sexta-feira, 6 de novembro de 2015

A entrevista no SBT mostrou por que Lula é tão temido. Por Paulo Nogueira

Do Diário do Centro do Mundo



Postado em 06 nov 2015
Um orador
Um orador
Você pode não gostar de Lula. Pode detestar. Pode abominar.
Mas você vê uma entrevista como a que ele concedeu ontem ao jornalista Kennedy Alencar, no SBT, e logo entende por que os caras têm tanto medo dele.
Imagine Lula, numa eventual campanha em 2018, debatendo com Aécio. Ou com Serra. Ou com Alckmin.
Ou com quem quer que seja.
É concorrência desleal. É profissional versus mirins.
O tempo deixou claro que desde Lacerda os brasileiros não viam um talento tão notável em oratória.
Com a diferença de que Lacerda falava a língua da classe média, e Lula fala a língua do povo.
Lula é um natural, para usar uma expressão inglesa. Nasceu orador. O resto foi consequência, da carreira sindical à presidência.
Ele fala com graça, com verve, com espírito. E, talvez o maior de seus atributos retóricos, transmite sinceridade.
Tudo isso se viu na entrevista de ontem.
A forma como ele referiu às invencionices contra seu filho Lulinha faz você rir e refletir. Ele disse que Lulinha é dono da Casa Branca e da Torre Eiffel.
Só com muito mau humor para não deixar escapar uma risada.
As referências a FHC foram também um dos pontos altos da entrevista.
Primeiro, na questão de fundo: a inveja que FHC parece ter de Lula. Com o correr dos dias, FHC foi diminuindo do ponto de vista histórico e Lula aumentando.
Hoje é claro que FHC governou para os ricos, para a plutocracia. E Lula para os excluídos.
É justo, num país tão desigual, que Lula seja por isso tão maior que FHC.
Lula deu também uma resposta definitiva a FHC na questão da corrupção. Toda vez que ele falar em corrupção tem que pensar na emenda que permitiu sua reeleição.
O Congresso foi comprado com dinheiro vivo, embalado em malas, para que FHC pudesse ter um segundo mandato.
Na questão da Petrobras Lula deixou escapar uma estocada sutil mas doída na imprensa.
Disse que jamais a nossa gloriosa imprensa o avisou de corrupção na Petrobras. É verdade. Nunca jornais e revistas fizeram nada no campo investigativo sobre a Petrobras.
É uma mídia viciada em vazamentos, em receber tudo no colo e depois gritar como se estivesse fazendo um outro Watergate.
Na entrevista, Lula mostrou também um bom senso que vem faltando a quase todo mundo.
Ficar falando em eleições três anos antes é uma insensatez. É conhecida a grande frase de Keynes: “A longo prazo estaremos todos mortos”.
Há um tempo para cuidar de eleições, e não é este de agora. Há problemas presentes que devem ser enfrentados antes de nos debruçarmos sobre 2018.
Temos na presidência da Câmara, por exemplo, um embaraço monstruoso, Eduardo Cunha.
E temos também uma imprensa que se bate até contra o direito de resposta, uma coisa sagrada em qualquer democracia.
Há hora para tudo.
Por enquanto, o que se viu, ontem, é que não é à toa que os caras temem tanto Lula.
Quem não temeria se estivesse no lugar deles?
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Paulo Nogueira
Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

O PASSADO DE MORO COM O PSDB . SUJO.




Fonte:http://www.plantaobrasil.com.br/news.asp?nID=86566
Do site Plantão Brasil

ELEITO PELA ' SONEGADORA 'DO ESGOTO: ' O BRASILEIRO DO ANO '

Do jornal i9 - Nascido em Maringá, no norte do Paraná, Moro é um dos maiores "especialistas" do país na área de lavagem de dinheiro. Formado em direito pela Universidade Estadual de Maringá, seu primeiro serviço foi o escritório do Dr Irivaldo Joaquim de Souza, o maior Tributarista de Maringá.

Dr Irivaldo foi advogado de Jairo Gianoto entre os anos de 1997 a 2000, ex-prefeito de Maringá pelo PSDB, condenado por gestão fraudulenta.

O Tribunal de Justiça do Paraná condenou o ex-prefeito de Maringá em 2010 a devolver cerca de R$ 500 milhões aos cofres públicos. Segundo informação da Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público de Maringá foram condenados por improbidade administrativa o ex-prefeito Jairo Morais Gianoto, o ex-secretário da Fazenda Luis Antônio Paolicchi, e dois ex-servidores municipais: Jorge Aparecido Sossai, então contador, e Rosimeire Castelhano Barbosa, ex-tesoureira, entre outros réus.

Segundo o MP, as decisões se referem a duas ações que tratam de desvios de dinheiro do município de Maringá constatados entre 1997 e 2000, num total de R$ 49.135.218,35 na época do ingresso da ação. O valor atual é atualizado.

De acordo com a sentença o ex-prefeito e o ex secretário da Fazenda "enriqueceram-se ilicitamente através de atos de improbidade administrativa, tendo colaboração dos réus Jorge e Rosimeire" e o dinheiro público "foi utilizado para aquisição de bens, depósitos em contas bancárias, em benefício a Jairo, Paolichi ou terceiros". Cabe recurso à decisão do TJ-PR.

Além de Jairo, Paolicchi, Sossai e Rosimeire, foram condenados nos autos nº 449/2000 a mulher de Gianoto, Neuza Aparecida Duarte Gianoto, o ex-deputado federal José Rodrigues Borba, e os réus Sérgio de Souza Campos, Celso de Souza Campos, Eliane Cristina Carreira, Izaias da Silva Leme, Silvana Aparecida de Souza Campos, Valdenice Ferreira de Souza Leme, Valmir Ferreira Leme, Waldemir Ronaldo Correa, Paulo Cesar Stinghen, Moacir Antônio Dalmolin, a empresa Flórida Importação e Comércio de Veículos Ltda. e o doleiro Alberto Youssef.

A Policia Federal prendeu o ex-prefeito Jairo Gianoto em 2006, por desvio de dinheiro público, formação de quadrilha, e sonegação fiscal, já o advogado Tributarista Irivaldo Joaquim de Souza foi preso, e só conseguiu o Habeas Corpus, depois do Juiz Federal Sérgio Fernando Moro, ter testemunhado ao seu favor.





O doleiro Alberto Youssef, "o laranja de Moro"

Entre os investigados “Um dos nomes sob investigação, o ex-secretário da Fazenda de Maringá, Luís Antônio Paolicchi, apontado como pivô do esquema de corrupção, afirmou, em depoimento à Justiça, que as campanhas de políticos do Paraná, como o governador Jaime Lerner (DEM) e o senador Álvaro Dias (PSDB), foram beneficiadas com dinheiro desviado dos cofres públicos, em operações que teriam sido comandadas pelo ex-prefeito Gianoto através do doleiro Youssef

Álvaro Dias

A campanha em questão foi a de 1998. “A pessoa que coordenava (o comitê de Lerner em Maringá) era o senhor João Carvalho (Pinto, atual chefe do Núcleo Regional da Secretaria Estadual de Agricultura), que sempre vinha ao meu gabinete e pegava recursos, em dinheiro”, afirmou Paolicchi, que não revelou quanto teria destinado à campanha do governador -o qual não saberia diretamente do esquema, segundo ele.

Quanto a Dias, o ex-secretário disse que Gianoto determinou o pagamento, “com recursos da prefeitura”, do fretamento de um jatinho do doleiro Alberto Youssef, que teria sido usado pelo senador durante a campanha.

“O prefeito (Gianoto) chamou o Alberto Youssef e pediu para deixar um avião à disposição do senador. E depois, quando acabou a campanha, eu até levei um susto quando veio a conta para pagar. (…) Eu me lembro que paguei, pelo táxi aéreo, duzentos e tantos mil reais na época”, afirmou.”.


Silvio de Barros I contraiu, e Silvio de Barros II "pagou"....

A Prefeitura de Maringá saiu vencedora no processo de cobrança de dívidas contraídas pelo município junto à Caixa Econômica Federal entre 1970 e 1980 na gestão de Silvio de Barros I. Em 2011, O prefeito Silvio de Barros II, anunciou a decisão final da Justiça que deixa a dívida alegada de R$ 380 milhões para cerca de R$ 68 milhões.

Acompanhado do advogado Irivaldo Joaquim de Souza na época, que defendeu o município no processo, o prefeito Silvio de Barros na época explicou que a decisão restaura o poder financeiro do município. “As contas da Prefeitura ficam saneadas e com poder de contrair empréstimos para grandes projetos”, disse.

A decisão que favoreceu o advogado e a família Barros, foi dada pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), rejeitando o último recurso apresentado pela CEF e pela União, leva a dívida alegada de aproximadamente R$ 380 milhões para cerca de R$ 68 milhões, valor que representa 10% da receita anual do município.

Família Barros do PSDB

Os irmãos Silvio e Ricardo Barros são do PP, partido de sustentação do Governo de Beto Richa. Ricardo Barros é Secretário de Indústria e Comércio do Estado Paraná, chegando a representar, Richa em alguns eventos.

Nas eleições deste ano, Ricardo Barros conseguiu emplacar sua esposa Cida Borghetti, como vice de Beto Richa, em detrimento de Flávio Arns, atual vice.

Segundo o Blogueiro Esmael Morais, Silvio e Ricardo Barros tem cadeiras cativas no Governo Beto Richa, e Cida Borguetti, ambos do PSDB...

terça-feira, 3 de novembro de 2015

O alvo é o pescoço do povo brasileiro

De Carta Capital

O pescoço de Lula está no meio do caminho do parafuso; silenciar diante do percurso da rosca é ser cúmplice do estrangulamento final.

por: Saul Leblon

Ricardo Stuckert / Instituto Lula
Quem ainda acha que o cerco de fogo em torno de Lula abrirá uma clareira propícia ao florescimento da ‘esquerda consequente’ no país, flerta com a tragédia da própria extinção.
 
O pescoço de Lula, a goela de Lula, a voz que ela ecoa, as coisas que diz e, sobretudo, o que esse conjunto simboliza (leia o blog do Emir) representam um obstáculo ao que almeja, de fato, o maquinismo conservador no Brasil.
 
O que se cobiça é a restauração plena do neoliberalismo na economia e na sociedade.
 
Para que esse revival se consolide, e nesse processo o PSDB possa concluir o serviço iniciado nos dois governos FHC, é necessário estralar e quebrar os sete ossos que compõem o pescoço do povo brasileiro.
 
Esse é o verdadeiro e definitivo alvo do garrote vil em movimento na sociedade.
 
O pescoço de Lula está no meio do caminho do parafuso; silenciar diante do percurso da rosca é ser cúmplice do estrangulamento final.
 
Não existe meio golpe na história.
 
A natureza explícita de 1964 revelou-se plenamente no AI-5 de 13 de dezembro de 1968. 
 
Da mesma forma, a seletividade obscena de Moro contra o PT logo ganhará sucessores omnívoros que não pouparão sequer a atual conivência silenciosa em relação a Lula.
 
O alvo impõe a abrangência da intolerância. 
 
Adernamos em uma transição de ciclo de desenvolvimento, que a restauração conservadora pretende transformar em um aluvião de supremacia  granítica dos interesses dos mercado sobre as urgências da sociedade.
 
Trata-se, para isso, de reduzir o interesse popular a um frango desossado da Sadia; de retroceder o Brasil pobre ao ponto de ser incapaz de se equilibrar na sarjeta social por onde transitam a fome, o desemprego e o limbo das vidas franqueadas às demandas just in time da casa grande.
 
Descolar o país de todos os elos constitucionais, políticos e simbólicos que sustentam a solidariedade coletiva é crucial.
 
Inclua-se aí a derrubada de escoras emancipadoras recentes, históricas ou futuras  --entre estas, a legislação trabalhista de Vargas, a semente de democracia social contida na Constituição Cidadã de 1988, o salário mínimo revigorado de Lula, a aposentadoria dos pobres do campo, o Bolsa Família, o pré-sal...
 
São esses os objetivos subjacentes à ofensiva buliçosa do conservadorismo. 
 
O tamanho da empreitada requer afastar as pedras do caminho, sendo Lula a peça angular de uma estrutura, cujo deslocamento permitirá demolir o conjunto.
 
Restarão de pé montes de testemunhos desprovidos de relevância política, exceto evidenciar a dimensão arrasadora do revés.
 
Quem critica –com razão, como o faz Carta Maior, desde 2005-- a letargia do governo e do PT diante do passo de ganso da Liga dos Golpistas não deve alimentar ilusões.
 
Vive-se um acelerado assalto ao espaço político da resistência democrática no Brasil. 
 
Com todas as virtudes e defeitos listáveis, Lula é hoje uma espécie de esteio simbólico do solo expandido ao redor dessa voçoroca que avança célere sobre o legado da lenta construção verdadeira democracia social no país.
 
Decepá-lo a enxadadas de descrédito e suspeição –como tem sido feito--  até arrancá-lo do chão das possibilidades eleitorais, como se uiva explicitamente, é o plano acalentado pela Liga Golpista desde 2005.
 
Uma década de diuturno labor nessa direção atingiu agora seu ponto de inflexão. 
 
Significa que as ambiguidades e hesitações petistas devam ser poupadas de críticas, avanços e confrontações?
 
Ao contrário.
 
A autocrítica e a superação dos erros cometidos é crucial para enfrentar uma encruzilhada de hesitações e escolhas angustiantes.
 
Mas cada crise tem uma contradição central. 
 
Ignorar essa hierarquia ou ombreá-la em importância às demais costuma ser devastador para a sorte e o destino das grandes maiorias de uma nação.
 
À dialética dura das transformações históricas não importam as boas intenções avocadas no caminho.
 
O longo amanhecer de uma sociedade mais justa é um labirinto de contradições, que emperra, arfa, explode, desperdiça energia, cospe, vomita, patina, salta ou retrocede em cada aclive do terreno arestoso da história.
 
Não regredir nesse ambiente requer, antes de mais nada, a renúncia a qualquer sectarismo para enxergar em meio à neblina, a contradição central do percurso e contra ela unir forças da nação.
 
A contradição central e objetiva do projeto conservador hoje no Brasil é a existência de uma vasta maioria de milhões de famílias que passaram a desfrutar de emprego, sorver ares de consumo, aspirar à cidadania plena, nutrir esperança em si mesmas e manifestar confiança no horizonte da nação, após 12 anos de governos progressistas.
 
Juntas, elas formam uma espécie de pré-sal de possibilidades emancipadoras, cuja espinha de discernimento precisa ser vergada para que volte a se arrastar de cabeça baixa, deformada pela tragédia, conformada em não pertencer a lugar nenhum, e tampouco dispor de qualquer voz, organização ou liderança que fale por ela. 
 
A existência de Lula atrapalha o primeiro estirão desse assalto.
 
Se lograr êxito em esmigalhar seu pescoço, desfrutando do silêncio obsequioso de um pedaço da esquerda e de lideranças sociais, rapidamente o garrote conservador fechará seus anéis sobre o que restar do campo progressista para, ato contínuo, asfixiar o que de fato importa: a respiração social do povo brasileiro. A ver.

Livro: Ensaio 'Como Conversar com um Fascista' é antídoto para barbárie



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"Como Conversar com um Fascista", de Marcia Tiburi, é um antídoto contra a barbárie: "Vivemos em tempos fascistas, tempos em que há muitas práticas de morte, morte por descaso e assassinato, e pouca ou nenhuma reflexão sobre ela".
Professora de filosofia do Mackenzie, Tiburi diz que "não podemos fingir que nada está acontecendo": a democracia está ameaçada, é preciso reagir. Como? Dialogando, pois o "diálogo é a forma específica do ativismo filosófico".
A grande dificuldade, porém, reside aí: o fascista perdeu "a dimensão do diálogo". Autoritário, é incapaz de entabular uma comunicação verdadeira, pois apagou a dimensão do outro, afirma a autora.
Como diz Norberto Bobbio ("Direita e Esquerda"), a direita acredita que os indivíduos são essencialmente desiguais. Os fascistas vão além, pois consideram que essa desigualdade também deve reger a linguagem: os diferentes têm de ser silenciados.
Carlos Cecconello/Folhapress
SÃO PAULO, SP, BRASIL, 20-05-2011, 12h00: A filósofa Marcia Tiburi posa para foto em sua casa, no bairro do Higienópolis, em São Paulo (SP). Ela irá lançar o livro "Olho de Vidro: A Televisão e o Estado de Exceção da Imagem". (Foto: Carlos Cecconello/Folhapress, 4950, MÔNICA BERGAMO)
A filósofa Marcia Tiburi posa para foto em sua casa, no bairro do Higienópolis, em São Paulo
Inspirada no pensador alemão Theodor Adorno, Tiburi argumenta que a violência nasce dos meios de comunicação de massa, sobretudo da TV. "Não nos enganemos, a televisão é uma experiência intelectual, uma experiência de conhecimento, só que empobrecida. A televisão opera com a nossa inveja".
Ora, "a inveja é um tipo de desejo impotente": "Ele olha para o invejado e se sente menor, daí sua raiva, o seu rancor... Ele não pode ser outra pessoa, ele não pode ser melhor do que é".
A TV prega o ódio todos os dias: "coisas estarrecedoras com alto teor performativo". Esse teatro autoritário é ridículo, mas eficaz. "Quem estudou a história do nazismo sabe das performances políticas bizarras de Hitler e seus apoiadores. Hitler parecia uma criança que, tendo crescido, continuava abusada e mimada como todo paranoico".
Como Conversar com um Fascista
Marcia Tiburi
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O fascismo se apoiaria nessa regressão coletiva: a rebelião contra a autoridade (2013) abriu caminho para a submissão ao autoritarismo (2015): "A personalidade autoritária não reconhece nada fora dela mesma... Nada pode ser contra seu modo de pensar, de sentir e de ver o mundo. O que o eu autoritário –e mimado– quer é impor-se como centro do mundo".
Contra o ódio, resta o diálogo: se ele "não alcançar sucesso na arte de conversar com um fascista, que possa nos afastar do fascismo em nossa própria autoconstrução".
COMO CONVERSAR COM UM FASCISTA 
AUTORA Marcia Tiburi
EDITORA Record
QUANTO R$ 42 (196 págs.)

O responsável pela capa criminosa da Veja desta semana tem nome e sobrenome: Giancarlo Civita.

Inepto
Incompetência sorridente


DO DIÁRIO DO CENTRO DO MUNDO

O responsável pela capa criminosa da Veja desta semana tem nome e sobrenome: Giancarlo Civita.
Se Lula decidir processar alguém, é Gianca.
Num mundo menos imperfeito, Gianca pagaria por seu crime com uma temporada na cadeia.
Mas o Brasil é, infelizmente, muito imperfeito quando se trata de julgar plutocratas como ele.
Mesmo o diretor de redação da Veja, Eurípedes Alcântara, é um peão diante de Gianca. Eurípedes fazia o que Roberto Civita mandava e, morto este, faz o que Gianca manda.
Trabalhei com Gianca.
Gianca é aquele cara que não sabe fazer nada. Boa praça, no dia a dia, mas incompetente na plenitude. Tem aquele tipo clássico de inépcia sorridente.
Seu pai tem responsabilidade aí. Nunca treinou Gianca. Nunca deu a Gianca uma posição decente na Abril. Nunca acreditou profissionalmente em Gianca.
Excluído na Abril sob o pai, Gianca tentou alguns empreendimentos sozinho. Num deles, vendia revistas da Abril que comprava a preços de pai para filho.
Nunca acertou em nada.
Seu pai achava-o bonzinho demais para funcionar como executivo. “Sweet Gianca”, falava, depreciativamente.
Gianca sempre teve profundos problemas psicológicos e de afirmação. Uma vez, me disse que detestava revistas. “Meu pai sempre deu muito mais atenção a elas que a mim”, explicou.
Não as lia, e nem lia nada, muito menos livros.  (Nunca vi um Civita com um livro na mão, aliás.) Gostava de ficar horas vendo desenhos no Cartoon Network.
A capa criminosa
A capa criminosa
Parece que Gianca decidiu descontar seu complexo em Lula. E, a rigor, em todos os petistas. Zé Dirceu é um caso típico. Um colunista da Veja, Roberto Pompeu de Toledo, escreveu certa vez que o mundo se divide entre os que podem fazer implante de cabelo e os que não podem. Dirceu, é claro, estava entre os que não podem. Pompeu disse que Guevara não faria.
E Gianca, que sumiu uns dias da Abril para fazer o mesmo que Dirceu: está entre os que podem ou não podem?
No começo dos anos 2 000 Roberto Civita decidiu dar aos executivos da casa um curso de publisher — uma das coisas mais confusas e inúteis que vi em meus longos anos de Abril. Gianca estava na primeira turma, e eu também. No jantar de entrega de diplomas, RC disse aos presentes, em referência a duas novas aquisições da empresa, os especialistas em finanças Maurizio Mauro e Emilio Carazai: “Finalmente temos gente que sabe fazer contas.”
Quer dizer: na visão paterna, Gianca — como todos nós, aliás — não sabia fazer contas.
Ninguém nunca o levou a sério na Abril até que a natureza o fez assumir as rédeas, como primogênito de Roberto.
Roberto, como seu xará Marinho da Globo, não admitia a hipótese de morrer. E por isso jamais preparou Gianca e nem seus outros dois filhos, Victor e Roberta.
Quando deu entrada no Sírio Líbanês, achava que era uma banalidade. Tinha uma cirurgia na segunda, e manteve na agenda reuniões de trabalho para a quinta, certo de que já estaria de volta à Abril.
Um imprevisto na cirurgia acabaria matando-o depois de uma prolongada temporada no hospital que custou 6 milhões de reais aos Civitas.
Gianca, morto o pai, virou presidente executivo da Abril sem saber coisa nenhuma de administração e, muito menos, de jornalismo.
É a maldição das empresas familiares.
Sem saber fazer uma legenda, preside o Conselho Editorial da Abril, ao qual a Veja responde.
Dali, comanda a corrente de ódio que a Veja despeja sobre os brasileiros todos os dias e todas as horas.
É uma situação absurda e injusta. Os Civitas eram remediados quando se instalaram no Brasil, nos anos 1950.
Graças ao Brasil, a família se tornou riquíssima.
E a resposta de Gianca é esta: cuspir no Brasil. Levar os brasileiros a acharem que são o pior povo do mundo.
Uma família que recebeu tanto dos brasileiros age como se fosse credora, numa aberração sem precedentes.
Os Civitas se valem de uma estrutura jurídica feita para proteger gangsteres editoriais como eles.
Repito.
Num mundo menos imperfeito, esta capa da Veja conduziria Gianca a um lugar: a cadeia.
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Paulo Nogueira
Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.