sábado, 10 de maio de 2014

Dimitrov - o arquiteto da frente popular



Artigo publicado no Portal Vermelho em 13 de outubro de 2004
"A roda da história não pára (...) Essa roda, posta em movimento pelo proletariado, não poderá ser paralisada pelos extermínios, pelos assassinatos, nem pelas condenações capitais. Ela se move e se moverá até a vitória final do comunismo" Dimitrov
A defesa acusa
O tribunal estava lotado, composto, em sua grande maioria, por adeptos da cruz gamada, as legiões pardas e negras das SA e SS nazistas. Lentamente levantou-se o acusado, um homem magro, pálido, trazendo nas mãos e nas pernas as marcas das pesadas correntes que fora obrigado a carregar por cinco longos meses. Ali estava o dirigente da Internacional Comunista, o operário revolucionário búlgaro Jorge Dimitrov. Um homem aparentemente solitário. No entanto sobre ele estavam depositadas as esperanças de milhões de outros homens e mulheres que nas fábricas, nas escolas e nos bairros operários lutavam para barrar a onda nazi-fascista que se espalhava rapidamente pelo mundo.
O acusado recusou o defensor nomeado pelo Estado e preferiu realizar a sua própria defesa. No primeiro dia do seu julgamento diante da pergunta do juiz: "Por que razão o senhor imagina ter sido trazido até aqui?", ele respondeu sem pestanejar: "Para defender o comunismo e defender-me!". Estava decidido em transformar o banco dos réus em uma tribuna da qual pudesse lançar suas acusações contra os criminosos nazistas. Por sua postura altiva diante dos acusadores seria censurado pelo juiz e expulso por cinco vezes do Tribunal.
Diante da infundada acusação de ser ele um perigoso terrorista, responsável pelo incêndio do Reichstag — o parlamento alemão —, Dimitrov afirmou: "sou um revolucionário socialista por convicção (...) Sou membro do Comitê Central do Partido Comunista Búlgaro e do Comitê Executivo da Internacional Comunista (...) Esta é a razão por que não posso ser considerado um simples aventureiro terrorista".
Durante o seu tumultuado julgamento duas das principais figuras do novo governo nazista vieram ao Tribunal para acusá-lo: Hermann Göring — ministro do interior e presidente do Reichstag; e Goebbels — ministro da Propaganda.
No seu depoimento Göring falou durante horas a fio. Esbravejou contra a conspiração judaico-bolchevista. Conclamou a destruição do comunismo, considerando-o uma "doutrina criminosa". A intervenção do ministro de Hitler não deixou dúvida de que se tratava de um processo inquisicional contra o movimento comunista em geral. Usando a prerrogativa que lhe cabia Dimitrov levantou-se e dirigiu-se ao superministro de Hitler e questionou-o: "Sabe o senhor ministro que o partido que se inspira nessa doutrina criminosa governa triunfalmente uma sexta parte do mundo? Sabe o senhor ministro que a Alemanha mantém relação comercial com este país e que por meio de suas encomendas a União Soviética proporciona trabalho e pão para centenas de milhares de operários alemães?". Göring perdeu completamente a compostura, ficou transtornado e ofegante. Calmamente Dimitrov encerrou o assunto.
Diante da acusação de fazer propaganda comunista no tribunal ele, ironicamente, afirmou: "Em se falando de propaganda, temos de reconhecer que muitas das intervenções feitas neste tribunal tem tido este caráter. Também as intervenções de Goebbels e de Göring exerceram uma ação indireta de propaganda a favor do comunismo, porém não podemos fazê-lo responsável por isso".
No dia 23 de dezembro de 1933 o Tribunal de Leipzig foi obrigado a inocentar os acusados por falta de provas. Dimitrov não aceitou passivamente o resultado, exigiu ser considerado oficialmente inocente, que os nazistas fossem acusados formalmente pelo incêndio ao Reichstag e, por fim, que os detidos fossem indenizados pelos meses de prisão, pelas privações e tormentos que sofreram. Diante da recusa do presidente do tribunal em aceitar os seus pedidos, Dimitrov afirmou: "Chegará o dia em que meus pedidos se cumprirão e em que um tribunal popular julgará os verdadeiros incendiários do Reichstag". O juiz-presidente enfurecido mandou tirá-lo da sala do tribunal. No entanto, antes que os guardas cumprissem a ordem, ele lançou a sua própria sentença: "A roda da história não pára (...) Essa roda, posta em movimento pelo proletariado, não poderá ser paralisada pelos extermínios, pelos assassinatos, nem pelas condenações capitais. Ela se move e se moverá até a vitória final do comunismo". Essas foram as suas últimas palavras no julgamento de Leipzig. Dimitrov saiu-se vencedor.
No entanto, mesmo depois de inocentados, permaneceram presos por quase dois meses. Por fim, a URSS concedeu asilo aos revolucionários búlgaros e ofereceu-lhes a cidadania soviética. Dimitrov e seus companheiros de infortúnio foram recebidos como heróis pelo povo.
Um filho da classe operária Búlgara
Dimitrov nasceu na Bulgária em 18 de junho de 1882. Filho de operário, com apenas doze anos começou a trabalhar como aprendiz de tipógrafo e aos quinze já era um profissional. O jovem operário lia tudo o que lhe caía nas mãos e amava a sua profissão. Um dia afirmou: "Nosso ofício é o mais belo de todos, nós fabricamos livros".
Tornou-se, acima de tudo, um defensor intransigente de sua classe e por isso mesmo foi eleito diretor do sindicato. Tinha apenas 18 anos. Quatro anos depois, em 1904, participou da fundação da União Geral dos Sindicatos Operários da Bulgária da qual se tornou um dos principais dirigentes. O jovem líder sindical revolucionário ajudou a dirigir as mais importantes greves do proletariado de seu país.
Aos vinte anos Dimitrov ingressou no Partido Operário Social-Democrata Búlgaro, passando a atuar na sua ala esquerda. A exemplo do que ocorria na Rússia, o partido búlgaro se dividiu em duas correntes — uma reformista e outra revolucionária. A ruptura definitiva entre estas duas tendências ocorreu em 1903 e, em 1909, foi eleito para o Comitê Central desta nova organização.
Em 1913, Dimitrov elegeu-se deputado pela esquerda socialista. No ano seguinte eclodiu a Primeira Guerra Mundial e ele passou a combater a guerra imperialista e a lutar pela neutralidade de seu país. As classes dominantes estavam por demais dependentes da burguesia alemã e acabaram levando a Bulgária a entrar no conflito ao lado do imperialismo alemão. Dimitrov, do alto da tribuna parlamentar, protestou e por isso foi condenado à prisão onde permaneceu por cerca de 11 meses. Eclodiram diversas manifestações em defesa dos presos políticos e o governo foi obrigado a libertá-los.
Mal saiu da prisão compareceu a um comício organizado pelos mineiros de Pernik e novamente discursou contra a guerra imperialista e por isso foi preso e em seguida libertado pelo povo quando desembarcou em Sofia. As prisões se sucederiam. A Revolução Russa de outubro de 1917 teve enorme influência sobre Dimitrov. Em 1919 foi fundado o Partido Comunista da Bulgária e ele foi enviado para a URSS onde manteve contato com o principal dirigente do Estado Soviético, Vladimir Lênin.
Em 1923 o ministério encabeçado pelo Partido Agrário — democrático — foi derrubado e substituído por uma coligação monárquico-reacionária. Concretizou-se um golpe de Estado fascista. Em setembro, diante da ofensiva conservadora, os comunistas em aliança com os agrários tentaram derrubar o governo através da luta armada. A insurreição foi derrotada e parte dos combatentes foi obrigada a se refugiar na vizinha Iugoslávia e depois a seguir para o exílio. Dimitrov foi condenado à morte em dois processos realizados sem a sua presença. No exílio passou a atuar junto ao Comitê Executivo da internacional Comunista em Moscou e Berlim.
Em janeiro de 1933 os nazistas tomaram o poder na Alemanha e um mês depois ocorreu o incêndio criminoso ao Reichstag. Este incidente foi amplamente utilizado pelos nazistas para ampliar a sua ofensiva contra os comunistas e social-democratas e impor definitivamente a sua ditadura terrorista. Deste crime foram acusados, além do holandês Van der Lubbe, comprovadamente insano — e verdadeiro autor do incêndio —; um deputado comunista, Torgler; e três comunistas búlgaros, entre eles Dimitrov. Estava assim armada a farsa.
Os nazistas montaram um circo para se mostrarem ao mundo como os melhores e mais eficientes defensores da civilização ocidental, cristã e capitalista, contra as hordas comunistas. O tiro acabou saindo pela culatra. Após sua libertação, Dimitrov partiu para a URSS, onde se naturalizou como cidadão soviético e em 1937 foi eleito deputado do Conselho Supremo da União Soviética.
Dimitrov e a frente popular
Em 1935, Dimitrov foi destacado para apresentar o principal informe do VII Congresso da Internacional Comunista e acabou sendo eleito secretário-geral do Comitê Executivo da organização, cargo que manteve até a sua extinção em 1943.
Neste informe histórico Dimitrov enunciou a estratégia e a tática de luta contra o fascismo e a guerra imperialista que se aproximava. Ele representou uma "viragem" na política da Internacional Comunista e refletiu as mudanças na correlação de forças internacional com o avanço do nazi-fascismo. Nascia, assim, a política de frentes populares. O Congresso colocou no centro da ação do movimento comunista a luta contra o fascismo, especialmente o alemão.
O fascismo alemão, segundo o Informe, atuava como "tropa de choque da contra-revolução internacional, como incendiário principal da guerra imperialista, como instigador da cruzada contra a União Soviética". O documento desvendou também o caráter de classe do fascismo. Ele seria "a ditadura terrorista aberta dos elementos mais reacionários, mais chauvinistas e mais imperialistas do capital financeiro".
Dimitrov combateu duramente o esquematismo das análises esquerdistas que não viam as diferenças existentes entre os regimes nazi-fascistas e os regimes democráticos burgueses, mesmo que autoritários. "A subida do fascismo ao poder, afirma ele, não é uma simples mudança de um governo burguês por outro, mas sim, a substituição de uma forma estatal de dominação de classe da burguesia — a democracia burguesa — por outra das suas formas, a ditadura terrorista declarada. Ignorar essa diferença seria um grave erro, que impediria o proletariado revolucionário de mobilizar as mais amplas camadas de trabalhadores da cidade e do campo para luta contra a ameaça de tomada do poder pelos fascistas, assim como também tirar proveito das condições existentes no seio da própria burguesia".
Dimitrov tirou importantes lições da derrota do movimento operário e socialista na Alemanha e Itália. "O fascismo chegou ao poder, antes de mais nada, porque a classe operária (...) achava-se dividida, desarmada política e organicamente". Portanto uma das condições para barrar o fascismo era a constituição da unidade da classe operária, ou seja, a construção da Frente Única proletária. Era preciso unificar o movimento sindical cindido entre social-democratas, comunistas, anarquistas e católicos. Esta era uma condição básica para a vitória sobre o fascismo e a guerra imperialista.
A Frente Única proletária deveria ser a base sobre a qual se erigiria "uma extensa frente popular antifascista". O êxito da luta contra o fascismo estava "intimamente ligado à criação da aliança do proletariado com o campesinato trabalhador e com as massas mais importantes da pequena burguesia urbana, que formam a maiorias da população."
Neste sentido os comunistas não deveriam colocar "nenhum tipo de condição para a unidade de ação com exceção de uma condição elementar, aceitável por todos os operários, ou seja, que a unidade de ação seja encaminhada contra o fascismo, contra a ofensiva do capital, contra a ameaça de guerra". No entanto, alerta Dimitrov, "neste trabalho de construção da Frente Única os comunistas não podem (...) renunciar, nem por um minuto, ao seu trabalho próprio e independente de educação comunista".
Naquela conjuntura as reivindicações democráticas adquiriram centralidade na estratégia comunista. "Nós somos partidários da democracia soviética, da democracia dos trabalhadores, a democracia mais conseqüente do mundo. Mas, defendemos e seguiremos defendendo, nos países capitalistas, palmo a palmo, as liberdades democrático-burguesas contra as quais atentam o fascismo e a reação burguesa, pois assim o exigem os interesses da luta de classe do proletariado". Esta mudança na política dos comunistas leva-os a apoiar e, até mesmo, participar de governos frentistas, não socialistas, que lutassem contra o perigo fascista "de modo efetivo não só em palavras, mas com fatos".
O documento de Dimitrov recolocou também, com força, a necessidade de se dedicar mais atenção ao chamado problema nacional. Era preciso tirar das mãos dos fascistas as bandeiras relativas a defesa da cultura e da identidade nacional. "Os comunistas que (...) não fazem nada (...) para esclarecer ante as massas trabalhadoras o passado do seu próprio povo (...) para ligar a luta atual com as tradições revolucionárias do passado, entregam voluntariamente aos falsificadores fascistas tudo o que há de valiosos no passado histórico da nação (...) Nós somos, em princípio, inimigos irreconciliáveis do nacionalismo burguês (...) Mas, quem pensa que isto nos permite, e inclusive nos obriga a cuspir na cara de todos os sentimentos nacionais das amplas massas dos trabalhadores, está muito longe do bolchevismo (...) Camaradas, o internacionalismo proletário deve 'aclimatar-se' (...) e em cada país e lançar raízes profundas no solo natal".
O Informe de Dimitrov teve uma poderosa influência na elaboração tática e estratégia de todo movimento comunista posterior a 1935. Por isso se transformou numa obra de consulta obrigatória para todos os militantes revolucionários.
O construtor da República Popular da Bulgária
Em 1939 eclodiu a Segunda Guerra Mundial e em 1941 as tropas nazistas invadiram o território soviético. A guerra contra a besta nazi-fascista adquiriu assim uma dramaticidade toda própria. A existência do primeiro Estado socialista estava em jogo e com ele o destino do movimento emancipacionista dos trabalhadores e dos povos coloniais.
A partir de 1941 o Partido Comunista da Bulgária adotou a linha da insurreição armada conta o governo fascista pró-alemão. Em 1942 foi formada a Frente da Pátria Búlgara, que seria o centro político aglutinador das forças revolucionárias antifascistas que poriam fim à dominação alemã na Bulgária em setembro de 1944. Dimitrov teve um papel de destaque nesta Frente e na derrota do fascismo nos Bálcãs. Por suas contribuições à causa de libertação dos povos o Soviete Supremo da URSS lhe concedeu a mais alta condecoração do país: a Ordem de Lênin. Em 6 de novembro de 1945 regressou triunfalmente a seu país libertado e foi eleito primeiro ministro da recém fundada República Popular da Bulgária.
Serão ainda necessários três longos anos para que fossem estabelecidas as bases que permitiriam a transição búlgara ao socialismo. Este seria um período rico de debates sobre as formas possíveis de transição ao socialismo — um debate que acabou sendo estancado com o desenvolvimento da guerra fria e o endurecimento do regime soviético. Num discurso realizado em 1946, na Conferência Regional do Partido em Sófia, Dimitrov chegou a afirmar: "Todos os povos passarão ao socialismo, não por um via idêntica, esteriotipada, não precisamente pela via soviética, mas pela sua própria via, de acordo com as suas condições históricas, nacionais, sociais, culturais e outras".
Em 2 de julho de 1949 o velho comunista, já bastante doente, morreria em território soviético, onde estava realizando tratamento de saúde. O proletariado do mundo perderia neste dia um dos seus maiores heróis e o marxismo-leninismo um dos seus grandes expoentes.
Augusto C. Buonicore é Historiador, membro do Comitê Central do Partido Comunista do Brasil, Secretário Geral da Fundação Maurício Grabois e responsável pelo Centro de Documentação e Memória (CDM)

http://grabois.org.br/portal/cdm/noticia.php?id_sessao=30&id_noticia=592

Educação superior em Lula x FHC: a prova dos números


CARTA  MAIOR
Naomar de Almeida Filho (*)
Naomar de Almeida Filho (*)
Um jornalista escreveu em seu blog, auto-apresentado como um dos mais acessados do Brasil: “Provei com números que o que ele [o Governo Lula] fez mesmo foi aumentar o cabide de empregos nas universidades federais, aumentar a evasão e o número de vagas ociosas.” 

Fiquei muito interessado no tema, por dois motivos: Primeiro, porque fui reitor de uma universidade federal durante quatro meses no governo FHC e quase todo o tempo do Governo Lula, o que me permite a rara situação de, na condição de gestor público, poder comparar os distintos cenários de política de educação superior. Segundo, porque minha área de pesquisa é a Epidemiologia. Nessa condição, trabalho com modelagem numérica e técnicas quantitativas de análise, num campo onde exercitamos uma quase obsessiva busca de rigor, validade e credibilidade. Isto porque uma eventual contrafação ou fraude estatística pode custar vidas, produzir riscos ou aumentar sofrimentos. 

Assim, procurei, no blog do jornalista, a prova dos números. Encontrei, numa postagem de 24/08/2010 – arrogantemente intitulada “A fabulosa farsa de ‘Lula, o maior criador de universidades do mundo’. Ou: desmonto com números essa mentira” – três blocos de questões: aumento de vagas e matrículas; evasão na educação superior; empreguismo na rede federal de ensino. Analisarei cada uma delas, demonstrando que essas “provas de números” são refutadas em qualquer exame sério de validade técnica ou metodológica.

No primeiro bloco, referente a aumento de vagas e matrículas, achei as seguintes afirmações:

“A taxa média de crescimento de matrículas nas universidades federais entre 1995 e 2002 (governo FHC) foi de 6% ao ano, contra 3,2% entre 2003 e 2008 - seis anos de mandato de Lula. [...] Só no segundo mandato de FHC, entre 1998 e 2003, houve 158.461 novas matrículas nas universidades federais, contra 76.000 em seis anos de governo Lula (2003 a 2008).” 

Aqui o jornalista comete erros primários (ou de má-fé) de análise de dados. Qualquer iniciante em análise estatística, demográfica ou educacional sabe que não faz sentido comparar um período de oito anos com outro de seis anos, ou este com outro de quatro anos; mais ainda se usarmos médias aritméticas ou números brutos; e pior ainda se considerarmos (como ele bem sabe) que o principal programa de expansão das universidades federais, o REUNI, começa a receber alunos justamente depois de 2008.
Além disso, usa dados errados. Eis os dados corretos de matrículas nas IFES:

2001 - 502.960
2002 - 531.634
2003 - 567.850
2004 - 574.584
2005 - 579587
2006 - 589.821
2007 - 653.022
2008 - 720.317
2009 - 917.242
2010 - 1.010.491

(fonte: INEP e ANDIFES)


Não precisamos questionar os indicadores do governo FHC; consideremos a credibilidade destes como de responsabilidade do jornalista. Mas, com os dados da pequena tabela acima, podemos demonstrar que, considerando todo o período do governo Lula, o volume total de matrículas nas federais aumentou 90,1%. Portanto, a taxa média de crescimento de matrículas nas universidades federais, entre 2003 e 2010, não foi de 3,2% e sim de 11% ao ano. 

Também, no que concerne à segunda afirmação, em seis anos de governo Lula (2003 a 2008), de fato ocorreram 188.683 novas matrículas nas universidades federais, e não, como afirma o jornalista, apenas 76.000 (aliás, números redondos são em geral suspeitos: sugerem ausência de fonte). Uma comparação tecnicamente mais correta será entre os dois segundos mandatos: entre 1998 e 2003, segundo mandato FHC, houve 158.461 novas matrículas; entre 2007 e 2010, segundo mandato Lula, foram exatas 478.857 novas matrículas registradas nas universidades federais. Ou seja, contrastando períodos equivalentes, o operário Lula abriu 200% mais vagas novas em universidades federais que o intelectual FHC.

No segundo bloco de questões levantadas pelo jornalista, o assunto era evasão na educação superior. Ele escreveu: 

“O que aumentou brutalmente no governo Lula foi a evasão: as vagas ociosas passaram de 0,73% em 2003 para 4,35% em 2008. As matrículas trancadas, desligamentos e afastamentos saltaram de 44.023 em 2003 para 57.802 em 2008. [...] A Universidade Federal do ABC perdeu 42% dos alunos entre 2006 e 2009.”

O jornalista confunde evasão com ociosidade. Aliás, não sei de onde ele tirou os dados que indicariam um aumento “brutal” de evasão nas universidades federais no governo Lula. Não tenho conhecimento de nenhuma base de dados que recolhe e computa informação sobre “vagas ociosas” que, a propósito, tem definições variadas e divergentes dentro da autonomia das diferentes instituições. Sobre trancamentos, desligamentos e afastamentos, novamente o jornalista comete erros primários (ou de má-fé) na análise de dados. 

Qualquer iniciante em análise estatística, demográfica ou educacional sabe que um aumento bruto de 44.023 para 57.802 afastamentos nada significa sem comparação das proporções relativas. Ocorreram mais afastamentos simplesmente porque o sistema recebeu mais matrículas, de 567 mil para 720 mil no período considerado. Usemos os percentuais respectivos: entre 2003 e 2008, a taxa de afastamentos passa de 7,7% para 8,0%, uma variação insignificante. Onde está o “salto”? 

O estudo mais abrangente sobre o tema evasão na educação superior no Brasil foi realizado pelo Instituto Lobo para o Desenvolvimento da Educação, da Ciência e da Tecnologia. De acordo com essa pesquisa (Silva Filho et al 2007), a evasão anual média do Brasil, entre 2000 e 2005, foi de 22%. Essa taxa foi mais de duas vezes menor nas instituições públicas, em torno dos 12%, que nas instituições privadas, quase 26%. No que se refere às áreas, a maior evasão média anual ocorreu na formação em Serviços, com 29%; seguida por Ciências Naturais, Matemática e Computação, 28%, e Ciências Sociais, Negócios e Direito, 25%. A menor evasão foi em Ciências da Vida, com 17%. Os cursos com maiores taxas anuais de evasão foram: Matemática, 44%, Marketing e Publicidade, 36%, Educação Física, 34%. Os cursos com menores taxas foram Medicina, com 5% e Odontologia, 9%. Notem que essas são taxas médias anuais.

Outra coisa são as estimativas de evasão no tempo do curso, ou seja, complemento matemático da taxa de sucesso. Estudo da USP (2004) avaliou que apenas 32% de seus alunos concluíram o curso no tempo previsto. Os restantes retardaram, mudaram ou desistiram do curso, nesse caso configurando uma taxa bruta de evasão que, no Brasil, entre 2000 e 2006, situou-se em 49%. Esse indicador é mais difícil de calcular e comparar, dada a diversidade na duração mínima dos cursos (no Brasil, de dois a seis anos), e na própria arquitetura curricular, muito distinta entre os diferentes modelos de universidade. Não obstante, para efeito limitado de comparação internacional, alguns dados da Unesco, no período de 2002 a 2006, mostram o Brasil numa situação intermediária: Coréia do Sul 22%, Cuba 25%, Alemanha 30%, México 31%, EUA 34%, França 41%, Brasil 49%, Colômbia 51%, Suécia 52%, Venezuela 52%, Itália 58%.

Com esses dados, analisemos a situação da UFABC, precursora do REUNI e, talvez por isso, posta no pelourinho. O jornalista e, em certo momento, a imprensa paulista, consideraram alarmante uma evasão de 42% em quatro anos. Puro desconhecimento do assunto. Se ajustarmos essa medida num parâmetro temporal preciso, encontraremos uma taxa anual de 11%, abaixo, portanto, da média nacional para instituições públicas e metade da taxa referente ao setor privado de ensino superior.

No terceiro bloco de questões, o jornalista denuncia a rede federal de ensino superior como “cabide de empregos”:

“Também cresceu espetacularmente no governo Lula a máquina ‘companheira’. Eram 62 mil os professores das federais em 2008 - 35% a mais do que em 2002. O número de alunos cresceu apenas 21% no período. [...] No governo FHC, a relação aluno por docente passou de 8,2 para 11,9 em 2003. No governo Lula, caiu para 10,4 (2008). É uma relação escandalosa! Nas melhores universidades americanas, a relação é de, no mínimo, 16 alunos por professor. Lula transformou as universidades federais numa máquina de empreguismo.”

O jornalista insiste em parar o tempo em 2008, desconhecendo o efeito do REUNI. Nesse aspecto, o conjunto das universidade federais começou a fazer investimentos a partir de 2008 (e isso incluiu naturalmente contratação de docentes e funcionários) para dar conta do crescimento do alunado no ano seguinte. Já em 2008, foram realizados concursos públicos para mais de 6.000 professores e 4.000 funcionários, para receber os 196.725 alunos novos que entraram nas 56 universidades federais em 2009. Com a matrícula dos dois semestres deste ano de 2010, o sistema federal ultrapassou 13 alunos por docente, mantendo a razão 18 alunos/docente como meta pactuada do REUNI para 2012. De fato, enquanto o corpo docente da rede universitária federal aumentou 35% de 2002 a 2008 e crescerá em 50% até 2012, nesse período, o alunado triplicará.

Apenas como exemplo concreto, posso apresentar o caso da UFBA: neste ano, matriculando 34.516 alunos de graduação, nossa instituição alcançou 16,4 alunos/docente. Passamos de 55 cursos de graduação em 2002, para 113 cursos em 2010, com aumento de vagas de quase 120%. Em 2002, oferecíamos 40 vagas em 01 curso noturno; em 2010, são 2.610 vagas em 22 cursos noturnos. Em relação à pós-graduação, os patamares efetivamente alcançados são ainda mais expressivos, com aumento de 150% em vagas e matrículas, sendo mais de 300% no doutorado. Fizemos tudo isso com apenas 416 novos docentes contratados em três anos. 

A prova dos números com dados completos, tanto no sentido temporal (quando inclui matrículas até 2010) quanto no sentido político (apesar de o jornalista insistir em esconder o sucesso do REUNI), destrói seus argumentos enganosos. Resta-lhe o exercício da retórica raivosa. Máquina de empreguismo? Cabide de empregos? Essas grosserias insultam a todos nós, dirigentes, professores, servidores e alunos de universidades federais que, com grande esforço, estamos tornando a educação superior pública brasileira flagrantemente mais eficiente, competente, socialmente responsável.

Tendencioso, mal-informado, sem competência técnica em análise elementar de dados, o jornalista não passa na prova de números que ele mesmo propõe. Ainda bem que ele foi reprovado pois, nos planos macroeconômico e político, uma contrafação ou fraude estatística pode reduzir investimentos, desviar prioridades, suspender programas de governo, fazer retroceder estratégias, destruir políticas e atrasar o desenvolvimento social e humano do país.



(*) Pesquisador I-A do CNPq, Reitor da Universidade Federal da Bahia no período 2002-2010. Professor Titular de Epidemiologia, Instituto de Saúde Coletiva e do Instituto Milton Santos de Humanidades, Artes e Ciências da UFBA

http://www.cartamaior.com.br/?%2FEditoria%2FEducacao%2FEducacao-superior-em-Lula-x-FHC-a-prova-dos-numeros%2F13%2F16291

Vídeo de Aécio, do PSDB, bêbado e com carteira de motorista vencida



Esse é um vídeo do aécio bêbado, vc já deve ter visto, MAS sempre que podem, a gestapo tucana tira do ar, portanto prestem atenção peguem a url desse vídeo https://www.youtube.com/watch?v=7wxw85ivbeQ , entre no sitewww.keepvid.com , copia e cola a url do vídeo nesse espaço aqui, e vai aparecer várias opções de download mp3 mp4, salve em mp4 ou qualquer outra extensão de vídeo e pronto, ele fica salvo no seu pc.

Maranhão: Comunista Flávio Dino lidera pesquisa com 62,5%





UMA PESQUISA REALIZADA ENTRE OS DIAS 19 E 22 DE ABRIL APRESENTA O PRÉ-CANDIDATO OPOSICIONISTA FLÁVIO DINO (PCDOB) COM LARGA VANTAGEM: 62,5% DAS INTENÇÕES DE VOTO. SEGUIDO DE LONGE PELO PRÉ-CANDIDATO GOVERNISTA EDINHO LOBÃO (PMDB) QUE APARECE COM 12,2%. MARCOS SILVA (PSTU) TEM 3,3% E PEDROSA (PSOL) 2,3%.


De acordo com a pesquisa, 11,6% responderam que não votariam em nenhum, branco ou nulo; e 8,2% disseram não saber ou não quiseram responder.

Esta é a primeira pesquisa que avalia o novo cenário da eleição após a desistência de Luís Fernando Silva (PMDB), que havia sido escolhido como pré-candidato apoiado pelo grupo Sarney desde 2013. Com a pré-candidatura de Edinho Lobão, o novo cenário mostra que o pré-candidato da oposição, Flávio Dino, permanece à frente nas intenções de voto.

Na pesquisa espontânea, aquela em que o nome dos candidatos não é mostrado aos entrevistados, Flávio Dino lidera com 33,2%. Em segundo aparece o nome da governadora Roseana Sarney, que não será candidata, com 4,1%, e em seguida Edinho Lobão com 3,3%; 48,8% disse não saber em quem votar.

A pesquisa DataM verificou também a rejeição dos pré-candidatos a governador. Quando os entrevistados eram perguntados em quem não votariam de jeito nenhum, 35,5% responderam que não votariam em Edinho Lobão Filho, seguido de João Alberto (17,2%), Luís Pedrosa (14,5%), Flávio Dino (10,5%) e Marcos Silva (7,7%). Não votaria em nenhum reúne 6,8% dos entrevistados e não sabe/não respondeu, 7,6%.

A pesquisa do instituto DataM, registrada no TRE/MA sob protocolo 6/2014, ouviu 1500 eleitores em todas as regiões do Maranhão e possui margem de erro de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.

Fonte: Jornal Pequeno

PPS oficializa apoio a Flávio Dino e reforça união da oposição

Do Portal Vermelho


Delineando um novo cenário na agenda política do Maranhão, o PPS aderiu, na manhã desta quinta-feira (1º), ao projeto da oposição, liderado pelo pré-candidato Flávio Dino.


  
 Em coletiva no hotel Holiday Inn, Eliziane Gama, presidente da legenda, declarou oficialmente apoio à pré-candidatura de Flávio Dino (PCdoB) ao governo do Estado.

“Darei o melhor de mim por esse Maranhão”, com essas palavras Eliziane Gama oficializou o apoio à pré-candidatura de Flávio Dino, ao retirar seu nome da disputa pelo governo do estado. Ela completou ainda, dizendo: “hoje, a candidatura do PPS é a candidatura do PCdoB”.

Com a nova adesão, o projeto político da oposição fica ainda mais fortalecido. PDT, PSB, PTC, PP, PROS, SDD, PSDB e PPS se unem em torno de uma única candidatura ao governo do estado, capitaneada por Flávio Dino, do PCdoB.

A aliança programática do PPS com o PCdoB deve garantir a adesão de sete prefeitos e mais de oitenta vereadores, que, juntamente com a militância do partido irá compor a coalizão do projeto oposicionista. “Vamos discutir essa aliança e esperamos o engajamento de todas as lideranças políticas do PPS”, garantiu Paulo Matos, secretário geral do PPS.

Ao definir a importância desse momento, o pré-candidato Flávio Dino, garantiu que a força da unidade oposicionista reforçará o projeto da política moderna e transformadora pensada para o Maranhão. “A força moral desse momento é definida pelo gesto de renúncia de Eliziane Gama e do PPS. Nós estamos fazendo uma aliança, em primeiro lugar, em torno de ideias”.

O apoio do PPS à chapa dinista, aconteceu com a presença de várias lideranças políticas do estado, entre elas, Roberto Rocha (PSB), Wagner Lago (SDD), Pastor Porto (PPS), além dos deputados Bira do Pindaré (PSB), Marcelo Tavares (PSB) e Raimundo Cutrim (PCdoB). A adesão reforça a maturidade do campo oposicionista, que segue unido, com força política e popular, na construção das articulações que formarão uma candidatura única no pleito eleitoral de 2014.


http://www.vermelho.org.br/ma/noticia/241196-73

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Genocídio em Odessa: a Ucrânia que a mídia ocidental não mostra

Massacre de Odessa: como a grande mídia camufla a situação na Ucrânia. 73 anos depois, cidade é o cenário de outro terrível crime de guerra liderado por fascistas contra civis inocentes

Eric Draitser / Global Research | Washington
Cidades orientais e ao sul da Ucrânia tornaram-se campos de batalha enquanto a junta em Kiev enviou assassinos militares e paramilitares para essas regiões.
fascismo nazismo odessa
Militantes nazi-fascistas do Svoboda atacam sindicatos em Odessa (Divulgação)
Ao mesmo tempo, a mídia, com seu papel crítico de moldar a opinião pública, também se tornou um dos principais teatros desse conflito, sendo a propaganda do Ocidente uma das armas mais potentes.
Setenta e três anos atrás, em outubro, o infame “Massacre de Odessa” de 1941, que matou mais de 30 mil judeus na cidade portuária ucraniana e nas cercanias, foi encabeçado por tropas fascistas romenas em colaboração com seus aliados e patrocinadores nazistas. O massacre, apenas mais um contra judeus e outras minorias na Ucrânia, é um marco histórico fundamental para as pessoas de Odessa (e para todos aqueles da antiga União Soviética que lutaram contra o fascismo durante a guerra) quanto à depravação, à desumanidade e à barbárie por parte dos nazistas e de seus colaboradores.
E agora, 73 anos depois, Odessa é o cenário de outro terrível crime de guerra liderado por fascistas contra civis inocentes.
O fogo e o massacre no prédio do sindicato, que matou dezenas de ativistas antifascistas e trabalhadores do prédio, servirá como um doloroso testemunho para a luta em andamento entre a junta em Kiev e os soldados paramilitares neonazistas.
Esse evidente crime de guerra, bem como inúmeros outros cometidos pelo Right Sector e outras milícias ultranacionalistas (leia-se “fascistas”), deveria ser, sem dúvidas, o assunto estampado pelas manchetes em todo o mundo.
No entanto, parece que, de alguma fora, a matança de inocentes, e a questão da responsabilidade pelos crimes entre quem ordenou e realizou o massacre, tem sido completa e sistematicamente distorcida e/ou omitida da narrativa ocidental.
Em vez disso, a grande mídia tentou deliberadamente ocultar a verdadeira natureza dos eventos daquele dia, bem como dos que foram conduzidos posteriormente, a fim de atenuar o impacto da evidente, e totalmente condenatória, criminalidade das milícias fascistas e de seus líderes e financiadores.
Ao usar uma linguagem sutil e codificada, que deliberadamente minimiza a barbárie desses eventos e transfere a culpa de Kiev para Moscou, a grande mídia ocidental mais uma vez atua como um servo obediente do establishment norte-americano e europeu.
O que eles estão dizendo (e não dizendo)
Ao examinar a forma como foram reportados os eventos em Odessa, além de outros que ocorreram em outras regiões desde o dia 1º de maio, observam-se algumas características em comum. Em primeiro lugar, e mais importante, está a linguagem usada para descrever os grupos antifascistas, que compõem a maioria das vítimas em Odessa.
Em um miseravelmente desonesto e tendencioso artigo publicado pela Reuters, intitulado “Ucrânia envia forças policiais especiais para controlar Odessa”, os autores usam termos críticos, como “separatistas pró-Rússia” e “militantes” – na realidade, usa-os de forma intercambiável, de maneira a “rotular” os ativistas como qualquer coisa, menos ucranianos pacifistas lutando por seus direitos.
Naturalmente, a frase “separatistas pró-Rússia” é totalmente tendenciosa, por vários motivos. Primeiro, os ativistas antifascistas e anti-junta militar (que é como eles deveriam ser corretamente caracterizados) não são separatistas no real sentido da palavra.
Eles não defendem uma separação total, mas têm protestado há semanas por uma Ucrânia federalizada, na qual os direitos dos russófonos e de outras minorias seriam respeitados e constitucionalmente garantidos.
massacre odessa
Lágrimas no sepultamento de uma das vítimas do massacre de Odessa (Efe)
Eles estavam reivindicando que seus laços históricos, familiares e econômicos com a Rússia não deveriam ser cortados à força por um governo ilegal em Kiev e suas tropas de choque paramilitares. Longe de serem “separatistas”, esses ativistas – muitos dos quais já foram mortos, feridos e/ou presos – estão protestando por uma Ucrânia justa e pacífica, em vez de um governo intimidatório da junta.
É igualmente importante observar o uso da palavra “militantes” para descrever os ativistas contrários à junta. A implicação de usar tal designação tem a ver com colocar a culpa dos sérios crimes que foram cometidos.
Em essência, ao se referir às vítimas dos crimes como “militantes”, isso justifica a ação do Right Sector e de outros fascistas ao retratá-la como necessária e justa na luga contra os “militantes pró-Rússia”. Além disso, chamar os ativistas de militantes é uma tentativa de separar o governo ilegal de Kiev das óbvias acusações de crimes de guerra que eles enfrentariam se os porta-vozes da propaganda midiática realmente reportassem os fatos tais como ocorreram. E, ao usar tal termo, a mídia está, de fato, dando cobertura política a um regime criminoso apoiado pelo Ocidente. Evidentemente, isso era de se esperar.
massacre odessa ucrânia
Homem em frente ao prédio onde aconteceu o massacre, um dia depois (Reprodução)
O mesmo artigo da Reuters foca amplamente na ação do Ministro do Interior da junta, Arsen Avakov, de criar uma nova “unidade de força especial” para substituir a polícia de Odessa que, de acordo com Avakov, cometeu um erro “grotesco” ao libertar dezenas de sobreviventes que estavam sob custódia e foram considerados prisioneiros sem receber cuidado médico adequado. O texto discute a afirmação de Avakov sobre a criação da “Kiev-1”, uma unidade especial feita de “’ativistas civis’ que queriam ajudar a cidade do Mar Negro ‘nesses dias difíceis’”.
Naturalmente, não há menção direta a quem, exatamente, fará parte dessa nova força especial, mas apenas uma referência ao fato de que “as unidades as quais Avakov surgiram parcialmente da revolta contra Yanukovich no início deste ano”. Esta é, sem dúvida, uma referência velada ao Right Sector e a outras forças paramilitares fascistas que, ao contrário da polícia regular e do exército ucraniano, podem ser utilizadas por Kiev para cometer crimes de guerra e outras atrocidades contra quem quer que se pareça com “Moskals” (um termo pejorativo para designar russos e russófonos).
Outra característica crucial do artigo que serve como propaganda da agenda do Ocidente é a descrição de eventos que levaram a polícia de Odessa a libertar dezenas de sobreviventes-que-se-tornaram-prisioneiros. Os autores do texto descrevem a demonstração pacífica em torno da sede da polícia reivindicando a libertação de amigos e familiares de maneira totalmente desonesta. O artigo diz: “A raiva de Kiev na segunda-feira era por conta da decisão da polícia de Odessa de libertar 67 militantes pró-Rússia depois que apoiadores cercaram e atacaram uma sede da polícia [dando ênfase] no domingo”.
Ao descrever o protesto pacífico como um ato em que “se cercou e atacou”, o leitor tem a impressão de que “separatistas” (também identificados como “terroristas” e “rebeldes” pelo regime criminoso de Kiev e por seus financiadores no Ocidente) realmente iniciaram a violência e o conflito. Naturalmente, embora o oposto seja verdadeiro, a semente é plantada na consciência pública. Assim os ativistas são rotulados, como um produto de consumo comum ou uma campanha de relações públicas.
E assim, o artigo da Reuters é bem-sucedido ao tornar obscura a natureza da nova força, seu real papel, os crimes cometidos, e a natureza da oposição. Ao fazer isso, a Reuters, tal como o New York Times e seus irmãos da grande mídia, disseminam competentemente informações falsas e desinformações a serviço do sistema imperial EUA-UE-OTAN.
Na verdade, o aqui citado New York Times, recusando-se a ficar para trás, publicou o seu próprio altamente tendencioso e propagandístico texto sobre os eventos em Odessa. Intitulado “Controle ucraniano enfraquece e caos se dissemina”, o artigo apresenta Kiev e, especificamente, o primeiro-ministro da junta, Yatsenyuk (escolhido a dedo pelo Ocidente), como vítimas da traição dos russos, retratando-o como uma vítima da agressão e provocação russa. Depois de apresentar a fala inflamatória e cheia de distorções na qual ele culpou as vítimas em Odessa, referindo-se aos eventos como “resultado de uma bem preparada e organizada ação contra pessoas, contra a Ucrânia e contra Odessa”, o repórter do Times continuou com o papagaio de Kiev e com os pontos elencados por Washington sobre o assunto.
O texto relata que “Yatsenyuk disse que a violência mostrou que a Rússia queria reacender a agitação em Odessa, bem como nas cidades a leste da Ucrânia”. Imediatamente após essa citação, que é produto de boatos, e não uma evidência substancial, o artigo continua a discutir as “ambições imperiais” da Rússia, tal como evidenciadas pela Crimeia e pelo conhecido desejo de Putin de reestabelecer a dominação russa sobre a “Novorossiya” (Nova Rússia). Essa é uma tática padrão de desinformação e propaganda: criar uma associação na mente do leitor, de forma que uma relação abstrata (Manifestantes=militantes russos=Putin=imperialismo russo) se torne a rubrica poe meio da qual todos o desenlace é medido e entendido.
massacre odessa ucrânia
Nazifascistas que tomaram o poder espalham o caos na Ucrânia e são apoiados por EUA e União Europeia (Divulgação)
Finalmente, o texto do Times tenta ocultar a realidade tanto de Odessa como da região oriental de Donetsk, que tem sido o centro de muitas organizações antifascistas e contrárias à junta, incluindo a declaração da República Popular de Donetsk. O jornalista escreve: “A violência de sexta-feira e a libertação de prisioneiros no domingo evidenciou uma distinção entre Odessa e o oriente: nos dois lugares, a polícia apoiou os rebeldes. Mas aqui, ativistas locais pró-Kiev constantemente encontram gangues de rua prontas para confrontar o grupo Novorossiya, e as consequências foram letais na sexta-feira”. Em essência, o propósito dessa declaração tem quatro lados.
Primeiro, para confirmar a afirmação feita por Yatsenyuk de que as forças policiais são “criminosas” porque se recusaram a fazer parte da repressão e da violência direcionada a seus irmãos e irmãs, primos e vizinhos, desconsiderando por completo o fato de que isso, sem dúvidas, indica que a maioria da população não quer nem saber da tão mencionada operação “antiterror” que está sendo conduzida pelas forças de Kiev.
Segundo, a declaração mostra quão tendencioso é o manejo da opinião pública por parte da grande mídia. O autor desconsidera, sem qualquer explicação, o fato de que, em cada cidade do sul e do leste, as unidades da polícia e do exército passaram a ficar do lado dos manifestantes em vez de obedecer às ordens criminosas vindas de Kiev. Uma reportagem objetiva evidenciaria esse fato ao demonstrar que a junta em Kiev não governa com o consentimento das pessoas e que, de fato, trata-se de uma minoria governando por meio da força, da intimidação e do apoio do Ocidente. Ao enterrar esse aspecto importante da história, o autor e seus editores se engajaram em uma propaganda completamente transparente a serviço do Ocidente.
Terceiro, a declaração ilustra a precariedade ao apresentar a versão dos fatos alinhada a Washington. Ao usar a frase  “ativistas locais pró-Kiev”, o texto oculta por completo a verdadeira natureza das forças que cometeram a atrocidade. Longe de serem “ativistas”, as tais forças “pró-Kiev” eram, na verdade, grupos nazistas paramilitares, incluindo o Right Sector, que não apenas provavelmente acendeu a primeira chama, mas também documentou em vídeo enquanto batia nos sobreviventes com correntes e cassetetes, negando-lhes cuidado médico de emergência, entre outros. Mas, ao descrever esses criminosos como ativistas, o Times faz seu trabalho de servo para Washington e Kiev, estabelecendo uma estrutura tendenciosa por meio da qual os leitores saberão sobre o conflito.
Finalmente, a forma como o texto coloca os grupos, como “ativistas pró-Kiev” contra o “grupo Novorossiya” é uma manobra transparente de propaganda para, mais uma vez, criar uma falsa dicotomia nas mentes de leitores mal-informados. As turbas de fascistas são apenas “ativistas”, ao passo que os manifestantes anti-Kiev são o “grupo Novorossiya,” o que significa que eles não são assumidamente ucranianos, mas sim agentes do imperialismo russo. O autor nega propositadamente a ação desses manifestantes a fim de legitimar as ações criminosas dos fascistas e deslegitimar os protestos pacíficos da oposição antifascista. “Desonestidade” pode não ser uma palavra forte o suficiente para descrever tais ardilosas táticas jornalísticas.
Os terríveis acontecimentos em Odessa, bem como os ataques mortais em Slovyansk, Kramatorsk e outras cidades orientais, marcam uma virada no conflito da Ucrânia. Mais do que um simples momento importante, essas ações criminosas representam um “ponto a partir do qual não há mais volta”, o momento em que se destruíram quaisquer esperanças de uma resolução pacífica e não sangrenta para a crise. Apesar da propaganda serviçal da grande mídia ocidental, o mundo não pode e não deveria perdoar esses horríveis crimes de guerra. Indo direto ao ponto, eles deveriam servir como lembrança de que a luta pela Ucrânia tem um preço – que não poderia ser quantificado em dólares, euros ou rublos. Mas agora, graças a Kiev, Bruxelas e Washington, o preço será cobrado com sangue.
******************************************************
O NAZISMO VOLTOU: A Ucrânia que a imprensa não mostra
Assista abaixo a um bate-papo entre Edu Lima (RedeCastorPhoto) e o DJ (residente em Moscou), mais conhecido como “Mauro BD”. Neste bate-papo, Mauro revela detalhes que a imprensa-empresa ocidental esconde dos brasileiros que pagam para ter noticiário e só obtém PROPAGANDA POLÍTICA neofascista.
Marchas com jovens, crianças e idosos cantando e fazendo a saudação nazista. Mulheres alegres carregando fotos de líderes nazistas. Civis sendo agredidos gratuitamente nas ruas. Pessoas rindo ao assistir russos sendo queimados vivos. Essa é a Ucrânia que Mídia não mostra. Esse é o governo nazista que Estados Unidos e União Europeia apoiam. Até quando vão nos esconder a verdade sobre esses genocídios? Assistam:
http://www.pragmatismopolitico.com.br/2014/05/genocidio-em-odessa-ucrania-que-midia-ocidental-nao-mostra.html

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Senador Aloysio Nunes do PSDB , embriagado,, agride e humilha jornalista




Senador Aloysio Nunes agride e manda prender blogueiro

"VAI A PQP, VAGABUNDO!". SENADOR ALOYSIO NUNES NÃO GOSTOU DE SER QUESTIONADO SOBRE O CARTEL DOS TRENS E SEU SUPOSTO ENVOLVIMENTO COM O CASO ALSTOM-SIEMENS

Senador Aloysio Nunes (Divulgação)
O blogueiro Rodrigo Grassi foi detido ontem pela Polícia do Senado depois de entrevistar o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP). Grassi fez perguntas sobre o cartel dos trens e o suposto envolvimento de Aloysio com o caso Alstom-Siemens, provocando uma reação violenta do parlamentar. “Vai para a puta que te pariu”, gritou Aloysio, que, em seguida, passou a chamá-lo de vagabundo e tentou também impedir o registro das imagens. Grassi produziu o vídeo que segue a abaixo:
Confira também o relato enviado pelo blogueiro:
Bom Dia.
Ontem fui preso ao fazer perguntas “inconvenientes” ao Senador Aloysio Nune. Em nenhum momento o agradi ou fui descortês. Na terceira pergunta ele perdeu a linha, me xingou e partiu para a agressão. Tanto no meu filme como nas imagens internas do senado é possível comprovar a agressividade e autoritarismo do Senador.
Quando estava indo embora, já fora do Senado, a Polícia do Senado, a mando de Aloysio Nunes, me perseguiu por cerca de 300 metros já fora do Senado e me arrancou de dentro de um ônibus com o intuito de me proibir de publicar o vídeo.
Foi complicado mas consegui publicar. Ainda assim me ameaçaram e tentaram me coagir já dentro da delegacia do Senado, e o Diretor de Polícia, chamado Pedro, ordenou que eu apagasse o vídeo. Me neguei e como retaliação eles RETIVERAM meu celular sem lacrá-lo para “periciá-lo”. Chegando em casa notei que já haviam tentado acessar e alterar senhas e contas de e-mail a partir do dispositivo.
Constatei isso a partir de alertas do próprio Gmail/Google. Mando para vocês o vídeo que fiz ontem desmascarando a “liberdade de expressão” de Aloysio Nunes. Se vocês acharem importante, fiquem à vontade para usar como quiserem meu vídeo que está postado na íntegra e sem edição.
Muito Agradecido!

http://www.pragmatismopolitico.com.br/2014/05/senador-aloysio-nunes-agride-e-manda-prender-blogueiro.html

terça-feira, 6 de maio de 2014

Recado a um reacionário....

Não esquente a sua cabeça, reacionário. Se você não se importou com nada
disso até agora, não perca o seu tempo procurando motivos. Aproveite a sua
 vida, viaje mais, conheça novas pessoas, consuma conspicuamente, seja fútil.
Se a revolução vier, você lamentará por não ter podido aproveitar mais a sua vida.
 Senão, você lamentará por não ter aproveitado o bastante da sua vida. Veja: os
miseráveis não se importam nem um pouco com você. Por enquanto, porque têm
 de tratar da própria sobrevivência... ... Quando estiverem no poder, tratarão de pôr
 fim à sua sobrevivência. Por último, de algo hay que morir: se não lhe meterem um
 balaço na cabeça, você morrerá de acidente, doença, velhice ou uma combinação
 de todas essas coisas. Logo, você morrerá. Para quê carregar esta certeza durante
 os melhores anos da sua vida? Não se importe com a desigualdade. Não se importe
 com a injustiça. Não se importe com os outros. Não se importe com a Humanidade.
Não se importe em ser humano. Já há muitos neste planeta. E ademã que vós
medíocre reacionário, vá em frente.

Leia em: