sábado, 30 de março de 2013

Blogs progressistas: O império contra-ataca


O império contra-ataca

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

A esta altura, você já deve estar sabendo – e, se não sabia, agora saberá – que Luiz Carlos Azenha, jornalista-repórter da TV Record e editor do site Viomundo, foi condenado pela Justiça do Rio de Janeiro a indenizar o diretor de jornalismo da Globo, Ali Kamel, em 30 mil reais. Segundo a sentença, por Azenha ter movido “campanha insultuosa” contra ele.

Kamel vem obtendo sucessivas – e esquisitíssimas – vitórias na Justiça do Rio, assim como a emissora que o emprega, ao lado de outros grandes veículos de comunicação, conseguiu condenar, no STF, inimigos dessa corrente política que congrega partidos de oposição e impérios de comunicação.

O império da direita midiática no Brasil já conseguiu muito mais. Conseguiu manter o país sob uma ditadura militar durante duas décadas. O império da direita brasileira já conseguiu derrubar um governo legitimamente eleito e, depois, sustentou um regime que, por falta de votos, impediu este povo de escolher seus dirigentes.

A direita midiática, porém, perdeu poder. Hoje, exercita-o investindo contra trabalhadores da indústria da comunicação, mas não consegue mais dar golpes e eleger os governos que quer.

Azenha, ao lado de tantos outros, ajudou a derrotar a Globo em 2006, em 2010 e em 2012 – neste último ano, foi possível impedir o campeão da direita, candidato duas vezes a presidente, de se eleger como prefeito de São Paulo.

A Globo e seus tentáculos, bem como o exército de militantes – quase todos anônimos – que mantêm na internet, dirão que é muita pretensão achar que a blogosfera derrotou o império destro-midiático. Entretanto, as investidas desse império contra blogueiros referenda a tese que tentarão desqualificar.

O diretor da Globo não investiria contra Azenha, Paulo Henrique Amorim, Rodrigo Vianna, Cloaca News e tantos outros blogueiros, ou um colunista da Veja não investiria contra este que escreve, entre tantos outros, se nós não os incomodássemos. Incomodamos, e muito.

O ex-ministro da Secom Franklin Martins explicou, no último encontro de blogueiros progressistas, em Salvador, que o que nossos blogs fazem é visto como um perigo e um incômodo imensos por esses impérios de comunicação.

Para entender como simples blogs podem incomodar tanto esse império midiático que mantém 90% da comunicação de massas na mão de meia dúzia de famílias bilionárias, uma analogia: você sabe, leitor, por que as ditaduras censuram até uma distribuição de panfletos na rua? Sabe por que censuram uma música ou uma peça de teatro?

A comunicação, seja de que forma for feita, é “viral”. A informação esgueira-se por qualquer fresta que deixarem aberta e se espalha em progressão geométrica, mesmo que de forma lenta.

Uma Globo tem o poder da instantaneidade na comunicação. O que sai no Jornal Nacional às 20:31 hs., em questão de minutos já é sabido e consabido em todo território nacional e até no exterior. Contudo, a informação em um simples blog vai circulando devagar, muito devagar, mas sempre, sem parar.

As pessoas recebem artigo que escrevo em seus e-mails, em seus perfis nas redes sociais ou recebem indicação daquele texto ou até daquele blog através de amigos. E os argumentos que eu uso, por exemplo, vão sendo contrapostos à informação instantânea que a Globo, também por exemplo, difundiu.

Quando não existia a internet, esse processo era milhões de vezes mais lento e, ainda assim, assustava os déspotas que precisam falar sozinhos para mentir com “sucesso”.

Em campanhas eleitorais, aliás, a internet é muito mais importante. Por que a audiência em blogs políticos sobe tanto em períodos eleitorais? Porque pessoas pouco ligadas em política vão buscar informações adicionais na internet, já que muita gente já se deu conta de que o noticiário tradicional não conta a história toda.

Entendo as razões que o Azenha alega para encerrar seu site. É um repórter de sucesso, tem uma carreira pela frente e uma família a sustentar. Seu sufocamento financeiro pelas seguidas ações que Ali Kamel move contra si – e nas quais a Globo tem muito interesse – pode fazê-lo perder boa parte de seus bens, amealhados com trabalho honesto.

Além disso, assim como todos os outros blogueiros, Azenha não recebe dinheiro público que o governo Dilma Rousseff despeja aos borbotões nos cofres de uma Globo, que, apesar de ter só 45% da audiência, recebe 60% de todas as verbas publicitárias do governo federal.

É revoltante? Claro. Azenha tem todas as razões plausíveis para desistir de enfrentar esse poder discricionário e antidemocrático? Tem. Mas deve? Aí é outra questão.

Ao contrário do que parece, o império destro-midiático está perdendo o embate. O esforço que vem fazendo desde meados do ano passado, quando iniciou a sua última investida contra o governo Dilma e contra o PT, custou-lhe centenas de milhões de dólares.

Que resultado a Globo obteve com edições inteiras do Jornal Nacional focadas em destruir a imagem do PT? Zero. O PT, em pesquisa recente, aparece com 29% de preferência dos brasileiros – um patamar histórico – e se tornou, em 2012, o partido mais votado do país. E, de quebra, ainda tomou São Paulo do PSDB.

Ainda cabe recurso a Azenha na ação que Ali Kamel venceu contra si em primeira instância. O caso pode chegar ao Supremo Tribunal Federal, que está mudando de perfil. Além disso, mesmo se vier a perder, não tenho a menor dúvida de que boa parte do público da blogosfera se cotizaria e pagaria a indenização por ele.

Não é fácil ser blogueiro. O próprio Azenha relatou, recentemente, os riscos de violência física que este blogueiro corre, já que não conseguirão tirar nada de mim porque não tenho o que tirarem, em termos financeiros.

Há o caso Falha de SP, site do jornalista Lino Bocchini, quem está ameaçado de ter que pagar uma indenização pesada à Folha de São Paulo. Blogueiros que incomodam a direita midiática são assassinados ou espancados por todo o país. É uma “profissão” perigo que requer muita resiliência e coragem.

Todavia, os blogueiros têm um papel histórico. Se não nos deixarmos intimidar, poderemos consolidar a democracia no Brasil minando um poder discricionário e antidemocrático que meia dúzia de famílias bilionárias ainda detêm, mas que diminuiu muito e continuará diminuindo.

Diante de tudo isso, exorto o jornalista – e amigo do peito – Luiz Carlos Azenha a não desistir. Não temos a opção de desistir. Sem dinheiro, sem patrocínio, sofrendo processos e até violência física, estamos ajudando (muito) a mudar o Brasil. A recompensa que receberemos será o agradecimento das gerações futuras, que viverão em um país melhor.

http://altamiroborges.blogspot.com.br/2013/03/o-imperio-contra-ataca.html


Leia mais:

Globo e Dilma derrotarão a blogosfera?

Blogs progressistas: O império contra-ataca


O fantástico George Carlin...assista e se surpreenda: Religião

sexta-feira, 29 de março de 2013

PCdoB na luta pela regulação da mídia


Do sítio Vermelho:

O Comitê Central do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), reunido em sessão plenária neste final de semana (23 e 24 de março), reiterou o compromisso do partido com a luta por uma reforma democrática da mídia no Brasil.

O PCdoB compreende que esta é uma agenda política estratégica para a democracia e, também, para a consecução de um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento. Leia abaixo a íntegra do documento:

Resolução do Comitê Central defende reforma democrática dos meios de comunicação

O Comitê Central do Partido Comunista do Brasil, reunido nos dias 23 e 24 de março de 2013, reitera seu compromisso com a luta por uma reforma democrática dos meios de comunicação no Brasil.

Em seu 12º Congresso, o PCdoB destacou que era preciso “aprofundar a democratização da sociedade brasileira”. Para tanto, era necessário levar a cabo reforma estruturais, democráticas e progressistas. Entre estas, a Reforma nos meios de comunicação de massas que, conforme resolução aprovada, “compreende a democratização da mídia com participação da sociedade” a partir do “estabelecimento de um novo marco regulatório para o setor”.

O PCdoB compreende que esta é uma agenda política estratégica para a democracia e, também, para a consecução de um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento. O Brasil terá mais dificuldades de avançar e consolidar um projeto soberano e de integração solidária com outros países, enquanto operar no país um sistema de mídia monopolizado nas mãos de poucos grupos econômicos e que utilizam o poder da comunicação para fazer oposição às políticas de soberania nacional, às iniciativas de integração soberana da América Latina, às políticas de inclusão social, de investimento na indústria nacional, de promoção da cidadania e redução das desigualdades.

Neste sentido, o PCdoB se empenhará, ao lado de outras forças democráticas e movimentos sociais, para travar o debate responsável junto ao governo para que esta pauta seja tratada com a relevância que ela tem para o país.

Apoiamos a iniciativa do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação em criar um instrumento político de mobilização e diálogo social – um Projeto de Lei de Iniciativa Popular que enfrente alguns destes temas e conclamamos a militância comunista a se juntar no esforço de coleta de assinaturas para este projeto.

Para o PCdoB, o Brasil precisa urgentemente de um novo marco regulatório para as comunicações. Marco este que deve regulamentar os dispositivos constitucionais que permanecem sem leis que os materializem para enfrentar o monopólio, garantir mais diversidade e pluralidade nos meios de comunicação, proteger setores vulneráveis como a infância e promover espaços públicos de comunicação.

São Paulo, 24 de março de 2013

Frase do CQC é digna de torturador


Por Patrick Mariano, no blogViomundo:

“Hoje esse silêncio vai ter que acabar, custe o que custar”.

A frase que escolhemos de título poderia perfeitamente ser proferida por um torturador em pleno ato de violência, corrosão e degradação da dignidade humana.

Vivemos tempos estranhos. Alguns filmes fazem propaganda de métodos de tortura e recebem o aplauso de parte crítica. Alguns presidentes constroem atos legislativos que permitem a tortura e autorizam seu uso como prática institucionalizada.


É o que se lê em matéria do jornal Brasil de Fato:

O afogamento simulado de um preso “é legal porque os advogados dizem que é legal. Não sou advogado”, disse Bush em novembro de 2010, ao ser entrevistado pelo jornalista Matt Lauer. “Claro que o faria”, respondeu o ex-presidente ao ser perguntado se voltaria a tomar a mesma decisão.

Márcio Sotelo Felippe, em brilhante artigo publicado neste Viomundo, expôs os dilemas éticos e morais da atual sociedade, ao analisar a tentativa de se justificar a prática da tortura por parte de articulista de um jornal de um grande conglomerado de comunicação.

A tortura torna-se, assim, com uma contribuição aqui, outra ali, senso comum para uma parte do universo social e ganha a força tremenda da convencionalidade. Para uma outra parte, desliza para uma mera questão de ponto de vista. Você pode ser a favor ou contra a tortura do mesmo modo como é, digamos, a favor ou contra o parlamentarismo. Um tortura para salvar bebês. Outro, como agente do Estado, para defender a sociedade dos criminosos. Comentaristas de internet, após ler o artigo de Caligaris, assistir Tropa de Elite ou o filme de Bigelow se veem legitimados para escrever pérolas como “bandido bom é bandido morto” e “direitos humanos são para humanos direitos”.

Voltemos à frase do título. Anteontem, 25.03.13, em cadeia nacional de televisão e não em uma sala obscura do DOPS ou de Guantánamo, ela foi proferida por um jornalista/humorista.

O escárnio e desrespeito à dignidade da pessoa humana praticado por alguns programas de TV – que se dizem misto de jornalismo e humor – ultrapassou todos os limites éticos com a “matéria” que veio ao ar ontem, realizada na Câmara Federal ecom intenção de agredir o deputado José Genoíno.

Pinçaremos algumas frases ditas pelo jornalista/humorista. Avisamos, desde já, que é preciso estômago para continuar a leitura.

“Feliciano na Comissão de Direitos Humanos, Genoíno na CCJ, chegou a hora de pegar o goleiro Bruno e colocar pra ministro do esporte, vai (…) ou botar o Nardoni pra vara da infância”.

O períplo “justiceiro” pelos tapetes da Câmara continua em ritmo de passo apressado, permeado por tiros certeiros de infâmia:

“Ô Genoino, quanto tempo a gente tá querendo te procurar, como é que está o senhor? Você veio aqui se esconder porque lá na prisão é pior? Aqui tem mais bandido, é mais fácil? Tá fazendo voto de silêncio, Genoino? Vai ser bom na prisão lá, além de X9 não se ferra, né? (…) A gente estava atrás de você o tempo todo, Genoino, fala com a gente um pouquinho, só dá um tchau”.

Atingindo o ápice da cretinice, arremata:

“Genoino, você vai passar onde o reveillon? Na papuda? Já sabe como é que vai ser? Qual prisão?”

Depois do constrangimento causado o repórter/humorista tenta justificar o ato de agressão dizendo que:

“como vocês puderam notar, mais uma vez o deputado Genoino não respondeu às perguntas do CQC o que ele tem feito constantemente com a imprensa nacional. A gente quer ouvir umas respostas, a população brasileira também quer”.

Pronto, a palavra mágica de estar agindo em nome do povo serve de véu para encobrir as nódoas de um péssimo jornalismo e de um humor sem graça alguma.

O programa ataca o deputado Genoino em razão de uma condenação evidentemente política que sequer transitou em julgado, mas não vê problema ético em se utilizar e obrigar uma criança a mentir, se dizendo filho de um militante petista, com intenção de enganar o parlamentar, para que ele profira algumas palavras sobre o seu processo.

Ao final, na bancada principal, – em que tomam assento os principais jornalistas/humoristas do programa – a infâmia não cessa. Ao contrário, se aprofunda com os risos sobre um “presente” que o programa oferece ao deputado: um livro sobre presídio com um fundo falso em que se esconde um celular (!).

A matéria toda é desrespeitosa não só para com o deputado, como também, aos parlamentares em geral. Busca-se, com isso, desacreditar o parlamento brasileiro com a tentativa de consolidação de um estereótipo de que todos os deputados e senadores que o compõem sejam ladrões, burros e não trabalhem.

O ataque é seletivo e premeditado. Não se vê matérias deste tipo de programa no Poder Judiciário. Não se vê matérias desses programas na FIESP ou FEBRABAN. O que se quer é por de joelhos o Congresso Nacional para que não se aprove leis que contrariem os interesses ideológicos dos grandes meios de comunicação.

Daí que o alvo seja sempre os parlamentares, ora com perguntas estultas para expô-los ao ridículo, ora com agressões e violências como as praticadas contra José Genoino.

Ninguém, sendo deputado ou não, está obrigado a dar entrevista a quem quer que seja. Isto deve ser respeitado. No entanto, sequer se tratava de uma entrevista, tendo em vista a virulência, desrespeito e impropriedades das perguntas lançadas pelo repórter/humorista.

A real intenção do jornalista/humorista, se é que é capaz de encontrar alguma racionalidade em seu ato, talvez fosse a de ser agredido e, assim, alcançar o estrelato de muitos minutos de fama na grande mídia. O deputado, no entanto, com toda sua dignidade, não passou recibo. Ignorou por completo a violência recebida e foi extremamente atencioso com a criança.

Em muitos casos, o híbrido humor/jornalismo é um salvo conduto para se ferir a dignidade das pessoas. Se por acaso precisam de credencial para entrar em lugares que se fazem presentes jornalistas, dizem que o são. Quando extrapolam qualquer limite ético para seu exercício, se dizem humoristas. E assim se vai levando.

No caso da matéria aqui analisada, não se tratou de jornalismo, sequer de humor. Não existe graça na violência gratuita. Poderíamos nominar como sadismo, mas não existe almoço grátis, estamos diante de uma estratégia política deliberada e colocada em curso há algum tempo.

* Patrick Mariano Gomes é advogado, integrante da Rede Nacional de Advogados e Advogadas Populares (Renap) e mestrando em Direito, Estado e Constituição na Universidade de Brasília – UnB.

quinta-feira, 28 de março de 2013

Vídeo inédito:Aécio Neves defendendo o DEMo-Demóstenes Torres






Aécio Neves defendendo Demóstenes Torres no dia 06/03/2012 durante sessão do Senado, sobre as acusações do envolvimento do "nobre senador" de Goiás com o bicheiro Carlinhos Cachoeíra...

Que Minas veja e saiba o que Aécio pensa a respeito...

De um site de direita: "O jogo de sinuca do governo para 2014"



O governo está numa sinuca de bicos, sem saída, praticamente a sua derrota é líquida e certa.  O esgotamento da fórmula mentirosa que alçou Lula ao posto indevido de presidente da República não deixa saídas ao clã do PT senão o exílio em Cuba, após serem apeados do poder em 2014 por um representante dos homens de bem, certamente Aécio Neves.
Dilma, impopular, será rejeitada por grande parte do eleitorado no próximo pleito e não terá alternativas senão renunciar a candidatura, não podendo contar com a ajuda de Lula pois o mesmo certamente já estará preso por Gurgel. A dama de ferro bolchevista com seu governo desastroso será rapidamente esquecida, sendo citada somente num rodapé da biografia criminal de Lula.
Lula nem se fala, será um espectro sombrio, quase apagado, que pairará nas regiões desérticas do comunismo nacional, de quem poucos se recordarão e cujo nome será apagado da história nacional, como qualquer nome escrito na areia da praia é apagado pelas ondas do mar.
Aécio Neves é a bola da vez e deve ser eleito com extrema facilidades no próximo pleito, já em primeiro turno, retomando a série de vitórias fáceis do PSDB com FHC. Todo brasileiro sabe que a cadeira de presidente da república pertence a Aécio por direito natural e herança divina, e também por competência, demonstrada no governo de Minas Gerais, onde sua seriedade e capacidade gerencial mais uma vez pois o estado à testa do café-com-leite.
Em suma, Dilma e o PT já perderam o governo e o rumo, para eles o jogo está perdido e não resta alternativa senão irem embora para casa. Certamente após estes anos de sofrimento sob o jugo bolchevista no poder a população brasileira nunca mais votará em semelhantes criaturas. Alvíssaras!

http://www.hariovaldo.com.br/site/2013/03/26/o-jogo-de-sinuca-do-governo-para-2014/


leia também:

Reacionários:Sobre os humoristas brasileiros



Sobre os humoristas brasileiros

De Paulo Nogueira
À falta de graça eles aliam um reacionarismo que os isola da voz das ruas  

Tas
O Brasil, conforme constatou agudamente um leitor do Diário, tem uma esquisitice humorística: os comediantes são reacionários. Não vou entrar no fato de que são essencialmente sem graça. Me atenho apenas ao conservadorismo. Comediantes, como artistas em geral, costumam, em todo o mundo, ser progressistas. Eles quase sempre têm uma forte consciência social que os leva a criticar situações de grande desigualdade e a serantiestablishment.
Os comediantes brasileiros fogem da regra, e esta é uma das razões pelas quais são tão sem graça. Marcelo Madureira é um caso extremo de conservadorismo petrificado e completo alinhamento com o chamado “1%”. Marcelo Tas é outro caso. De Londres, não o acompanhei, mas ao passar algumas semanas no Brasil, agora, pude ver – sem sequer assistir a um episódio de seu programa – o quanto ele é mentalmente velho.
O que o CQC fez a Genoíno em nome da piada oscila entre o patético, o ridículo e o grotesco. Não me refiro apenas ao episódio em si de explorar o drama de Genoíno. Também a sequência foi pavorosa. Vi no YouTube Tas ter uma disenteria verbal ao falar de Genoíno. Corajosamente, aspas, chamou-o repetidas vezes, aos gritos, de “mequetrefe”.
Não sou petista.
Jamais votei uma única vez em Genoíno.
Mas Tas tem condições morais — e conhecimento, pura e simplesmente —  para julgar e condenar Genoíno?  Várias vezes ele diz que Genoíno foi condenado pela justiça. E daí? Quem acredita na infabilidade da justiça brasileira acredita em tudo, como disse Wellington.
O que me levou a procurar Tas no YouTube foi uma mensagem pessoal que recebi de Ana Carvalho. Ela estava no local em que houve a confusão entre o humorista Oscar Filho e amigos de Genoíno. Ana acabou sendo citada num texto que OF escreveu, e ficou tão indignada que decidiu escrever sua versão dos fatos numa carta aberta que ela, cerimoniosamente, me pediu que lesse. Li. Primeiro, ela esclarece: ao contrário do que OF escreveu, ela não é militante do PT. Estava apenas votando, com a família, no lugar do tumulto, e tentou ajudar a serenar os ânimos,  como boa samaritana.
Ana relata o que ouviu, na refrega, do produtor do CQC e de Genoíno. Do produtor, berros que diziam que os “mensaleiros filhos da puta” iam ser punidos: em vez de um minuto, o programa falaria horas do caso. De Genoíno, ela ouviu: “Calma, calma, sem bater, sem bater”. Mas quem publicaria o que ela ouviu? Essa pergunta Ana fez a si mesma, e é um pequeno retrato da maneira distorcida com que a grande mídia trata assuntos de política no Brasil. A resposta é: ninguém. Nem Folha e nem Estadão e nem Veja e nem Globo publicariam o relato de Ana – embora ela fosse testemunha privilegiada da confusão.
Há formas e formas de violência. O que o pessoal do CQC fez foi uma violência mental, uma tortura. Não faz muito tempo, o mundo soube que presos nos Estados Unidos tinham sido torturados com sessões de música ininterrupta da série Vila Sésamo. Vinte e quatro horas, sete dias por semana. (O autor ficou perplexo com o uso dado a sua canções tão inocentes.)
O que o CQC fez tem um nome: tortura moral. Humor não é isso. Citei, em outro artigo, os repórteres do Pânico que invadiram o funeral de Amy Winehouse para fazer piada. Tivessem sido pilhados, terminariam na cadeia – e teriam formidável dificuldade para convencer a justiça londrina de que a liberdade de expressão, aspas, os autorizava a fazer o que fizeram.
Humor sem graça, como o feito no Brasil, é um horror. Mas consegue ficar ainda pior quando à falta de espírito se junta um reacionarismo patológico, uma completa desconexão com o povo brasileiro, e este é o caso de Marcelo Tas e seu CQC.
http://diariodocentrodomundo.com.br/sobre-os-humoristas-brasileiros/

leia também:

quarta-feira, 27 de março de 2013

A sublevação das domésticas romperá a harmonia social da família brasileira





No combate ao comunismo ateu e na defesa da família cristã

























O objetivo do atual governo, bolchevista e ignaro, é claro, colocar a sociedade brasileira em crise rompendo os laços de hierarquia e de amizade entre as classes sociais através da sublevação e da insubmissão da gentalha, a pretexto de adquirirem ‘direitos’, que na verdade são medidas socialistas arcaicas que vão na contramão da história e da reforma trabalhista.
Esse é o caso das empregadas domésticas que durante décadas foram acolhidas e amadas nos lares dos homens de bem, quase como parte da família, dormindo no serviço e ficando com as sobras da casa, numa relação de confiança, amizade e dedicação à família brasileira, que agora se vê repentinamente quebrada pelas malfadadas leis aprovadas pelos comunistas no Congresso Nacional. Tais leis insolentes se destinam unicamente, como já foi dito acima, a quebrar a harmonia entre as patroas e as empregadas domésticas, uma vez acabarão por punir as próprias serviçais que cairão desempregadas, já que para as patroas será praticamente impossível seguir tal legislação marxista.
Como bem disse a dona de casa ouvida por este sítio, Sra. Vanusa Zebrão, todos perderão com essas medidas autoritárias, pois os patrões tem destino melhor ao seu pró-labore e não podem ficar desperdiçando com empregados. Por isso fica aqui o apelo para que os ilustres parlamentares repensem essas medidas para o bem da Pátria, da Tradição e da Família Brasileira.


http://www.hariovaldo.com.br/site/2013/03/27/a-sublevacao-das-domesticas-rompera-a-harmonia-social-da-familia-brasileira/

Emir Sader: Por que a direita perde no Brasil?



Por Emir Sader, no sítio Carta Maior:

A direita esgotou suas distintas modalidades de governo – ditadura militar, governos neoliberais – entre 1964 e 2002, ficou esvaziada de alternativas e tem que ver, passivamente, governos pós-neoliberais derrotá-la – de 2002 a 2010, muito provavelmente 2014, completando, pelo menos, 16 anos fora do governo.

Por que isso acontece? Em primeiro lugar, porque se equivoca nos diagnósticos dos problemas brasileiros e coloca em prática soluções equivocadas, sem capacidade de fazer autocritica e emendar seus caminhos.

Prévio ao golpe de 1964, o diagnóstico se voltava contra “a subversão”, acusando complôs internacionais que buscaria implantar no Brasil “o comunismo”. O Estadão, por exemplo, chamava, nos seus vetustos editoriais, o moderado governo Jango de governo “petebo-castro-comunista”.

Daí que o centro do regime militar foi a repressão, para extirpar todos os vírus da subversão, limpando o organismo brasileiro dos elementos infiltrados. Nasceu de um golpe apoiado consensualmente pelo bloco dominante – grande empresariado, imprensa, Igreja católica, governo dos EUA, FFAA.

Passada a euforia inicial, o regime se estabilizou apoiado sempre na repressão, mas também numa política econômica, em que o santo do “milagre” foi o arrocho salarial, que permitiu o crescimento exponencial da exploração dos trabalhadores e dos lucros das grandes empresas nacionais e estrangeiras.

A retomada do crescimento econômico se baseou num modelo com um marco classista evidente: se baseava no consumo das esferas altas do mercado e na exportação, relegando a grande massa da população, afetada pelo arrocho salarial. Foi uma lua de mel idílica para o grande capital, que recebia todo o apoio governamental e não encontrava resistência nos sindicatos – todos sob intervenção militar.

Foi um sucesso que, assentado também nos empréstimos externos – especialmente quando o capitalismo internacional passou do seu ciclo longo expansivo do segundo pós-guerra a seu ciclo longo recessivo, iniciado em 1973 –, o que fez com que o modelo se esgotasse com a crise da divida – na virada dos anos 1970 à década seguinte.

Passou-se a apostar na democracia como a solução de tantos problemas acumulados no Brasil. O bloco dominante fez uma tortuosa transição da passagem do apoio à ditadura para a democracia, ajudado pela fundação do PFL e pela aliança, pela derrota da campanha das diretas e pela eleição do novo presidente pelo Colégio Eleitoral, que consagrou a aliança entre o velho e o novo – este na sua modalidade mais moderada, com Tancredo Neves.

O governo Sarney funcionou como transição entre a temática ditadura/democracia para a temática Estado/mercado. A democratização reduziu-se ao restabelecimento formal dos direitos políticos, sem democratizar nenhuma outra estrutura da sociedade: nem as grandes corporações privadas, nem os bancos, a terra, a mídia.

Com Collor introduziu-se no Brasil o diagnóstico neoliberal: a economia não voltava a crescer por excesso de regulamentação. E, no seu bojo, vieram as privatizações, o Estado mínimo, a precarização laboral, a abertura do mercado. A queda do Collor deixou essas bandeiras disponíveis, que encontraram em FHC sua reformulação – naquela que passou, até hoje, a ser o diagnóstico da direita sobre os problemas do Brasil, resumidos num tema: o Estado não é a solução, mas o problema – como enunciado por Ronald Reagan há já mais de 30 anos.

Lula veio para desmontar esses diagnósticos. O Estado mínimo favoreceu a centralidade do mercado e, com ela, a exclusão social e a concentração de renda, pela falta de proteção que politicas sociais levadas a cabo pelo Estado poderiam levar adiante.

O sucesso dos governos Lula e Dilma deixa desarmados e desconcertados os próceres – partidários e midiáticos – da direita. A crise do capitalismo iniciada em 2008 e que segue sem hora para acabar, gerou um novo consenso na necessidade de intervenção anticíclica do Estado. A capacidade de resistência dos governos progressistas da América Latina pela prioridade das politicas sociais, dos processos de integração regional e dos intercâmbios Sul-Sul, e pela recuperação do Estado como indutor do crescimento econômico e garantia das dos direitos sociais da maioria – terminou de desarvorar a direita e deixá-la sem plataforma e sem alternativas.

Os candidatos que buscam uma brecha para se projetar – sejam Serra, Heloisa Helena, Alckmin, Marina, Plínio, Aécio, Eduardo Campos – se situam à direita do governo. Não conseguem reconhecer o extraordinário processo de democratização social que o pais vive há mais de 10 anos. Ou tentam aparecer como seus continuadores – como na primeira parte da campanha do Serra em 2010 –, ou desconhecem o novo panorama social brasileiro e atacam o Estado – de forma direta, como o Alckmin em 2006, ou de forma indireta, com a centralidade do combate à corrupção, outra forma do diagnostico de que o problema do Brasil é o Estado ou ainda na temática ecológica com a visão de que a “sociedade civil” é alternativa ao Estado, como a Marina.

Assim, a direita perdeu em 2002, 2006, 2010, e tem todas as possibilidades de seguir perdendo em 2014 e depois também. Porque não entende o Brasil contemporâneo, seu diagnóstico ainda é o neoliberal.

Leia também:


http://altamiroborges.blogspot.com.br/2013/03/por-que-direita-perde-no-brasil.html

Por que a direita perde no Brasil?

Por Emir Sader, no sítio Carta Maior:

A direita esgotou suas distintas modalidades de governo – ditadura militar, governos neoliberais – entre 1964 e 2002, ficou esvaziada de alternativas e tem que ver, passivamente, governos pós-neoliberais derrotá-la – de 2002 a 2010, muito provavelmente 2014, completando, pelo menos, 16 anos fora do governo.

Por que isso acontece? Em primeiro lugar, porque se equivoca nos diagnósticos dos problemas brasileiros e coloca em prática soluções equivocadas, sem capacidade de fazer autocritica e emendar seus caminhos.

Prévio ao golpe de 1964, o diagnóstico se voltava contra “a subversão”, acusando complôs internacionais que buscaria implantar no Brasil “o comunismo”. O Estadão, por exemplo, chamava, nos seus vetustos editoriais, o moderado governo Jango de governo “petebo-castro-comunista”.

Daí que o centro do regime militar foi a repressão, para extirpar todos os vírus da subversão, limpando o organismo brasileiro dos elementos infiltrados. Nasceu de um golpe apoiado consensualmente pelo bloco dominante – grande empresariado, imprensa, Igreja católica, governo dos EUA, FFAA.

Passada a euforia inicial, o regime se estabilizou apoiado sempre na repressão, mas também numa política econômica, em que o santo do “milagre” foi o arrocho salarial, que permitiu o crescimento exponencial da exploração dos trabalhadores e dos lucros das grandes empresas nacionais e estrangeiras.

A retomada do crescimento econômico se baseou num modelo com um marco classista evidente: se baseava no consumo das esferas altas do mercado e na exportação, relegando a grande massa da população, afetada pelo arrocho salarial. Foi uma lua de mel idílica para o grande capital, que recebia todo o apoio governamental e não encontrava resistência nos sindicatos – todos sob intervenção militar.

Foi um sucesso que, assentado também nos empréstimos externos – especialmente quando o capitalismo internacional passou do seu ciclo longo expansivo do segundo pós-guerra a seu ciclo longo recessivo, iniciado em 1973 –, o que fez com que o modelo se esgotasse com a crise da divida – na virada dos anos 1970 à década seguinte.

Passou-se a apostar na democracia como a solução de tantos problemas acumulados no Brasil. O bloco dominante fez uma tortuosa transição da passagem do apoio à ditadura para a democracia, ajudado pela fundação do PFL e pela aliança, pela derrota da campanha das diretas e pela eleição do novo presidente pelo Colégio Eleitoral, que consagrou a aliança entre o velho e o novo – este na sua modalidade mais moderada, com Tancredo Neves.

O governo Sarney funcionou como transição entre a temática ditadura/democracia para a temática Estado/mercado. A democratização reduziu-se ao restabelecimento formal dos direitos políticos, sem democratizar nenhuma outra estrutura da sociedade: nem as grandes corporações privadas, nem os bancos, a terra, a mídia.

Com Collor introduziu-se no Brasil o diagnóstico neoliberal: a economia não voltava a crescer por excesso de regulamentação. E, no seu bojo, vieram as privatizações, o Estado mínimo, a precarização laboral, a abertura do mercado. A queda do Collor deixou essas bandeiras disponíveis, que encontraram em FHC sua reformulação – naquela que passou, até hoje, a ser o diagnóstico da direita sobre os problemas do Brasil, resumidos num tema: o Estado não é a solução, mas o problema – como enunciado por Ronald Reagan há já mais de 30 anos.

Lula veio para desmontar esses diagnósticos. O Estado mínimo favoreceu a centralidade do mercado e, com ela, a exclusão social e a concentração de renda, pela falta de proteção que politicas sociais levadas a cabo pelo Estado poderiam levar adiante.

O sucesso dos governos Lula e Dilma deixa desarmados e desconcertados os próceres – partidários e midiáticos – da direita. A crise do capitalismo iniciada em 2008 e que segue sem hora para acabar, gerou um novo consenso na necessidade de intervenção anticíclica do Estado. A capacidade de resistência dos governos progressistas da América Latina pela prioridade das politicas sociais, dos processos de integração regional e dos intercâmbios Sul-Sul, e pela recuperação do Estado como indutor do crescimento econômico e garantia das dos direitos sociais da maioria – terminou de desarvorar a direita e deixá-la sem plataforma e sem alternativas.

Os candidatos que buscam uma brecha para se projetar – sejam Serra, Heloisa Helena, Alckmin, Marina, Plínio, Aécio, Eduardo Campos – se situam à direita do governo. Não conseguem reconhecer o extraordinário processo de democratização social que o pais vive há mais de 10 anos. Ou tentam aparecer como seus continuadores – como na primeira parte da campanha do Serra em 2010 –, ou desconhecem o novo panorama social brasileiro e atacam o Estado – de forma direta, como o Alckmin em 2006, ou de forma indireta, com a centralidade do combate à corrupção, outra forma do diagnostico de que o problema do Brasil é o Estado ou ainda na temática ecológica com a visão de que a “sociedade civil” é alternativa ao Estado, como a Marina.

Assim, a direita perdeu em 2002, 2006, 2010, e tem todas as possibilidades de seguir perdendo em 2014 e depois também. Porque não entende o Brasil contemporâneo, seu diagnóstico ainda é o neoliberal.

Leia também:


http://altamiroborges.blogspot.com.br/2013/03/por-que-direita-perde-no-brasil.html

Danuza Leão e a elite inculta



Por Eduardo Guimarães, noBlog da Cidadania:

Há um setor da sociedade que simplesmente não consegue enxergar e aceitar o processo civilizatório em que o Brasil mergulhou após os seguidos desastres administrativos, econômicos e sociais que governos medíocres, vendidos e ladrões lhe impuseram até 2002.

Talvez o mais eloquente símbolo do processo civilizatório em curso no Brasil seja estar se tornando raro famílias de classes média e alta terem “empregadas domésticas” que trabalhem de sol a sol por ninharias que não pagam refeição em um bom restaurante.
Agora, após séculos de verdadeira escravidão a que mulheres e até meninas pobres se submeteram trabalhando nessas condições para famílias de classe social superior, o Congresso criou vergonha e estendeu aos trabalhadores domésticos os direitos de todos os outros.

Um dos muitos avanços sociais para a maioria empobrecida do nosso povo que os governos Lula e Dilma vêm proporcionando está na raiz do ódio que a elite tem deles, pois acabou a moleza de madames como a colunista da Folha de São Paulo Danusa Leão terem escravas.

Eis que a socialite-colunista, que já andou vertendo seu ódio de classe devido à conquista dos aeroportos e viagens internacionais pelas classes “inferiores”, agora se revolta com os direitos trabalhistas serem estendidos também às “domésticas”.

Para tanto, como bem anotou o site Brasil 247, a socialite-colunista se valeu dos “argumentos” que há mais de século os escravocratas brasileiros usaram para manter este país como o único em que persistia a escravidão de negros.

Os escravocratas diziam que se os negros fossem libertados, seriam os principais prejudicados porque não conseguiriam se sustentar sem a “proteção” do senhor de escravos.

Agora, uma centena e tanto de anos depois, a colunista da Folha diz que dar direitos trabalhistas a domésticas seria ruim para elas porque, dessa forma, não conseguirão emprego.

Essa mulher é colunista do dito “maior jornal do país”. Espanta como alguém tão desinformada pode ter espaço em um veículo de projeção nacional para provar por escrito sua ignorância desumana.

Danusa é o retrato de uma elitezinha minúscula, iletrada, desinformada, egoísta, racista, sonegadora e pervertida. Leia a sua diarreia mental na Folha deste domingo. Prossigo a seguir.

*****

FOLHA DE SÃO PAULO

24 de março de 2013

A PEC das empregadas

Danusa Leão

Essa Pec das empregadas precisa ser muito discutida; como foi mal concebida, assim será difícil de ser cumprida, e aí todos vão perder.

A intenção de dar as melhores condições à profissional, faz com que seja quase impossível que o empregador tenha meios de cumprir com as novas leis; afinal, quem vai pagar esse salário é uma pessoa física, não uma empresa.

Vou fazer alguns comentários sobre as condições -diferentes- em que trabalham as domésticas aqui e em países mais civilizados.

Vou falar da França e dos Estados Unidos, que são os que mais conheço. Lá, quem mora em apartamento de dois quartos e sala, é considerada privilegiada, mas nenhum deles tem área de serviço nem quarto de empregada (costuma existir uma área comunitária no prédio com várias máquinas de lavar e secar, em que cada morador paga pelo tempo que usa); uma família que vive num apartamento desses tem -quando tem- uma profissional que vem uma vez por semana, por um par de horas.

É claro que cada um faz sua cama e lava seu prato, e a maioria come na rua; nessas cidades existem dezenas de pequenos restaurantes, e por preços mais do que razoáveis.

Apartamentos grandes, de gente rica, têm quarto de empregada no último andar do prédio (as chamadas “chambres de bonne”, que passaram a ser alugadas aos estudantes), ou no térreo, completamente separados e independentes da família para quem trabalham.

Essas domésticas -fixas e raras- têm salario mensal, e sua carga horária é de 8 horas por dia, distribuídas assim: das 8h às 14h (portanto, 6 horas seguidas) arrumam, fazem o almoço, põem a casa em ordem. Aí param, descansam, estudam, vão ao cinema ou namoram; voltam às 19h, cuidam do jantar rapidinho (lá ninguém descasca batata nem rala cenoura nem faz refogado, porque tudo já é comprado praticamente pronto), e às 21h, trabalho encerrado.

Mas no Brasil, muitos apartamentos de quarto e sala têm quarto de empregada, e se a profissional mora no emprego, fica difícil estipular o que é hora extra, fora o “Maria, me traz um copo de água?”. E a ideia de dar auxílio creche e educação para menores de 5 anos dos empregados, é sonho de uma noite de verão, pois se os patrões mal conseguem arcar com as despesas dos próprios filhos, imagine com os da empregada.

Quem vai empregar uma jovem com dois filhos pequenos, se tiver que pagar pela creche e educação dessas crianças? É desemprego na certa.

Outra coisa esquecida: na maior parte das cidades do Brasil uma empregada encara duas, três horas em mais de uma condução para chegar ao trabalho, e mais duas ou três para voltar para casa, o que faz toda a diferença: o transporte público no país é trágico. Atenção: não estou dando soluções, estou mostrando as dificuldades.

Na França, quando um casal normal, em que os dois trabalham, têm um filho, existem creches do governo (de graça) que faz com que uma babá não seja necessária, mas no Brasil? Ou a mãe larga o emprego para cuidar do filho ou tem que ser uma executiva de salário altíssimo para poder pagar uma creche particular ou uma babá em tempo integral, olha a complicação.

Nenhum país tem os benefícios trabalhistas iguais aos do Brasil, mas isso funciona quando as carteiras das empregadas são assinadas, o que não acontece na maioria dos casos; e além da hora extra, por que não regulamentar também o trabalho por hora, fácil de ser regularizado, pois pago a cada vez que é realizado? Se essa PEC não for muito bem discutida, pode acabar em desemprego.

P.S.: É difícil saber quem saiu pior na foto esta semana: se d. Dilma, dizendo em Roma que a culpa pelas tragédias de Petrópolis se deve às vítimas, que não quiseram sair de suas casas, ou se Cristina Kirchner, pedindo ajuda ao papa no assunto das Malvinas.


*****

No Brasil, com a revolução social da década passada – desencadeada a partir de 2004 – há cada vez menos pessoas dispostas a realizar trabalhos domésticos, sobretudo devido à falta de direitos trabalhistas e aos salários de miséria que gente como Danusa quer pagar para ser servida 24 horas por dia em troca de alguns trocados, um prato de comida e uma cama.

Se a elite que Danusa simboliza não fosse tão desinformada, iletrada, delirante e egoísta, saberia que o IBGE vem detectando que é cada vez menor o número de pessoas dispostas a atuar em tarefas domésticas.

No ano passado, por exemplo, segundo a Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do IBGE, apenas 6,6% dos brasileiros atuaram em serviços domésticos. Foi o resultado mais baixo desde 2003.

Danusa tenta preservar a escravidão no Brasil usando um argumento vazio, como se vivesse na época de seu ídolo Fernando Henrique Cardoso. Ela não sabe que a escassez de trabalhadores domésticos elevou o poder de barganha deles

Os salários dos empregados domésticos crescem sem parar desde 2003 e o nível de formalização (carteira assinada) é hoje o mais alto da história.

Nos últimos 12 meses, o salário médio de uma empregada doméstica aumentou 11,83%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), índice oficial de inflação do País, também apurado pelo IBGE.

Segundo o coordenador da pesquisa do IBGE, “Por causa da oferta baixa e da demanda crescente o preço das empregadas domésticas chegou num patamar em que muitas famílias estão abrindo mão do serviço todos os dias e optando por ter uma empregada duas vezes por semana, por exemplo, para não configurar um vínculo”.

Segundo o estudo, “A mudança na situação do mercado de trabalho doméstico foi sustentada por dois motivos: aquecimento na criação de postos de trabalho e melhora na educação do trabalhador. Esses fatores fizeram com que os trabalhadores domésticos conseguissem migrar para outros ramos de atividades”.

Mais dados da PME, do IBGE: “Entre 2003 e 2012, o porcentual de trabalhadores analfabetos ou com até oito anos de estudo recuou 15,5%. Já a quantidade de profissionais com 8 a 10 anos de estudo aumentou 27,7%, enquanto a parcela dos profissionais cresceu 139,4% no período”

A quantidade de trabalhadores domésticos, por conta disso, vem caindo, em média, 2,7% ao ano.

O coordenador da pesquisa do IBGE ainda explica que “Com a melhoria da educação e oportunidade de trabalhar em outros nichos, as trabalhadoras estão conseguindo se inserir principalmente nos serviços prestados a empresas, uma parte mais voltada para terceirização”.

Já o economista Fernando de Holanda Barbosa Filho explica que “Em geral as pessoas não gostam de ser empregadas domesticas. Sempre que possível elas deixam essa profissão”. E as razões disso, a diarreia escrita de Danusa explica.

E o pior do texto dessa senhora é quando tenta fazer uma analogia entre os serviços domésticos no Brasil e nos países ricos.

A pesquisa do IBGE mostra que a mudança na estrutura do emprego doméstico no Brasil o tornará mais europeizado e americanizado. Segundo os pesquisadores do IBGE, “Em países de economia mais madura ter um trabalhador doméstico todos os dias da semana é considerado luxo. Quem trabalha no setor, por sua vez, se especializa e, obviamente, cobra mais”.

Minha filha Gabriela (26) vive há quatro anos em Sydney, na Austrália. Para pagar os estudos trabalhou como babá, ganhando o equivalente a 7 mil reais por mês, viajando ao exterior toda hora, comprando carro e trabalhando apenas seis horas por dia.

Nos países civilizados, empregados domésticos fazem muitas exigências e recusam vários serviços, como recolher roupas íntimas usadas e imundas que socialites deixam no box do banheiro e outras humilhações.

“A tendência é haver pessoas especializadas em serviços domésticos. Não vamos ter analfabeto fazendo esse trabalho, como era no passado. Teremos pessoas com mais escolaridade nessa função com uma remuneração mais elevada”, diz o economista Barbosa Filho.

Danusa, que como toda madame fútil quer se mostrar uma “expert” nas condições sociais e econômicas de países ricos, viaja a eles e não consegue entender o que vê. Assim, escreve as cretinices desinformadoras que escreveu naquele que se diz “maior jornal do Brasil”.

*

PS: a socialite que escreve na Folha deveria ler a Folha, que mostra que Dilma não saiu “mal na foto” na semana passada coisa nenhuma, bastando ler a pesquisa Datafolha, que o jornal publicou, para entender isso. Mas acho que Danusa se referiu ao seu clube de desocupadas fúteis, iletradas e desinformadas, não ao povo brasileiro.

leia também:>


http://altamiroborges.blogspot.com.br/2013/03/danuza-leao-e-elite-inculta.html