sábado, 19 de maio de 2012

Protógenes filma repórter mafioso da Folha e coloca vídeo no YouTube


Protógenes filma repórter da Folha e coloca vídeo no YouTube




Protógenes filma repórter da Folha e coloca vídeo no YouTubeFoto: André Borges/Folhapress

DEPUTADO GRAVA ENTREVISTA COM REPÓRTER SEM AVISÁ-LO
 E ALEGA QUE JORNAL TERIA INTERESSE ESPÚRIO EM PREJUDICÁ-LO; 
ASSISTA

O deputado  comunista Protógenes
Queiroz (PC do B/SP) gravou um repórter da Folha de S. Paulo sem
preveni-lo que faria. O vídeo já está no YouTube.
Protógenes tomou tal atitude alegando que os dois principais jornais
de São Paulo, Folha e Estado, teriam interesse espúrio em prejudicá-lo.

Assista ao vídeo postado pelo deputado no YouTube:

Novas gravações complicam jornalista da revista Veja



Cachoeira e Policarpo editor da Veja....formação de quadrilha


Novas gravações complicam jornalista da revista Veja

Áudio aponta que Policarpo Júnior sabia dos negócios de Cachoeira com a Delta

Do    R7
Novos áudios da Operação Monte Carlo que vazaram na internet complicam ainda mais a situação do jornalista da revista Veja Policarpo Júnior, gravado pela Polícia Federal em ligações com o bicheiro Carlinhos Cachoeira e citado pelo grupo do contraventor em dezenas de diálogos.

A gravação das conversas, publicada pelo site Carta Maior, é de 10 de maio de 2011. Em diferentes trechos, Cachoeira conversa com o ex-diretor da Delta no Centro-Oeste Cláudio Abreu, deixando claro que Policarpo sabia da ligação do contraventor com a Delta. Mas, segundo Cachoeira, Policarpo não iria divulgar nada porque a intenção era mostrar outra questão ligada à empresa.

Em um dos trechos, Cachoeira diz que Policarpo não os "colocaria em roubada" e que ele "sabia de tudo" sobre a relação de Cláudio Abreu, a Delta e o bicheiro.

— O Policarpo é o seguinte: ele não alivia nada, mas também não te põe em roubada, entendeu? Eu falei, eu sei, ó: “Inclusive vou te apresentar depois, Policarpo, o Cláudio, eu sou amigo”, eu falei que era amigo do cê de infância. E ele: “Então, ele trabalha na sua empresa”, falou assim, “vai me contar que você tem ligação com ele”. Ele [Policarpo] sabia de tudo. “Eu não vou esconder nada de você não, Policarpo, o Cláudio é meu irmão, rapaz”.
Ouça o áudio da conversa entre Cachoeira e Abreu:

O jornalista não teria interesse em publicar essa informação. A intenção dele seria mostrar que o ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu havia ajudado a Delta a “entrar em Brasília” durante a gestão do ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda.

Policarpo teria ficado sabendo por uma fonte fora do grupo de Cachoeira que houve uma reunião em Itajubá (MG) e estaria atrás de um flagrante da entrega de "dinheiro vivo". O bicheiro, entretanto, negou que tenha ocorrido essa reunião e desmentiu a informação.

No final de semana anterior, a revista Veja publicou a reportagem “O segredo do sucesso”, em que vinculava o crescimento da empresa Delta à consultoria de José Dirceu.

Segundo Cachoeira, no diálogo gravado pela PF, Policarpo o consultava porque confiava nele.

— Aquela hora eu tava com Policarpo, rapaz. Antes do almoço ele me chamou para conversar. Mil e uma pergunta, perguntou se a Delta tinha gravação, defendi pra caralho vocês, viu. [...] O Policarpo, ele confia muito em mim, viu? Vô ter que mostrar a mensagem que ele mandou antes, 10 horas da manhã para me encontrar aqui em Brasília, eu tava aqui fui me encontrar com ele.

Mesmo diante da resposta de que Cachoeira teria defendido a empresa, Cláudio Abreu pergunta:
— O cara vai aliviar pra cima da gente? 
O bicheiro então confirma que "a história" que Policarpo queria era outra e pede que o ex-diretor da Delta esqueça o assunto.

— Não, não fala que eu te falei tá? Mas a história tá em cima de Itajubá, tá na reunião, que aquilo lá já deu, esquece, ô, Claudio, esquece, falei mil e uma coisa.

Procurada pela reportagem do R7, a revista Veja disse que não vai comentar o assunto.
Depoimento

Na última reunião da CPI, na quinta-feira (17), mesmo com apoio do senador Fernando Collor (PTB-AL) e de parte da bancada do PT, os parlamentares desistiram de pedir à PF as gravações telefônicas das conversas entre Cachoeira e o jornalista Policarpo Junior, diretor da sucursal da revista Veja e um dos redatores-chefes da publicação.

Diante da forte reação da oposição e de parlamentares da base aliada, a comissão preferiu apoiar uma proposta para pedir à PF o repasse, ordenado por nome, de todos os grampos telefônicos feitos nas operações Vegas e Monte Carlo.
Em termos práticos, a decisão não muda em nada a intenção de acesso às conversas do jornalista.
Para justificar o envio das conversas entre o contraventor e o jornalista, Collor disse, no início dos debates, que é preciso analisar os trechos dos diálogos para verificar se fica comprovado "um conluio mancomunado entre Policarpo Júnior e Carlinhos Cachoeira".

O líder do PT na Câmara, Paulo Teixeira (SP), insistiu na aprovação do pedido de Collor com o argumento de que "nenhuma profissão pode cometer crimes".

— Esse jornalista teve uma relação de 10 anos com esse criminoso.

O delegado da Polícia Federal Matheus Mella Rodrigues, responsável pela Operação Monte Carlo, disse em depoimento à CPI, que o jornalista Policarpo Júnior sabia das ligações entre Carlinhos Cachoeira e o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO). A informação foi publicada pela revista Carta Capital.
Mesmo assim, Veja mostrava para seus leitores Demóstenes como referência de ética no Senado.

Carlos Marighella vira filme e traz música inédita de Mano Brown (Racionais )


Carlos Marighella vira filme e traz música inédita de Mano Brown


"Um dia, faz 40 anos, eu estava indo com meu pai para a escola e ele disse: 'Vou te contar um segredo: seu tio Carlos é o Carlos Marighella'". Assim começa o documentário Marighella, de Isa Grinspum Ferraz, com estreia prevista para outubro.




Em uma hora e 40 minutos, Marighella desfia a trajetória do ícone da esquerda brasileira que acabou baleado e morto dentro de um Fusca em 1969, em São Paulo.

Meio século da história do país pode ser contado a partir dos acontecimentos em sua vida: a gênese do comunismo baiano, mulato, do qual Jorge Amado era partidário; o conflito entre integralistas e comunistas; a legalização do Partidão; a clandestinidade; a frustração com Stálin; o golpe militar e, por fim, a luta armada.

Mas o que torna Marighella único é o olhar íntimo que só quem era de dentro da família seria capaz de documentar: "Tio Carlos era casado com tia Clara. Eles estavam sempre aparecendo e desaparecendo de casa. Era carinhoso, brincalhão, escrevia poemas pra gente. Nunca tinha associado o rosto dele aos cartazes de 'Procura-se' espalhados pela cidade", continua a voz em off da própria Isa, que assina direção e roteiro do filme.

"A ideia é desfazer o preconceito que até pouco tempo atrás havia contra meu tio. Era um nome amaldiçoado, sinônimo de horror. Além da vida clandestina e do ciclo de prisões e torturas, procuramos mostrar também o poeta, estudioso, amante de samba, praia e futebol, e acima de tudo o grande homem de ideias que ele foi", diz Isa, socióloga formada na USP.

Na esteira da pesquisa que foi feita, surgiram algumas revelações. Clara Charf, companheira de Marighella de 1945 até sua morte, hoje aos 86, desenterrou uma pasta que pertencia a ele, na qual aparecem correspondências, mapas e esboços de ações guerrilheiras.

A produção também descobriu uma gravação de Marighella para a rádio Havana, de Cuba. Em sua fala tipicamente cadenciada, ele anuncia o rompimento com o Partido Comunista e a adesão à luta armada. Mesma época em que intelectuais europeus como o cineasta francês Jean-Luc Godard passam a enviar remessas de dinheiro em apoio à sua causa.

O filme ainda traz trilha sonora de Marco Antônio Guimarães e Mano Brown e depoimentos esclarecedores de militantes históricos, como o crítico literário Antonio Candido: "Marighella encarnava moral e psicologicamente o seu povo. Ele era pobre e não abandonou sua classe".

Já a judia Clara enfrentaria resistência do pai ao assumir o relacionamento, no que acabou se transformando numa versão tropical de "Romeu e Julieta". "Carlos era preto, comunista e gói (não judeu)", lembra Clara, aos risos. "Mas era muito doce e, no fim, conquistou a todos."

Marighella lembra Public Enemy e Racionais, diz Mano Brown
Fonte: folha.com

Alváro Dias e Cachoeira: Nesse mato tem coelho. Ou tucano


Nesse mato tem coelho. Ou tucano


DO BLOG O OUTRO LADO  DA NOTÍCIA

Por Osvaldo Bertolino

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Até o disco rígido de um certo computador protegido pela ex-ministra do STF Ellen Grace (aqui: http:// outroladodanoticia.com.br/ inicial/11498-uma-ajuda-para-o-procurador-provar-o-mensalao.html) sabe que o banqueiro corruptucano Daniel Dantas - nascido, crescido e engordado no ninho tucano – operava o esquema de “caixa-dois” criado com alta tecnologia do PSDB e que depois a mídia tentou atribuir ao PT com o apelido de “mensalão”.

(A suspeita é que ele operava esquema mais barra pesada do tucanato.)

Mas eis que surgem agora suas possíveis digitais em um escabroso caso recente, absolutamente ignorado pela mídia.

Recentemente um comparsa do senador Álvaro Dias (PSDB-PR) foi assassinado em Maringá, Paraná (minha cidade).

É o ex-secretário da Fazenda do município, Luiz Antonio Paolicchi, que na gestão tucana do prefeito Jairo Gianoto desviou algo em torno de R$ 100 milhões para as campanhas de Álvaro Dias (senador) e Jaime Lerner (governador). (aqui: http://outroladodanoticia.com.br/inicial/24226-comparsa-de-alvaro-dias-psdb-pr-no-desvio-r-100-mi-e-assassinado-em-maringa-.html)

No total, a acusação é de que o desvio da prefeitura soma R$ 500 milhões. É dinheiro que não acaba mais. Perto dele, os R$ 10 milhões que a mídia democorruptucana usou para fazer o estardalhaço sem provas do “mensalão” viram trocados.

Em entrevista ao jornal “O Diário” (aqui: http://maringa.odiario.com/policia/noticia/516684/tentei-me-entregar-mas-nao-fui-atendido-revela-vagner-pio/), o principal participante confesso do assassinato de Paolicchi diz que um advogado de Dantas orientou o ex-secretário a firmar união estável para se proteger contra a Justiça.

O trecho é esse:

De quem partiu a proposta de firmar uma união estável?
aaaaaaaatucanoladrao
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Foi idéia dele, orientado pelo advogado do Daniel Dantas (banqueiro), que ele tinha contato. Ele tinha contato com o advogado, não sei bem que tipo de contato que eles tinham. Ele me falou que o advogado o orientou a fazer a união estável para poder, através desta união estável, paralisar os processos que estavam em andamento, com execução do patrimônio dele, que está todo alienado, tudo indisponível

O valor da vida – a última entrevista de Freud





O valor da vida – a última entrevista de Freud

 Esta entrevista está entre as preciosidades encontradas na biblioteca da “Sigmund Freud Society“. Foi concedida ao jornalista americano George Sylvester Viereck, em 1926, quando Freud, aos 70 anos e fatigado por um câncer, já era uma lenda no mundo todo. Acreditava-se que estivesse perdida, quando o Boletim da “Sigmund Freud House” publicou uma versão condensada, em 1976. Na verdade, o texto integral havia sido publicado no volume “Psychoanalysis and the Future”, número especial do “Journal of Psychology”, de Nova Iorque, em 1957.  Na foto acima, ele aparece com seu cão “Lün”, da raça chow, que lhe foi presenteado por sua grande amiga e também psicanalista Helene Deutsch.

O valor da vida

A tradução da entrevista é de Paulo César Souza 
S. Freud: Setenta anos ensinaram-me a aceitar a vida com serena humildade.
(Quem fala é o professor Sigmund Freud, o grande explorador da alma. O cenário da nossa conversa foi uma casa de verão no Semmering, uma montanha nos Alpes austríacos. Eu havia visto o pai da psicanálise pela última vez em sua casa modesta na capital austríaca. Os poucos anos entre minha última visita e a atual, multiplicaram as rugas na sua fronte. Intensificaram a sua palidez de sábio. Sua face estava tensa, como se sentisse dor. Sua mente estava alerta, seu espírito firme, sua cortesia impecável como sempre, mas um ligeiro impedimento da fala me perturbou. Parece que o tumor maligno no maxilar superior necessitou ser operado. Desde então Freud usa uma prótese, para ele uma causa de constante irritação).
S. Freud: Detesto o meu maxilar mecânico, porque a luta com o aparelho me consome tanta energia preciosa. Mas prefiro ele a maxilar nenhum. Ainda prefiro a existência à extinção. Talvez os deuses sejam gentis conosco, tornando a vida mais desagradável à medida que envelhecemos. Por fim, a morte nos parece menos intolerável do que os fardos que carregamos.
(Freud se recusa a admitir que o destino lhe reserva algo especial).
Por que (disse calmamente) deveria eu esperar um tratamento especial? A velhice, com suas agruras, chega para todos. Eu não me rebelo contra a ordem universal. Afinal, mais de setenta anos. Tive o bastante para comer. Apreciei muitas coisas – a companhia de minha mulher, meus filhos, o pôr-do-sol. Observei as plantas crescerem na primavera. De vez em quando tive uma mão amiga para apertar. Vez ou outra encontrei um ser humano que quase me compreendeu. Que mais posso querer?
George Sylvester Viereck: O senhor teve a fama. Sua obra influi na literatura de cada país. O homem olha a vida e a si mesmo com outros olhos, por causa do senhor. Recentemente, no seu septuagésimo aniversário, o mundo se uniu para homenageá-lo – com exceção da sua Universidade.
S. Freud: Se a Universidade de Viena me demonstrasse reconhecimento, eu ficaria embaraçado. Não há razão em aceitar a mim e a minha obra porque tenho setenta anos. Eu não atribuo importância insensata aos decimais. A fama chega apenas quando morremos e, francamente, o que vem depois não me interessa. Não aspiro à glória póstuma. Minha modéstia não é virtude.
George Sylvester Viereck: Não significa nada o fato de que o seu nome vai viver?
S. Freud: Absolutamente nada, mesmo que ele viva, o que não é certo. Estou bem mais preocupado com o destino de meus filhos. Espero que suas vidas não venham a ser difíceis. Não posso ajudá-los muito. A guerra praticamente liquidou com minhas posses, o que havia poupado durante a vida. Mas posso me dar por satisfeito. O trabalho é minha fortuna.
(Estávamos subindo e descendo uma pequena trilha no jardim da casa. Freud acariciou ternamente um arbusto que florescia).
S. Freud: Estou muito mais interessado neste botão do que no que possa me acontecer depois que estiver morto.
George Sylvester Viereck: Então o senhor é, afinal, um profundo pessimista?
S. Freud: Não, não sou. Não permito que nenhuma reflexão filosófica estrague a minha fruição das coisas simples da vida.
George Sylvester Viereck: O senhor acredita na persistência da personalidade após a morte, de alguma forma que seja?
S. Freud: Não penso nisso. Tudo o que vive perece. Por que deveria o homem constituir uma exceção?
George Sylvester Viereck: Gostaria de retornar em alguma forma, de ser resgatado do pó? O senhor não tem, em outras palavras, desejo de imortalidade?
S. Freud: Sinceramente não. Se a gente reconhece os motivos egoístas por trás da conduta humana, não tem o mínimo desejo de voltar à vida. Movendo-se num círculo, seria ainda a mesma. Além disso, mesmo se o eterno retorno das coisas, para usar a expressão de Nietzsche, nos dotasse novamente do nosso invólucro carnal, para que serviria, sem memória? Não haveria elo entre passado e futuro. No que me toca, estou perfeitamente satisfeito em saber que o eterno aborrecimento de viver finalmente passará. Nossa vida é necessariamente uma série de compromissos, uma luta interminável entre o ego e seu ambiente. O desejo de prolongar a vida excessivamente me parece absurdo.
George Sytlvester Viereck: Bernard Shaw sustenta que vivemos muito pouco. Ele acha que o homem pode prolongar a vida se assim desejar, levando sua vontade a atuar sobre as forças da evolução. Ele crê que a humanidade pode reaver a longevidade dos patriarcas.
S. Freud: É possível que a morte em si não seja uma necessidade biológica. Talvez morramos porque desejamos morrer. Assim como amor e ódio por uma pessoa habitam em nosso peito ao mesmo tempo, assim também toda a vida conjuga o desejo de manter-se e o desejo da própria destruição. Do mesmo modo como um pequeno elástico esticado tende a assumir a forma original, assim também toda a matéria viva, consciente ou inconscientemente, busca readquirir a completa, a absoluta inércia da existência inorgânica. O impulso de vida e os impulsos de morte habitam lado a lado dentro de nós. A Morte é a companheira do Amor. Juntos eles regem o mundo. Isto é o que diz o meu livro: “Além do Princípio do Prazer”. No começo, a psicanálise supôs que o Amor tinha toda a importância. Agora sabemos que a Morte é igualmente importante. Biologicamente, todo ser vivo, não importa quão intensamente a vida queime dentro dele, anseia pelo Nirvana, pela cessação da “febre chamada viver”, anseia pelo seio de Abraão. O desejo pode ser encoberto por digressões. Não obstante, o objetivo derradeiro da vida é a sua própria extinção.
George Sylvester Vierneck: Isto é a filosofia da autodestruição. Ela justifica o auto-extermínio. Levaria logicamente ao suicídio universal imaginado por Eduard von Hartmann.
S. Freud: A humanidade não escolhe o suicídio porque a lei do seu ser desaprova a via direta para o seu fim. A vida tem que completar o seu ciclo de existência. Em todo ser normal, a pulsão de vida é forte o bastante para contrabalançar a pulsão de morte, embora no final resulte mais a forte. Podemos entreter a fantasia de que a Morte nos vem por nossa própria vontade. Seria mais possível que pudéssemos vencer a Morte, não fosse por seu aliado dentro de nós. Neste sentido (acrescentou Freud com um sorriso) pode ser justificado dizer que toda a morte é suicídio disfarçado.
(Estava ficando frio no jardim. Prosseguimos a conversa no gabinete. Vi uma pilha de manuscritos sobre a mesa, com a caligrafia clara de Freud.)
George Sylvester Viereck: Em que o senhor está trabalhando?
S. Freud: Estou escrevendo uma defesa da análise leiga, da psicanálise praticada por leigos. Os doutores querem tornar a análise ilegal para os não médicos. A História, essa velha plagiadora, repete-se após cada descoberta. Os doutores combatem cada nova verdade no começo. Depois procuram monopolizá-la.
George Sylvester Vieireck: O senhor teve muito apoio dos leigos?
S. Freud: Alguns dos meus melhores discípulos são leigos.
George Sylvester Viereck: O senhor está praticando muito psicanálise?
S. Freud: Certamente. Neste momento estou trabalhando num caso muito difícil, tentando desatar os conflitos psíquicos de um interessante novo paciente. Minha filha também é psicanalista, como você vê …
(Neste ponto apareceu Miss Anna Freud, acompanhada por seu paciente, um garoto de onze anos, de feições inconfundivelmente anglo-saxônicas).
George Sylvester Viereck: O senhor já analisou a si mesmo?
S. Freud: Certamente. O psicanalista deve constantemente analisar a si mesmo. Analisando a nós mesmos, ficamos mais capacitados a analisar os outros. O psicanalista é como o bode expiatório dos hebreus. Os outros descarregam seus pecados sobre ele. Ele deve praticar sua arte à perfeição para desvencilhar-se do fardo jogado sobre ele.
George Sylvester Viereck: Minha impressão é de que a psicanálise desperta em todos que a praticam o espírito da caridade cristã. Nada existe na vida humana que a psicanálise não possa nos fazer compreender. “Tour comprec’est tout pardonner”.
S. Freud: Pelo contrário (esbravejou Freud – suas feições mudaram, assumindo a severidade de um profeta hebreu), compreender tudo não é perdoar tudo. A análise nos ensina não apenas o que podemos suportar, mas também o que podemos evitar. Ela nos diz o que deve ser eliminado. A tolerância com o mal não é de maneira alguma um corolário do conhecimento.
(Compreendi subitamente porque Freud havia litigado com os seguidores que o haviam abandonado, porque ele não perdoa a sua dissensão do caminho reto da ortodoxia psicanalítica. Seu senso do que é direito é herança dos seus ancestrais. Uma herança de que ele se orgulha como se orgulha de sua raça).
Minha língua é o alemão. Minha cultura, minha realização é alemã. Eu me considero um intelectual alemão, até perceber o crescimento do preconceito anti-semita na Alemanha e na Áustria. Desde então prefiro me considerar judeu.
(Fiquei algo desapontado com esta observação. Parecia-me que o espírito de Freud deveria habitar nas alturas, além de qualquer preconceito de raças, que ele deveria ser imune a qualquer rancor pessoal. No entanto, precisamente a sua indignação, a sua honesta ira, tornava-o mais atraente como ser humano. Aquiles seria intolerável, não fosse por seu calcanhar!).
George Sylvester Viereck: Fico contente, Herr Professor, de que também o senhor tenha seus complexos, de que também o senhor demonstre que é um mortal!
S. Freud: Nossos complexos são a fonte de nossa fraqueza, mas com freqüência, são também a fonte de nossa força.
George Sylvester Viereck: Imagino, observei, quais seriam os meus complexos!
S. Freud: Uma análise séria dura ao menos um ano. Pode durar mesmo dois ou três anos. Você está dedicando muitos anos de sua vida à “caça aos leões”. Você procurou sempre as pessoas de destaque para a sua geração: Roosevelt, o Imperador, Hindenburg, Briand, Foch, Joffre, Georg Bernard Shaw…
George Sylvester Viereck: É parte do meu trabalho.
S. Freud: Mas é também sua preferência. O grande homem é um símbolo. A sua busca é a busca do seu coração. Você está procurando o grande homem para tomar o lugar do seu pai. É parte do seu “complexo do pai”.
(Neguei veementemente a afirmação de Freud. No entanto, refletindo sobre isso, parece-me que pode haver uma verdade, ainda não suspeitada por mim, em sua sugestão casual. Pode ser o mesmo impulso que me levou a ele. Gostaria, observei após um momento, de poder ficar aqui o bastante para vislumbrar o meu coração através dos seus olhos. Talvez, como a Medusa, eu morresse de pavor ao ver minha própria imagem! Entretanto, receio ser muito informando sobre a psicanálise. Eu freqüentemente anteciparia, ou tentaria antecipar suas intenções).
S. Freud: A inteligência num paciente não é um empecilho. Pelo contrário, às vezes facilita o trabalho.
(Neste ponto o mestre da psicanálise diverge de muitos dos seus seguidores, que não gostam de excessiva segurança do paciente sob o seu escrutínio).
George Sylvester Viereck: Por vezes imagino se não seríamos mais felizes se soubéssemos menos dos processos que dão forma a nossos pensamentos e emoções. A psicanálise rouba a vida do seu último encanto, ao relacionar cada sentimento ao seu original grupo de complexos. Não nos tornamos mais alegres descobrindo que nós todos abrigamos o criminoso e o animal. 
S. Freud: Que objeção pode haver contra os animais? Eu prefiro a companhia dos animais à companhia humana. 
George Sylvester Viereck: Por quê? 
S. Freud: Porque são tão mais simples. Não sofrem de uma personalidade dividida, da desintegração do ego, que resulta da tentativa do homem de adaptar-se a padrões de civilização demasiado elevados para o seu mecanismo intelectual e psíquico. O selvagem, como o animal, é cruel, mas não tem a maldade do homem civilizado. A maldade é a vingança do homem contra a sociedade, pelas restrições que ela impõe. As mais desagradáveis características do homem são geradas por esse ajustamento precário a uma civilização complicada. É o resultado do conflito entre nossos instintos e nossa cultura. Muito mais desagradáveis são as emoções simples e diretas de um cão, ao balançar a cauda, ou ao latir expressando seu desprazer. As emoções do cão (acrescentou Freud pensativamente) lembram-nos os heróis da Antigüidade. Talvez seja essa a razão por que inconscientemente damos aos nossos cães nomes de heróis com Aquiles e Heitor. 
George Sylvester Viereck: Meu cachorro é um doberman Pinscher chamado Ajax. 
S. Freud: (sorrindo) Fico contente de que não possa ler. Ele certamente seria um membro menos querido da casa, se pudesse latir sua opinião sobre os traumas psíquicos e o complexo de Édipo! 
George Sylvester Viereck: Mesmo o senhor, Professor, sonha a existência complexa demais. No entanto, parece-me que o senhor seja em parte responsável pelas complexidades da civilização moderna. Antes que o senhor inventasse a psicanálise, não sabíamos que nossa personalidade é dominada por uma hoste beligerante de complexos muito questionáveis. A psicanálise torna a vida um quebra-cabeças complicado.
S. Freud: De maneira alguma. A psicanálise torna a vida mais simples. Adquirimos uma nova síntese depois da análise. A psicanálise reordena um emaranhado de impulsos dispersos, procura enrolá-los em torno do seu carretel. Ou. modificando a metáfora, ela fornece o fio que conduz a pessoa fora do labirinto do seu inconsciente.
George Sylvster Viereck: Ao menos na superfície, porém, a vida humana nunca foi mais complexa. A cada dia alguma nova idéia proposta pelo senhor ou por seus discípulos torna o problema da condução humana mais intrigante e mais contraditório.
S. Freud: A psicanálise pelo menos, jamais fecha a porta a uma nova verdade.
George Sylvester Viereck: Alguns dos seus discípulos, mais ortodoxos do que o senhor, se apegam a cada pronunciamento que sai da sua boca.
S. Freud: A vida muda. A psicanálise também muda. Estamos apenas no começo de uma nova ciência.
George Sylvester Viereck: A estrutura científica que o senhor ergueu me parece ser muito elaborada. Seus fundamentos – a teoria do “deslocamento”, da “sexualidade infantil”, do “simbolismo dos sonhos”, etc… – parecem permanentes.
S. Freud: Eu repito, porém, que nós estamos apenas no início. Eu sou apenas um iniciador. Consegui desencavar monumentos soterrados nos substratos da mente. Mas ali onde eu descobri alguns templos, outros poderão descobrir continentes.
George Sylvester Viereck: O senhor ainda coloca a ênfase sobretudo no sexo?
S. Freud: Respondo com as palavras do seu próprio poeta, Walt Whitman: “Mas tudo faltaria, se faltasse o sexo” (“Yet all were lacking, if sex were lacking”). Entretanto, já lhe expliquei que agora coloco ênfase quase igual naquilo que está “além” do prazer – a morte, a negociação da vida. Este desejo explica por que alguns homens amam a dor – como um passo para o aniquilamento!Explica por que os poetas agradecem a
Whatever gods there be,
That no life lives forever
And even the weariest river
Winds somewhere safe to sea.
(“Quaisquer deuses que existam/Que a vida nenhuma viva para sempre/Que os mortos jamais se levantem /e também o rio mais cansado/Deságüe tranqüilo no mar”).
George Sylvester Viereck: Shaw, como o senhor, não deseja viver para sempre, mas à diferença do senhor, ele considera o sexo desinteressante.
S. Freud: (sorrindo) Shaw não compreende o sexo. Ele não tem a mais remota concepção do amor. Não há um verdadeiro caso amoroso em nenhuma de suas peças. Ele faz brincadeira do amor de Júlio César – talvez a maior paixão da História. Deliberadamente, talvez maliciosamente, ele despe Cleópatra de toda grandeza, reduzindo-a a uma insignificante garota. A razão para a estranha atitude de Shaw diante do amor, para a sua negação do móvel de todas as coisas humanas, que tira de suas peças o apelo universal, apesar do seu enorme alcance intelectual, é inerente à sua psicologia. Em um de seus prefácios, ele mesmo enfatiza o traço ascético do seu temperamento. Eu posso ter errado em muitas coisas, mas estou certo de que não errei ao enfatizar a importância do instinto sexual. Por ser tão forte, ele se choca sempre com as convenções e salvaguardas da civilização. A humanidade, em uma espécie de autodefesa, procura negar sua importância. Se você arranhar um russo, diz o provérbio, aparece o tártaro sob a pele. Analise qualquer emoção humana, não importa quão distante esteja da esfera da sexualidade e você certamente encontrará esse impulso primordial, ao qual a própria vida deve a perpetuação.
George Sylvester Viereck: O senhor, sem dúvidas, foi bem sucedido em transmitir esse ponto de vista aos escritores modernos. A psicanálise deu novas intensidades à literatura.
S. Freud: Também recebeu muito da literatura e da filosofia. Nietzsche foi um dos primeiros psicanalistas. É surpreendente até que ponto a sua intuição prenuncia as novas descobertas. Ninguém se apercebeu mais profundamente dos motivos duais da conduta humana, da insistência do princípio do prazer em predominar indefinidamente. O Zaratustra E diz: “A dor grita: Vai! Mas o prazer quer eternidade Pura, profundamente eternidade”. A psicanálise, pode ser menos amplamente discutida na Áustria e na Alemanha do que nos Estados Unidos, a sua influência na literatura é imensa, porém, Thomas Mann e Hugo von Hafmannsthak muito devem a nós. Schnitzler percorre uma via que é, em larga medida, paralela ao meu próprio desenvolvimento. Ele expressa poeticamente o que eu tento comunicar cientificamente. Mas o Dr. Schnitzler não é apenas um poeta, é também um cientista.
George Sylvester Vieireck: O senhor não é apenas um cientista, mas também um poeta. A literatura americana está impregnada da psicanálise. Hupert Hughes Harvrey O’Higgins e outros se fazem de seus intérpretes. É quase impossível abrir um novo romance sem encontrar referência à psicanálise. Entre os dramaturgos, Eugene O’Neill e Sydney Howard têm profunda dívida para com o senhor. “A The Silver Cord”, por exemplo, é simplesmente uma dramatização do complexo de Édipo.
S. Freud: Eu sei e apresento o cumprimento que há nessa constatação. Mas tenho receio da minha popularidade nos Estados Unidos. O interesse americano pela psicanálise não se aprofunda. A popularização leva à aceitação superficial sem estudo sério. As pessoas apenas repetem as frases que aprendem no teatro ou na imprensa. Pensam compreender algo da psicanálise porque brincam com seu jargão! Eu prefiro a ocupação intensa com a psicanálise, tal como ocorre nos centros europeus. A América foi o primeiro país a reconhecer-me oficialmente. A “Clark University” concedeu-me um diploma honorário quando eu ainda era ignorado na Europa. Entretanto, a América fez poucas contribuições originais à psicanálise. Os americanos são julgadores inteligentes, raramente pensadores criativos. Os médicos nos Estados Unidos e ocasionalmente também na Europa, procuram monopolizar para si a psicanálise. Mas seria um perigo para a psicanálise deixá-la exclusivamente nas mãos dos médicos, pois uma formação estritamente médica é, com freqüência, um empecilho para o psicanalista É sempre um empecilho, quando certas concepções científicas tradicionais ficam arraigadas no cérebro estudioso.
(Freud tem que dizer a verdade a qualquer preço! Ele não pode obrigar a si mesmo a agradar a América, onde está a maioria de seus admiradores. Apesar da sua intransigente integridade, Freud é a urbanidade em pessoa. Ele ouve pacientemente cada intervenção, não procurando jamais intimidar o entrevistador. Raro é o visitante que deixa sua presença sem algum presente, algum sinal de hospitalidade! Havia escurecido. Era tempo de eu tomar o trem de volta à cidade que uma vez abrigara o esplendor imperial dos Hasburgos. Acompanhada da esposa e da filha, Freud desceu os degraus que levavam do seu refúgio na montanha à rua, para me ver partir. Ele me pareceu cansado e triste, ao dar o seu adeus).
S. Freud: Não me faça parecer um pessimista (disse ele após o aperto de mão). Eu não tenho desprezo pelo mundo. Expressar desdém pelo mundo é apenas outra forma de cortejá-lo, de ganhar audiência e aplauso. Não, eu não sou um pessimista, não, enquanto tiver meus filhos, minha mulher e minhas flores! Não sou infeliz – ao menos não mais infeliz que os outros.
(O apito de meu trem soou na noite. O automóvel me conduzia rapidamente para a estação. Aos poucos o vulto ligeiramente curvado e a cabeça grisalha de Sigmund Freud desapareceram na distância).

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Governador do Paraná, Beto Richa (PSDB). Em seu governo, o ex-chefe da Polícia Militar tinha relações com bicheiros



GOVERNADOR DO PARANÁ, BETO RICHA (PSDB). EM SEU GOVERNO, O EX-CHEFE DA POLÍCIA MILITAR TINHA RELAÇÕES COM BICHEIROS


Negócios que não param de jorrar




JOGO
O GOVERNADOR DO PARANÁ, BETO RICHA (PSDB). EM SEU GOVERNO, O EX-CHEFE DA POLÍCIA MILITAR TINHA RELAÇÕES COM BICHEIROS (FOTO: SERGIO LIMA/FOLHAPRESS )

O BICHEIRO CARLINHOS CACHOEIRA TINHA OUTRA EMPREITEIRA PARA FAZER NEGÓCIOS E PROCURAVA OPORTUNIDADES DE EXPLORAR JOGOS EM MATO GROSSO E NO PARANÁ

ANDREI MEIRELES, MURILO RAMOS E LEONEL ROCHA



Todos sabem que o bicheiro Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, começou a vida no ramo de jogos ilegais. Com a ajuda de políticos e policiais e o uso de recursos do submundo, Cachoeira se tornou um homem próspero, com negócios nos ramos farmacêuticoe da construção civil. Seu braço nessa área era a construtora Delta. A extensa investigação da Polícia Federal na Operação Monte Carlo mostra, à exaustão, quanto Cachoeira se empenhava para conseguir negócios para a empreiteira. Mas, como bom empresário, Cachoeira procurava diversificar seus negócios. Cachoeira usou a Construtora Rio Tocantins (CRT) para fazer negócios em Mato Grosso e em outros Estados da região. Assim como aconteceu com a Delta, os negócios da CRT ex-pandiram-se consideravelmente nos últimos anos.
OPORTUNIDADES Bicheiro Carlinhos Cachoeira (acima). O governo de Silval contratou uma empreiteira ligada a Cachoeira. O bicheiro também estava de olho na loteria do Estado   (Foto: Iano Andrade/CB/D.A Press)


A história da CRT se parece muito com a da Delta. No caso da Delta, o elo inicial de Cachoeira era o diretor da empresa para o Centro-Oeste, Cláudio Abreu. Os dois são sócios em outras empresas. Nos bastidores, Cachoeira trabalhava pela Delta. A CRT está registrada em nome do empresário Rossine Aires Guimarães. Fazendeiro no Tocantins, dono de um rebanho estimado em cerca de 80 mil cabeças de gado, Rossine é um homem discreto. De acordo com a investigação da Polícia Federal, Rossine é sócio de Cachoeira e de Cláudio Abreu em outras empresas e empreendimentos no Tocantins, no Distrito Federal e em Mato Grosso. Em conversas gravadas pela PF, Carlinhos Cachoeira afirma que usará a CRT como alternativa à Delta em negócios com administrações públicas. Até 2010, a CRT não tinha nenhum contrato com o governo de Mato Grosso. Depois da posse do governador Silval Barbosa (PMDB), a CRT melhorou de vida. Primeiro foi contratada, sem licitação, para executar serviços emergenciais numa rodovia estadual não pavimentada. Em agosto do ano passado, a empreiteira conseguiu um contrato para alugar 900 carros para o governo de Mato Grosso por um ano, por R$ 70 milhões. O governo de Mato Grosso diz que o contrato foi cancelado depois que o escândalo Cachoeira eclodiu.
No governo de Barbosa, a empreiteira CRT foi contratada para alugar carros e fazer obras em Mato Grosso 
A CRT foi contratada pelo governo de Mato Grosso por meio de um instrumento burocrático chamado de Ata de Registro de Preços. Funciona assim: a empresa participa de uma concorrência pública para ser a dona da ata. Mas, depois, tudo fica menos burocrático. Com a ata, a empresa pode ser contratada, sem concorrência, por qualquer órgão público em todo o país. Além de ter a turma de Cachoeira por trás, a estratégia da CRT é semelhante à seguida pela Delta. ÉPOCA revelou, na semana passada, que a Delta obteve três contratos para aluguel de carros para o mesmo governo de Mato Grosso. Os compromissos somam cerca de R$ 20 milhões. Nesse caso, nem houve concorrência. Para isso, o governo de Mato Grosso aderiu a uma ata, obtida pela Delta em 2009 com o governo de Goiás, onde Cachoeira era forte. Em abril, a Secretaria de Segurança Pública de Goiás elevou o pagamento anual para aluguel dos carros de R$ 37,5 milhões para R$ 49 milhões e aumentou o prazo por mais um ano.
JOGO O governador do Paraná, Beto Richa (PSDB).  A turma de Cachoeira queria conhecê-lo. Em seu governo, o ex-chefe da Polícia Militar tinha relações com bicheiros  (Foto: Sergio Lima/Folhapress )
Os bastidores desse negócio estão num diálogo gravado pela Polícia Federal e obtido por ÉPOCA. Em 16 de abril de 2011, Cachoeira conta a Cláudio Abreu que o procurador Ronald Bicca lhe dissera que impediu o secretário de Segurança de promover uma licitação para a compra de carros. Cachoeira e Abreu comemoram a decisão. Ela beneficiou a Delta, que continuou a alugar os carros para a frota da Secretaria de Segurança. Um mês depois dessa conversa, a Delta Construção pediu – e conseguiu – o reajuste dos preços. O aval para o reajuste, o valor e a prorrogação do contrato por um ano foram definidos por Ronald Bicca, então procurador-geral de Goiás. Bicca foi afastado do cargo depois de ser citado em conversas gravadas entre Cachoeira e o senador Demóstenes Torres.
Demóstenes ficou conhecido no Senado pelos jantares regados a bons vinhos. ÉPOCA já mostrou gravações da Polícia Federal em queDemóstenes e Cachoeira trocavamimpressões e conhecimentos sobre vinhos. De acordo com políticos, num desses jantares na casa de Demóstenes, no ano passado, o governador de Mato Grosso, Silval Barbosa, encontrou Cláudio Abreu. A aproximação fazia sentido. Escutas telefônicas mostram que, entre os interesses da turma de Cachoeira em Mato Grosso, estava o controle da Loteria Estadual (Lemat), fechada desde o final da década de 1980. Em outubro do ano passado, Barbosa assinou um decreto para reativar a loteria. Em dezembro, a Assembleia Legislativa de Mato Grosso aprovou uma emenda que autoriza a exploração da loteria por empresas privadas. O autor da proposta foi o presidente da Assembleia, deputado José Geraldo Riva (PSD), um político envolvido em vários escândalos, que responde a mais de 100 processos por improbidade administrativa. Estava marcada para a semana passada a audiência pública sobre a loteria. Com a Operação Monte Carlo, o governador Silval Barbosa suspendeu a audiência. Desde o final de março, ÉPOCA tenta obter respostas de Barbosa, sobre a proximidade de sua administração com a turma de Cachoeira. Na semana passada, Barbosa se limitou a dizer que nunca esteve com Cachoeira.
Meu primo quer
levar o Carlinhos Cachoeira para
conhecer o Beto Richa "
DIZ UM EX-VEREADOR DE ANÁPOLIS
Mais de 10 mil dias seguidos seriam necessários para uma pessoa ouvir todos os diálogos captados pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo. Poucas horas de atenção aos áudios seriam necessárias para essa mesma pessoa perceber que o sucesso da quadrilha dependia da colaboração de servidores públicos e políticos. Na semana passada, em sessão secreta da CPMI do Cachoeira, no Senado, o delegado federal Matheus Mella Rodrigues, responsável pela Monte Carlo, listou 81 pessoas, muitas delas políticos, que mantinham contatos com integrantes da organização criminosa ou seriam cortejados por eles. Entre os listados está o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB). Em 23 de agosto de 2011, Lenine Araújo, um dos principais colaboradores de Cachoeira, e Miguel Marrula (DEM), ex-vereador de Anápolis, em Goiás, falam da pretensão de Cachoeira de expandir sua atuação no Paraná. “Meu primo é muito… do vice-governador de lá, sabe? E quer levar o Carlinhos Cachoeira para conhecer o Beto Richa, lá, e a gente pode aproveitar alguma coisa nisso, você concorda?”, diz Marrula a Araújo. “Ele (Richa) é da família nossa. Você pensa num caboclo que gosta de um jogo...” Durante audiência na CPI, ficou claro que o primo a quem Marrula se refere é Amin Hannouche (PP), prefeito de Cornélio Procópio, no Paraná. Amin tem pretensões de ser o candidato a vice-governador de Beto Richa na eleição de 2014.
A POLÍTICA O procurador-geral  da República, Roberto Gurgel. Ele atribuiu  as críticas a sua conduta a “pessoas com medo  do julgamento  do mensalão”  (Foto: Renato Weil/EM/D.A Press)
Marrula diz que, apesar de pequeno, o grupo ligado ao primo é forte. “Está com a faca e o queijo na mão porque o pessoal de lá, o secretário de Segurança, nós que colocamos…é gente da minha casa. É gente do meu primo”, afirma. O secretário de Segurança do Paraná, Reinaldo Almeida César Sobrinho, seria o personagem da conversa entre Marrula e Araújo. Sobrinho foi presidente da Associação de Delegados Federais e assessor do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). O delegado Sobrinho afirmou a ÉPOCA que não conhece Marrula nem Cachoeira. Disse, ainda, que conheceu o prefeito de Cornélio Procópio meses depois de ter assumido a Secretaria de Segurança e nega interferência dele em sua nomeação. Ao jornal Gazeta do Povo, Amin confirmou ser primo de Miguel Marrula, mas negou relações com Cachoeira.

PiG ( Partido da Imprensa Golpista ) fala em pizza porque está na mira


PiG ( Partido da Imprensa Golpista ) fala em pizza
porque está na mira




Saiu no Portal da Cidadania, do Edu: 

Mídia fala em “pizza” porque CPI contrariou oposição


A partir de agora, mais do que nunca, o cidadão que quiser saber a quantas anda a CPMI do Cachoeira terá que se manter cético sobre a guerra de versões que se instalará. Nesse processo, devido à aliança entre a oposição e setores da imprensa, ficará mais difícil saber o que está acontecendo, mas não será impossível.


Há duas versões que a mídia demo-tucana está espalhando que pretendem jogar areia nos olhos da opinião pública. Uma delas é sobre o volume de ligações telefônicas entre o diretor da revista Veja Policarpo Júnior, o bicheiro Carlinhos Cachoeira e sua quadrilha. Os interessados em distorcer essa questão – leia-se a própria Veja – dizem, agora, que das 200 ligações do jornalista com o contraventor só teriam aparecido duas.


O jornalista Luis Nassif já tinha explicado essa questão em post, mas, em minha opinião, não foi suficiente explícito, haja vista que tenho recebido muitas consultas de leitores sobre essa questão.


Detalhe: a informação de Nassif me foi confirmada ontem (quinta-feira) e passo a detalhá-la.


A informação sobre “200 ligações” entre Policarpo e Cachoeira – fora outras que o jornalista manteve diretamente com a quadrilha – é oriunda da Polícia Federal. Os grampos telefônicos captados foram armazenados em um sistema chamado “Guardião”. Esse sistema permite que pessoas autorizadas localizem conversas entre os diversos envolvidos no caso.


Como explicou Nassif e me confirmou a fonte com a qual conversei, se você faz uma busca no sistema Guardião pedindo um índice das conversas de Policarpo com Carlinhos Cachoeira, por exemplo, o número de resultados ultrapassa 200, sem falar nas ligações entre o jornalista e o resto da quadrilha.


Como o foco das Operações Monte Carlo e Vegas não era o jornalista da Veja, e até devido ao vespeiro que é mexer com a imprensa, a PF não transcreveu e separou as ligações envolvendo a Veja. Além disso, há uma forte pressão da oposição e da imprensa sobre setores da PF ligados a esse grupo político.


Aí chegamos às notícias da grande mídia sobre um “acordão” para transformar a CPMI em “pizza”. Os jornais trazem hoje (sexta-feira), nas primeiras páginas, alusões a isso. Ontem (quinta-feira), portais e sites na internet disseram a mesma coisa. Mas que “acordão” é esse? É para poupar a Veja? É para a Comissão não investigar mais nada?


A mídia e a oposição espalham a versão da Pizza porque a CPMI não irá convocar agora os governadores acusados de envolvimento com o esquema Cachoeira e porque restringiu ao Centro-Oeste as investigações sobre a Delta, que as mesmas mídia e a oposição querem que avancem até o Rio de Janeiro, obviamente que passando longe de São Paulo, onde a revista IstoÉ mostrou, recentemente, que estão os maiores negócios da empreiteira.


Aqui mesmo, no blog, vários leitores caíram nessa conversa. O mesmo aconteceu nas redes sociais Twitter e Facebook. Tem gente caindo como patinho em uma versão do interesse da Veja, da Folha, do Estadão, do Globo, do PSDB, do DEM e do PPS.


O PT e a base aliada não vão aceitar convocar Agnelo Queiróz e Sérgio Cabral simplesmente porque não há nada nas gravações da PF contra eles. O único governador realmente envolvido com o esquema Cachoeira é Marconi Perillo. E como os aliados governistas apostam que isso ficará claro ao se aprofundarem nas escutas da PF, as convocações ficaram em suspenso.


O mesmo se dá a respeito da convocação do jornalista Policarpo Júnior. O senador Fernando Collor havia feito um pedido de envio das gravações armazenadas no sistema Guardião que envolvam exclusivamente a Veja e seu jornalista. O relator Odair Cunha inclinou-se por esse requerimento, mas, diante da argumentação da senadora do DEM Katia Abreu de que a PF enviou o lote inteiro de gravações da Operação Monte Carlo, Cunha aceitou barrar o requerimento de Collor.


Não acredite então, leitor, nessa conversa sobre “pizza” e “acordão”. A leitura dos grandes jornais e portais de internet está direcionada para confundir o público e gerar desânimo entre aqueles que querem ver esclarecidas as relações da Veja e de outros veículos com o crime organizado, sem falar no governo paralelo que Cachoeira instalou em Goiás.


A dinâmica da CPMI fará brotarem todas essas questões. É questão de tempo. A mídia joga com a ansiedade das pessoas e tenta criar um fato consumado. A investigação mal começou. Não se deixe enganar. A maioria do PT e dos seus aliados vai, sim, investigar a mídia. E Parcela relevante do PMDB está indignada com a tentativa de envolver o governador Sergio Cabral.


A blogosfera irá informá-lo melhor, leitor. Neste momento, aliás, nem é preciso, pois a própria Veja soltou nota que termina assim: “As tentativas de intimidação [da “imprensa livre”] não devem cessar com a primeira derrota de Collor e do PT na CPI”.  Essa parte é verdade. A investigação contra a Veja vai realmente ocorrer.