quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Emir Sader: Os tucanos, do começo ao fim







Emir Sader: Os tucanos, do começo ao fim


Os tucanos nasceram de forma contingente na política brasileira, apontaram para um potencial forte, tiveram sucesso por via que não se esperava, decaíram com grande rapidez e agora chegam a seu final.

Por Emir Sader*


Os tucanos nasceram de setores descontentes do PMDB, basicamente de São Paulo, com o domínio de Orestes Quercia sobre a secção paulista do partido. Tentaram a eleição de Antonio Ermirio de Morais, em 1986, pelo PTB, mas Quércia os derrotou.

Se articularam então para sair do PMDB e formar um novo partido que, apesar de contar com um democrata–cristão histórico, Franco Montoro, optou pela sigla da social democracia e escolheu o símbolo do tucano, para tentar dar-lhe um caráter brasileiro.

O agrupamento foi assim centralmente paulista, incorporando a alguns dirigentes nacionais vinculados a esse grupo, como Tasso Jereisatti, Alvaro Dias, Artur Virgilio, entre outros. Mas o núcleo central sempre foi paulista – Mario Covas, Franco Montoro, FHC .

A canditadura de Covas à presidência foi sua primeira aparição pública nacional. Escondido atrás do perfil de candidatos como Collor, Lula, Brizola, Uysses Guimaraes, Covas tentou encontrar seu nicho com um lema que já apontava para o que terminariam sendo os tucanos – Por um choque de capitalismo.

O segundo capítulo da sua definição ideológica veio no namoro com o governo Collor, que se concretizou na entrada de alguns tucanos no governo - Celso Lafer, Sergio Rouanet. Se revelava a atração que a “modernização neoliberal” tinha sobre os tucanos. O veto de Mario Covas impediu que os tucanos fizessem o segundo movimento, de ingresso formal no governo Collor - o que os teria feito naufragar com o impeachment e talvez tivesse fechado seu posterior caminho para a presidência.

Mas o modelo que definitivamente eles seguiram veio da Europa, da conversão ideológica e política dos socialistas franceses no governo de Mitterrand e no governo de Felipe Gonzalez na Espanha. A social democracia, como corrente, optava por uma adesão à corrente neoliberal, lançada pela direita tradicional, à que ela aderia, inicialmente na Europa, até chegar à América Latina.

No continente se deu um fenômeno similar: introduzido por Pinochet sob ditadura militar, o modelo foi recebendo adesões de correntes originariamente nacionalistas - o MNR da Bolívia, o PRI do México, o peronismo da Argentina – e de correntes social democratas – Partido Socialista do Chile, Ação Democrática da Venezuela, Apra do Peru, PSDB do Brasil.

Como outros governantes das correntes aderidas ao neoliberalismo – como Menem, Carlos Andres Peres, Ricardo Lagos, Salinas de Gortari -, no Brasil os tucanos puderam chegar à presidência, quando a América Latina se transformava na região do mundo com mais governos neoliberais e em suas modalidades mais radicais.

O programa do FHC era apenas uma pobre adaptação do mesmo programa que o FMI mandou para todos os países da periferia, em particular para a América Latina. Ao adotá-lo, o FHC reciclava definitivamente seu partido para ocupar o lugar de centro do bloco de direita no Brasil, quando os partidos de origem na ditadura – PFL, PP – tinham se esgotado. (Quando o Collor foi derrubado, Roberto Marinho disse que a direita já não elegeria mais um candidato seu, dando a entender que teriam que buscar alguém fora de suas filas, o que se deu com FHC.)

O governo teve o sucesso espetacular que os governos neoliberais tiveram em toda a América Latina no seu primeiro mandato: privatizações, corte de recursos públicos, abertura acelerada do mercado interno, flexibilização laboral, desregulamentações. Contava com 3/5 do Congresso e com o apoio em coro da mídia. Como outros governos também, mudou a Constituição para ter um segundo mandato.

Da mesma forma que outros, conseguiu ser reeleger, já com dificuldades, porque seu governo havia projetado a economia numa profunda e prolongada recessão. Negociou de novo com o FMI, foi se desgastando cada vez mais conforme a estabilidade monetária não levou à retomada do crescimento econômico, nem à melhoria da situação da massa da população e acabou enxotado, com apoio mínimo e com seu candidato derrotado.

Aí os tucanos já tinham vivido e desperdiçado seu momento de glória. Estavam condenados a derrotas e à decadência. Se apegaram a São Paulo, seu núcleo original, desde onde fizeram oposição, muito menos como partido – debilitado e sem filiados – e mais como apêndice pautado e conduzido pela mídia privada.

Derrotado três vezes sucessivas para a presidência e perdendo cada vez mais espaços nos estados, o PSDB chega a esta eleição aferrado à prefeitura de São Paulo, onde as brigas internas levaram à eleição de um aliado, que teve péssimo desempenho.

Os tucanos chegam a esta eleição jogando sua sobrevivência em São Paulo, com riscos graves de, perdendo, rumarem para a desaparição politica. Ninguém acredita em Aécio como candidato com possibilidade reais de vencer a eleição para a presidência, menos ainda o Alckmin. Vai terminando a geração que deu à luz aos tucanos como partido e protagonizaram seu auge – o governo FHC – que, pela forma que assumiu, teve sucesso efêmero e condenou – pelo seu fracasso e a imagem desgastada do FHC e do seu governo – à desaparição politica.

*Emir Sader é cientista político e professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP). É secretário executivo do Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais (Clacso) e coordenador geral do Laboratório de Políticas Públicas da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj)

Fonte: Carta Maior


http://www.vermelho.org.br/pr/noticia.php?id_noticia=196312&id_secao=1

Ibope: Haddad (PT-PCdoB) abre 16 pontos sobre Serra PSDB)




Ibope: Haddad abre 16 pontos sobre Serra

Fernando Haddad (PT) aumentou de 10 para 16 pontos percentuais sua vantagem sobre José Serra (PSDB) na disputa pela prefeitura de São Paulo, segundo pesquisa divulgada nesta terça-feira 17 pelo instituto Ibope.
O petista tem 49% dos votos. Ele oscilou um ponto positivamente desde a pesquisa realizada na última quinta-feira 11. Serra caiu quatro pontos e agora tem 33%. Votos brancos e nulos somam 13%, os indecisos são 5% do total.
Considerando somente os votos válidos, Haddad tem 60% do total contra 40% de Serra.
As 1.204 entrevistas foram realizadas entre domingo 15 e terça. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa está registrada na justiça eleitoral com o número SP-01852/2012.

Curitiba: O PT NÃO TEM VERGONHA NA CARA?



O PT NÃO TEM VERGONHA NA CARA?
Quem não tem vergonha na cara, Gustavo ou o PT?

Do Blog do Fajardo
O Gustavo Fruet no primeiro turno se orgulhava em seu programa de televisão de ter contribuído para por os mais altos dirigentes do PT na cadeia. Gustavo está aliado ao PT nas eleições para a prefeitura da capital paranaense. O Supremo Tribunal Federal acusou e condenou a cúpula do PT por formação de quadrilha e corrupção ativa. Ou o PT de Curitiba concorda com essa tipificação: ou seja, seus dirigentes são mesmo corruptos e quadrilheiros ou o PT não tem vergonha em aliar-se a um de seus algozes. Pode ser também que os dirigentes do PT não sejam nem corruptos nem quadrilheiros e, neste caso, Fruet foi um injusto e mentiroso. Ou será que os dirigentes são mesmo quadrilheiros e corruptos e o Gustavo Fruet é que não tem vergonha na cara em se aliar com o PT nas eleições de Curitiba?
De qualquer forma, a impressão que nos dá é a mesma de piratas se unirem para dividir um butim, no caso o tesouro da prefeitura de Curitiba. Ou, o que é pior imagem ainda, polícia e bandidos se unindo para assaltar os cofres públicos. Não, não e não! Não tenho provas para acusar nem o PT nem o Gustavo Fruet de tais intenções. E não quero cometer o mesmo erro que cometeu o STF, acusou e condenou sem provas.
Será que juntos com tantos analistas, dentre eles o cientista político Wanderley Guilherme dos Santos, que classificaram o STF de TRIBUNAL DE EXCEÇÃO, ficaremos agora com cara de tacho, de bobos diante do PT local e de Gustavo Fruet? Será que nada daquilo que assistimos tem valor?
Não, não e não! Não posso acusar e condenar sem provas, mas os indícios são muito fortes. Eles estão coligados, fazem campanha juntos e o PT já “exigiu 6 secretarias e oito diretorias para entrar firme na campanha”. Não, não posso acusar sem provas, mas o Gustavo disse que o Lula ou era incompetente ou era o chefe da quadrilha. Disse isso no programa do Jô Soares em alto e bom som http://www.youtube.com/watch?v=neNuhoctXV8. Não, não posso acusar, mas o Lula não veio fazer a campanha do Gustavo Fruet, estará o Lula magoado e nos passando uma mensagem discreta de que não quer essa aliança e não quer saber do Fruet? Não, não posso afirmar isso sem provas, mas o fato é que Lula não veio fazer campanha para o Gustavo Fruet.
Eu não posso fazer nenhuma acusação sem provas, por mais que tenha indícios e por mais fortes que sejam esses indícios. Somente posso fazer deduções com os meus botões. Somente sei que se fosse o STF essas deduções bastariam pra acusar e condenar. Comigo, no entanto, são somente deduções. Ainda que essas deduções não sejam a favor de Fruet nem do PT.

PDT nacional reverte decisão paulista e anuncia apoio a Haddad


PDT
Agora é Haddad!

PDT nacional reverte decisão paulista e anuncia apoio a Haddad


Do Portal Vermelho

A direção nacional do PDT reverteu nesta terça-feira (16) a decisão do diretório estadual do partido em São Paulo e anunciou apoio à candidatura do petista Fernando Haddad no segundo turno da eleição para prefeito da capital paulista; há cinco dias o PDT/SP havia decidido apoiar o tucano José Serra.


"A direção nacional do Partido Democrático Trabalhista (...) decidiu apoiar a candidatura do professor Fernando Haddad por ele representar na cidade de São Paulo os compromissos com as conquistas sociais e com a escola de horário integral, que são as principais bandeiras do trabalhismo", afirmou a direção do partido em nota divulgada a jornalistas em Brasília.

O PDT lançou candidato no primeiro turno da eleição de São Paulo, o deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, que teve apenas 0,63% dos votos válidos na eleição do dia 7 de outubro.

Na última quinta-feira, o diretório paulista do PDT havia oficializado o apoio a Serra, em confronto com a orientação nacional, que faz parte da base aliada da presidenta Dilma Rousseff, e também a maioria dos pedetistas na capital paulista, entre eles sobretudo sindicalistas que não apoiaram a candidatura de José Serra. 

Com agências

http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=196524&id_secao=1

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

"Limpinhos":PPS de Rubens Bueno pode fechar com Gustavo Fruet


"Limpinhos":PPS de Rubens Bueno pode fechar com Gustavo Fruet no segundo turno

O PPS, o partido do voto limpo, de Rubens Bueno, está reunido neste momento, em Curitiba, com os vereadores eleitos e não eleitos à Câmara Municipal. A pauta é única: posição da agremiação acerca do segundo turno, que é disputado entre Ratinho Junior (PSC) e Gustavo Fruet (PDT).
Bueno foi candidato a vice na chapa do prefeito Luciano Ducci (PSB), que não conseguiu avançar para esta etapa eleitoral.
O blog apurou que o PPS tende a fechar questão em torno da candidatura de Fruet. “É pouco provável que iremos marchar com Ratinho Junior”, adiantou um dirigente do partido do voto limpo, que preferiu não se identificar porque as discussões não foram vencidas internamente.
Antes de anunciar seu apoio oficial a Fruet, que deve ocorrer no início da noite de hoje, o PPS pretende ampliar o debate com os deputados estaduais e os diretórios municipal e estadual.
Também há a possibilidade, por enquanto remota, de “neutralidade” dos limpinhos neste segundo turno.

No programa eleitoral, Greca garante apoio para Ratinho Júnior


No programa eleitoral, Greca garante apoio 
para Ratinho Júnior


Do Blog do Fabio  Campana
No programa eleitoral da campanha de Ratinho Jr, exibido nesta segunda-feira, 15, o ex-candidato à Prefeitura de Curitiba, Rafael Greca, anunciou pedido oficial de apoio no segundo turno aos eleitores curitibanos ao candidato do PSC.
“Ao refletir sobre o nosso futuro urbano na condição de peemedebista mais bem votado do Paraná, ao agradecer os mais de 100 mil votos que recebi da minha cidade, proponho que elejamos Prefeito de Curitiba o Dep. Federal Carlos Massa Junior (Ratinho Junior)”, disse.
E completou: “Ele tem a idade e a vontade, a determinação de mudar para melhorar que eu tinha quando fui prefeito dos 300 anos de Curitiba”.
Segundo Greca, o candidato a prefeito da capital paranaense, Ratinho Júnior, assumiu as melhores ideias “do meu sonho para Curitiba”.
Entre elas, destacou Greca, a opção pelo transporte aéreo e de superfície em vez do metrô subterrâneo; a instalação de lombadas eletrônicas no lugar de radares “caça-níqueis”; uma proposta de engenharia de trânsito; conclusão da Linha Verde, melhorias substanciais no sistema público de saúde; a construção e a abertura de creches por um período mais extenso; a implantação de um sistema de ensino integral e o uso das novas energias para movimentar os transportes públicos”.
Sobre a parceria com Ratinho Júnior, destacou ainda Rafael Greca, no programa eleitoral 20: “Com a humildade de quem já pôde ser chamado de Prefeito de Curitiba, peço sua atenção, agradeço os mais de 100 mil votos que suas cabeças e corações me deram e peço apoio a candidatura desse jovem repleto de ideias Carlos Massa Júnior”.

As 10 estratégias da mídia para manipular as massas


Noam Chomsky: As 10 estratégias da mídia para manipular as massas


O linguista Noam Chomsky elaborou uma lista das “10 estratégias de manipulação através dos meios de comunicação de massa”. Confira o vídeo e descubra como você está sendo manipulado.




A seguir veremos em que consistem as 10 estratégias de maneira detalhada, como influem na hora de manipular as massas e em que são baseadas.

1. A estratégia da Distração:

O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração, que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e econômicas, mediante a técnica do dilúvio, ou inundação de contínuas distrações e de informações insignificantes. A estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir o público de interessar-se por conhecimentos essenciais, nas áreas da ciência, economia, psicologia, neurobiologia e cibernética. “Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar; de volta à granja como os outros animais”

2. Criar problemas e depois oferecer soluções.
Este método também é chamado “problema-reação-solução”. Se cria um problema, uma “situação” prevista para causar certa reação no público, a fim de que este seja o mandante das medidas que se deseja aceitar. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou que se intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja o mandante de leis de segurança e políticas desfavoráveis à liberdade. Ou também: criar uma crise econômica para fazer aceitar como um mal necessário o retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos.

3. A estratégia da gradualidade.

Para fazer que se aceite uma medida inaceitável, basta aplicá-la gradualmente, a conta-gotas, por anos consecutivos. Foi dessa maneira que condições socioeconômicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990: Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego em massa, salários que já não asseguram ingressos decentes, tantas mudanças que teriam provocado uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma só vez.

4. A estratégia de diferir.

Outra maneira de se fazer aceitar uma decisão impopular é a de apresentá-la como “dolorosa e necessária”, obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais difícil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato.
Primeiro, porque o esforço não é empregado imediatamente. Depois, porque o público, a massa, tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que “amanhã tudo irá melhorar” e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isto dá mais tempo ao público para acostumar-se à ideia da mudança e aceitá-la com resignação quando chegue o momento.

5. Dirigir-se ao público como crianças.
A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discurso, argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade, como se o espectador fosse uma criança de pouca idade ou um deficiente mental. Quanto mais se tenta enganar ao espectador, mais se tende a adotar um tom infantilizante. Por quê? “Se alguém se dirige a uma pessoa como se ela tivesse a idade de 12 anos ou menos, então, em razão da sugestionabilidade, ela tenderá, com certa probabilidade, a uma resposta ou reação também desprovida de um sentido crítico como as de uma pessoa de 12 anos ou menos de idade.”

6. Utilizar o aspecto emocional muito mais do que a reflexão.

Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto circuito na análise racional, e finalmente no sentido crítico dos indivíduos. Por outro lado, a utilização do registro emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou injetar ideias, desejos, medos e temores, compulsões ou induzir comportamentos.

7. Manter o público na ignorância e na mediocridade.
Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão. “A qualidade da educação dada às classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que paira entre as classes inferiores e as classes sociais superiores seja e permaneça impossível de ser revertida por estas classes mais baixas.

8. Estimular o público a ser complacente com a mediocridade.

Promover ao público a crer que é moda o ato de ser estúpido, vulgar e inculto.

9. Reforçar a autoculpabilidade.

Fazer com que o indivíduo acredite que somente ele é culpado pela sua própria desgraça, por causa da insuficiência de sua inteligência, suas capacidades, ou de seus esforços. Assim, no lugar de se rebelar contra o sistema econômico, o indivíduo se auto desvaloriza e se culpa, o que gera um estado depressivo, cujo um dos efeitos é a inibição de sua ação. E, sem ação, não há revolução!

10. Conhecer aos indivíduos melhor do que eles mesmos se conhecem.
No transcurso dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência têm gerado uma crescente brecha entre os conhecimentos do público e aqueles possuídos e utilizados pelas elites dominantes. Graças à biologia, a neurobiologia a psicologia aplicada, o “sistema” tem desfrutado de um conhecimento avançado do ser humano, tanto em sua forma física como psicologicamente. O sistema tem conseguido conhecer melhor o indivíduo comum do que ele conhece a si mesmo. Isto significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos, maior que o dos indivíduos sobre si mesmos.

Assustador?

Fonte: Blog Brasil a Rua é Nossa


http://www.vermelho.org.br/tvvermelho/noticia.php?id_noticia=195907&id_secao=29

domingo, 14 de outubro de 2012

Gramsci: "vivo, tomo partido e odeio os indiferentes""


Gramsci: "vivo, tomo partido e odeio os indiferentes""

Por Antonio Gramsci

Odeio os indiferentes. Como Friederich Hebbel acredito que "viver significa tomar partido". Não podem existir os apenas homens, estranhos à cidade. Quem verdadeiramente vive não pode deixar de ser cidadão, e partidário. Indiferença é abulia, parasitismo, covardia, não é vida. Por isso odeio os indiferentes.

A indiferença é o peso morto da história. É a bala de chumbo para o inovador, é a matéria inerte em que se afogam freqüentemente os entusiasmos mais esplendorosos, é o fosso que circunda a velha cidade e a defende melhor do que as mais sólidas muralhas, melhor do que o peito dos seus guerreiros, porque engole nos seus sorvedouros de lama os assaltantes, os dizima e desencoraja e às vezes, os leva a desistir de gesta heróica.

A indiferença atua poderosamente na história. Atua passivamente, mas atua. É a fatalidade; e aquilo com que não se pode contar; é aquilo que confunde os programas, que destrói os planos mesmo os mais bem construídos; é a matéria bruta que se revolta contra a inteligência e a sufoca. O que acontece, o mal que se abate sobre todos, o possível bem que um ato heróico (de valor universal) pode gerar, não se fica a dever tanto à iniciativa dos poucos que atuam quanto à indiferença, ao absentismo dos outros que são muitos. O que acontece, não acontece tanto porque alguns querem que aconteça quanto porque a massa dos homens abdica da sua vontade, deixa fazer, deixa enrolar os nós que, depois, só a espada pode desfazer, deixa promulgar leis que depois só a revolta fará anular, deixa subir ao poder homens que, depois, só uma sublevação poderá derrubar. A fatalidade, que parece dominar a história, não é mais do que a aparência ilusória desta indiferença, deste absentismo. Há fatos que amadurecem na sombra, porque poucas mãos, sem qualquer controle a vigiá-las, tecem a teia da vida coletiva, e a massa não sabe, porque não se preocupa com isso. Os destinos de uma época são manipulados de acordo com visões limitadas e com fins imediatos, de acordo com ambições e paixões pessoais de pequenos grupos ativos, e a massa dos homens não se preocupa com isso. Mas os fatos que amadureceram vêm à superfície; o tecido feito na sombra chega ao seu fim, e então parece ser a fatalidade a arrastar tudo e todos, parece que a história não é mais do que um gigantesco fenômeno natural, uma erupção, um terremoto, de que são todos vítimas, o que quis e o que não quis, quem sabia e quem não sabia, quem se mostrou ativo e quem foi indiferente. Estes então zangam-se, queriam eximir-se às conseqüências, quereriam que se visse que não deram o seu aval, que não são responsáveis. Alguns choramingam piedosamente, outros blasfemam obscenamente, mas nenhum ou poucos põem esta questão: se eu tivesse também cumprido o meu dever, se tivesse procurado fazer valer a minha vontade, o meu parecer, teria sucedido o que sucedeu? Mas nenhum ou poucos atribuem à sua indiferença, ao seu cepticismo, ao fato de não ter dado o seu braço e a sua atividade àqueles grupos de cidadãos que, precisamente para evitarem esse mal combatiam (com o propósito) de procurar o tal bem (que) pretendiam.
A maior parte deles, porém, perante fatos consumados prefere falar de insucessos ideais, de programas definitivamente desmoronados e de outras brincadeiras semelhantes. Recomeçam assim a falta de qualquer responsabilidade. E não por não verem claramente as coisas, e, por vezes, não serem capazes de perspectivar excelentes soluções para os problemas mais urgentes, ou para aqueles que, embora requerendo uma ampla preparação e tempo, são todavia igualmente urgentes. Mas essas soluções são belissimamente infecundas; mas esse contributo para a vida coletiva não é animado por qualquer luz moral; é produto da curiosidade intelectual, não do pungente sentido de uma responsabilidade histórica que quer que todos sejam ativos na vida, que não admite agnosticismos e indiferenças de nenhum gênero.

Odeio os indiferentes também, porque me provocam tédio as suas lamúrias de eternos inocentes. Peço contas a todos eles pela maneira como cumpriram a tarefa que a vida lhes impôs e impõe quotidianamente, do que fizeram e sobretudo do que não fizeram. E sinto que posso ser inexorável, que não devo desperdiçar a minha compaixão, que não posso repartir com eles as minhas lágrimas. Sou militante, estou vivo, sinto nas consciências viris dos que estão comigo pulsar a atividade da cidade futura que estamos a construir. Nessa cidade, a cadeia social não pesará sobre um número reduzido, qualquer coisa que aconteça nela não será devido ao acaso, à fatalidade, mas sim à inteligência dos cidadãos. Ninguém estará à janela a olhar enquanto um pequeno grupo se sacrifica, se imola no sacrifício. E não haverá quem esteja à janela emboscado, e que pretenda usufruir do pouco bem que a atividade de um pequeno grupo tenta realizar e afogue a sua desilusão vituperando o sacrificado, porque não conseguiu o seu intento.

Vivo, sou militante. Por isso odeio quem não toma partido, odeio os indiferentes.

11 de Fevereiro de 1917

Antonio Gramsci (1891 - 1937) foi membro fundador do Partido Comunista Italiano. Teorizou sobre conceitos chave como  hegemonia, base, superestrutura, intelectuais orgânicos e guerra de posições.

Diário de Che Guevara disponível na internet pela primeira vez



Morto há 45 anos, após ser capturado durante a guerrilha boliviana em 1967, Che Guevara tem suas memórias do conflito armado disponibilizadas na internet pela primeira vez.



Reprodução do diário de Che Guevara disponibilizado online em chebolivia.org

No documento – atualizado diariamente por Che desde a sua chegada à Bolívia, em janeiro de 1967, até véspera de sua captura, em outubro do mesmo ano – o internauta encontra registros das impressões, dificuldades e preocupações vividas pelo combatente socialista enquanto comandante da Guerrilha de Ñancahuazú.

Em posse do governo boliviano desde os anos 1990, o manuscrito já havia sido publicado em uma tiragem limitada de mil exemplares em 2009.

A cópia em fac-simile do diário manuscrito do revolucionário encontra-se disponível no site chebolivia.org.

Fonte: Revista Cult


http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=195957&id_secao=11