sábado, 17 de setembro de 2016

Wagner Moura diz que empresas estão boicotando seu filme sobre Marighella

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Do UOL, em São Paulo
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Astro internacional e protagonista da série "Narcos", Wagner Moura está tendo dificuldade no financiamento de sua estreia domo diretor, na cinebiografia de Carlos Marighella.
Segundo o ator, que não revelou nomes, empresas estão rejeitando apoiar um filme de um político e guerrilheiro de esquerda, que em 1969 foi morto pela ditadura militar.
Esse tipo de postura das companhias seria uma represália. Moura é um dos artistas brasileiros mais relevantes a se posicionar abertamente contra o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, ao contrário de vários diretores de marketing.
"Já recebemos e-mails de que não iriam apoiar um filme meu, ainda mais sobre alguém como o Mariguella, um 'terrorista'", disse Moura em entrevista ao blogueiro do UOL Leonardo Sakamoto.
Inspirado no livro de "Marighella - O guerrilheiro que incendiou o mundo", de Mario Magalhães, o filme será produzido em parceria com a O2 Filmes, do cineasta Fernando Meirelles.
"Esse projeto vem até antes de toda discussão do impeachment", diz o ator. "A vontade vem desde o quando Mario lançou o livro. Senti muito interesse pela figura do Marighella, baiano como eu. Um sujeito que escapa um pouco à figura do guerrilheiro clássico Che Guevara."
Na conversa, Wagner também falou sobre a não indicação de "Aquarius" para concorrer à vaga de melhor filme estrangeiro no Oscar, vista por muitos como uma retaliação oficial ao diretor Kleber Mendonça Filho e equipe, que se manifestaram publicamente contra o "golpe".
"Eu não iria tão longe. Mas isso é fruto do que a gente vive hoje. Não vejo má-fé", disse o Moura, que diz não reconhecer o governo Temer nem o novo Ministério da Cultura, chefiado por Marcelo Calero.

Leis de incentivo

Outro assunto espinhoso na conversa: os mecanismos de incentivo ao cinema. Wagner Moura é totalmente à favor deles. Para o ator, não haveria sétima arte no Brasil desde a retomada sem esse tipo de financiamento.
Na opinião dele, as críticas de que estaria "mamando" em dinheiro público são tanto fruto tanto do momento atual, de extrema polarização política, quanto de um tipo de narrativa, que muitas vezes descamba para a "canalhice".
Como exemplo, ele usou as campanhas que alguns jornalistas e figuras públicas empreendem pedindo o boicote a artistas favoráveis a Dilma Rousseff. "Esses caras que fazem isso não são tão ignorantes quanto parecem ser nos textos que escrevem", entende.
"Se você coloca seu projeto para ser avaliado Ministério da Cultura e ele é aprovado, não quer dizer que você vai ter esse dinheiro. Você tem que mendigar. Inclusive, de uma forma distorcida. A Lei Rouanet é uma lei neoliberal, que deixa para as empresas a aplicação de dinheiro público. As críticas que fazem à lei são por motivos errados."

Entrevista de Wagner Moura a Sakamoto - 10 vídeos


sexta-feira, 16 de setembro de 2016

O que esperar de alguém que tem nome de laxante?, por Armando Coelho Neto

Do site do Luis Nassif

O que esperar de alguém que tem nome de laxante?
Por Armando Rodrigues Coelho Neto
Depois do golpe, a violência e o escárnio. Um golpe no qual os golpistas têm vergonha de tratar pelo nome, posto que nas suas visões restritas, golpe só com tanques e baionetas. Há quem diga que o Criador impôs sérios limites à inteligência, mas foi tolerante e pusilânime diante da ignorância. A ignorância de quem tem a obrigação de saber e não sabe, mas que sabe e tem a arrogância de ignorar. A ignorância escamoteada e assumida, com ares provocantes contra o interlocutor.
Num golpe marcado pela violência literal promovida pela assassina Polícia Militar de São Paulo, o escárnio veio por intermédio de “Tchau Querida” e com um governo impostor que de pronto pôs fim ao Ministério da Educação e, para inaugurar a era do cinismo, o ato liminar pró-educação foi receber um ator pornô. É escárnio ou não é? Desse modo, a mídia entreguista e moralmente desqualificada, passou a dar voz a qualquer bandido que queira insultar Dilma, PT, Lula ou qualquer pessoa que, mesmo não sendo petista, como eu, ouse dizer: não é bem assim.
- Respeitável público! Depois do sucesso de “Não tenho provas, mas a literatura jurídica me autoriza!”...  Depois do espetáculo do “Barnabé Apressado”, que queria prender o ex-Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva antes de Sérgio Moro, mais uma grande obra no circo da Farsa Jato! Senhoras e senhores, depois da “Sentença Bíblica” (Dilma que vá se queixar ao papa!) e do sucesso de crítica, de público do “O Dia do Sim, Sim, Sim, Sim”; depois do igualmente consagrado espetáculo de “Inquérito de Gaveta”, temos a grande desonra de anunciar a novíssima opereta do golpe das baratas (morde e assopra)! Antes, porém, um pouco de suspense...
Como alguém já disse que seria cômico se não fosse trágico, permitam-me enveredar não apenas pelo humor, mas também pela poesia.
 “Quando mais ao povo a alma falta, mais a minha atlântica se exalta e entorna...”, consta da obra de Fernando Pessoa, cujas contradições políticas não quero debater. Mas, depois que a dita grande mídia roubou a alma do povo, quanto mais essa mesma alma falta, mais a minha alma atlântica se exalta, se exaspera, se perde em inócuos ensaios de resistência a esse momento de escárnio humano. Inquieto, só me veio um pouco de consolo no dia de ontem, após a fala do grande líder Lula, que de tão tripudiado por almas opacas, nunca tive tempo para dizer dele minhas queixas. Calmo, ele pediu calma e não serei eu que não sou PT e nem me coliguei com o impostor Michel Temer que irei me exasperar...
Que vergonha! O que fazer com o título de eleitor e o diploma do curso de Direito? O país da Constituição rasgada, do Judiciário com Partido, da imprensa do pensamento único acaba de lançar  “A Opereta  do Power Point”, que de tão insólita agrediria dos mais conservadores aos mais revolucionários juristas da Historia do Direito e intelectuais de outras áreas. De Hans Kelsem a Jürgen Habermas. Como pode? Durante um espetáculo grotesco e medieval as fogieuras da inquisição foram trocadas por holofotes. Seguidores de “Janaina 45 dinheiros” anunciaram solenemente: “não temos provas, mas temos convicção”.
Desesperado, corri para a internet e vi um texto  que republico mesmo sem provas, mas com toda a convicção.
“Chamado de quatro olhos na escola, sofria bullying e apanhava dos amigos. Nunca conseguiu namorada. Passou na UFPR, nunca ganhou eleição do Centro Acadêmico e desenvolveu raiva contra os ‘esquerdinhas’ de quem sempre perdia. Mas, “passou em Harvard”, ainda que discriminado por ser terceiro mundista. Aprovado em concurso público, nunca conseguiu se eleger para o sindicato de sua categoria. Passou a sonhar com um cargo maior nacional e a saída que os quatro olhos encontraram foi tentar prender o Lula”.
“Delenda est Carthago” (Cartago precisa ser destruída) tem protagonizado cenas deprimentes. “A Opereta do Powers Point” foi uma das mais grotescas no vergonhoso circo da Farsa Jato. Dizem que até alguns de seus capitães do mato não gostaram. Uma violência tão absurda contra os direitos humanos, que desisti da raiva e aderi ao histriônico. Nesse contexto circense a mais sugestiva e irônica frase teria vindo de um juiz carioca: o que esperar de alguém que tem nome laxante?
Armando Rodrigues Coelho Neto é advogado e jornalista, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-representante da Interpol em São Paulo

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

"Provem corrupção que eu irei a pé para ser preso"

de Carta Capital

Em pronunciamento, Lula rebate denúncia da Lava Jato e afirma que País vive "momento em que a lógica não é o processo, mas a manchete"
por Redação — publicado 15/09/2016 14h48, última modificação 15/09/2016 16h03
Nelson Almeida / AFP

Lula durante pronunciamento nesta quinta-feira 15


O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva rebateu nesta quinta-feira 15 a denúncia de corrupção e lavagem de dinheiro feita contra ele pela força-tarefa da Operação Lava Jato no dia anterior. Em pronunciamento em um hotel de São Paulo, Lula lembrou o passado humilde, a história política, reafirmou sua inocência e afirmou que a ação contra ele tem o objetivo "acabar"com a sua vida política.
Lula falou em um hotel no centro de São Paulo, onde o PT reuniu seu conselho político. O ex-presidente entrou no auditório sorrindo e cumprimentando seus companheiros. Aparentando calma, fez piadas com Vágner Freitas, presidente da Central Única dos Trabalhadores, e com o presidente do PT, Rui Falcão.
O ex-presidente Lula Ao seu redor estavam ainda senadores e deputados petistas; o coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, Guilherme Boulos; Gilmar Mauro, do MST; Renato Rabelo, presidente do PCdoB; entre outros.
Lula se disse "indignado" com as acusações dos procuradores da Lava Jato e criticou a"pirotecnia" da entrevista coletiva do Ministério Público Federal na quarta-feira 14. 

“Eu não vou fazer um show de pirotecnia, não quero me comportar como um cara perseguido ou como se estivesse reivindicando algum favor. Esta é uma declaração de um cidadão indignado. Não de um político, é um cidadão indignado com as coisas que aconteceram e estão acontecendo no Brasil”, declarou. 
"Descobri que tanto os meus acusadores quanto uma parte da imprensa estão mais enrascados do que pensam que eu estava", disse Lula sobre as denúncias. O ex-presidente afirmou que foi construída uma mentira, "como se fosse um enredo de uma novela". 
"E está chegando o fim do prazo, afinal, já cassaram o Cunha, elegeram o Temer indiretamente com o golpe e cassaram a Dilma. Agora precisam concluir a novela e dizer quem é o bandido e quem é o mocinho. "O fecho é acabar com a vida política do Lula. Não existe outra explicação para a pirotecnia de ontem", disse.
Inocência
Lula emocionou-se três vezes ao longo do pronunciamento
Lula se emocionou por três vezes, a primeira delas ao afirmar sua inocência. Lula disse que ninguém respeita as leis e acredita nas instituições mais do que ele e que prestaria quantos depoimentos "forem necessários". "Eu conquistei o direito de andar de cabeça erguida nesse país", afirmou Lula. "Provem uma corrupção minha, que eu irei a pé para ser preso", disse.
Referindo-se ao processo do Mensalão, Lula afirmou que tentaram fazer, em 2005, o que fizeram durante o processo de impeachment. “O tratamento de uma parcela da mídia brasileira e do poder Judiciário agiu do mesmo jeito. Faz pouco tempo, quem viveu aquele período sabe , que o objetivo em 2005 era tirar o Lula”.
"Não tenho a vocação do Getúlio para me dar um tiro, nem a do Jango para sair do Brasil. Se quiserem me tirar, vão ter que disputar comigo na urna", afirmou, comparando-se com outras figuras políticas como Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek (“talvez a única pessoa vítima de mais inquéritos do que eu”) e João Goulart.
Fazendo alusões à Tiradentes e à Inconfidência Mineira, Lula disse que tentar desgastar sua imagem e suas ideias é “bobagem”. Também citou os movimentos de ocupações de escolas em São Paulo e os recentes protestos contra Michel Temer e a favor de novas eleições. 

"Não se preocupem com o Lula. Isso é bobagem. Essa meninada que proibiu o (governador) Geraldo Alckmin de fechar escola em São Paulo, essa meninada que está indo pra rua reivindicar democracia e mais educação, essa meninada é um Lula de 71 anos multiplicado por milhões de Lulas jovens nesse país", pediu. 
Afirmou que seus inimigos pensam que, se tirarem o Lula, está resolvido. “Pelo contrário, vocês vão ter problema com o golpe que deram, com o que querem tirar do povo trabalhador, de tentar entregar nosso patrimônio às multinacionais, nosso pré-sal, nossa Petrobrás”, criticou. “Assim, não precisa governar, é só colocar um vendedor”.
Lembrando que construiu sua vida, ao longo de 71 anos, "comendo o pão que o diabo amassou", Lula disse que não tem tempo de parar. "O país que eu sonho está longe de ser construído. Subimos apenas um degrau, que estão tentando tirar da gente. 
Vestido com uma camisa pólo vermelha com a estrela do Partido dos Trabalhadores, o ex-presidente pediu para que os petistas tenham "orgulho".
"Hoje eu vim com a camisa do PT, como se fosse de time de futebol. Daqui pra frente, cada petista desse país tem que começar a andar de camisa vermelha. Quem não gostar do PT, coloca de outra cor, mas aos 36 anos de vida esse partido precisa ter orgulho, porque ninguém fez mais do que a gente na história desse país", disse ele, beijando a camisa. 
Ação contra os procuradores
O ex-presidente Lula
Lula ao lado de Rui Falcão, do presidente da CUT Vagner Freitas e outros políticos do PT
A defesa de Lula informou que vai denunciar procuradores da Lava Jato ao Conselho Nacional do Ministério Público por "graves desvios funcionais". Em seu discurso, o ex-presidente também citou as acusações feitas pelos procuradores da Operação Lava Jato, pediu para "procurarem de procurar casca onde não tem" e criticou a criminalização da política.
Falando com "as pessoas sérias do MPF", disse que estava à disposição. "O Lula não é maior do que a lei. Quando eu transgredir a lei, me punam, mas quando eu não transgredir, por favor, procurem outro para arranjar problema." 
Ao final de sua fala, em várias partes crítica à atuação da imprensa, Lula pediu isonomia no destaque dado ao depoimento de hoje. "Espero que eu tenha o mesmo destaque dos meus acusadores ontem. Só peço igualdade e oportunidade para que as pessoas possam ouvir".