSDB, Marta chega a 31% na primeira colocação, Russomano em segundo com 15% e Netinho em terceiro, com 9%.
O candidato do PCdoB chega a 13 pontos percentuais, ficando em segundo lugar, quando a disputa tem José Serra (PSDB) e Russomano empatados em primeiro lugar, com 19% cada. Na nona colocação, Fernando Haddad (PT), com 2%.

Netinho aparece também na segunda colocação em outras três configurações diferentes de pleito, sempre com 15% dos votos. Mas nessas três simulações o candidato petista é sempre Haddad e o tucano não é Serra.

Já a candidata Soninha (PPS) oscila entre 6%, na pior classificação, quando Marta e Serra estão nas primeiras colocações, e 11% com Fernando Haddad (PT) e os tucanos Aloysio ou José Aníbal.

Fonte: Folha de S. Paulo

domingo, 4 de setembro de 2011

Começa em Portugal a Festa edificada pelo sonho socialista

Começa em Portugal a Festa edificada pelo sonho socialista




“Festa incomparável”. Descreveu Jerônimo de Souza ao abrir oficialmente a 35a Festa do Avante, que em todo setembro é organizada pelo Partido Comunista Português. E talvez somente essa palavra poderia mesmo expressar o que acontece aqui na Quinta da Atalaia, margeando o Rio Tejo. O slogan da Festa já assim a anuncia: “Não há festa como essa”.


Kerison Lopes
Festa do Avante 2011

Dirigentes do PCP na abertura da Festa

Desde a sua construção até o seu encerramento, os dias que se passam aqui são a expressão do sonho avançado da sociedade socialista. Um sonho edificado a pulso de seis mil voluntários que neste ano participaram das jornadas de trabalho e preparam tudo nos mínimos detalhes para receber os visitantes.

“A pulso, mas com uma alegria imensa de homens, mulheres e jovens livres de pensamento mas animados por valores solidários”, explica Jerônimo, que é o secretario geral do PCP. “Sendo uma festa dos comunistas é uma festa do povo, que sendo uma festa solidária haveria de ser e será uma festa de solidariedade internacionalista com os trabalhadores e os povos que resistem e lutam”, completa.

A 35a Festa do Avante, nome que vem do jornal do Partido, traz peculiaridades em relação `as edições anteriores. Nesse ano, o PCP completa seus 90 anos num momento em que o país é dos que mais sofre com a brutal crise econômica por que passa a Europa. Em profunda recessão econômica, Portugal recebeu 78 bilhões de euros em “empréstimos” do Banco Central Europeu e do Fundo Monetário Internacional. Em troca, além dos 40 milhões de juros, vem junto as imposições da banca com as receitas de sempre: corte nos gastos públicos, principalmente na saúde, demissões em massa, fim de subsídios sociais. Basta andar em qualquer rua portuguesa para ouvir as reclamações quanto `as ações que afetam cada cidadão.

O novo governo eleito em 5 de junho tem a frente o primeiro ministro Pedro Passos, do PSD, partido de centro-direita que tem suas medidas neoliberais apoiadas pelo CDS/PP, de direita e o PS, social-democrata, que nos anos que esteve no poder implementou um programa de direita. Segundo Jerônimo, o país se confronta com uma dura realidade, “com uma situação vincada pela violenta ofensiva política, econômica, social e cultural e contra a soberania nacional, desencadeada por medidas que se sucedem em avalanche contra os trabalhadores, as populações e todas as classes e camadas antimonopolistas”.

PCdoB na Festa

O PCdoB comemora o 5o ano com seu espaço na Festa. Pouco tempo, para a notoriedade alcançada de ser, ao lado de Cuba, o espaço internacional mais visitado pelos portugueses. A maioria é atraída pela adorada caipirinha brasileira, produzida por uma família de imigrantes que residem na terrinha. O casal Beto e Adriana, que foram militantes do PCdoB em Contagem MG, são os responsáveis pelo Bar Brasil, que a cada ano aumenta o número de freqüentadores. O Bar esse ano trouxe novidades vindas da ex-colônia, como a água de coco e o caldo de cana.

Ao conversar com o Vermelho, Jerônimo de Souza falou do carinho pelo nosso país e agradeceu a participação brasileira na Festa. “Diga aos comunistas Brasileiros que aqui em Portugal os comunistas portugueses continuam com uma grande confiança , confiança esta que resulta em toda a juventude que está a participar desta festa”, finaliza apontando a presença de centenas de milhares de jovens em frente Palco Central da Festa.

De Seixal,
Kerison Lopes


O caso de Veja por Luís Nassif

O maior fenômeno de anti-jornalismo dos últimos anos foi o que ocorreu com a revistaVeja.Gradativamente, o maior semanário brasileiro foi se transformando em um pasquim sem compromisso com o jornalismo, recorrendo a ataques desqualificadores contra quem atravessasse seu caminho, envolvendo-se em guerras comerciais e aceitando que suas páginas e sites abrigassem matérias e colunas do mais puro esgoto jornalístico.

Para entender o que se passou com a revista nesse período, é necessário juntar um conjunto de peças.

O primeiro conjunto são as mudanças estruturais que a mídia vem atravessando em todo mundo.

O segundo, a maneira como esses processos se refletiram na crise política brasileira e nas grandes disputas empresariais, a partir do advento dos banqueiros de negócio que sobem à cena política e econômica na última década..

A terceira, as características específicas da revista Veja, e as mudanças pelas quais passou nos últimos anos.

O estilo neocon

De um lado há fenômenos gerais que modificaram profundamente a imprensa mundial nos últimos anos. A linguagem ofensiva, herança dos “neocons” americanos, foi adotada por parte da imprensa brasileira como se fosse a última moda.

Durante todos os anos 90, Veja havia desenvolvido um estilo jornalístico onde campeavam alusões a defeitos físicos, agressões e manipulação de declarações de fonte. Quando o estilo “neocon” ganhou espaço nos EUA, não foi difícil à revista radicalizar seu próprio estilo.

Um segundo fenômeno desse período foi a identificação de uma profunda antipatia da chamada classe média mídiatica em relação ao governo Lula, fruto dos escândalos do “mensalão”, do deslumbramento inicial dos petistas que ascenderam ao poder, agravado por um forte preconceito de classe. Esse sentimento combinava com a catarse proporcionada pelo estilo “neocon”. Outros colunistas utilizaram com talento – como Arnaldo Jabor -, nenhum com a fúria grosseira com que Veja enveredou pelos novos caminhos jornalísticos.

O jornalismo e os negócios

Outro fenômeno recorrente – esse ainda nos anos 90 -- foi o da terceirização das denúncias e o uso de notas como ferramenta para disputas empresariais e jurídicas.

A marketinização da notícia, a falta de estrutura e de talento para a reportagem tornaram muitos jornalistas meros receptadores de dossiês preparados por lobistas.

Ao longo de toda a década, esse tipo de jogo criou uma promiscuidade perigosa entre jornalistas e lobistas. Havia um círculo férreo, que afetou em muitos as revistas semanais. E um personagem que passou a cumprir, nas redações, o papel sujo antes desempenhado pelos repórteres policiais: os chamados repórteres de dossiês.

Consistia no seguinte:

O lobista procurava o repórter com um dossiê que interessava para seus negócios.

O jornalista levava a matéria à direção, e, com a repercussão da denúncia ganhava status profissional.

Com esse status ele ganhava liberdade para novas denúncias. E aí passava a entrar no mundo de interesses do lobista.

O caso mais exemplar ocorreu na própria Veja, com o lobista APS (Alexandre Paes Santos).

Durante muito tempo abasteceu a revista com escândalos. Tempos depois, a Policia Federal deu uma batida em seu escritório e apreendeu uma agenda com telefones de muitos políticos. Resultou em uma capa escandalosa na própriaVeja em 24 de janeiro de 2001 (clique aqui)em que se acusavam desde assessores do Ministro da Saúde José Serra de tentar achacar o presidente da Novartis, até o banqueiro Daniel Dantas e o empresário Nelson Tanure de atuarem através do lobista.

Na edição seguinte, todos os envolvidos na capa enviaram cartas negando os episódios mencionados. Foram publicadas sem que fossem contestadas.

O que a matéria deixou de relatar é que, na agenda do lobista, aparecia o nome de uma editora da revista - a mesma que publicara as maiores denúncias fornecidas por ele. A informação acabou vazando através do Correio Braziliense, em matéria dos repórteres Ugo Brafa e Ricardo Leopoldo.

A editora foi demitida no dia 9 de novembro, mas só após o escândalo ter se tornado público.

Antes disso, em 27 de junho de 2001(clique aqui) Veja publicou uma capa com a transcrição de grampos envolvendo Nelson Tanure. Um dos “grampeados” era o jornalista Ricardo Boechat. O grampo chegou à revista através de lobistas e custou o emprego de Boechat, apesar de não ter revelado nenhuma irregularidade de sua parte.

Graças ao escândalo, o editor responsável pela matéria ganhou prestígio profissional na editora e foi nomeado diretor da revista Exame. Tempos depois foi afastado, após a Abril ter descoberto que a revista passou a ser utilizada para notas que não seguiam critérios estritamente jornalísticos.

Um dos boxes da matéria falava sobre as relações entre jornalismo e judiciário.

O boxe refletia, com exatidão, as relações que, anos depois, juntariam Dantas e a revista, sob nova direção: notas plantadas servindo como ferramenta para guerras empresariais, policiais e disputas jurídicas.

https://sites.google.com/site/luisnassif02/