quinta-feira, 7 de abril de 2016

Maluf e bancada evangélica declaram apoio ao impeachment de Dilma


Maluf justifica por que votará pelo impeachment de Dilma: “Minha vida pública sempre foi o oposto disso, sou contrário a negociatas”, diz o deputado, condenado na França por lavagem de dinheiro e réu em três ações no STF. A bancada evangélica também declarou apoio ao impedimento da presidente


DO SITE PRAGMATISMO POLÍTICO
maluf impeachment bancada evangélica
Bancada evangélica e Maluf declaram voto a favor do impeachment de Dilma
O deputado Paulo Maluf (PP-SP) anunciou, na noite dessa quarta-feira (6), que votará pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff por ser “contrário a negociatas”.
“Quero anunciar a todos os meus eleitores que votarei a favor do impeachment, pois sou contra essas negociatas que o governo está fazendo com deputados. Minha vida pública sempre foi o oposto disso”, escreveu o ex-prefeito de São Paulo em seu Twitter.
Réu em três ações penais no Supremo Tribunal Federal (STF), Maluf foi condenado pela Justiça da França, no fim do ano passado, a três anos de prisão pelo crime de lavagem de dinheiro em território francês entre os anos de 1996 e 2005. Segundo a sentença, a lavagem foi fruto de corrupção e desvio de dinheiro público no Brasil.
Paulo Maluf é réu em três ações penais (477, 863 e 968) por crimes contra o sistema financeiro nacional e eleitorais. Na lista vermelha dos procurados pela Interpol, o ex-prefeito de São Paulo corre o risco de ser preso se deixar o país. Mesmo assim, foi indicado pelo partido para integrar a comissão especial do impeachment.
Dos nove nomes indicados pela bancada na comissão, entre titulares e suplentes, quatro são investigados no Supremo Tribunal Federal (STF) na Operação Lava Jato. Aguinaldo Ribeiro (PB), Roberto Brito (BA) e Jerônimo Goergen (RS) foram indicados como titulares. Luiz Carlos Heinze (RS), que também responde a inquérito da Lava Jato, foi relacionado para a suplência da comissão.

Bancada evangélica

A Frente Parlamentar Evangélica do Congresso Nacional também resolveu declarar apoio ao impeachment da presidente Dilma Rousseff.
O anúncio foi feito pelo presidente da frente, deputado João Campos (PRB-GO), que estima que a quase totalidade dos 92 integrantes da bancada votará pelo afastamento da presidente.
Segundo ele, a decisão foi tomada em reunião nessa quarta-feira (6) com a participação, presencial ou virtual, de 70 parlamentares.
Em nota, a frente parlamentar afirma que o impeachment é necessário diante da “grave crise econômica, moral, ética e política que atravessa o país” e dos “recentes escândalos de corrupção praticados pelo governo e crimes de responsabilidade praticados por Dilma que constituem uma afronta ao povo e ao estado democrático de direito”.
Levantamento recente revelou que os membros da bancada evangélica são, proporcionalmente, os mais ausentes e processados no Congresso Nacional.
informações de Congresso em Foco
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quarta-feira, 6 de abril de 2016

Janaina Paschoal é advogada do procurador que torturava a esposa

Do Pragmatismo Político

Janaina Paschoal não apenas advoga para Douglas Kirchner, o ex-procurador que torturou a esposa repetidas vezes. A advogada também defendeu Mayara Petruso, a estudante de direito que disse, após o resultado das eleições de 2010, que “nordestino não é gente e tem que morrer afogado”

Janaina Paschoal Douglas Kirchner
Janaina Paschoal, autora do impeachment, é advogada de Douglas Kirchner, o procurador que torturava a esposa e a mantinha em cárcere privado
Janaina Paschoal se tornou o assunto mais comentado do Brasil nesta terça-feira (5). A autora do processo de impeachment contra Dilma Rousseff foi registrada em vídeo protagonizando um discurso inacreditável. Juristas consideraram que a fala da advogada, que deveria se comportar como uma técnica, não se diferencia em nada das pregações acaloradas de pastores neopentecostais.
Curiosamente, Janaina é advogada do procurador Douglas Kirchner, demitido do Ministério Público por torturar e manter a sua esposa em cárcere privado com a ajuda de uma pastora evangélica. Douglas foi demitido pelo CNMP por 12 votos a 2.
Ao apresentar a defesa do procurador, Janaina afirmou que o réu era inocente porque se tratava de um “típico caso de liberdade religiosa”.
Depois, a certa altura da sessão, Janaína mudou a estratégia e alegou que Douglas tinha “a mente propícia para ser cooptada”, ou seja, teria maltratado a mulher sob influência da igreja.
A presidente do Conselho do Ministério Público e relatora Ela Wiecko Volkmer de Castilho rebateu e citou o laudo pericial demonstrando que Tamires, esposa de Douglas, foi espancada com instrumento contundente. Segundo ela, Tamires foi submetida a violência “psíquica, moral e simbólica”.
Ela Wiecko lembrou que Douglas “admite que assistiu a surra com cipó e não teve forças para reagir. Nesse dia, não era procurador ainda, mas tornou-se depois e mesmo sendo procurador continuou morando na igreja, casado com Tamires e a situação permaneceu a mesma até a fuga dela em julho”.
A relatora argumentou que as provas de que Douglas praticou violência contra a mulher e fanatismo religioso eram mais que suficientes para um juízo do Conselho Superior do MPF de que Douglas “não possui idoneidade moral para exercer o cargo de procurador da República”.
Laudos comprovaram que Tamires foi violentamente espancada mais de uma vez.

Mayara Petruso

Janaina Paschoal também foi advogada da jovem Mayara Petruso, a estudante de direito que ficou famosa, em 2010, por expressar seu ódio contra nordestinos nas redes sociais após a vitória de Dilma Rousseff nas eleições presidenciais. “Nordestino (sic) não é gente. Faça um favor a SP: mate um nordestino afogado!”, publicou Mayara.
Janaina Paschoal, a advogada do impeachment, não conseguiu inocentar Mayara. A jovem foi condenada pela Justiça Federal de São Paulo pelo crime de discriminação e recebeu uma punição de 1 ano, 5 meses e 15 dias de prisão, mas a pena foi convertida em prestação de serviço comunitário e pagamento de multa.
Mayara trabalhava em um escritório de advocacia, mas perdeu o emprego depois do caso. Ela também teve que mudar de cidade e de faculdade por conta da repercussão de suas mensagens.

A culpa é de quem?

Numa recente entrevista à BBC Brasil, Janaina Paschoal declarou que “seu compromisso é com Deus”.
Na Folha, a advogada se declarou preocupada com as “forças ocultas e bolivarianas” que manipulam nossos jovens, e disse que Lula é o principal culpado pelas mazelas que assolam o país: “ele [o ex-presidente] separa o Brasil em Norte e Sul. É ele quem faz questão de cindir o povo brasileiro em pobres e ricos”.
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VATICANO ALIA-SE AO PLANALTO Papa Francisco sai em defesa da presidenta Dilma

Rousseff na semana em que os golpistas, ancorado em parecer do TCU sobre pedaladas, cheio de motivações políticas, arregimentam todas as suas energias para tentar levar adiante o golpe do impeachment, cujas consequências podem levar ao impasse político em meio à crise econômica, intensificando luta de classes no Brasil.
ASSUNTO GANHA INTENSIDADE E EXCITAÇÃO EM REUNIÃO NA CNBB NA SEMANA PASSADA Dom Leonardo, depois de conversar com o Papa, cuja mão beija, declarou que o impeachment que a oposição brasileira tenta emplacar para derrubar a presidenta Dilma Rousseff não é solução. Deixa furos para todos os lados. Os especialistas, na avaliação dele, ainda, não encontraram motivos suficientes, concretos, convincentes, para formar opinião abalizada. Falta diálogo entre as forças políticas no Brasil. Ou seja, a Igreja Católica alerta para o perigo que a democracia brasileira corre se for concretizado o golpismo lacerdista antinacionalista em marcha pelos antidemocratas que não engoliram ainda a derrota eleitoral de 2014.

abril 6, 2016 12:49 pm Comentários desativados em VATICANO ALIA-SE AO PLANALTO Papa Francisco sai em defesa da presidenta Dilma Rousseff na semana em que os golpistas, ancorado em parecer do TCU sobre pedaladas, cheio de motivações políticas, arregimentam todas as suas energias para tentar levar adiante o golpe do impeachment, cujas consequências podem levar ao impasse político em meio à crise econômica, intensificando luta de classes no Brasil. A+ / A-
Rio de Janeiro - RJ, 22/07/2013. Presidenta Dilma Rousseff durante chegada de Sua Santidade o Papa Francisco na Base Aérea do Galeão. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
Rio de Janeiro – RJ, 22/07/2013. Presidenta Dilma Rousseff durante chegada de Sua Santidade o Papa Francisco na Base Aérea do Galeão. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
Diplomacia do Vaticano entra
em cena para evitar impeachment
dilmista que tumultuaria
o processo democrático nacional
O Papa Francisco pode estar por trás da declaração do Secretário Geral da CNBB, D. Leonardo Ulrich Steiner, ao Valor Econômico, sexta feira, 02.10, de que não representa solução o processo de impeachment que a oposição[ golpista lacerdista antinacionalista] tenta conduzir contra a presidenta Dilma Rousseff.
Estaria, sobretudo, faltando comprovações abalizadas sobre o assunto entre os maiores especialistas com os quais a Igreja tem dialogado, buscando o entendimento amplo.
Igualmente, falta diálogo entre as forças políticas brasileiras, no cipoal partidário produzido pelo modelo político, tocado por financiamento privado de campanha eleitoral, que determina o poder econômico no comando do Congresso, na avaliação do Secretário Geral.
Choca essa carência de entendimento, especialmente, no momento em que o Vaticano trabalha pela aproximação dialógica Cuba-Estados Unidos, ganhando sonoridade global o gesto papal em favor da conciliação entre os dois países.
francisco-e-dom-leonardo
D. Leonardo se pronunciou sobre assunto tão candente depois de encontrar com o Sumo Pontífice em Roma na semana anterior à viagem deste a Cuba e aos Estados Unidos, segundo apuramos.
Não soa estranha, portanto, a observação do Bispo D. Leonardo quanto à carência de diálogo entre as forças políticas no Brasil, sabendo que o que mais busca o titular do Vaticano é justamente a aproximação Cuba-Estados Unidos para acelerar entendimentos positivos na superação dos impasses.
Há, pelo menos, um ano antes da troca de embaixadas entre os dois países, o Papa intermediou aproximação Washington-Havana.
Nesse sentido, estariam ou não as palavras do Secretário Geral sintonizadas com conversas que manteve com Francisco antes da entrevista ao jornal de economia mais influente do País, que, aliás, sequer deu chamada de primeira página para tão importante assunto?
Teria o Secretario Geral se disposto a falar sobre tema tão espinhoso, sem antes acordar-se com seu chefe maior, no Vaticano?
Ou teria ido a Roma, especificamente, para tratar do mesmo, dada sua importância máxima para a vida do País de maioria católica mais expressiva do mundo?
O Papa, por sua vez, teria ou não concordado com o Secretário Geral relativamente às declarações dele?
Evidentemente, se o Papa ponderasse que não seria conveniente tocar em tal assunto nesse momento, o Secretário Geral teria, ainda assim, contrariado recomendação papal?
Ou ambos, depois de dialogar sobre a situação brasileira, resolveram por bem ser conveniente à Igreja expressar-se dentro das suas possibilidades de influir nos acontecimentos, numa linha de pacifismo político diplomático?
Nesses termos, as declarações de D. Leonardo representariam ou não, tacitamente, concordância papal sobre necessidade de a Igreja posicionar contrariamente ao processo de impeachment, cujas consequências políticas são incógnitas totais, quanto ao desenrolar político de tal fato realmente impactante para a vida nacional, para o bem e para o mal?
Teria ou não Francisco, como primeiro papa sul-americano, argentino e peronista, interesse em influir nos acontecimentos políticos, no Brasil, no sentido de promover o bem, segundo o entendimento do Vaticano, na medida em que não vê como solução o processo de impeachment, conforme declarou o Secretário Geral?
O Secretário Geral da CNBB diria algo dessa natureza sem estar inteiramente sintonizado com a diplomacia do Vaticano?
Ora, se a Santa Sé, politicamente, luta para aproximar Cuba dos Estados Unidos e vice-versa, empenhando-se pela remoção do bloqueio comercial imposto por Washginton a Havana há mais de cinquenta anos, por que não faria o mesmo para evitar rachas políticos no Brasil que, fatalmente, emergiriam de eventual e previsível tumultuado processo de impeachment?
Seria ou não, enfim, calculada a declaração de D. Leonardo, combinada com o Papa, para dar recado aos brasileiros de que o Vaticano considera perigoso politicamente o golpismo lacerdista antinacionalista que a oposição brasileira tenta contra a democracia brasileira por ainda resistir à derrota eleitoral de 2014?
Em suas declarações ao Valor Econômico, D. Leonardo, diplomaticamente, critica o modelo político que estimula procriação partidária sem limites e vê nele raíz dos desentendimentos partidários e fonte de conflitos que dificultam o diálogo nacional.
Não é à toa que a CNBB se aliou às correntes nacionalistas defensoras do fim do financiamento de empresas privadas às campanhas eleitorais, por entender estar aí a fonte da corrupção e represenar primeiro passo para efetiva reforma política capaz de democratizar poder político no Brasil.
A CNBB não discorda da necessidade do ajuste fiscal, mas lembra que o processo político em marcha, de viés nacionalista, nos últimos anos, contribuiu para minorar as desigualdades sociais, de modo que essa caminhada precisa seguir adiante, em meio às dificuldades econômicas.
Ou seja, o ajuste fiscal não pode, na avaliação do Secretário Geral da CNBB, afetar o social, sob pena de conflitos de classe se intensificarem, no ambiente de paixões que eventual julgamento de impeachment despertaria, levantando ódios e violências.
A CNBB vê aumento de imposto como mais sacrifício aos pobres, de modo que se for necessário aumento de carga tributária, que esta ocorra para não sacrificar mais os mais necessitados, indo em cima dos que podem pagar por que ganham mais.
Estaria a Igreja a favor ou na da CPMF que tem esse espírito essencial como proposta, de cobrar mais de quem ganha mais?
A Operação Lavajato, para D. Leonardo, é a comprovação da influência do poder econômico sobre o processo político, razão pela qual a Igreja aplaude decisão do Supremo Tribunal Federal que votou pela inconstitucionalidade do financiamento privado de campanha eleitoral.
A CNBB, portanto, está inteiramente mergulhada nos assuntos políticos brasileiros no contexto explosivo do processo de impeachment e toma partido consequente aos interesses da Igreja, na linha de Francisco.
Independência Americana

Fonte:http://www.ceilandiaemalerta.com.br/vaticano-alia-se-ao-planalto-papa-francisco-sai-em-defesa-da-presidenta-dilma-rousseff-na-semana-em-que-os-golpistas-ancorado-em-parecer-do-tcu-sobre-pedaladas-cheio-de-motivacoes-politicas-arregim/

Pesquisador fala sobre ódio de ricos por mais pobres no Brasil

DO PORTAL VERMELHO

Em entrevista à jornalista do Correio do Brasil e doutora em Economia que atua na França, Marilza de Melo*, o professor de Ciência Política na Universidade Federal do Paraná (UFPR) e pesquisador do CNPq, Adriano Codato** falou sobre o ódio aos mais pobres que vem sendo cada vez mais demonstrado no Brasil Para ele, esse ódio alimenta a direita. 


Adriano Codato, professor de Ciência Política da UFPR e coordenador do Observatório de Elites.Adriano Codato, professor de Ciência Política da UFPR e coordenador do Observatório de Elites.
Na entrevista, o professor que coordena o Observatório de Elites Politicas Sociais do Brasil, falou do momento grave em que vive o Brasil.

Leia, abaixo, a íntegra da entrevista de Adriano Codato:

Correio do Brasil: Daria para você explicar o que representa hoje a direita no Brasil? Qual é o seu perfil?
Adriano Codato: A direita no Brasil está em franca expansão. Essa expansão se dá em três esferas relacionadas entre si e, principalmente, que se reforçam mutuamente. A esfera social, a política e a ideológica. Há um movimento social de direita no Brasil, conservador, autoritário e violento, liderado pelas altas camadas médias das grandes cidades, que protesta contra as políticas do Partido dos Trabalhadores (PT) e contra o seu problema mais visível: a corrupção governamental.

Há, na esfera política, como na Europa, uma ascensão eleitoral dos partidos de direita. Mas não dos partidos da velha direita que apoiaram os governos militares do último ciclo ditatorial (1960-1980). Esses velhos partidos, hoje com outras siglas (DEM, PP), têm perdido força e votos para micropartidos oportunistas e para um novo partido de direita (PSD) que sobrevive, paradoxalmente, graças à sua associação com o governo do PT. Em troca de um apoio parlamentar, cada vez mais formal, o PSD ganhou dois ministérios com recursos orçamentários importantes. Apesar de suas diferenças, tanto os velhos partidos da direita brasileira, como os novos, têm sustentado uma agenda profundamente conservadora em termos de costumes e direitos.

Liderada pela figura do pastor-evangélico-deputado, essa direita vem tentando revogar no Brasil todos os direitos conquistados por uma parte da civilização ocidental no século XX: os direitos das minorias de gênero, os direitos humanos, os direitos trabalhistas, o direito penal, a liberdade de escolha, etc. O preocupante, para as forças progressistas, não digo nem as de esquerda, é que essa agenda política tem sido cada vez mais assumida por quase todos os partidos do Congresso Nacional, até porque é preciso lutar em várias frentes e de várias maneiras para impor esse código reacionário. O grande partido, o PMDB, que é um conjunto de todas as tendências politicas, que vai do centro até a direita mais conservadora, lidera a Câmara dos Deputados com um presidente (Cunha) que é a encarnação perfeita desse movimento.

A última variante da direita brasileira é a ideológica. Sua ideologia econômica é neoliberal e ela está presente na cena política brasileira desde os anos 1990. Em termos partidários, o PSDB é quem sustenta essas posições no “debate público”. Debate público merece as aspas porque não há, no Brasil,um debatede posições alternativas sobre o receituário econômico e nem espaço público para isso. Os grandes oligopólios privados de comunicação (Folha, Estadão, Globo, UOL, etc.) se encarregam de elaborar e difundir esse discurso hegemônico em defesa da economia mainstream nos jornais, no rádio, nas TVs, na Internet.

O que incomoda a estes setores/organizações de direita ou o que lhes motiva em ocupar os espaços nas ruas, nas redes sociais que anteriormente eram ocupados por organizações sociais, por uma militância e pessoas de sensibilidade de esquerda?
Há duas fontes de descontentamento. Uma é mais explícita e consciente, outra implícita e talvez, frise-se o talvez, inconsciente. O motivo principal é a corrupção dos governantes e dos políticos do PT. Digo “do PT” porque embora o PT esteja implicado em tudo, tenha sido fiador e beneficiário desses esquemas de financiamento político, essa indignação é bastante seletiva. Nem os movimentos sociais de direita que marcharam contra o governo federal já três vezes esse ano (em março, abril e agosto), nem a grande imprensa brasileira ou o Judiciário se interessam muito em enfatizar que outros partidos políticos estão implicados nos mesmíssimos esquemas de corrupção política coordenados pelo PT(com destaque para o direitista PPe o heteróclito PMDB). Denúncias sobre o partido rival, o PSDB, têm sido minimizadas, ignoradas ou deliberadamente escondidas das manchetes.

Agora, note-se: a corrupção, contudo, é o grande tema de preocupação das classes médias brasileiras (profissionais liberais, pequenos e médios empresários, altos funcionários públicos, etc.), a base social desses novos movimentos de direita, desde sempre. Tanto é que essa mesma camada social já foi, durante os anos 1980-1990, o território de caça eleitoral privilegiado pelo PT – isso quando o Partido dos Trabalhadores fazia da bandeirada “moralização da política” sua principal arma de crítica aos adversários.

O outro motivo, menos aparente e menos consciente que pode conduzir uma parte das pessoas às ruas, decorre do fato de essa classe média tradicional ter de conviver com dois direitos básicos da cidadania moderna – o direito de votar e o direito de consumir – garantidos agora às baixas camadas médias, aos trabalhadores manuais e aos indivíduos que viviam até então à margem do capitalismo brasileiro. E isso parece ser insuportável. Todavia, isso precisa ser bem pesquisado.

Qual a agenda política dos grupos organizados dessa nova direita? O que leva uma parte dos jovens aderirem a esta direita reacionária, muito próxima do fascismo?
Há em alguns slogans públicos desses grupos, mas também nos comentários privados, principalmente nos comentários privados, o que eu chamaria de um “racismo de classe”. Esta é a minha hipótese. O racismo de classe funciona conforme a mecânica perversa de todo o preconceito. Enquanto no racismo tradicional o sentimento de superioridade é dirigido a uma etnia (“raça”) considerada inferior, seja por razões biológicas, seja por razões históricas, o racismo de classe se dirige a um grupo por suas características socioeconômicas e constrói, sobre ele, toda sorte de preconceitos.

Os “pobres” (isto é, aqueles que ascenderam socialmente ao nível de consumidores) são, em primeiro lugar, ignorantes porque desconhecem as informações que só aquela classe média tradicional alega possuir sobre quem são os bons e os maus políticos. Os pobres são vistos, em segundo lugar, como irracionais, porque as razões que dirigem seu voto são ilegítimas para as prioridades estabelecidas por essa classe média autoritária. E são incompetentes, porque, afinal, são pobres.

É nesse contexto que a ojeriza da direita ao Bolsa Família (seu “assistencialismo”), o ódio às Cotas Raciais (para essa direita brasileira, a sabotagem da “meritocracia”), o espanto diante da abertura dos bens de consumo privativos das classes médias aos remediados (o “capitalismo”, enfim…) poderia ser interpretado. Assim, não é uma agenda conservadoraa da direita nacional, mas reacionária (uma reação contra a transformação da sociedade brasileira) e fundamentalmente retrógrada (a favor de, se possível, restabelecer a ordem pré-PT).

As agressões recentes sofridas pela família de Walquíria Leão Rego, professora de teoria política da Unicamp que ousou publicar um estudo sobre o Bolsa Família, são um exemplo muito instrutivo de onde o racismo de classe, que se mistura de maneira complexa com a crítica à corrupção “do PT”, pode chegar.

O PT e a esquerda como reagem a esta reorganização da direita e ao ódio propagado?
O PT, até onde pode acompanhar quem não vive a vida interna do partido, mas vê de fora, parece pasmado com todas as acusações, denúncias e condenações e procura sobreviver de alguma maneira, até mesmo se afastando do governo Dilma Rousseff (um governo de coalizão em princípio liderado pelo próprio PT). A prisão dos dirigentes do Partido dos Trabalhadores, a condenação de seu ex-presidente (Genoíno), do seu principal operador político (Dirceu), dos seus dois tesoureiros (Vaccari, Delúbio), etc. surpreendeu e indignou parte dos militantes e, principalmente, a grande maioria dos simpatizantes em 2014 e agora em 2015. Mal comparando, acredito que poderíamos usar aqui uma analogia baseada no Modelo de Kübler-Ross das cinco etapas do luto. Primeiro, a “negação”, quando se imaginou que toda e qualquer acusação contra o partido fosse uma invenção dos inimigos; depois a“raiva”, dirigida à imprensa, ao sistema judiciário, à polícia federal; em seguida a “negociação com a realidade”, afinal todos os partidos políticos no Brasil se financiam através de esquemas legais e ilegais; seguida da “depressão”, ou seja, aquele sentimento típico de impotência diante da situação criada pelos próprios dirigentes do partido. Não sei, entretanto, se já chegamos à fase da “aceitação”, isto é, muitos erros e erros muito graves foram cometidos e é necessário fazer a crítica disso. A catástrofe política e econômica do segundo governo de Dilma Rousseff talvez apresse isso.

O PT enquanto partido ainda tem militantes ou se tornou um partido de filiados sem militantes? Os números de filiados do PT não cessou de aumentar. Saltou de 1.054.671 para 1.587.882 em todo o país, o equivalente a uma variação positiva de 50,3% entre 2005 e 2015. Como explicar?
Lula da Silva ainda é eleitoralmente muito forte. A memória do seu governo nas classes populares parece que continua presente (mas não sabemos por quanto tempo). Isto faz com que ele hoje, longe ainda das eleições presidenciais de 2018, já parta de 30% das intenções de voto. Sabemos que brasileiros não se identificam subjetivamente ou ideologicamente com partidos políticos. Pesquisas de opinião, agora em 2015, mostraram que 66% da população não têm simpatia por nenhuma sigla, percentual mais alto desde 1988, conforme o IBOPE. A mesma sondagem mostrou que, daqueles que têm alguma identidade partidária, 14% são simpáticos ao PT e 6% ao PSDB. Todavia, em abril de 2013, antes das jornadas de junho, nada menos que 36% preferiam o PT. Lula é eleitoralmente bem maior que o Partido que, por sua vez, precisará se reconstruir. E há condições para isso. Estudo do cientista político Osvaldo Amaral mostrou que o PT, mesmo com a inevitável parlamentarização do partido, continua permeável à participação de setores da sociedade civil e aumentou significativamente o número de filiados. Em 2010, último ano em que Lula governou o Brasil, 10 em cada 1.000 eleitores estava filiado ao PT. O aumento do número de filiados do Partido dos Trabalhadores é resultado de duas coisas: primeiro, é o partido que controla o Executivo federal e que pode distribuir mais prebendas políticas; depois porque o PT não é mais um partido de um nicho ideológico (como nos anos 1980), mas um partido que investiu na filiação em massa como forma de ampliar sua presença no território.

Possivelmente, um dado ainda mais impressionante que número de filiados é o número de escritórios políticos (“diretórios”) que o PT consegue manter. Há, segundo estudo de Bruno Bolognesi, da UFPR, representações do PT em 97% dos 5,5 mil municípios brasileiros.
Todavia, a face pública do partido, seus representantes no governo e no parlamento, está profundamente desgastada em função dos escândalos de corrupção e, ao que tudo indica, o PT sofrerá a sua maior derrota eleitoral nas eleições municipais em 2016.

Nota da correspondente: Esta entrevista foi realizada em Paris para o jornal Mediapart e sofreu pequenas modificações feitas pelo entrevistado para os leitores no Brasil.


*Marilza de Melo Foucher é doutora em Economia, analista politica, jornalista e correspondente do Correio do Brasil, na França.
*Adriano Codato atualmente mora na França, é professor de Ciência Política da UFPR e pesquisador-associado no Centre européen de sociologie et de science politique de la Sorbonne (CESSP-Paris) e coordena o

Página criminosa no Facebook convoca à violência contra PT e PCdoB

Do Portal Vermelho

Injetando mais ódio no cenário de intolerância que se amplia no país, a página do Facebook Fora Dilma Vitória se dedica a incitar o ódio e convocar seus leitores a atitudes criminosas. Em um dos posts, a página fornece o endereço das sedes dos partidos de esquerda, em Vitória, e complementa: "Tudo que representa o PT e o PCdoB precisa ser devidamente destruído, até que vire somente lembranças".


  
Em um momento em que prédios de partidos e entidades são atacados, a postagem é um claro incentivo ao crime. As frases também vêm acompanhadas de hashtags que propõem a desobediência civil e o desrespeito às regras.

Outras publicações vão na mesma direção. No dia 15 de março, a página propôs “destruir todos os ninhos, todos os ovos, todos os embriões, em todo lugar, seja onde for, em qualquer lugar, todos os núcleos peçonhentos do PT/PCdoB e seus alugados tem que ser destruídos”.



Em uma postagem do ano passado, a página vai além do absurdo, mostrando a foto de uma arma, na qual se lê: “Contra foice, martelo, faca, enxada e facão, por gentileza, utilize o canhão”. Ao lado, há mais um texto, dentre muitos, com apologia ao porte de armas. Este especificamente termina afirmando que “o povo não escolheu ser desarmado e não concordou com o desarmamento, então, seguinte.. defenda seu quintal como quiser e puder”.

Mais absurdo é que nos posts que pregam que a população ande armada, as hashtags utilizadas são #‎ForaForoDeSãoPaulo‬ ‪#‎ForaDilma‬ ‪#‎ForaPT‬, numa demonstração de que, mais que incentivar a violência, a página busca incentivá-la contra partidos e governo.

Em uma rápida pesquisa no Google é possível saber que o Fora Dilma Vitória se intitula um movimento, que inclusive encabeça mobilizações contra o governo na cidade, ao lado de grupos como “Vem Pra Rua” e “Movimento Brasil Livre”. A página no Facebook, criminosa, ajuda a revelar o caráter do movimento golpista e que tipo de pessoas ele consegue reunir.


 Do Portal Vermelho

Discurso de Janaína, a possuída: A face do transtorno e ódio golpista

Do Portal Vermelho

O dicurso da professora de “Direito” da USP Janaína Paschoal, uma das autoras do pedido de impeachment da presidenta Dilma Roussef, durante evento pró-golpe no Largo São Francisco, em São Paulo, é mais uma evidente demonstração do estado mental de descontrole e ódio em que se encontra boa parte dos defensores dessa tese no Brasil.

Por Dayane Santos


  
Andando de um lado para outro, gesticulando sem parar e assustando até quem estava ao seu lado, Janaína parecia estar fora de si ao falar sobre o processo de afastamento de Dilma Rousseff e sobre o ex-presidente Lula.

“Não vamos deixar a cobra dominar as mentes dos nossos jovens; queremos libertar nosso país do cativeiro de almas e mentes; não vamos abaixar a cabeça para essa gente que se acostumou com discurso único; acabou a república da cobra”, disse ela aos berros.

Janaína fez referência à fala do ex-presidente Lula que, ao comentar os abusos cometidos contra ele na Lava Jato, de Sérgio Moro, disse que “bateram na cobra, mas não atingiram a cabeça”.

Quem estava lá ou assistiu o vídeo que viralizou nas redes sociais percebe que ela está transtornada. Até mesmo os professores e alunos que estavam ao seu lado se entreolhavam desconfiados e com medo de tomar um sopapo da “professora” que parecia estar numa sessão de exorcismo.

Se a sua tese de impeachment era desqualificada, sem fundamento jurídico, o seu discurso, por si só, já a desqualifica. O “Brasil” de Janaína e sua turma é o da histeria coletiva, da intolerância e do ódio. Nenhum desses elementos pode resultar em democracia e liberdade, como apregoa.


 

Do Portal Vermelho