terça-feira, 14 de julho de 2015

Dimitrov - o arquiteto da frente popular





Artigo publicado no Portal Vermelho em 13 de outubro de 2004
"A roda da história não pára (...) Essa roda, posta em movimento pelo proletariado, não poderá ser paralisada pelos extermínios, pelos assassinatos, nem pelas condenações capitais. Ela se move e se moverá até a vitória final do comunismo" Dimitrov
A defesa acusa
O tribunal estava lotado, composto, em sua grande maioria, por adeptos da cruz gamada, as legiões pardas e negras das SA e SS nazistas. Lentamente levantou-se o acusado, um homem magro, pálido, trazendo nas mãos e nas pernas as marcas das pesadas correntes que fora obrigado a carregar por cinco longos meses. Ali estava o dirigente da Internacional Comunista, o operário revolucionário búlgaro Jorge Dimitrov. Um homem aparentemente solitário. No entanto sobre ele estavam depositadas as esperanças de milhões de outros homens e mulheres que nas fábricas, nas escolas e nos bairros operários lutavam para barrar a onda nazi-fascista que se espalhava rapidamente pelo mundo.
O acusado recusou o defensor nomeado pelo Estado e preferiu realizar a sua própria defesa. No primeiro dia do seu julgamento diante da pergunta do juiz: "Por que razão o senhor imagina ter sido trazido até aqui?", ele respondeu sem pestanejar: "Para defender o comunismo e defender-me!". Estava decidido em transformar o banco dos réus em uma tribuna da qual pudesse lançar suas acusações contra os criminosos nazistas. Por sua postura altiva diante dos acusadores seria censurado pelo juiz e expulso por cinco vezes do Tribunal.
Diante da infundada acusação de ser ele um perigoso TERRORISTA, responsável pelo incêndio do Reichstag — o parlamento alemão —, Dimitrov afirmou: "sou um revolucionário socialista por convicção (...) Sou membro do Comitê Central do Partido Comunista Búlgaro e do Comitê Executivo da Internacional Comunista (...) Esta é a razão por que não posso ser considerado um simples aventureiro terrorista".
Durante o seu tumultuado julgamento duas das principais figuras do novo governo nazista vieram ao Tribunal para acusá-lo: Hermann Göring — ministro do interior e presidente do Reichstag; e Goebbels — ministro da Propaganda.
No seu depoimento Göring falou durante horas a fio. Esbravejou contra a conspiração judaico-bolchevista. Conclamou a destruição do comunismo, considerando-o uma "doutrina criminosa". A intervenção do ministro de Hitler não deixou dúvida de que se tratava de um processo inquisicional contra o movimento comunista em geral. Usando a prerrogativa que lhe cabia Dimitrov levantou-se e dirigiu-se ao superministro de Hitler e questionou-o: "Sabe o senhor ministro que o partido que se inspira nessa doutrina criminosa governa triunfalmente uma sexta parte do mundo? Sabe o senhor ministro que a Alemanha mantém relação comercial com este país e que por meio de suas encomendas a União Soviética proporciona trabalho e pão para centenas de milhares de operários alemães?". Göring perdeu completamente a compostura, ficou transtornado e ofegante. Calmamente Dimitrov encerrou o assunto.
Diante da acusação de fazer propaganda comunista no tribunal ele, ironicamente, afirmou: "Em se falando de propaganda, temos de reconhecer que muitas das intervenções feitas neste tribunal tem tido este caráter. Também as intervenções de Goebbels e de Göring exerceram uma ação indireta de propaganda a favor do comunismo, porém não podemos fazê-lo responsável por isso".
No dia 23 de dezembro de 1933 o Tribunal de Leipzig foi obrigado a inocentar os acusados por falta de provas. Dimitrov não aceitou passivamente o resultado, exigiu ser considerado oficialmente inocente, que os nazistas fossem acusados formalmente pelo incêndio ao Reichstag e, por fim, que os detidos fossem indenizados pelos meses de prisão, pelas privações e tormentos que sofreram. Diante da recusa do presidente do tribunal em aceitar os seus pedidos, Dimitrov afirmou: "Chegará o dia em que meus pedidos se cumprirão e em que um tribunal popular julgará os verdadeiros incendiários do Reichstag". O juiz-presidente enfurecido mandou tirá-lo da sala do tribunal. No entanto, antes que os guardas cumprissem a ordem, ele lançou a sua própria sentença: "A roda da história não pára (...) Essa roda, posta em movimento pelo proletariado, não poderá ser paralisada pelos extermínios, pelos assassinatos, nem pelas condenações capitais. Ela se move e se moverá até a vitória final do comunismo". Essas foram as suas últimas palavras no julgamento de Leipzig. Dimitrov saiu-se vencedor.
No entanto, mesmo depois de inocentados, permaneceram presos por quase dois meses. Por fim, a URSS concedeu asilo aos revolucionários búlgaros e ofereceu-lhes a cidadania soviética. Dimitrov e seus companheiros de infortúnio foram recebidos como heróis pelo povo.
Um filho da classe operária Búlgara
Dimitrov nasceu na Bulgária em 18 de junho de 1882. Filho de operário, com apenas doze anos começou a trabalhar como aprendiz de tipógrafo e aos quinze já era um profissional. O jovem operário lia tudo o que lhe caía nas mãos e amava a sua profissão. Um dia afirmou: "Nosso ofício é o mais belo de todos, nós fabricamos livros".
Tornou-se, acima de tudo, um defensor intransigente de sua classe e por isso mesmo foi eleito diretor do sindicato. Tinha apenas 18 anos. Quatro anos depois, em 1904, participou da fundação da União Geral dos Sindicatos Operários da Bulgária da qual se tornou um dos principais dirigentes. O jovem líder sindical revolucionário ajudou a dirigir as mais importantes greves do proletariado de seu país.
Aos vinte anos Dimitrov ingressou no Partido Operário Social-Democrata Búlgaro, passando a atuar na sua ala esquerda. A exemplo do que ocorria na Rússia, o partido búlgaro se dividiu em duas correntes — uma reformista e outra revolucionária. A ruptura definitiva entre estas duas tendências ocorreu em 1903 e, em 1909, foi eleito para o Comitê Central desta nova organização.
Em 1913, Dimitrov elegeu-se deputado pela esquerda socialista. No ano seguinte eclodiu a Primeira Guerra Mundial e ele passou a COMBATER a guerra imperialista e a lutar pela neutralidade de seu país. As classes dominantes estavam por demais dependentes da burguesia alemã e acabaram levando a Bulgária a entrar no conflito ao lado do imperialismo alemão. Dimitrov, do alto da tribuna parlamentar, protestou e por isso foi condenado à prisão onde permaneceu por cerca de 11 meses. Eclodiram diversas manifestações em defesa dos presos políticos e o governo foi obrigado a libertá-los.
Mal saiu da prisão compareceu a um comício organizado pelos mineiros de Pernik e novamente discursou contra a guerra imperialista e por isso foi preso e em seguida libertado pelo povo quando desembarcou em Sofia. As prisões se sucederiam. A Revolução Russa de outubro de 1917 teve enorme influência sobre Dimitrov. Em 1919 foi fundado o Partido Comunista da Bulgária e ele foi enviado para a URSS onde manteve contato com o principal dirigente do Estado Soviético, Vladimir Lênin.
Em 1923 o ministério encabeçado pelo Partido Agrário — democrático — foi derrubado e substituído por uma coligação monárquico-reacionária. Concretizou-se um golpe de Estado fascista. Em setembro, diante da ofensiva conservadora, os comunistas em aliança com os agrários tentaram derrubar o governo através da luta armada. A insurreição foi derrotada e parte dos combatentes foi obrigada a se refugiar na vizinha Iugoslávia e depois a seguir para o exílio. Dimitrov foi condenado à morte em dois processos realizados sem a sua presença. No exílio passou a atuar junto ao Comitê Executivo da internacional Comunista em Moscou e Berlim.
Em janeiro de 1933 os nazistas tomaram o poder na Alemanha e um mês depois ocorreu o incêndio criminoso ao Reichstag. Este incidente foi amplamente utilizado pelos nazistas para ampliar a sua ofensiva contra os comunistas e social-democratas e impor definitivamente a sua ditadura TERRORISTA. Deste crime foram acusados, além do holandês Van der Lubbe, comprovadamente insano — e verdadeiro autor do incêndio —; um deputado comunista, Torgler; e três comunistas búlgaros, entre eles Dimitrov. Estava assim armada a farsa.
Os nazistas montaram um circo para se mostrarem ao mundo como os melhores e mais eficientes defensores da civilização ocidental, cristã e capitalista, contra as hordas comunistas. O tiro acabou saindo pela culatra. Após sua libertação, Dimitrov partiu para a URSS, onde se naturalizou como cidadão soviético e em 1937 foi eleito deputado do Conselho Supremo da União Soviética.
Dimitrov e a frente popular
Em 1935, Dimitrov foi destacado para apresentar o principal informe do VII Congresso da Internacional Comunista e acabou sendo eleito secretário-geral do Comitê Executivo da organização, cargo que manteve até a sua extinção em 1943.
Neste informe histórico Dimitrov enunciou a estratégia e a tática de luta contra o fascismo e a guerra imperialista que se aproximava. Ele representou uma "viragem" na política da Internacional Comunista e refletiu as mudanças na correlação de forças internacional com o avanço do nazi-fascismo. Nascia, assim, a política de frentes populares. O Congresso colocou no centro da ação do movimento comunista a luta contra o fascismo, especialmente o alemão.
O fascismo alemão, segundo o Informe, atuava como "tropa de choque da contra-revolução internacional, como incendiário principal da guerra imperialista, como instigador da cruzada contra a União Soviética". O documento desvendou também o caráter de classe do fascismo. Ele seria "a ditadura TERRORISTAaberta dos elementos mais reacionários, mais chauvinistas e mais imperialistas do capital financeiro".
Dimitrov combateu duramente o esquematismo das análises esquerdistas que não viam as diferenças existentes entre os regimes nazi-fascistas e os regimes democráticos burgueses, mesmo que autoritários. "A subida do fascismo ao poder, afirma ele, não é uma simples mudança de um governo burguês por outro, mas sim, a substituição de uma forma estatal de dominação de classe da burguesia — a democracia burguesa — por outra das suas formas, a ditadura terrorista declarada. Ignorar essa diferença seria um grave erro, que impediria o proletariado revolucionário de mobilizar as mais amplas camadas de trabalhadores da cidade e do campo para luta contra a ameaça de tomada do poder pelos fascistas, assim como também tirar proveito das condições existentes no seio da própria burguesia".
Dimitrov tirou importantes lições da derrota do movimento operário e socialista na Alemanha e Itália. "O fascismo chegou ao poder, antes de mais nada, porque a classe operária (...) achava-se dividida, desarmada política e organicamente". Portanto uma das condições para barrar o fascismo era a constituição da unidade da classe operária, ou seja, a construção da Frente Única proletária. Era preciso unificar o movimento sindical cindido entre social-democratas, comunistas, anarquistas e católicos. Esta era uma condição básica para a vitória sobre o fascismo e a guerra imperialista.
A Frente Única proletária deveria ser a base sobre a qual se erigiria "uma extensa frente popular antifascista". O êxito da luta contra o fascismo estava "intimamente ligado à criação da aliança do proletariado com o campesinato trabalhador e com as massas mais importantes da pequena burguesia urbana, que formam a maiorias da população."
Neste sentido os comunistas não deveriam colocar "nenhum tipo de condição para a unidade de ação com exceção de uma condição elementar, aceitável por todos os operários, ou seja, que a unidade de ação seja encaminhada contra o fascismo, contra a ofensiva do capital, contra a ameaça de guerra". No entanto, alerta Dimitrov, "neste trabalho de construção da Frente Única os comunistas não podem (...) renunciar, nem por um minuto, ao seu trabalho próprio e independente de educação comunista".
Naquela conjuntura as reivindicações democráticas adquiriram centralidade na estratégia comunista. "Nós somos partidários da democracia soviética, da democracia dos trabalhadores, a democracia mais conseqüente do mundo. Mas, defendemos e seguiremos defendendo, nos países capitalistas, palmo a palmo, as liberdades democrático-burguesas contra as quais atentam o fascismo e a reação burguesa, pois assim o exigem os interesses da luta de classe do proletariado". Esta mudança na política dos comunistas leva-os a apoiar e, até mesmo, participar de governos frentistas, não socialistas, que lutassem contra o perigo fascista "de modo efetivo não só em palavras, mas com fatos".
O documento de Dimitrov recolocou também, com força, a necessidade de se dedicar mais atenção ao chamado problema nacional. Era preciso tirar das mãos dos fascistas as bandeiras relativas a defesa da cultura e da identidade nacional. "Os comunistas que (...) não fazem nada (...) para esclarecer ante as massas trabalhadoras o passado do seu próprio povo (...) para ligar a luta atual com as tradições revolucionárias do passado, entregam voluntariamente aos falsificadores fascistas tudo o que há de valiosos no passado histórico da nação (...) Nós somos, em princípio, inimigos irreconciliáveis do nacionalismo burguês (...) Mas, quem pensa que isto nos permite, e inclusive nos obriga a cuspir na cara de todos os sentimentos nacionais das amplas massas dos trabalhadores, está muito longe do bolchevismo (...) Camaradas, o internacionalismo proletário deve 'aclimatar-se' (...) e em cada país e lançar raízes profundas no solo natal".
O Informe de Dimitrov teve uma poderosa influência na elaboração tática e estratégia de todo movimento comunista posterior a 1935. Por isso se transformou numa obra de consulta obrigatória para todos os militantes revolucionários.
O construtor da República Popular da Bulgária
Em 1939 eclodiu a Segunda Guerra Mundial e em 1941 as tropas nazistas invadiram o território soviético. A guerra contra a besta nazi-fascista adquiriu assim uma dramaticidade toda própria. A existência do primeiro Estado socialista estava em jogo e com ele o destino do movimento emancipacionista dos trabalhadores e dos povos coloniais.
A partir de 1941 o Partido Comunista da Bulgária adotou a linha da insurreição armada conta o governo fascista pró-alemão. Em 1942 foi formada a Frente da Pátria Búlgara, que seria o centro político aglutinador das forças revolucionárias antifascistas que poriam fim à dominação alemã na Bulgária em setembro de 1944. Dimitrov teve um papel de destaque nesta Frente e na derrota do fascismo nos Bálcãs. Por suas contribuições à causa de libertação dos povos o Soviete Supremo da URSS lhe concedeu a mais alta condecoração do país: a Ordem de Lênin. Em 6 de novembro de 1945 regressou triunfalmente a seu país libertado e foi eleito primeiro ministro da recém fundada República Popular da Bulgária.
Serão ainda necessários três longos anos para que fossem estabelecidas as bases que permitiriam a transição búlgara ao socialismo. Este seria um período rico de debates sobre as formas possíveis de transição ao socialismo — um debate que acabou sendo estancado com o desenvolvimento da guerra fria e o endurecimento do regime soviético. Num discurso realizado em 1946, na Conferência Regional do Partido em Sófia, Dimitrov chegou a afirmar: "Todos os povos passarão ao socialismo, não por um via idêntica, esteriotipada, não precisamente pela via soviética, mas pela sua própria via, de acordo com as suas condições históricas, nacionais, sociais, culturais e outras".
Em 2 de julho de 1949 o velho comunista, já bastante doente, morreria em território soviético, onde estava realizando tratamento de saúde. O proletariado do mundo perderia neste dia um dos seus maiores heróis e o marxismo-leninismo um dos seus grandes expoentes.
Augusto C. Buonicore é Historiador, membro do Comitê Central do Partido Comunista do Brasil, Secretário Geral da Fundação Maurício Grabois e responsável pelo Centro de Documentação e Memória (CDM)

http://grabois.org.br/portal/cdm/noticia.php?id_sessao=30&id_noticia=592

Os 23 pedidos de impeachment de Dilma

Por Altamiro Borges

O Jornal do Brasil fez um levantamento dos pedidos de impeachment da presidenta Dilma Rousseff já protocolados no Congresso Nacional. Ao todo, desde o início do seu primeiro mandato, já são 23. Destes, 17 foram arquivados por total inconsistência das solicitações, mas seis seguem tramitando no parlamento chefiado pela dupla Renan Calheiros e Eduardo Cunha. Alguns dos pedidos são risíveis, patéticos. "Dentre os que não foram aceitos, há três que querem a presidente fora de seu cargo por ela ter mostrado um vídeo do autor pelado na TV", descreve, irônica, a matéria postada no sábado (11).

Segundo o texto, "um cidadão abriu um processo em julho de 2012 e outros dois em 2013, no meses de outubro e novembro, oferecendo denúncia contra a presidente por crimes de responsabilidade. Ele acusa Dilma de violar sua privacidade, honra e imagem. Alexandre Ferraz de Moraes quer que seja decretada a perda do cargo de Dilma e sua inabilitação temporal para o exercício de função pública, sem prejuízo de procedimento penal competente, pelas infrações penais comuns. O processo diz que a presidente participou do programa Superpop, da Rede TV, em abril de 2011 e 'apresentou vídeo em que o denunciante estava no interior de sua residência sem roupas, e violou a privacidade, a honra e a imagem do denunciante'. 

Estes três pedidos e outros 14 foram sumariamente rejeitados, de tão ridículos que eram. Talvez não tivessem o mesmo destino se o lobista Eduardo Cunha, já chamado de "achacador" por seus pares, já estivesse no comando da Câmara Federal. Segundo o Jornal do Brasil, "a maioria dos processos que pedem o impeachment da presidente são abertos por cidadãos" – muitos deles, com certeza, instigados pelas campanhas de ódio e desinformação disseminadas pela mídia oposicionista. "Apenas uma das seis ações em processamento atualmente foi aberta por um político". O seu autor, também patético, é o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ), que acusa Dilma pela "destruição do Estado brasileiro".

"Outros processos pedem a saída da petista por motivos como má gestão administrativa, escândalos de corrupção, desrespeito à garantia dos direitos básicos e crime de responsabilidade pelos fatos apurados pela Polícia Federal na Operação Lava Jato", conclui a matéria do JB. Afora os "midiotas" – na já clássica definição de Luciano Martins Costa – e o fascista Jair Bolsonaro, nenhum partido da oposição ainda ingressou com o pedido de impeachment. Até os mais hidrófobos, como o senador Aloysio Nunes, vice do cambaleante Aécio Neves, sabem que este golpe não é um processo indolor. 

Em entrevista ao repórter Bernardo Mello Franco nesta terça-feira (14) na Folha, o tucano derrotado apontou algumas das razões da sua cautela. "No momento, não vejo base para o impeachment. Não se pode brincar com isso", afirmou. Ele também rejeitou as comparações entre Dilma e Fernando Collor, afastado em 1992. "Collor era um político sozinho, sem partido, e teve um comportamento pessoal chocante como presidente. Era um personagem burlesco no poder. Dilma tem respeitabilidade pessoal, tem um partido e tem o apoio de movimentos sociais".

O maior temor de Aloysio Nunes é de que o pedido de impeachment radicalize a situação política do país. "Esses processos demoram, geram tensionamentos. Pode haver um desdobramento dramático... O clima de radicalização é preocupante. O Lula vai tentar mobilizar esse pessoal, e a Dilma Rousseff dá a impressão de que não vai se render facilmente. Ela vai brigar, vai lutar pelo mandato". Diante deste risco, o senador tucano surpreendentemente pede cautela aos seus pares golpistas. Ao final do artigo, o jornalista lembra, sutilmente, que "o tucano foi apontado pelo empreiteiro Ricardo Pessoa, delator da Lava Jato, como destinatário de dinheiro de caixa dois". A vida realmente é complicada!