sábado, 28 de abril de 2012

Justiça inocenta Casoy. Uma vergonha!



Por Altamiro Borges

A Justiça acaba de negar uma ação do trabalhador Gilson Silva Sousa exigindo indenização por dano moral contra o apresentador Boris Casoy, da TV Bandeirantes. O processo foi movido devido às declarações preconceituosas do âncora do Jornal da Band na noite de 31 de dezembro de 2009. Na ocasião, diante do vídeo de dois garis desejando feliz ano novo, Boris Casoy explicitou todo o seu elitismo sem perceber um vazamento de áudio: “Que merda... Dois lixeiros desejando felicidades... do alto de suas vassouras... Dois lixeiros... O mais baixo da escala do trabalho”.

Na noite seguinte, diante a reação dos telespectadores, o jornalista até pediu desculpas meio a contragosto: “Ontem durante o programa eu disse uma frase infeliz que ofendeu os garis. Eu peço profundas desculpas aos garis e a todos os telespectadores”. Numa entrevista à Folha, porém, Boris Casoy mostrou que não se arrependeu da frase e do seu pensamento elitista, mas sim do vazamento do áudio. “Foi um erro. Vazou, era intervalo e supostamente os microfones estavam desligados”.

"Expressões genéricas"?

Apesar da gravidade do episódio, o relator do caso, desembargador José Ricardo Porto, julgou que os argumentos apresentados na ação foram improcedentes. “Na verdade, o episódio provoca dissabor e não dano moral indenizável. O nome do autor jamais foi mencionado e as expressões enfatizadas são genéricas”, argumentou. Vale citar um bordão bem conhecido na tevê brasileira, que nem parece ser uma concessão pública: esta decisão da Justiça “é uma vergonha”!

Corrupção:Bancada dos radialistas de Curitiba recebia verba da Câmara


                                     O radialista e vereador -PSD (lider do governo  municipal tucano) Roberto Hinça , um dos acusados 


 Recursos de publicidade foram destinados a programas de rádio e empresas de servidores que trabalhavam no gabinete de vereadores que fazem parte do grupo dos comunicadores


 Algaci admite que comprou notas
fonte: gazeta do povo -Aniele Nascimento
Vereador conta que foi oferecida a todos da bancada dos comunicadores a oportunidade de fazer anúncios da Câmara em seus programas.

Deputado pede expulsão de Derosso

O deputado federal Fer­­nando Francischini oficializou ontem ao presidente da executiva estadual do PSDB, o deputado estadual Valdir Rossoni, o pedido de expulsão do ex-presidente da Câmara Municipal de Curitiba João Cláudio Derosso do partido.

Menos de 10%

A série Negócio Fechado é fruto de um trabalho de investigação feito por repórteres da Gazeta do Povo e da RPC TV. Durante três meses, a equipe de jornalistas montou uma base de dados com informações contidas em mais de 10 mil páginas referentes à execução do contrato de publicidade da Câmara Municipal de Curitiba. A documentação consultada representa menos de 10% dos R$ 34 milhões gastos com propaganda pelo Legislativo.

A reportagem analisou notas fiscais, recibos, contratos, certidões e cópias dos serviços prestados por empresas subcontratadas pelas agências Visão Publicidade e Oficina da Notícia, que venceram a licitação de publicidade da Casa.

Ex-vereador confessa que esposa negociava repasses

O ex-vereador e radialista Luís Ernesto (PSDB) confirma que em parte do seu programa de rádio era custeado pela verba de publicidade da Câmara. Ele conta, assim como o vereador Algaci Túlio (PMDB), que todos os vereadores da bancada dos comunicadores recebiam recursos do Legislativo municipal para seus programas. “Na época que eu era vereador, todos os vereadores que faziam programas de rádio, como acontece até hoje, recebiam dinheiro”, diz.

Luís Ernesto confirma que a empresa da sua mulher, Ieda Maria Alves Pereira, é que intermediava o repasse de recursos públicos para o seu programa, que para ele funcionava como “uma segunda tribuna”. Apesar disso, ele garante que também falava do trabalho dos colegas. “Falava da ordem do dia [projetos em discussão para votação], entrevistava vereadores”, conta.

Salários

Já sobre a contratação de Ieda na Câmara, ele nega que ela tenha recebido salários enquanto trabalhava no Legislativo municipal. “Já foi [funcionária]. Durante quatro anos ela trabalhou no meu gabinete, mas nunca recebeu absolutamente nada”, alega.

A assessoria de imprensa da Câmara, no entanto, confirmou que Ieda recebeu vencimentos no período em que esteve nomeada. Ainda de acordo com a assessoria, Ieda só foi exonerada da Casa no dia 18 de abril – após a reportagem procurar Luís Ernesto para que explicasse a relação com a empresa.

Notas fiscais revelam que parte da verba de publicidade da Câmara Municipal de Curitiba, nos últimos cinco anos, foi destinada a veículos de comunicação de parlamentares. O vereador Algaci Túlio (PMDB) e o ex-vereador Luís Ernesto (PSDB) admitiram que dinheiro do Legislativo foi gasto em seus programas de rádio. “A verdade é que existia uma verba para os vereadores que têm meio de comunicação pra publicitar a Câmara”, disse Algaci Túlio (leia mais na página seguinte). Outros três políticos – o vereador e atual líder do prefeito, Roberto Hinça (PSD), o ex-vereador e secretário estadual Mario Celso Cunha (PSB) e o ex-vereador Valdenir Dias (PMN) – tiveram em seus gabinetes funcionários que assinam recibos de serviços publicitários prestados à Câmara.

 A ligação mais próxima entre político e empresa beneficiária de recursos do Legislativo é a do ex-vereador Luís Ernesto com a Nave Locação e Publicidade. A mulher do ex-vereador, Ieda Maria Alves Pereira, é sócia da empresa, que recebeu ao menos R$ 56 mil de verba de propaganda da Câmara, através da agência Visão Publicidade. Parte desse valor foi destinado ao programa de rádio de Luís Ernesto ainda no período em que ele era vereador – o último mandato de Luís Ernesto foi de fevereiro de 2007 a dezembro de 2008.

Além disso, os documentos a que a reportagem da Gazeta do Povo e da RPC TV teve acesso mostram pagamentos mensais a Nave Locação e Publicidade no valor de R$ 8 mil nos meses de janeiro a março de 2007 e de julho a outubro de 2009. Nesses períodos, Ieda era funcionária da Câmara e por isso não poderia ser prestadora de serviços privados ao Legislativo. Isso porque a Lei de Licitações proíbe servidores do órgão pagador de terem relações comerciais com a instituição pública em que trabalham.

Nello Roy Morlotti, ex-servidor do gabinete de Algaci Túlio, também prestava serviços publicitários para a Câmara. Ele é dono da Holden Serviços Técnicos e foi funcionário do vereador de janeiro de 2009 a maio de 2010.

Uma das notas fiscais apresentadas pela Holden em julho de 2009 faz referência à publicação de uma reportagem no blog do próprio vereador. A Holden recebeu ao menos R$ 4 mil da Câmara – o total de pagamentos pode ser maior porque a reportagem teve acesso a documentos que representam apenas R$ 2 milhões dos R$ 34 milhões gastos pela Câmara com publicidade entre 2006 e 2011.

A empresa Men & Cia emitiu, no mínimo, três notas fiscais, de R$ 12 mil cada uma, pela divulgação de publicidade da Câmara. No momento dos pagamentos de setembro e outubro de 2009, Laércio Men, sócio da empresa, estava lotado na comissão de Cultura do Legislativo. Mas em dezembro de 2010, quando cobrou mais um pagamento por serviços publicitários, ele era funcionário do vereador Roberto Hinça.

Funcionária do gabinete do então vereador Mario Celso Cunha – hoje secretário estadual da Copa –, Natacha Kosiski é sócia de uma empresa que recebeu ao menos R$ 210 mil para publicidade da Câmara nos dois anos em que a servidora esteve lotada no Legislativo.

Documentos também mostram que propagandas da Câmara foram veiculadas no programa de tevê de Johnny Luiz Chemberg, que é funcionário da Câmara há pelo menos seis anos, atualmente lotado nas comissões.

Jornal

Maria Eliana de Lima é sócia da Editora Femoclan – responsável pelo jornal da Femoclan –, que recebeu ao todo R$ 39,5 mil de publicidade da Câmara nos anos de 2007 a 2009. Em parte do período em que os pagamentos foram feitos, ela estava lotada no gabinete do então vereador Valdenir Dias – de 2006 a abril de 2008.

Como mostrado na edição de ontem da Gazeta do Povo, o jornal Folha do Boqueirão recebeu recursos da Câmara Municipal. A publicação esteve vinculada ao vereador Francisco Garcez (PSDB) até setembro de 2011, de acordo com o registro da empresa na Junta Comercial.

Algaci Túlio admite uso de notas frias

Vereador diz que usava “estratégia” para receber verba da Câmara. Segundo ele, outros parlamentares também recebiam dinheiro de publicidade do Legislativo municipal -



http://www.vermelho.org.br/pr/noticia.php?id_noticia=181709&id_secao=98

Especialistas discutem benefícios do uso medicinal da maconha




Os malefícios e benefícios da maconha para a saúde foram debatidos pela Comissão de Seguridade Social da Câmara nesta quinta-feira (26). Entre os convidados, estavam cientistas, médicos e até quem recorreu à droga para aliviar a dor de um amigo em estado terminal.


  Especialistas discutem benefícios do uso medicinal da maconha
A droga pode reduzir sintomas e alíviar náuseas e falta de apetite em pacientes com câncer.
O assunto que divide opiniões lotou o plenário com pessoas do Movimento Pela Vida, que vai promover uma marcha contra a maconha em junho, em São Paulo, e pelos defensores da legalização da droga. O debate foi sugerido pelo deputado Roberto de Lucena (PV-SP).

O doutor em neurociências e professor de Fisiologia da Universidade de Brasília (UnB), Renato Malcher Lopes, é coautor do livro "Maconha, Cérebro e Saúde". Ele defendeu o uso medicinal da droga no Brasil para redução de sintomas e alívio de náuseas e da falta de apetite em pacientes com câncer.

Lopes destacou ainda o uso da substância no tratamento de doenças como epilepsia, mal de Parkinson e Alzheimer. "Tem um valor terapêutico, porque o prognóstico melhora em função do estado psicológico."

O escritor e pesquisador Gideon dos Lakotas afirmou que nenhum cientista é contra o uso medicinal da maconha, mas que o debate está enviesado por uma outra causa: o uso recreativo da droga.

A psicóloga clínica especialista em saúde mental Marisa Lobo falou sobre sua experiência com mais de 500 pacientes e afirmou que a maconha desencadeia surtos psicóticos em 15% a 17% dos usuários. Segundo ela, é necessário cuidado com o discurso sobre os benefícios do uso da droga. "Há 40 anos, médicos receitavam o cigarro para aliviar a ansiedade e o estresse”, comparou.

Segundo a psicóloga, “não há conflito de ciências, há conflito de cientistas, por valores pessoais. Cada um acha o que quer nessa situação. A luta aqui é por legalização (da maconha), porque aqui ninguém é bobo."

Alívio para a dor

A audiência pública também contou com o depoimento emocionado da nutricionista Helena Sampaio, que acompanhou a morte de sua irmã Ana Rosa e, quando passou por uma situação semelhante com um amigo, aliviou o sofrimento dele com maconha. Ela saiu às ruas para comprar.

"Depois da minha irmã, eu me aprofundei, li muito e vi que aquilo causava benefício. E eu vi o meu amigo, a qualidade que aquilo deu para ele foi muito grande. Meu amigo foi me agradecendo imensamente e eu não repeti a mesma ida dolorida da minha irmã”, disse Helena.

Fonte: Agência Câmara 

http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=181933&id_secao=1

Veja tenta se defender atacando "discurso anti-imprensa"


Veja tenta se defender atacando "discurso anti-imprensa"

Neste final de semana, a Veja socorreu-se do senador Álvaro Dias (PSDB-PR), para quem o “discurso anti-imprensa” teria perdido força com o vazamento do inquérito da operação Monte Carlo, que é quase comemorado pela publicação. Revista seleciona um trecho de uma conversa que supostamente a favoreceria e omite vários outros onde Carlinos Cachoeira parece ter uma insólita influência dentro da redação. As duas últimas capas da publicação, sobre homens altos e mulheres executivas, expõem desconforto editorial com o caso.

A revista Veja não consegue esconder seu desconforto, com a profusão e a natureza das citações que vem recebendo nas conversas interceptadas pela polícia com autorização judicial no curso das investigações lideradas pelo bicheiro Carlinhos Cachoeira. As conversas e as citações indicam que Cachoeira parecia ter uma insólita influência dentro da redação da revista. 

As duas últimas capas da publicação materializam o desconforto: na semana passada, uma antológica “reportagem” sobre as virtudes de ser alto; nesta, outra capa morna com as “lições das chefonas”, um perfil sobre executivas de grandes empresas. Na parte superior da capa, uma pequena chamada, em tom ameaçador, diz que Cachoeira pode “contar tudo o que sabe”. Em outros tempos (recentes), esta seria o destaque de capa. Por alguma razão não é, assim como não foi na semana anterior.

“Vamo detona aquele trem na Veja”, “vou dar (um documento) pro Policarpo. Policarpo vai detonar aquela associação, entendeu (...) Na quarta-feira conforme for a gente senta com o Policarpo”. Esses são trechos de uma conversa travada no dia 6 de junho de 2011, entre Carlinhos Cachoeira e um a pessoa ligada a ele chamada Claudio. “Policarpo” seria Policarpo Júnior, editor chefe da revista Veja em Brasília. Há vários trechos de conversas onde Carlinhos Cachoeira ou pessoas próximas a ele afirmam ter influência direta na definição de pautas da publicação da editora Abril.

Neste final de semana, a Veja socorreu-se do senador Álvaro Dias (PSDB-PR), para quem o “discurso anti-imprensa” teria perdido força com o vazamento do inquérito da operação Monte Carlo (publicado pelo site Brasil 247). “O vazamento do inquérito da operação Monte Carlo comprova que o suposto conluio entre a imprensa e a quadrilha do contraventor Carlinhos Cachoeira nunca passou de uma invenção de grupos hostis à liberdade de expressão – o que inclui setores do PT e seus aliados. A íntegra das investigações reforça o óbvio: o jornalismo investigativo cumpriu o seu papel sem se sujeitar à máfia”, diz a revista quase que comemorando o vazamento. 

A interpretação da Veja é um tanto fantasiosa e agarra-se fundamentalmente a um dos trechos interceptados pela Polícia Federal, onde o senador Demóstenes Torres diz a Cachoeira que tentará “esvaziar os efeitos de uma reportagem de Veja sobre a empresa Delta, publicada há cerca de um ano”. As demais (e numerosas) referências à revista e a Policarpo são simplesmente ignoradas. Álvaro Dias diz que o “discurso anti-imprensa” perdeu força e não se fala mais no assunto. Essa é a ideia apresentada pelo site da revista neste sábado.

O “discurso anti-imprensa” ao qual Veja se refere resume-se na verdade à ela própria e ao suposto envolvimento de funcionários da empresa com o bicheiro Carlinhos Cachoeira. O restante da chamada “grande imprensa” até aqui mantém ruidoso silêncio sobre o caso.

Stálin - O Pai dos Povos (Os nazi-fascistas tremem de ódio)



Josef Stálin


Jossif Vissarionóvich Dzugasvili  Stálin  nasceu em 21 de dezembro de 1879 em Gori, província de Tífilis, Geórgia, região da Transcaucásia. Seu pai, Vissarion Ivanovich era filho de camponês pobre, tornou-se sapateiro autônomo e, depois, operário de uma fábrica de calçados. Sua mãe, Catarina Gueorguievna, filha de servo (camponês pobre).

A Rússia era o país mais atrasado da Europa, tinha como base a agricultura caracterizada pelo latifúndio e regime de servidão. Mas nas últimas décadas, o capitalismo avançava, lutas operárias vinham acontecendo, formando-se um campo fértil às idéias revolucionárias. Círculos clandestinos para estudo e divulgação do marxismo foram formados por intelectuais. O desafio era como fundir a teoria marxista com o movimento operário, o que foi conseguido por Lênin (V. A Verdade, nº  49), com a União de Luta pela Emancipação da classe operária de São Petersburgo.  Em 1898 fundou-se o Partido Operário Social-Democrata da Rússia ( POSDR).
No seminário de Tífilis, Stálin conheceu a literatura marxista, entrou em contato com grupos ilegais, organizou um círculo de estudos e ingressou no POSDR no ano de sua fundação, sendo expulso do seminário no ano seguinte, em razão de suas atividades.
A partir de então, dedicou-se inteiramente à atividade revolucionária, editando publicações clandestinas, redigindo textos e artigos e fazendo a propaganda do marxismo entre os operários.
O lutador e o dirigente
No levante operário de 1905, as divergências dentro do PSODR se clarificaram: de um lado, os mencheviques, defendendo meios pacíficos de luta e, de outro, os bolcheviques que propunham transformar a greve operária em insurreição armada. Stálin defendeu esta posição firmemente na Primeira Conferência Bolchevista de toda a Rússia, ocasião em que se encontrou com Lênin pela primeira vez e, juntos, redigiram as resoluções do Encontro.  A insurreição aconteceu em dezembro de 1905 e foi derrotada.
Stálin redobrou o trabalho de base, concentrando suas atividades na região petrolífera de Baku: “Dois anos de atividade revolucionária entre os operários da indústria petrolífera temperaram-me como lutador e como dirigente. Conheci pela primeira vez o que significava dirigir grandes massas operárias”.
Em 1912, na Conferência de Praga (Checoslováquia), dada a impossibilidade de realizá-la na Rússia, os bolcheviques decidem organizar-se em partido independente, afastando completamente os mencheviques e adotando o nome POSDR (b), isto é, bolcheviques. Stálin estava na prisão, de onde fugiu pouco depois, participando com Lênin da criação do PRAVDA (A Verdade). Indicado para dirigir o grupo bolchevique na Duma (parlamento russo), foi detido mais uma vez e enviado para longínqua cidade da Sibéria, de onde só sairia com a revolução (burguesa) de fevereiro de 1917.
A jornada de luta dos operários, que acontecia desde o início do ano de 1917, se amplia e obtém a adesão de um grande número de soldados sublevados em razão das precárias condições em que enfrentavam os alemães (1ª guerra mundial). A insurreição culmina com a derrubada do czarismo e constituição de um governo burguês, provisório. Livre,  Stálin se desloca para Petrogrado e no dia 16 de abril está à frente de uma delegação operária, recebendo Lênin (retornava do exílio) na estação Finlândia. Uma semana depois, realizou-se a sétima Conferência e ele foi eleito para o birô político do Partido Bolchevique.
Organizam-se os soviets (conselhos) de operários, camponeses e soldados, que em pouco tempo instauram uma situação de dualidade de poder. Lênin propõe a passagem da revolução democrático-burguesa para a revolução socialista e em julho/agosto realiza-se o II Congresso do Partido. Al-guns delegados defenderam que não era o momento para esse salto, por falta de apoio dos camponeses ou mesmo porque só era possível construir o socialismo com a vitória da revolução nos países euro-    peus. Stálin pronunciou: “ …É necessário desprezar essa idéia caduca de que só a Europa pode nos indicar o caminho. Há um marxismo dogmático e um marxismo criador. Eu me situo no terreno do segundo”. Esta era também a visão de Lênin e da esmagadora maioria dos bolcheviques, o que tornou possível a revolução socialista de outubro.
Stalin esteve à frente de todos os preparativos para a insurreição e integrou o grupo que conduziu o Comitê Militar Revolucionário. O levante começou no dia 6 de novembro, à noite.  No dia 7,  rapidamente, as tropas revolucionárias tomaram os principais pontos de Petrogrado e o Palácio de Inverno, onde se tinha refugiado o governo provisório. Quando o II Congresso dos Soviets se instalou naquele mesmo dia, proclamou: “… apoiando-se na vontade da imensa maioria dos operários, soldados e camponeses e na insurreição triunfante levada a cabo pelos operários e a guarnição de Petrogrado, o Congresso toma em  suas mãos o poder”.
No período de 1917 a 1924, Stálin atua ao lado de Lênin na condução do Partido e dos negócios do Estado. Durante a guerra contra-revolucionária desencadeada pela burguesia e pelos latifundiários russos, e pelos exércitos de uma dezena de potências estrangeiras, destacou-se como estrategista militar, principalmente nas frentes onde havia insegurança ou indisciplina. Sempre envolvendo a massa popular da região, Stálin conseguia debelar o foco do problema e devolver a confiança e o ânimo às tropas vermelhas que voltavam a obter êxitos.
Transformando o sonho em realidade
Em  (1922), no XI Congresso, Stálin, que sempre esteve ao lado de Lênin, foi eleito para o cargo de secretário-geral e assumiu a tarefa de organizar a união livre e voluntária dos povos, vindo a constituir a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Com o agravamento da saúde de Lênin, Stálin assumiu a direção do XII Congresso, propugnando o combate à tendência de retorno ao capitalismo, por má interpretação da Nova Política Econômica ( NEP) em alguns setores da economia e propôs um programa que acabasse com a desigualdade econômica e cultural entre os povos da URSS.
Lênin faleceu no dia 21 de janeiro de 1924. No XIV Congresso (1925), definiu-se como caminho para fortalecer o socialismo na URSS: “Transformar nosso país, de um país agrário num país industrial, capaz de produzir com seus próprios meios, as máquinas e ferramentas necessárias”. Não havia unanimidade quanto a essa estratégia, à qual se opunham os dirigentes Kamenev e Zinoviev, que propunham maior fortalecimento da agricultura e um ritmo de crescimento industrial mais lento.   Trostki também se opunha, argumentando que Stalin estava desviando energias para o desenvolvimento econômico interno, em vez de canalizá-la para a revolução proletária mundial. Na concepção de Stálin,  a melhor forma de contribuir com a revolução mundial, de fortalecer o internacionalismo proletário, seria fortalecendo o socialismo na URSS.
Para implementar a industrialização, a URSS só podia contar com as próprias forças. Havia de contar com o entusiasmo da classe trabalhadora e eliminar ideológica e organicamente os setores que se opunham à aplicação das resoluções do Congresso. “Não se podia alcançar a industrialização sem a destruição ideológica e orgânica do bloco trotskista-zinovievista” ( Stálin, Instituto Mel).
A luta contra os kulaks e os restauradores do capitalismo
O XV Congresso realizado em 1927 constatou os êxitos da industrialização. Stálin ressaltou que era necessário avançar, superando o único obstáculo existente ainda, o atraso na agricultura e indicou a solução: “passagem das explorações camponesas dispersas para grandes explorações unificadas sobre a base do cultivo comum da terra com técnica nova e mais elevada”. Destacou que essa agrupação deveria se dar pelo exemplo e pelo convencimento, não pela coerção dos pequenos e médios agricultores.
A Revolução de 1917 havia eliminado o latifúndio, transformando-o em sovkozes (fazendas estatais) e incentivava os pequenos camponeses a se organizarem em cooperativas, os kolkhozes. Agora, tratava-se de intensificar essa campanha e de neutralizar os camponeses ricos (kulaks), setor que se fortalecera durante a Nova Política Econômica (NEP).
Dentro do Partido, um grupo liderado por Bukharin, Rikov e Tomski se opôs à repressão aos kulaks, defendendo um processo gradual e pacífico de coletivização da terra. Stálin avaliava que o grupo pretendia na verdade restaurar o capitalismo e agia como agentes dos camponeses ricos e promoveu “o esmagamento dos capitulacionistas”. Em 1927, em comemoração ao XII aniversário da Revolução, escreveu: “O ano transcorrido foi o ano da grande virada em todas as frentes de edificação socialista”. Com a liquidação dos kulaks, procedeu-se à coletivização total do campo.  Stálin criticou excessos praticados em alguns lugares onde se impuseram medidas para as quais os camponeses não estavam preparados e ensinou aos militantes: “…não se pode ficar à retaguarda do movimento, já que retardar-se significa afastar-se das massas, mas tampouco deve-se adiantar, já que isto significa perder os laços com as massas” (J. Stálin, Problemas do Leninismo).
Com base nos resultados alcançados, o informe dado por Stálin no XVI Congresso (1930) afirmou: “nosso país entrou no período do socialismo”. O congresso aprovou o primeiro plano qüinqüenal, cuja meta era a reconstrução de todos os ramos da economia com base na técnica moderna. Eis o balanço apresentado por Stálin no XVII Congresso (1934): “…Triunfou a política de industrialização, da coletivização total da agricultura, da liquidação dos Kulaks, triunfou a possibilidade de construção do socialismo num só país”. É lançado o segundo plano qüinqüenal, que prevê realizações em todos os ramos da economia e nos campos da cultura, das ciências, da educação pública e da luta ideológica.
Em quatro anos e três meses, o plano estava cumprido. Afigurava-se agora a necessidade de uma revolução cultural no sentido de capacitar quadros oriundos do proletariado para que dominassem a técnica e assumissem funções de direção no governo soviético. A partir do apelo de Stálin, surge o movimento stakanovista “ iniciado na bacia do Donets, na indústria do carvão, se espalhou por todo o país. Dezenas e centenas de milhares de heróis do trabalho deram exemplo de como se devia assimilar a técnica e conseguir aumentar a produtividade socialista do trabalho na indústria, na agricultura e no transporte”. (Stalin, Instituto Mel).
Em 1936, o XVIII Congresso dos sovietes aprovou a nova constituição da URSS, a constituição do socialismo, garantindo não apenas liberdades formais como as constituições burguesas, mas “amplíssimos direitos e liberdades aos trabalhadores, material e economicamente, assegurados por todo o sistema da economia socialista que não conhece as crises, a anarquia nem o desemprego”.
O XVIII Congresso ocorreu em 1939. Enquanto os soviéticos comemoravam êxitos, os países capitalistas viviam profunda crise e Hitler já ocupava as nações vizinhas da Alemanha. Em relação à política externa, o congresso aprovou a orientação de Stálin no sentido de se continuar aplicando a política de paz e de fortalecimento das relações com todos os países, não permitindo que a URSS seja arrastada a conflitos por provocadores.
Em nível interno, a tarefa lançada foi a de ultrapassar nos 10 ou 15 anos seguintes os países capitalistas no terreno econômico. No seu informe ao XVIII Congresso, Stálin concluía que “É possível construir o comunismo em nosso país, mesmo no caso de se manter o cerco capitalista”.
Comandando a guerra contra Hitler e o nazifascismo
O ano de 1940 registrou um aumento sem precedentes da produção na URSS e em 1941, quando o povo soviético se preparava para comemorar novas vitórias, Hitler rompeu o pacto e invadiu o território socialista. Para centralizar a defesa e coordenar a luta de libertação nacional, o Conselho de Comissários do Povo criou o Comitê de Defesa do Estado, nomeando Stálin seu presidente. O povo respondeu com toda disposição e os invasores, que acreditavam dominar a URSS em dois meses, fracassaram.  Em 1944, se retiravam humilhados.
“Para Berlim!”, bradou Stálin, e o Exército Comunista foi libertando do jugo capitalista os países da Europa Oriental, até erguer a Bandeira Vermelha na capital alemã no dia 9 de maio de 1945.
A URSS foi o país que mais sofreu com a agressão nazista, tanto em perdas econômicas quanto em humanas, mas, poucos anos depois, já se recuperava e alcançava os níveis anteriores de produção na indústria e na agricultura, apesar da guerra fria (corrida armamentista, boicote econômico) lançada pelas potências capitalistas, especialmente os EUA, rompendo o acordo assinado na conferência de Ialta que resultara na criação da ONU.
No dia 5 de março de 1953, morreu Stálin, deixando uma lacuna jamais preenchida na URSS e enlutando também o movimento comunista em todo o mundo. Em toda a União Soviética, os operários fizeram cinco minutos de silêncio e  em Moscou, 4 milhões e meio de pessoas acompanharam o enterro do seu herói e líder. Também, em vários países os operários pararam para se despedir de Stálin.
Sobre uma infinidade de acusações lançadas sobre Stálin pela burguesia mundial e pelos dirigentes russos após o XX Congresso do PCUS, fala o genial arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer: “Foi tudo invenção capitalista”.

Retirado do Jornal A Verdade, nº 51

Esquerdismo, Doença Infantil do Comunismo - Vladimir Lênin



Augusto Buonicore
O Contexto

Lênin escreveu este livro entre abril e maio de 1920 às vésperas da realização do 2º Congresso da Internacional Comunista (julho-agosto). A obra serviu como principal instrumento da luta teórica e ideológica contra os desvios esquerdistas que ganhavam corpo no jovem movimento comunista internacional

Depois de demarcar o campo com o reformismo da 2ª Internacional no pós-1914, vencer o esquerdismo passava a ser uma condição essencial para construção de partidos comunistas com ampla influência de massa e capazes de, efetivamente, se constituírem enquanto vanguardas do processo revolucionário que fora aberto com a grande revolução de outubro de 1917.

Afirma Lênin: "Se a primeira tarefa histórica (...) não podia ser cumprida sem uma vitória ideológica e política completa sobre o oportunismo e o social-chovinismo, a segunda tarefa, que é (...) atrair as massas para essa nova posição (...) não pode ser cumprida sem liquidar o doutrinarismo de esquerda, sem corrigir completamente seus erros, sem desembaraçar-se deles".

A obra de Lênin cumpriu plenamente o seu papel e ajudou os jovens partidos comunistas a derrotarem o esquerdismo em suas fileiras e se forjarem enquanto partidos verdadeiramente revolucionários, capazes de articular os princípios do marxismo e uma prática política ampla e flexível.

Esta obra é um verdadeiro compêndio da estratégia e da tática leninistas, é a consolidação das experiências dos operários e bolcheviques no processo revolucionário russo iniciado nos primeiros anos deste século.


A Obra

Esta obra de Lênin se divide em dez capítulos. Nos quatro primeiros capítulos o autor aborda o significado internacional da Revolução Russa, apresenta as condições fundamentais do êxito dos bolcheviques, as principais etapas da história do bolchevismo e fornece um quadro das principais correntes que tiveram que enfrentar para se fortalecerem e poderem se colocar na condição de vanguarda revolucionária de todo o povo russo.

No quinto capítulo, critica duramente os comunistas "de esquerda" da Alemanha que procuravam cavar um fosso entre os chefes (revolucionários) e massa, contrapondo a ditadura das massas à uma suposta ditadura dos chefes. Alguns esquerdistas alemães, radicalizando suas teses, chegaram a falsas conclusões sobre a inutilidade dos partidos políticos. Lênin reage violentamente: "Negar a necessidade do Partido e da disciplina partidária (...) eqüivale a desarmar completamente o proletariado, em proveito da burguesia".

Nos capítulos de VI a VIII trata da necessidade dos Partidos Comunistas atuarem nos sindicatos reacionários (no qual se encontravam as massas atrasadas) e nos parlamentos burgueses. Lênin advoga também a necessidade de se estabelecer acordos e compromissos na luta política revolucionária. (O conteúdo desses três capítulos serão discutidos mais à frente)

No capítulo IX critica duramente as teses defendidas por grupos esquerdistas ingleses que tentavam construir um partido comunista unificado. Lênin se batia principalmente contra a sua política deliberada de recusar-se a estabelecer compromissos com o Partido Trabalhista, reformista, mas que ainda congregava a maior parte da classe operária inglesa. No capítulo X apresenta algumas conclusões que também serão apresentadas mais à frente.


O Texto

Alguns destaques dos capítulos previamente selecionados:(VI,VII,VIII,X)

Capítulo VI - Os revolucionários devem atuar nos sindicatos reacionários?

• Os esquerdistas alemães advogavam a tese de que os comunistas não deveriam atuar em sindicatos reacionários, e nesta qualificação incluíam os sindicatos dirigidos pela social-democracia alemã.

• Lênin nega o caráter revolucionário da tática esquerdista. Ela seria profundamente errônea e colaboraria para manutenção da influência burguesa sobre os operários.

• Um exemplo: Os bolcheviques demonstraram, ainda em 1905, a utilidade desta tática atuando clandestinamente em um dos sindicatos mais reacionários da Europa: o sindicato organizado por Subatov, agente da polícia tzarista. A ação bolchevique foi tão eficiente que em pouco tempo retirou os operários da influência reacionária da direção policial e colocou-os sob a direção dos elementos mais revolucionários.

• Afirma Lênin: "Não atuar dentro dos sindicatos reacionários significa abandonar as massas operárias insuficientemente desenvolvidas ou atrasadas à influência dos líderes reacionários, dos agentes da burguesia, dos operários aristocratas ou 'operários aburguesados'".

• Continua o autor: "deve-se trabalhar obrigatoriamente onde estejam as massas (...) e os sindicatos e cooperativas operários (estas pelo menos em alguns casos) são precisamente as organizações onde estão as massas"

• Para Refletir: No movimento sindical brasileiro, especialmente no final da década de 70, este debate esteve bastante aceso: atuar ou não na estrutura sindical oficial? Alguns setores defenderam que os operários mais avançados deveriam formar organizações livres à margem da estrutura sindical oficial. Ainda hoje estas posições esquerdistas encontram guarita no seio de algumas correntes que se recusam a atuar onde não tenham hegemonia e buscam construir organizações paralelas supostamente puras, adotando posições divisionistas. Busque localizar traços destas concepções na prática política das correntes que atuam no movimento de massas no Brasil.

• Ao defender a participação nos sindicatos reacionários ele não traça nenhuma equivalência entre a organização sindical e a organização partidária. O partido era uma forma superior de organização dos operários.

• "Os sindicatos representam um progresso gigantesco da classe operária nos primeiros tempos do desenvolvimento do capitalismo (...) significam a passagem da dispersão (...) aos rudimentos da união da classe".

• Mas, continua o autor, "quando começou a desenvolver-se a forma superior de união de classe dos proletários, o partido revolucionário do proletariado, (...) os sindicatos começaram a manifestar inevitavelmente certos aspectos reacionários, certa estreiteza grupal, certas tendências para o apoliticismo, certo espírito de rotina, etc."

• Era preciso que os revolucionários tivessem consciência disso e assumissem o seu papel de vanguarda no processo educativo desta massa de homens e mulheres formadas pelo capitalismo. Era com estes homens e mulheres que seria feita a revolução e construídas as primeiras etapas do socialismo. Afirma Lênin: "adiar a ditadura do proletariado até que não reste nenhum operário de estreito espírito profissional, nenhum operário com preconceitos tradeunionistas e corporativistas, seria um erro ainda mais grave".

• Mesmo na ditadura do proletariado é "inevitável a existência de certo 'espírito reacionário' nos sindicatos".

• Importante: Então para Lênin o sindicato tem um duplo caráter: de um lado é uma escola do comunismo e de outro uma organização limitada, quando comparada ao partido revolucionário. O sindicato une parte da classe (uma categoria, os sindicalizados) na luta econômica de classes. O partido representa os interesses histórico-universais do proletariado em seu conjunto. À vezes ocorrem contradições entre os objetivos mais limitados (corporativos) dos sindicatos e os interesses gerais da classe que em tese devem estar representados no partido. Nisto reside a persistência de certo "espírito reacionário" nos sindicatos durante a ditadura do proletariado.

Capítulo VII - Deve-se participar nos parlamentos burgueses?

• Os comunistas "de esquerda" da Alemanha afirmavam que era preciso "rejeitar de modo categórico todo retorno aos métodos parlamentares de luta, que já caducara histórica e politicamente".

• Para Lênin, também, o parlamentarismo caducou historicamente, ou seja, caducou do ponto de vista histórico-universal, como caducou o capitalismo enquanto regime social. Mas ele não caducou do ponto de vista político-prático na maioria dos países.

• "Na história universal, afirma Lênin, o tempo é contado por décadas. Neste terreno dez ou vinte anos a mais ou a menos não têm importância (...) Por isso, utilizar-se do critério da história universal para uma questão de política prática constitui o mais gritante erro teórico". Não devemos julgar que "o caduco para nós tenha caducado para a classe ou para massa".

• O autor crítica os esquerdistas da Alemanha por confundirem os seus desejos com a realidade objetiva. Este seria "o mais perigoso dos erros para os revolucionários".

• Contra os esquerdistas Lênin alerta para necessidade de mesmo nos períodos de ascenso revolucionário saber "combinar a ação de massas fora do parlamento reacionário com um oposição simpatizante da revolução (...) dentro desse parlamento"

• Um exemplo: Uma demonstração da justeza da tática bolchevique foi a sua participação nas eleições da Assembléia Constituinte de 1917 e depois a defesa de sua dissolução A dissolução só ocorreu quando estava claro para as massas operárias do caráter reacionário daquele parlamento e a superioridade dos sovietes. Ou seja, mesmo imediatamente após a tomada do poder pelos bolcheviques o parlamentarismo burguês não estava caduco para amplas massas do povo que ainda deveria de passar, por algum tempo, pela experiência de um duplo poder.

• Portanto a verdadeira crítica deveria ser endereçada "não contra o parlamentarismo ou a ação parlamentar, mas sim contra os chefes que não sabem utilizar as eleições e a tribuna parlamentares de modo revolucionário, comunista."

• Lênin, ao defender a importância da luta parlamentar, não a absolutiza e afirma que "a ação das massas (...) é sempre mais importante que a ação parlamentar, e não só durante a revolução ou numa situação revolucionária". A ação parlamentar se subordina à revolução das massas e não ao contrário.

• Para refletir: A história política recente colocou a esquerda brasileira diante de um dilema: participar ou não do colégio eleitoral. Algumas correntes afirmavam que os deputados de oposição não deveriam participar do colégio eleitoral por ser um órgão reacionário, ilegítimo, criado pela ditadura. Mesmo que essa não participação pudesse significar a vitória do representante desta mesma ditadura: Paulo Maluf. Os comunistas brasileiros defenderam atuar no parlamento reacionário e travar a batalha dentro daquele colégio eleitoral. A ditadura militar foi derrotada no terreno que ela mesmo havia preparado para se perpetuar. Qual teria sido o futuro da "transição democrática" com a vitória do malufismo?

Capítulo VIII - Nenhum compromisso?

• Respondendo aos blanquistas, afirma Engels: "Os comunistas alemães são comunistas porque, através de todas as etapas intermediárias e de todos os compromissos criados não por eles, mas pela marcha da evolução histórica, vêem com clareza e perseguem constantemente seu objetivo final.". Estes imaginam que "basta o seu desejo de saltar etapas intermediárias e os compromissos para que a coisa esteja feita (...) Que pueril ingenuidade a de apresentar a própria impaciência como argumento teórico!".

• Existem compromissos e compromissos. "Todo proletariado conhece greves, conhece "compromissos" com os odiados opressores e exploradores, depois dos quais os operários tiveram de voltar ao trabalho sem haver conseguido nada ou contentando-se com a satisfação parcial de suas reivindicações. Todo operário (...) percebe a diferença existente entre um compromisso imposto por condições objetivas (...) que nada diminui (...) a disposição de continuar a luta dos operários que o assumiram - e um compromisso de traidores ...".

• Na política, onde as coisas são mais complexas, nem sempre é fácil estabelecer quais são os compromissos justos e necessários e quais são os compromissos que acarretam prejuízos para o desenvolvimento do processo revolucionário.

• Por isso é necessário a existência de uma organização partidária com quadros experimentados que "além dos conhecimentos e da experiência", tenham "sagacidade para resolver bem e rapidamente as questões políticas complexas".

• Ao contrário do que imaginam os esquerdistas "a história do bolchevismo, antes e depois da Revolução de Outubro, está cheia de casos de manobras, de acordos e compromissos com outros partidos, inclusive os partidos burgueses."

• A conclusão a que chega Lênin é de que não se deve "renunciar de antemão a qualquer manobra, explorar os antagonismo de interesses (...) que dividem nossos inimigos, renunciar a acordos e compromissos com possíveis aliados (ainda que provisórios, inconsistentes, vacilantes, condicionais)". Esta foi a lição ensinada pela revolução russa e sistematizada pela 3ª Internacional sob a direção de Lênin.

• Para refletir: No Brasil estas lições extraídas da revolução russa permitiram aos comunistas estabelecerem alianças, ainda que provisórias, com setores da burguesia durante o movimento de oposição a ditadura militar até 1985. Foi graças a existência deste ampla frente democrática, apoiada por uma amplo movimento de massas, que se conseguiu derrotar a ditadura militar no colégio eleitoral. A existência desta frente possibilitou a realização da grande campanha das diretas já! Quais outros exemplos de políticas amplas de alianças na história recente do país?

Capítulo X - Algumas conclusões

• Nesta obra Lênin nos apresenta os princípios gerais para a construção de uma tática revolucionária. Mas só os princípios gerais e não um modelo completo a ser aplicado em todas as realidades nacionais.

• Afirma Lênin: "Enquanto subsistirem diferenças nacionais e estatais entre os povos e os países (...) a unidade da tática internacional do movimento operário comunista de todos os países exigirá, não a supressão da variedade, não a supressão das particularidades nacionais (...) mas sim uma tal aplicação dos princípios fundamentais do comunismo (...) que modifique acertadamente esses princípios em seus detalhes, que os adapte, que os aplique acertadamente às particularidades nacionais e nacional-estatais."

• Lênin defende que os comunista devam estar preparados para utilizar todas as formas de lutas, as legais e as ilegais. "Em política é ainda menos fácil saber de antemão que método de luta será aplicável e vantajoso para nós, nessas ou naquelas circunstâncias futuras. Sem dominar todos os meios de luta poderemos correr o risco de sofrer uma derrota fragorosa (...) Se dominamos todos os meios de luta, nossa vitória estará garantida".

• Continua o autor: "Os revolucionários inexperientes imaginam freqüentemente que os meios legais de luta são oportunistas (...) e que os processos ilegais são revolucionários. Mas isso não é justo (...) os revolucionários que não sabem combinar as formas ilegais de luta com todas as formas legais são péssimos revolucionários"


Não deixe de ler

DIMITROV, G. - A Unidade Operária Contra o Fascismo
LENIN, V. I. - Cartas Sobre Tática
---------- - Duas Táticas da Social Democracia na Revolução Democrática
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MARX, Karl - A Burguesia e a Contra Revolução
STALIN - A Estratégia e a Tática dos Comunistas
--------- - Fundamentos do Leninismo


O Esquerdismo, Doença Infantil do Comunismo - Vladimir Lênin
Renato Rabelo

O Tempo, a Finalidade e o Alcance Desta Obra de Lênin

"A Doença Infantil do Esquerdismo no Comunismo" foi escrita por Lênin em abril de 1920. É o último escrito longo deste eminente revolucionário comunista. O Partido Bolchevique foi o único a estar à altura de Marx, graças a Lênin, que não se limitou a sistematizar e divulgar o marxismo, mas soube empenhar-se para desenvolvê-lo de modo original. Poucos meses antes da convocação do II Congresso da Internacional Comunista (I.C.), 1920, Lênin se dedicara a escrever seu principal trabalho contra os desvios de "esquerda" e as posições sectárias. Entretanto, essa obra se tornará decisiva adiante, no III Congresso da I.C. (1921). Em seguida, as idéias expostas neste livro vão orientar a reflexão que leva à definição da tática de frente única da classe operária, que será proposta pelo IV Congresso (1922) da I.C.

No Esquerdismo, Lênin traz à tona com uma densidade e uma lucidez excepcionais a variada e intensa vivência da luta revolucionária da corrente mais avançada do movimento operário mundial, refletindo "uma história prática de quinze anos (1903-1917) sem paralelo no mundo, em virtude de sua riqueza de experiências " e dos ensinamentos, prenhes de lições, do exercício do poder recém conquistado.

Neste texto estão presentes as lições da luta contra o extremismo no seio do movimento operário. Lênin compreende a prioridade de construir a vanguarda comunista - primeira tarefa - com base nos princípios revolucionários marxistas, sem vacilações, na luta contra a corrente oportunista, social-democrata, que prevaleceu na II Internacional. Essa tarefa ocupou uma centralidade até o II Congresso da Internacional Comunista. A partir de então, os partidos comunistas já estavam essencialmente definidos, após o rompimento com a social-democracia.

Mas, como afirmava Lênin, a vanguarda sozinha está impossibilitada de levar a revolução à vitória. A fim de tornar as novas vanguardas comunistas forças políticas reais, passava à ordem do dia a luta contra o isolacionismo sectário, as impaciências esquerdistas, os principismos doutrinários. Portanto, uma segunda tarefa ocupou a centralidade desde o III Congresso da I.C., foi se impondo aos novos partidos comunistas: a conquista da maioria do proletariado. Em resposta às exigências desta tarefa, Lênin, em seu livro, procura fundamentar a real dimensão política do papel dos partidos comunistas. Ele demonstra, baseado em variada experiência dos bolcheviques na Revolução Russa, o contraste entre dois procedimentos a seguir - doutrinar sobre o comunismo, fixando-se nos marcos de uma seita; ou lutar para conquistar as grandes massas, transformando-se em um grande partido proletário de ação política.

Na sua exposição, o autor imprime às lições extraídas da prática revolucionária russa grande força de argumentação, comparando-a com a ação dos partidos que integravam a Internacional Comunista, revelando o infantilismo político dessas novas direções comunistas na Europa.

O Esquerdismo, por sua dimensão teórica e riqueza histórica de seus ensinamentos, alcançou o lugar de uma enciclopédia da tática e da estratégia revolucionárias do proletariado. É hoje parte constitutiva da base teórica dos partidos comunistas e referência maior acerca do modo pelo qual se trava a luta política contra a classe dominante capitalista.


O Tema Central e o Fundamento dos Ensinamentos

A concepção leninistas expressa no Esquerdismo não separa as duas tarefas fundamentais da construção partidária e da direção revolucionária - formação da vanguarda da classe operária e conquista das amplas massas proletárias e não proletárias - mas, ao contrário relaciona-as dialeticamente. É falsa a alternativa partido ou massas, líderes ou massas. O Partido e suas direções se forjam precisamente ligados de forma estreita às grandes massas, intervindo nos grandes acontecimentos políticos. Por um lado, a comprovação prática da justeza de uma política só pode ser concretizada na relação com os grandes movimentos de massa. Por outro, o conceito de disciplina partidária - cimento da organização revolucionária e garantia da existência de núcleos dirigentes relativamente estáveis - tem seu fundamento na política e, por conseguinte, na teoria revolucionária. A criação das condições dessa disciplina - segundo Lênin - "é facilitada por uma justa teoria revolucionária, a qual, por sua vez, não é um dogma, por que se constitui de modo definitivo somente em estreita conexão com a prática de um movimento verdadeiramente de massas e verdadeiramente revolucionário."

Na concepção marxista, muito bem definida por Lênin, se afirma que a teoria sem a práxis se fossiliza e o partido afastado do movimento real de massas e revolucionário encerra-se num gueto político, não estando assim à altura de cumprir sua missão emancipadora da classe operária. Deve-se "trabalhar obrigatoriamente onde estejam as massas"..., "mesmo nos Sindicatos ou organizações reacionárias". Em suma, o Partido e as massas podem ser comparados como uma mesma moeda de duas faces: não se concebe uma firme disciplina revolucionária sem a vigência de uma política justa, comprovada no amplo movimento de massas, dirigido pela vanguarda, marxista - leninistas; não se concebe um partido capaz de cumprir sua missão revolucionária - superar o capitalismo e construir o socialismo - , sem uma firme disciplina.

Dessa maneira, em o Esquerdismo Lênin consegue culminar a síntese marxista da relação entre partido e massas, sendo este o tema central dessa obra.

Na áspera crítica às posições esquerdistas, Lênin se vale principalmente da exposição das lições concretas e precisas que advêm do curso vitorioso da Revolução Russa. A natureza dos ensinamentos consiste não nas formas institucionais assumidas pelo processo revolucionário, mas nos seus conteúdos, no exemplo dos fatos. Na sua exposição, compreendendo todo texto, transparece o modo pelo qual se travou a luta, a essência da tática empreendida e a maneira de fazer política, distinta das procedidas pelo oportunistas de todos os matizes.

Há um rigor em diferenciar os processos revolucionários em cada período histórico, circunstância e lugar determinado, sublinhando a sua originalidade, considerando suas mediações particulares. Referindo-se ao alcance internacional da experiência dos bolcheviques, admite que é preciso "reconhecer um tal significado para algumas características fundamentais de nossa revolução". Mas, adverte: "seria um gravíssimo erro querer exagerar essa verdade, estendê-la a mais do que alguns traços fundamentais da nossa revolução."

Os preceitos táticos e estratégicos que afloram da discussão travada por Lênin com o extremismo de esquerda assumem um valor teórico inestimável. São orientações sempre atuais para a prática política. É uma obra que orienta os partidos comunistas em sua gigantesca tarefa transformadora, revolucionária, elevando-os à condição de destacamentos políticos avançados, tendo em vista a conquista da hegemonia política no decurso da complexa luta de classes contra a burguesia e o imperialismo, e no seio do movimento operário ante os oportunismos de direita e de esquerda.


A Relação Entre Tática e Estratégia

A experiência sistematizada por Lênin no Esquerdismo demonstra que a definição da tática emana da correlação de forças - essência da tática - em cada momento da luta política em desenvolvimento. Por sua vez, a essência da estratégia revolucionária consiste na conquista da hegemonia política pelo partido do proletariado, durante um longo período de muitos embates, contra os setores dominantes da classe burguesa. Esse êxito estratégico - alcance da hegemonia - é produto das várias vitorias táticas, em vários momentos e, sobretudo, em um momento que pode ser o decisivo. Essa é a lógica estratégica da luta entre uma força estruturalmente débil e pequena contra uma força dominante e poderosa. A primeira tem potencial para acumular grandes forças em uma luta de larga duração e colocar-se assim, depois de certo tempo, à altura de derrotar a segunda.

Neste livro, o grande dirigente revolucionário russo, apoiado numa "tal riqueza de formas, de matizes, de métodos de luta de todas as classes sociais contemporâneas", desenvolve, em nível mais elevado que nas suas obras precedentes, um conjunto de conceitos fundamentais da relação entre a estratégia e a tática e da tática revolucionária mais particularizadamente.

Na concepção leninistas, a tática, sempre articulada à estratégia revolucionária, é definida substancialmente por sua "amplitude" de formas e a sua "máxima flexibilidade". O conceito de tática tem seus fundamentos na realidade objetiva e subjetiva específica de cada processo político. Em conseqüência, cada formulação tática assenta-se no seguinte: 1) na peculiaridade histórica, política, econômica e social de cada luta revolucionária, considerando-se seu definido estágio de evolução; 2) no nível de desenvolvimento do movimento real - atitude das massas, grau de contradição no seio do inimigo, e deste, em relação às demais classes e camadas sociais.

Dessa maneira, o primeiro aspecto decorre da compreensão de que os processos sociais são complexos, não idênticos, existindo assim diferentes modos de formação das classes sociais. Por conseguinte, não existe o capitalismo em estado "puro". As realidades sócio-econômicas são diferenciadas em cada país, gerando partidos com características diferentes. A classe burguesa não é homogênea, há nela diversa estratificação, formação de grupos, com conseqüente formas de conflitos que podem ser aproveitados pelo partido comunista.

O segundo aspecto é que essa situação objetiva se reflete no plano da realidade política em seu conjunto, através de uma determinada condição das massas, do seu nível de consciência e de organização, do papel e dimensão das forças sociais intermediárias e, finalmente, do grau de coesão do bloco inimigo.

Desse modo, pode-se levar em conta todos os aspectos da situação concreta, determinando o ponto de partida da ação política, o nível da batalha que possa permitir uma participação em maior escala das massas, sem renunciar à própria tarefa de vanguarda. Mais precisamente a questão se resume em: a vanguarda não deve considerar o que está nítido ou superado para ela como estando compreendido ou assimilado pela classe proletária e as massas em geral. Não se pode pretender transferir mecanicamente em ação política imediata a consciência da vanguarda para as grandes massas. Exemplo clássico disso se relaciona à atitude tática diante das instituições políticas burguesas. Estas, do ponto de vista marxista, revolucionário, podem ser negadas historicamente. Mas, passando-se da avaliação histórica geral para a prática de cada situação nacional, essas instituições "não estão politicamente superadas" e podem constituir-se ainda em importantes meios de relacionamento com as massas, visando a elevação do seu nível de consciência.


A Tática Política

A definição da correlação de forças políticas em determinado momento do curso da luta de classes é a condição indispensável para estabelecer o nível da batalha em andamento. Essa situação concreta explicitada é que permite a configuração da tática política (política imediata).

A elaboração dessa tática compreende o emprego de um conjunto de recursos, tais como: os compromissos e acordos necessários, as alianças possíveis, mesmo que temporárias, as formas concretas de luta e de organização, a dinâmica de avanços e recuos, tudo objetivando sempre a acumulação de forças e a procura do meio mais eficaz de isolar e golpear o inimigo principal, circunstância imprescindível para fortalecer e crescer as forças do proletariado.

O extremismo esquerdista, em reação às capitulações social-democratas, rejeitava quaisquer compromissos: "uma tese pueril, que é inclusive difícil de levar a sério". Acrescenta ainda Lênin: "...toda história do bolchevismo, tanto antes quanto depois da Revolução de Outubro, está repleta de manobras, de acordos e de compromissos com outros partidos, sem excluir os burgueses". "Há compromissos e compromissos". Na realidade é preciso distinguir entre o compromisso que é capitulação diante da hegemonia do adversário, renúncia da própria autonomia política, e o compromisso que se tornou indispensável em função do nível das forças em luta, a fim de preservar as próprias fileiras e conseguir avançar, apoiando-se nas forças possíveis de serem unidas.

Para o êxito da luta revolucionária é imperativo a celebração das alianças. Há uma grande estratificação das classes na sociedade capitalista, as quais assumem características diferenciadas, conforme cada país. Existem os conflitos internos no seio da classe dominante burguesa que devem ser explorados. Por conseguinte, afirma Lênin, a aliança é "extremamente preciosa" por mais "precária" que seja. É importante salientar ainda que na sua visão é substituído o desejo de alianças "ideais" pela verificação objetiva das diversas forças sociais e políticas, levando-se em conta a avaliação do percurso que é possível caminhar com elas. O que interessa é a força efetiva do aliado, não tanto sua estabilidade, podendo, mesmo, em cada situação, ser um "aliado de massas, temporário, vacilante, instável, pouco seguro, condicional". O que conta é a influência que ele tenha sobre um setor determinado da sociedade, ou melhor: o seu peso quanto à possibilidade de desequilibrar a correlação de forças existente.

As alianças devem se desdobrar na política de frente única. Esta, preservando a independência do partido comunista, define o conteúdo da unidade de ação com as forças mais amplas e intermediárias. A conquista para os objetivos revolucionários da maioria proletária e não proletária se faz através de uma justa política de frente única, que defina como ligar-se às correntes que estejam organizadas entre os trabalhadores. Assim também às outras tendências pelas quais seja possível um contato mais amplo com as camadas médias da sociedade, tendo em vista finalidades políticas comuns. Esse é o caminho inevitável paras levar a orientação da vanguarda comunista até o seio do proletariado e das massas ao geral, a fim de que eles possam tomar consciência da diversidade das "duas linhas" e perceber que, ao propor os objetivos de frente única, os comunistas são os mais conseqüentes lutadores das necessidades reais da classe operária.


As Formas de Luta e de Organização

No contexto da tática leninistas, as formas de luta e de organização decidem qual o nível do embate que o partido de vanguarda pode empreender. As formas concretas de organização do proletariado não se inventam, mas resultam do movimento real, da experiência da luta, na qual se revela o grau efetivo a que chegou a consciência das massas. Não existem fórmulas predefinidas quanto aos meios de luta e de organização a serem adotadas nos diversos processos políticos. "A história em geral, e das revoluções em particular, é sempre mais rica de conteúdo, mais variada de formas e aspectos, mais viva e mais 'astuta' do que imaginaram os melhores partidos". Por isso, a classe revolucionária para realizar sua missão deve "dominar todos os meios de luta". É preciso estar preparada para "substituir uma forma por outra do modo mais rápido e inesperado", para não correr o risco de sofrer uma derrota fragorosa - às vezes decisiva.

Também "não se pode saber de antemão quando eclodirá em algum lugar a verdadeira revolução proletária e qual será o motivo principal que despertará, inflamará e lançará à luta as grandes massas, hoje ainda adormecidas". Temos que realizar todo o trabalho preparatório, de acumulação de forças, bem assentado na realidade em desenvolvimento. Uma realidade que apresente vários elementos de uma crise multilateral - política, econômica e social - em andamento pode estar sujeita a uma reviravolta política provocada apenas por uma fortuito acontecimento da vida nacional.

Ademais, para que haja uma mudança revolucionária é preciso a existência de uma conjunto de fatores objetivos e subjetivos, dentro e fora do país.

Em o Esquerdismo a definição de crise revolucionária se reveste de rigorosa conceituação marxista, além de ser sobejamente explicitada por Lênin em todos os seus aspectos, demonstrando seu nítido conteúdo antivanguardista, antivoluntarista e antiespontaneísta. A situação revolucionária é caracterizada pela concomitância da crise das forças políticas predominantes e do Estado, com o poderoso ascenso da rebelião das grandes massas dirigidas por uma vanguarda influente e experimentada. A revolução é assim impossível sem uma crise de toda nação (ou seja, que envolva explorados e exploradores), sem uma rápida e imensa ampliação da atividade política, em meio a uma conjuntura mundial de mudanças ou fortes desequilíbrios.


Uma Conclusão Relevante

No capítulo X do Esquerdismo, Lênin delineia "algumas conclusões", as quais colocam-se como a parte mais alta e concentrada da sistematização da experiência dos bolcheviques no curso da Revolução Russa. Entretanto, uma das conclusões assume importante relevo. É quando Lênin procura magistralmente situar as causas dos doutrinarismos de direita e de esquerda. Assim, descreve de forma sintética, o grande dirigente comunista:

"O doutrinarismo de direita obstinou-se em não admitir senão as formas antigas e fracassou do modo mais completo por não ter percebido o novo conteúdo" que surgia da nova época da luta revolucionária;

"O doutrinarismo de esquerda obstina-se em repelir incondicionalmente certas formas antigas, sem ver que o novo conteúdo abre seu caminho através de todas as espécies de formas e que nosso dever de comunistas consiste em dominá-las todas, em aprender a completar umas com as outras e a substituir umas por outras com a máxima rapidez, em adaptar a nossa tática a qualquer modificação dessa natureza, causada por uma classe que não seja a nossa ou por esforços que não os nossos".
Em última instância, os dois desvios de doutrinarismo de direita ou de esquerda, que podem se tornar em oportunismos político-ideológicos, decorrem do "afastamento na prática da dialética marxista".


Clique no link para ler na íntegra o texto "Esquerdismo, Doença Infantil do Comunismo"


Esquerdismo, doença infantil do comunismo V.I. LÊNIN -(Obra Completa)



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