sexta-feira, 6 de maio de 2016

Golpe abre nova fase da luta política no Brasil


José Reinaldo Carvalho *

Segue em marcha batida o golpe de Estado legislativo-judicial-midiático no Brasil. Em 17 de abril, sob condução autoritária e farsesca, a Câmara dos Deputados aprovou a admissibilidade do processo de impeachment contra a presidenta da República. Nos próximos dias, o Senado acolherá a decisão e, por maioria simples, autorizará a abertura do processo, tendo como resultado imediato o afastamento por até 180 dias da presidenta Dilma do posto para que foi eleita com 54 milhões de votos.


A decisão final, previsível, será tomada no Senado, convertido em Tribunal, sob a presidência do STF, dentro de alguns meses. O roteiro traçado e executado nas duas casas congressuais mostrou até agora a existência de um jogo de cartas marcadas e o exercício de um implacável poder da maioria constituída por partidos reacionários. Ali não valem a lógica, a racionalidade nem a verdade dos fatos.

É uma abominável contrafação de julgamento, protagonizada por políticos repugnantes. Um ritual usado para dar ares de constitucionalidade a algo que já está decidido. Um julgamento feito como expressão de um golpe, que não toma em consideração critérios jurídicos consistentes.

Nos últimos dias, mais um lance foi jogado na inominável trama golpista, visando ao futuro de médio prazo: o pedido da Procuradoria Geral da República para o STF investigar a presidenta Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por “obstrução da operação Lava Jato”. Investido de poderes de Torquemada, o procurador geral denuncia Lula como “chefe de organização criminosa” na operação do chamado “petrolão”.

O golpe em marcha não é circunstancial, fruto de algum fato fortuito, ou da exploração de debilidades e eventuais erros táticos do governo e dos partidos progressistas. Pensar assim seria o mesmo que atribuir a primeira derrota eleitoral de Lula, no longínquo 1989, à edição de TV do malsinado debate com o candidato que se tornaria vitorioso, Fernando Collor. Ou considerar que a inauguração do ciclo neoliberal-conservador a partir da eleição de Fernando Henrique Cardoso em 1994 teria sido fruto da judiciosa e hábil exploração publicitária do “vitorioso lançamento” do Plano Real. Seria também uma ingenuidade supor que o processo de impeachment foi motivado por uma reação pessoal do presidente da Câmara ao voto de deputados petistas na Comissão de Ética a favor da sua cassação.

Os acontecimentos casuais têm seu peso, mas não podem ser compreendidos senão no marco do contexto geral e objetivo, do desenvolvimento e desenlace das contradições políticas e sociais.

As classes dominantes brasileiras são infensas à democracia, ao progresso social, à divisão da propriedade, da renda, à justiça, à ascensão social dos trabalhadores e massas populares. Não aceitam reformas ou mudanças políticas e sociais que ponham em cheque os seus privilégios.

O mesmo se pode afirmar quanto ao posicionamento geopolítico da burguesia brasileira, que alterna a subordinação neocolonialista às potências imperialistas com um complexo de grande potência associada a esses mesmos potentados internacionais, ambas atitudes contrárias a um alinhamento progressista no concerto internacional e ao desempenho de um papel proativo em favor da paz, da democratização das relações internacionais e da integração soberana da América Latina. É fenômeno patente e consolidado que a classe dominante brasileira é também antipatriótica, reserva estratégica dos planos de hegemonia mundial das potências imperialistas. Seus próprios interesses não são os nacionais e se acomodam maleavelmente às estratégias imperiais.

Sempre foi assim, desde que se constituiu como classe nos séculos 18 e 19, época do escravismo colonial, traço transmitido por herança aos latifundiários capitalistas e à burguesia monopolista-financeira atual. E assim será, até que ocorra uma revolução política e social no país, que construa um novo poder, sob a direção das classes trabalhadoras e suas representações políticas.

Enquanto supunham que a eleição de Lula em 2002 abria apenas um pequeno hiato no desenvolvimento político do país e constatavam com cínica satisfação os compromissos e a moderação em voga como um fenômeno político com que se podia conviver no curto prazo, essas classes mantiveram-se em seu posto de observação ou em uma discreta prontidão. A rigor, isto durou dois anos, porquanto o escândalo do “mensalão” (2005) e todos os seus desdobramentos jurídicos e políticos, constituíram o marco miliário do golpe que se consuma agora.

O golpe em marcha revela uma grande convergência de forças neoliberais e conservadoras. Partidos de variado espectro, exceto os de esquerda, em conluio com setores do Ministério Público, do Supremo Tribunal Federal e da Polícia Federal, ao consumar o golpe de Estado, infligem uma contundente derrota às forças progressistas e de esquerda que nos últimos 13 anos governaram o país sob a liderança do Partido dos Trabalhadores (PT).

Os neoliberais e conservadores formaram durante os últimos 13 anos uma espécie de condomínio oposicionista, que tomou sua forma mais acabada no segundo turno da última eleição presidencial e na atual ofensiva golpista, cuja gênese vinha de eleições e embates anteriores.

Nada mais elucidativo quanto à natureza da aliança golpista e da essência política e ideológica das forças que a integram do que a plena convergência programática. A “ponte para o futuro” de Michel Temer e a plataforma de “princípios e valores”, que lhe foi entregue na última terça-feira (3) pelo senador Aécio Neves, do PSDB, são faces da mesma moeda.

Em seus aspectos essenciais, há também convergência com as genéricas formulações do ex-prefeito serrista de São Paulo, Gilberto Kassab, um contumaz reacionário, que nunca se desprendeu dos dogmas conservadores do seu partido de origem, o velho PFL, atual DEM.

Entre forças que sempre atuaram na centro-esquerda, houve também quem elaborasse arremedos de programas democráticos, com acentuado caráter de oposição à esquerda e ao governo da presidenta Dilma, destacando-se entre estes o PSB, hoje sob o controle de um grupo que já não tem nada a ver, salvo honrosas exceções individuais, com o Partido de Jamil Haddad e Miguel Arraes.

Quando a isso se agregam as plataformas claramente neoliberais do PPS e do Solidariedade, observa-se que programaticamente todas as forças golpistas estão combinadas quanto à natureza antidemocrática, antipopular, antioperária e de traição nacional do eventual governo pós-golpe.
As contradições, que não são poucas, referem-se exclusivamente a interesses fisiológicos menores, visando a tirar vantagens imediatas e ao embate eleitoral de 2018.

Há um denominador comum: as forças golpistas empalmam uma agenda de contrarreforma política, pela qual promoverão a regressão antidemocrática do Estado brasileiro; a liquidação de conquistas sociais; a abertura total ao capital financeiro internacional; o retorno das privatizações; a submissão aos ditames do capital monopolista, com o qual assumiram o compromisso de promover a derrogação de leis que hoje asseguram os direitos sociais e trabalhistas; o retrocesso civilizacional, assumindo os ditames dos cânones de igrejas pentecostalistas retrógradas, promovendo ataques a conquistas no âmbito da convivência social, dos direitos civis e dos direitos humanos.

Faz todo o sentido que o golpe que promove a derrocada do governo da presidenta Dilma logre o consenso do conjunto da burguesia monopolista-financeira, da grande indústria e dos grandes comerciantes, dos latifundiários, dos meios de comunicação, da classe média-alta e de tudo o que tenha o fétido odor, a grotesca aparência e a cretina essência da burguesia brasileira. Chama a atenção que todas as organizações patronais, dentre as quais se destacou a famigerada Fiesp, do estridente e caricato direitista Paulo Skaf, tenham publicado declarações formais e solenes a favor do golpe.

O golpe em marcha demonstra a inteira falência do sistema político brasileiro, a derradeira ruptura com a ordem democrática constitucional instaurada pela Constituinte de 1987-1988.

Independentemente do desfecho do ritual do impeachment no Senado, a luta política ingressa em nova etapa e se eleva a nível mais alto. Sem prejuízo da luta eleitoral e da ação institucional nos parlamentos e nos governos municipais e estaduais, emerge para o lugar primordial a luta política de massas, a organização popular, o fortalecimento das organizações dos movimentos populares e sindicais.

E – questão prioritária – entra na ordem do dia a construção da unidade das esquerdas e das forças progressistas, de que é embrião a Frente Brasil Popular, numa perspectiva ampla de unir todas as forças suscetíveis de serem unidas na defesa da democracia, do progresso social e da soberania nacional, em torno de um programa de resistência e luta que aponte tarefas imediatas e de médio e longo prazos, cujo escopo seja a realização de reformas estruturais democráticas e progressistas.

O empenho das forças de esquerda na realização desta tarefa será tanto maior quanto seja profunda a sua compreensão sobre por que ruiu a base de sustentação do governo. Será necessário soerguer um novo pacto político, uma frente progressista, e acumular forças para assegurar a hegemonia do campo democrático-popular e anti-imperialista. Desde o ângulo de análise e dos interesses dessas forças, é necessário formular uma estratégia e uma tática que escapem a qualquer tipo de adaptação à ordem neoliberal e conservadora.

As mutações observadas no comportamento do PMDB e outras forças de centro, e sua deserção de um projeto democrático e patriótico, não foram abruptas. Ocorreram ao longo de um processo político em que foram deixando de ser partidos progressistas. No caso do PMDB, é algo que se configura desde o fracasso do governo Sarney e da candidatura presidencial de Ulysses Guimarães, em 1989. Os fatos recentes acabaram por demonstrar que esse partido, sob a direção de Michel Temer, não tinha credenciais para desempenhar o papel de principal fiador da coalizão governamental no parlamento, nem muito menos para ocupar o estratégico posto da vice-presidência da República.

Com clareza de objetivos, convicções programáticas, pensamento estratégico e sentido do momento histórico, a esquerda vê a crise atual e as novas condições desfavoráveis como uma etapa da luta. A nitidez com que se mostra a divisão entre os campos antagônicos da luta política, não anula, ao contrário reforça, a necessidade de combinar a firmeza e a combatividade com amplitude e flexibilidade táticas, sem ilusões nem confusão quanto ao caráter e aos objetivos estratégicos dos diversos sujeitos políticos.

A criminalização da esquerda, a ferocidade com que buscam ilegalizar o PT e excluir outros setores da vida institucional, tornar o ex-presidente Lula inelegível, e submetê-lo, assim como a presidenta Dilma, a penas judiciais, inclusive a privação da liberdade, sinalizam o nível do ataque às forças progressistas. O que nos dá também a indicação das dimensões dos novos desafios.

A luta contra o golpe despertou a imensa consciência democrática e a capacidade de luta de milhões de brasileiros que aspiram à democracia, à justiça social e à soberania nacional, aos direitos humanos, à boa governança, à vida culta e a elevados padrões civilizacionais. Já tinha ocorrido o mesmo nos embates decisivos do segundo turno da eleição presidencial de 2014.

É uma energia acumulada cujo desenvolvimento terá uma dinâmica própria até se transformar na força motriz da realização das transformações de fundo inadiáveis, de sentido revolucionário, que está a exigir a sociedade brasileira.
* * José Reinaldo Carvalho é jornalista, pós-graduado em Política e Relações Internacionais. É secretário de Política e Relações Internaconais do PCdoB

Eduardo Cunha: Otário metido a malandro

Do Portal Vermelho

Eron Bezerra *

O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu em 05.05.16, à unanimidade, acatar o pedido do Ministério Público Federal (STF), peticionado em dezembro de 2015, e suspender Eduardo Cunha (PMDB) do exercício do mandato e da presidência da Câmara dos Deputados.


É uma decisão que, embora tardia, revela dois fatos inquestionáveis:

1. Evidencia que Eduardo Cunha acatou o pedido de impeachment do PSDB contra a presidenta Dilma Rousseff (PT) movido única e exclusivamente pelo sentimento de vindita, sendo natural que todos os seus atos retaliatório sejam anulados;

2. Demonstra, ainda, que Eduardo Cunha é um otário metido a malandro, pois acreditou que ao se prestar a fazer parte do trabalho sujo para a direita (PSDB/FIESP) eles lhes assegurariam a mesma proteção que sempre tiveram contra os escândalos praticados;

Após a decisão do STF, Eduardo Cunha, já na condição de Deputado suspenso e de ex-presidente da Câmara dos Deputados, só encontrou solidariedade de seus “fiéis escudeiros”, figuras caricatas como Paulinho da Força (Solidariedade-SP), Jovair Arantes (PTB-GO), André Moura (PSC-SE), Aelton Freitas (PR-MG), Renata Abreu (PTN-SP) e, por obrigação de ofício, de Leonardo Picciani (PMDB-RJ).

A direita ideológica (PSDB/DEM/PPS), dentre outros, que até ontem lhe fazia salamaleques se apressou em divulgar nota de apoio à decisão do STF. Quanto cinismo! O aliado de ontem, o “herói” da cruzada contra a presidenta Dilma, foi deixado à própria sorte. Precisa urgentemente ser descartado para que eles possam levar adiante a 2ª parte do golpe: empossar um presidente sem voto (Michel Temer, PMDB), cujo eventual vice-presidente seria exatamente Eduardo Cunha. E aí já seria demais.

Na lógica da direita, quando Eduardo Cunha concluiu a principal parte do trabalho sujo, ele perdeu qualquer serventia e se tornou um estorvo, um incômodo. Afinal, os “emplumados” do PSDB/FIESP não podem ser vistos em público na companhia do maior criminoso solto do país. Eles saquearam o país e até hoje estão impunes. Eduardo Cunha acreditou que teria a mesma benevolência, como certamente lhe sugeriram. Ganhou um passe pra casa e talvez pra cadeia, fazendo com que ele passe para a história como o otário metido a malandro.

Eduardo Cunha imaginou que ao patrocinar a farsa do impeachment contra a presidenta Dilma, por encomenda da direita (PSDB/FIESP), o seu trabalho sujo lhe garantiria proteção dos aparelhos de estado controlados pela burguesia. Quanta ingenuidade. Sequer tirou lições da máxima carioca de que “malandro é malandro e mané é mané”.

Infelizmente é essa farsa grotesca que está se processando diante de nossos olhos. As pessoas de bem jamais devem ficar omissas, pois quando você se cala diante do arbítrio a próxima vítima será você. O movimento popular tem feito a sua parte e continuará fazendo. Agora é preciso adotar todas as medidas possíveis para impedir que esse golpe se consolide. Depois tirar lições para evitar que novamente entremos em xeque, ainda não em xeque-mate.

Golpistas em pânico: queda de Cunha pode anular impeachment



LUIS MACEDO:
Conforme o ministro Teori Zavascki ia explanando as razões pelas quais aceitou (com quase cinco meses de atraso) a moção do procurador-geral da República, feita em dezembro último, pelo afastamento do agora ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, muitos dos que assistiram àquela cena podem ter se surpreendido.
Enquanto os golpistas babam ódio contra Dilma Rousseff e Lula, acusando-os de tudo e mais um pouco, a Casa dos Representantes do Povo jazia paralisada pela ação de Cunha, eximindo-se de votar matérias de interesse da nação em benefício único e exclusivo do agora já defenestrado ex-presidente daquela Casa.
Nesse sentido de usar a Presidência da Câmara para se proteger, Cunha também tomou atitudes condizentes com a pecha de “gangster” que lhe é invariavelmente pespegada por tantos quantos têm vergonha na cara. A conduta dele mais concernente a esse conceito certamente foi a intimidação de parlamentares que ameaçavam fazer andar o processo de sua cassação.
Para terminar, Cunha ainda usou o cargo para impedir investigações contra as duas centenas de deputados que o apoiam, entre os quais o famigerado parlamentar que atende pela alcunha de “Paulinho da Farsa Sindical”.
A mídia se surpreendeu e se estarreceu com a decisão tempestiva do STF de pôr fim à farra de Cunha e seus 200 picaretas. Afinal de contas, Valdir Maranhão (PP-MA), o 1º vice-presidente da Câmara, quem irá assumir o lugar de Cunha enquanto a Câmara não lhe cassar o mandato, votou contra o impeachment de Dilma e certamente colocará fim à paralisia legislativa e aos golpes contra o governo Dilma.
Em caso de impeachment de Dilma, provavelmente Maranhão não dará guarida a Michel Temer, contra quem há pedidos de impeachment tramitando na Câmara.
Além de tudo isso, para desespero dos golpistas a lei favorece o questionamento de todos os atos de Eduardo Cunha durante o exercício da Presidência, entre os quais – e à frente de tudo – a decisão dele pela abertura do processo de impeahcment de Dilma Rousseff.
Para completar o quadro de intranquilidade pelos golpistas, a defenestração de Cunha pelo STF em peso cria uma situação nova para a Corte que lhe permite, em tese, analisar o mérito do impeachment para poder decidir se o ato do ex-presidente da Câmara de abrir o processo é ou não passível de anulação.
Enquanto escrevo este texto, assisto a Globo News. Surpreende – pero no mucho – o semblante de abatimento dos repórteres e apresentadores. Quem se lembra do abatimento deles a cada eleição que o PT vencia não se surpreende por apresentarem o mesmo sintoma em um momento em que o golpe ameaça subir no telhado.

A queda de Eduardo Cunha e o golpe contra a democracia


Do Portal Vermelho


A Procuradoria Geral da República (PGR) usou uma palavra forte no pedido feito ao Supremo Tribunal Federal que levou ao afastamento de Eduardo Cunha do mandato de deputado federal e da presidência da Câmara dos Deputados.

Delinquente, esta foi a palavra usada para definir o presidente da Câmara. Ela significa “criminoso” e foi acolhida na decisão do ministro Teori Zavascki na Ação Cautelar 4.070, que afastou Eduardo Cunha de suas funções, decisão confirmada na tarde de quinta-feira (5), pela unanimidade dos onze ministros do STF.

Cunha é o principal mentor do golpe contra Dilma Rousseff, movido por vingança, por não ter recebido apoio do governo para barrar o processo contra ele no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. E também réu em onze processos no STF, nos quais é acusado de corrupção e de uso de seu mandato em benefício pessoal ou de pessoas próximas a ele.

A decisão do STF, de suspender o mandato de Eduardo Cunha, foi apoiada por governistas e também pela oposição – até porque, de certa maneira, o afastamento de Eduardo Cunha ajudaria a “limpar” o golpe.

A oposição foi hipócrita ao comemorar a decisão do STF – foi aliada de Cunha em todas as medidas tomadas sob seu comando (as pautas “bomba”, por exemplo) que paralisaram o governo e aprofundaram a crise econômica; apoiou o acatamento, por ele, do pedido de impeachment, em dezembro passado, e é seu aliado até agora.

Cunha é um dos comandantes do golpe, aliado de primeira hora do impostor Michel Temer, lembra a deputada Jandira Feghalli (PCdoB-RJ). É junto com ele que Temer, monta o governo repudiado pelo povo, ilegal e ilegítimo, que poderá surgir do golpe, que não ficará “limpo” depois do seu afastamento.

Mas talvez a consequência maior pode ocorrer na luta contra o golpe midiático-judicial em curso. Pode reforçar a percepção de ilegalidade e ilegitimidade do impeachment, como logo notou o deputado federal comunista Chico Lopes (CE), para quem a queda de Cunha pode gerar uma reviravolta contra o golpe.

As irregularidades e ilegalidades da ação de Eduardo Cunha contaminam decisões tomadas na Câmara sob seu comando, sobretudo o acatamento do pedido de impeachment, e a vexatória sessão do dia 17 de abril, que aprovou a abertura do processo golpista. Esse homem, que tão descaradamente abusa do poder, foi quem encaminhou o impeachment!

Há fortes denúncias de coação e intimidação de deputados no Dia da Infâmia, e agora podem fundamentar o pedido de anulação daquela sessão, pensa o deputado Chico Lopes. A decisão do ministro Teori confirma, disse ele, “que uma votação de impeachment sem crime de responsabilidade não poderia ter sido colocada em pauta. Muito menos conduzida por Eduardo Cunha".

De modo semelhante pensa o Advogado Geral da União, José Eduardo Cardozo, que vai basear naquela decisão do STF o pedido para anular o impeachment de Dilma Rousseff. E vai recorrer ao STF alegando que “Eduardo Cunha agia em desvio de poder".

É certo que decisão de Teori Zavascki terá impacto na conjuntura e no processo golpista. São resultados que ainda não se podem prever. Podem reforçar o processo golpista ao retirar da linha sucessória este político réu de graves acusações. Pode reforçar, também, a resistência democrática ao permitir o questionamento da legalidade e da legitimidade de decisões tomadas sob o comando daquele que a PGR classificou como “delinquente”.

Uma consequência visível da decisão do ministro Teori Zavascki deve ser registrada, contudo – assim como Eduardo Cunha, aqueles que formam o comando golpista, e que são alvo de acusações judiciais poderão, a partir de agora, sofrer decisões semelhantes à tomada hoje no STF.

segunda-feira, 2 de maio de 2016

1º de maio é repleto de celebrações na Rússia

May day
Bandeiras, balões, música e dança permeiam as celebrações. 2014. Foto:EPA










1 de maio de 2016 VICTÓRIA SEMIÓCHINAGAZETA RUSSA
Fim de semana de nove dias que acompanha as festividades é para muitos uma versão completa de férias.

No início de maio, os russos comemoram dois feriados de uma só vez, herdados da União Soviética. O fim de semana de nove dias que acompanha as festividades é para muitos uma versão completa de férias, embora existam aqueles que prefiram ocupar-se com tarefas domésticas. Para os que ficam em Moscou, foi preparado um programa de entretenimento.
Mayday demonstration in Red Square, Moscow 1935. Foto:  Shagin/RIA NovostiDemonstração de maio na Praça Vermelha, em Moscou, em 1935. Foto: Shagin/RIA Nôvosti
Os feriados de maio há muito já se tornaram uma alternativa para férias: quase um quarto dos cidadãos tiram três dias entre os feriados, garantindo assim um descanso sem interrupções.
No entanto, nem todos anseiam pelo feriado prolongado: mais da metade dos russos preferem não gastar seus dias de férias durante as comemorações, diz estudo da empresa Superjob.
A May 1st demonstration on Red Square in Moscow. 1971. Foto:  O. Ivanov/RIA NovostiDemonstração do 1° de maio em 1971 na Praça Vermelha. Foto: O. Ivanov/RIA Nôvosti
“É necessário muito dinheiro para viajar nestes dias para algum lugar. Para simplesmente ficar em casa, os dias oficiais já bastam!”; “O meu trabalho é pago por tarefa executada, por isso não vale a pena descansar”, “Vou descansar mais tarde, agora prefiro me dedicar às tarefas domésticas”  foram alguns dos comentários das pessoas que participaram da pesquisa.
1st May demonstration on Red Square in Moscow, 1967. Foto: Anatoliy Garanin/RIA NovostiRegistro da data em 1967. Foto: Anatóli Garanin/RIA Nôvosti
Dos que ficam em casa, quase um terço (36%) pretende passar o fim de semana na cidade onde mora. Os entrevistados planejam fazer as tarefas domésticas, ficar com a família e com amigos.
Um número menor de russos (17%) em comparação com o ano passado (26%) planeja descansar: muitos se recusam a deixar a cidade por causa do tempo frio. Somente 8% dos russos pretende passar o feriado em contato com a natureza.
People celebrate with flags, balloons, music and dance on Red Square during a rally in Moscow, Russia, 01 May 2014. Labour Day, also known as International Workers' Day or May Day, is observed worldwide on 01 May. Foto: EPABandeiras, balões, música e dança permeiam as celebrações. 2014. Foto: EPA
Somente 7% dos entrevistados planeja viajar durante os feriados de maio –menos da metade pensa em fazê-lo pela Rússia.
A história do feriado de 1º de maio, o Dia da Solidariedade aos Trabalhadores, inicia-se em julho de 1889. Então, o Segundo Congresso Internacional tomou a decisão de que “todo o proletariado do mundo” celebrasse anualmente este dia santo em memória da luta heróica dos trabalhadores americanos em Chicago contra os capitalistas e os exploradores.
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Centrais: 1º de maio contra o golpe reflete sentimento do povo

Do Portal Vermelho

Na opinião de dirigentes das centrais de trabalhadores reunidos neste domingo (1º), no Anhangabaú(SP), os atos que se realizam pelo Brasil nesta data refletem a rejeição do brasileiro ao golpe contra a democracia, que está em curso no Congresso Nacional com o trâmite do impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff.Em São Paulo, o ato segue neste início de tarde com a presença de Dilma e aguardando a chegada do ex-presidente Lula  CUT, CTB e Intersindical organizam o ato.

Por Railídia Carvalho


Laís Gouveia
Multidão se reúne no Anhangabau (SP) em defesa da democraciaMultidão se reúne no Anhangabau (SP) em defesa da democracia
Edson Carneiro Índio, secretário geral da Intersindical declarou que o dia do trabalhador de 2016 entra para a história com "a marca da resistência". "É da resistência, é da luta pela democracia e de reafirmar que vamos fortalecer as nossas organizações e a nossa relação com a classe trabalhadora", definiu.
 
Para ele o momento é de "gravidade" já que neste 1º de maio "o país acaba de sofrer um golpe".Continuou Índio: "Um golpe dado pela mídia,pelo grande capital, pelos banqueiros e um golpe para avançar sobre os direitos dos trabalhadores", disse.
 
De outro lado, o dirigente da Intersindical vê como combustível indispensável para as iniciativas em defesa da democracia as mobilização da sociedade brasileira rejeitando o golpe. "Tenho clareza que a gente vive talvez nos últimos dois meses o maior processo de mobilizações de massa dos últimos 30 anos com uma pauta clara de esquerda. São centenas e milhares de pessoas nas ruas debatendo politica e poder", opinou.

Retirada de direitos

Adilson Araújo, presidente da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), disse que a classe trabalhadora tem a dimensão do risco que se esconde por trás do golpe contra democracia. "A direita não aceitou o resultado das eleições e colocou o Brasil em um clima de instabilidade", ressaltou. Na opinião dele, um eventual governo do vice-presidente Michel Temer é fazer com que o país retroceda nas conquistas socias e atente contra direitos trabalhistas históricos. 
 
"É também caminhar rumo aquilo que é mais nocivo, que é o que propõe o programa do PMDB. É voltar aos tempos das privatizações, submetido aos interesses do capital estrangeiro, do FMI e assim é advogar a tese que defenda o fim da CLT e de direitos elementares garantidos pela constituição de 88  cmo férias, 13º  e licença maternidade, entre outros", enumerou.
 
O dirigente destacou a ameaça à política de valorização do salário mínimo, uma das principais conquistas da classe trabalhadora nos governo de Lula e Dilma. " Foi um conjunto de conquistas substanciais que impactaranm mudança importante na vida das pessoas. ambiente que permitiu que até 2014 com que mais de 90% dos trabalhadores garantisse aumento real do salário. È emblemático que só depois de 50 anos tenha se concretizado uma política de valorização do salario minimo com impacto direito na economia", argumentou. Adilson. 
 
Salário valorizado e economia aquecida
Segundo o coordenador técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese), Clemente Ganz, a política de valorização do salário mínimo brasileiro foi o maior acordo salarial da história do Brasil e um dos maiores do mundo.
 
"Afetou a vida de milhoes de trabalhadores ao mesmo tempo. Trabalhadores que nunca tinham uma representação sindical, parte deles na informalidade, em micro e pequenas sem representação", lembrou Clemente. Além de proteger o trabalhador o acordo dinamizou a economia. 
 
"foi a base para uma dinâmica econômica de quase uma década de crescimento do mercado interno porque cresceu o emprego, porque cresceu o salário e aumentou o poder de consumo da população e a economia também cresceu", explicou o diretor do Dieese.
 
Para Clemente foi o caráter inovador da política brasileira de valorização do salário mínimo, fruto da mobilização do movimento sindical brasileiro, que fez essa iniciativa se tornar referência no mundo. 
 
"Principalmente depois de 2008, muitos países se inspiraram na política do salário mínimo do Brasil, entre eles a Alemanha, que nunca teve salario mínimo definido em lei e devido ao nível de precarização que passou a experimentar, sobretudo no caso dos imigrantes, implantou o salário mínimo, também baseado na experiência brasileira"
 
Governo ilegítmo será denunciado
 
O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT-Nacional), Vagner Freitas, disse que o movimento sindical está capacitado para dar a resposta e representar os trabalhadores. O dirigente lembrou que um possível governo Temer não "terá um dia de sossego". "Ele vai ter muito problema porque a juventude vai aonde ele estiver. Vamos denunciar nas fábricas, na roça, nas ruas, que Temer é um golpista. Vamos organizar prévias contra ele, nas oocupações, tanto no campo quanto na cidade. Não vamos permitir que ele coloque no Brasil a agenda do patrão", afirmou.
 


Do Portal Vermelho 

Trabalhadores vietnamitas celebram mais que seu dia

Do Portal Vermelho

Os trabalhadores vietnamitas celebram, neste domingo (1°/05), seu dia alentados pelo renovado compromisso do governo de que melhorar a vida da classe operária constitui uma tarefa de primeira prioridade para as autoridades do país.


  
Essa mensagem foi transmitida pelo primeiro ministro Nguyen Xuan Phuc ao reunir-se a véspera com três mil operários de parques industriais e zonas especiais realizado na cidade de Bem Hoa, na surenha província de Dong Nai.

Tratou-se de um encontro para escutar opiniões que contribuam a aperfeiçoar o gerenciamento socioeconômico e sobre os direitos e interesses dos trabalhadores, segundo se informou.

Mais que a efemeridade deste dia, em Vietnã se fala de um mês, dedicado a quem cria riquezas em fábricas e garantem os serviços em múltiplos setores. O ato inaugural efetuou-se na passada quarta-feira.

Nessa ocasião, o presidente da Confederação Geral do Trabalho, Bui Vão Cuong, chamou às empresas a criar emprego e elevar o nível de vida dos operários.

Pelo Mês dos Trabalhadores, oficialmente instituído em 2012, desenvolvem-se programas esportivos e culturais, bem como feiras gastronômicas, entre outras atividades.

Com o triunfo da Revolução de Agosto de 1945, o Primeiro de Maio converteu-se na maior festa dos trabalhadores vietnamitas e depois da reunificação nacional, em 30 de abril de 1975, a celebração fez-se mais em massa e entusiasta por essa nova razão.
 

Fonte: Prensa Latina