quinta-feira, 12 de março de 2015

Comunista Flávio Dino retoma diálogo com Movimentos Sociais no Maranhão


Enquanto 20 pessoas "protestavam" no Rio, Flávio Dino (Governador do Maranhão pelo Partido Comunista do Brasil -PCdoB) promovia mais um dia histórico no Maranhão. A volta do diálogo entre Governo e movimentos sociais durante a discussão sobre aumento do IDH e as bandeiras de luta dos trabalhadores. Meu querido amigo trazendo dignidade ao povo de sua terra. Lindo!

Jandira Feghali- Deputada Fed. PCdoB  - RJ

Dia 15 - a passeata do ódio fascista manobrada espertamente

Do Portal Vermelho

  

Passeatas contra ou a favor de qualquer governo são fatos que devem ser encarados com absoluta tranquilidade. São mesmo fundamentais para o aprofundamento da democracia. O que não deve ser encarado como fato normal é a pregação despolitizada, de um ódio cego, de uma histeria verdadeiramente fascista que o discurso anti-Dilma assumiu e que é a marca principal da passeata do dia 15 de março.


O “mar de lama” 

Muita gente deixou-se levar pelo discurso udenista que repete, contra Lula, Dilma, o PT e a esquerda, a velha tática do “mar de lama” já usada contra Getúlio e contra Jango para pavimentar o caminho da reação. A história repete-se com os mesmos ingredientes: velhos representantes do que há de mais atrasado na política, acusando setores progressistas de atos de corrupção que eles mesmos sempre praticaram impunemente. Pessoas de várias partes do país mandam notícias de que empresários e firmas especializadas estão alugando ônibus e recrutando pessoas pagas para os “protestos” do dia 15. Veja ao lado a imagem enviada por um leitor. A mídia hegemônica faz uma convocação geral. AVeja, por exemplo, publicou uma matéria especial indicando o local das manifestações.

Guerra midiática

Se fosse só até aí, já seria bastante grave, mas vai muito além. Coloca-se a convivência democrática em risco. Poucas vezes a manipulação midiática atingiu este ápice. As forças progressistas convocam um ato em defesa da Petrobrás, em local fechado no Rio de Janeiro, a ABI. Meia dúzia de provocadores, um deles um policial federal armado (como mostrou a reportagem do jornal O Dia), agride um militante do PT, e quando os petistas reagem o que se vê no dia seguinte na mídia foi apenas a reação do PT. As imagens ao lado, do militante do PT sendo agredido, muito pouca gente viu, pois só o que saiu foram fotos do revide e manchetes dizendo que Lula tinha convocado a guerra, quando a essência do que Lula disse é que ele queria a paz, mas que sabia lutar. Enquanto isso, a verdadeira guerra subterrânea contra a democracia avança. Todo dia uma indústria de boatos entra em ação. No dia 26 de outubro, 2º turno das eleições presidenciais, já havia circulado como verdade que o doleiro Youseff tinha sido “assassinado pelo PT”. Agora, Dilma vai acabar com o 13º. A poupança será confiscada no dia 18 março, bem como todos os recursos aplicados em investimentos. Fontes “inquestionáveis” alertam que devem ser estocados alimentos pois vem aí uma guerra civil. Um general de pijama escreve artigo no jornal O Estado de S. Paulodizendo que o exército está pronto para intervir.

Quem incentiva o ódio

Estas e outras mentiras alimentam um clima de ódio que assume contornos explosivos. Em Chapecó (SC) um homem invadiu um apartamento onde mãe e filha tinham na varanda bandeiras do MST e do PCdoB (painel acima). Agrediu as duas moradoras sobre os aplausos de uma pequena turba. Apesar da violência as duas mulheres resistiram e não deixaram as bandeiras serem levadas. Um guarda municipal publica a foto de uma reconhecida liderança do MST, João Pedro Stédile, oferecendo uma recompensa para que Stédile seja entregue “vivo ou morto” (painel acima). No dia 05 de março o menino Peterson Ricardo de Oliveira, de 14 anos, foi agredido na porta de uma escola em Ferraz de Vasconcelos, na Grande São Paulo, na última quinta-feira e faleceu. Tudo indica que o motivo do assassinato foi o fato de Peterson ser filho adotivo de um casal homossexual. O que isso tem a ver com o dia 15? Tudo. Ilude-se quem acha que este clima de ódio – divulgado por fãs de Bolsonaros e outros trogloditas - atinge só a esquerda e o PT.

De quem é a passeata do ódio fascista

Se alguém pensa que o dia 15 será a passeata anticorrupção, é melhor marcar outra e com alvos diferentes. O dia 15 será a passeata de Jair Bolsonaro e do apelo à volta da ditadura, de Rachel Sheherazade e da justiça pelas próprias mãos. Será a passeata do obscurantismo e pode entrar para a história como mais sombria do que a famigerada passeata da TFP com “Deus, pela família” realizada em 1964, que com a desculpa da “defesa da constituição”, clamou na verdade pela instalação de um regime militar. Na época, como hoje, a mídia hegemônica apoiou de forma unânime os golpistas.

Quem manipula a passeata do ódio fascista

Por trás de tudo, manobrando espertamente, os caciques do PSDB e de outras siglas se preparam para dois movimentos coordenados: insuflar as manifestações de ódio o mais que for possível para depois aparecerem com apaziguadores, buscando tirar todo o proveito político que puderem. Como diz o editorial de hoje do Portal Vermelho, “o momento é de alerta máximo e prontidão absoluta em defesa da legalidade, da democracia e do mandato da presidenta Dilma Rousseff”.

Noblat e o orgulho branco

Os nazistas e neonazistas fazem camisetas e fundam organizações com o nome de “orgulho branco”. O argumento deles é que se existe “orgulho negro”, por que não existir “orgulho branco”? Tal sofisma busca esconder o óbvio: todas as organizações que ostentam o orgulho branco são racistas fanáticas. O resgate do orgulho negro é fundamental para aqueles que tiveram os seus antepassados escravizados durante 388 dos 515 anos da nossa história e que até hoje sofrem com a discriminação e sustentam sobre seus ombros o peso maior da injustiça social. Os brancos no Brasil nunca sofreram discriminação racial e, portanto, o “orgulho branco” é uma forma, consciente ou inconsciente, de reforçar o estereótipo do dominador (branco) frente ao dominado. Mas no jornal O Globodesta quarta-feira (11), na página 8, um dos mais graduados colunistas amestrados do jornal golpista, Ricardo Noblat, publica um artigo onde, tentando usar de certa ironia reveladora, reclama que uma pessoa branca e rica não pode protestar que é logo tachada de golpista. E a “discriminação” fica pior, segundo Noblat, se o branco e rico em questão for paulista. Realmente, os brancos, ricos (principalmente se forem paulistas) sofrem muito preconceito e precisam do braço amigo do Noblat. O argumento é tão patético que a pretensa ironia não o redime. Registro apenas que em passado recente Noblat escreveu uma coluna onde, em nome da liberdade de expressão, defendia o deputado Jair Bolsonaro que havia naquela oportunidade ofendido negros e homossexuais. Os momentos de enfrentamento político mais agudo têm mesmo estas características. As coisas vão ficando mais nítidas e cada ator do confronto tem sua identidade relevada. Mas no caso do Noblat, nem precisava.

Colabore com o Notas Vermelhas: envie sua sugestão de nota ou tema para o email wevergton@vermelho.org.br 

Vídeo: Ilha das Flores - Completo - Original


Documentário premiadíssimo!
 Este documentário foi gravado em Porto Alegre em 1989. Apesar de ter sido gravado há muitos anos, o problema permanece atual.
10 minutos de puro realismo...Isso chama-se CAPITALISMO.

quarta-feira, 11 de março de 2015

G1-Globo: Protesto contra Dilma no Centro do Rio reúne 39 manifestantes

11/03/2015 16h06 - Atualizado em 11/03/2015 18h02


Ato partiu da Candelária com 20 pessoas e acabou na sede da Petrobras.
Cerca de 200 policiais militares fizeram a segurança da passeata.

Do G1 RioDireto do PIG (Partido da Imprensa Golpista)  G1 -Globo
Após concentração, passeata saiu por volta das 16h30 (Foto: Henrique Coelho / G1)Após concentração, passeata saiu por volta das 16h30 (Foto: Henrique Coelho / G1)
Um protesto contra Dilma Rousseff, iniciado com cerca de 20 manifestantes, por volta das 16h desta quarta-feira (11), na Candelária, no Centro do Rio, chegou até a sede da Petrobras, na Avenida Chile, com 39 pessoas – 15 delas com cartazes nas mãos. O grupo pediu o impeachment da presidente e convocou para outro protesto, neste domingo (15).
A manifestação, acompanhada por curiosos e por aproximadamente 200 PMs, foi marcada nas redes sociais. A Avenida Rio Branco chegou a ser fechada pelo grupo, que chegou à Petrobras, às 17h, encerrando o ato 20 minutos depois, com uma oração coletiva do "Pai nosso".
Além do impeachment, o grupo Revoltados Online, que convocou o ato, manifesta apoio aos caminhoneiros e ao juiz Sergio Moro, à frente da Operação Lava Jato, que investiga a corrupção na Petrobras.
Grupo chegou à sede da Petrobras às 17h (Foto: Henrique Coelho / G1)Grupo chegou à sede da Petrobras às 17h (Foto: Henrique Coelho / G1)
PM fez a escolta da passeata (Foto: Henrique Coelho / G1)PM fez a escolta da passeata (Foto: Henrique Coelho / G1)
Segundo Marcelo Reis, o protesto seria marcado para o dia 13, mas foi adiantado devido à manifestação da Central Única dos Trabalhadores protocolada para o mesmo dia. ele também descartou, por enquanto, a intervenção militar, defendida por alguns manifestantes.
"Vamos fazer um abre-alas para o protesto do dia 15. O povo acordou", afirmou o fundador da página Revoltados Online, Marcello Reis.
Segundo ele, o protesto seria marcado para sexta-feira (13), mas foi adiantado devido à manifestação da Central Única dos Trabalhadores (CUT), protocolada para o mesmo dia.
No final do ato, os manifestantes deram parabéns à Polícia Militar. "Eles são responsáveis por manter a ordem, já que nós somos pacíficos", afirmou Marcello Reis, que considerou o evento foi "um sucesso".
Batman partipa de ato contra Dilma (Foto: Henrique Coelho / G1)Batman partipa de ato contra Dilma (Foto: Henrique Coelho / G1)
Vários ônibus da PM estacionaram ao lado da concentração do protesto (Foto: Henrique Coelho / G1)Vários ônibus da PM estacionaram ao lado da concentração do protesto (Foto: Henrique Coelho / G1)
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Direto do PIG (Partido da Imprensa Golpista)  G1 -Globo
http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2015/03/protesto-contra-dilma-no-centro-do-rio-reune-cerca-de-20-manifestantes.html

Vídeos:Médica Coxinha1 e 2 (Médicas burguesas ofendem médicos cubanos)

Vídeos:Médica Coxinha1 e 2 - Enfim, os cubanos!!!

Empresários custeiam vaias a Dilma e pressionam funcionários a aderir

Do Blog da Cidadania

anti dilma capa

A campanha empreendida contra Dilma Rousseff está custando fortunas. Essa grana toda está sendo gasta em sofisticadas peças de áudio, vídeo e imagem, espalhadas aos milhares diária e incessantemente na internet, e na logística para o ato do próximo dia 15. As vaias que a presidente recebeu em São Paulo nesta terça-feira dão uma pista sobre quem paga.
Um leitor do Piauí, por exemplo, enviou ao Blog imagens dos kits anti Dilma que estão chegando ao seu Estado aos milhares, via correio, vindos de São Paulo – o que não chega a surpreender.
anti dilma 1

Note o leitor que panfletos, adesivos para carro, camisetas, bonés etc. chegam até os mais distantes pontos do país. Há o custo de produção dos kits, o custo do frete, o custo com distribuição local etc.
Tudo isso – e muito mais – custa dinheiro.
A orquestração via Whats Appp ou Facebook também custa dinheiro. Aliás, no FB textos, vídeos, posts e memes contra a presidente são “patrocinados”, ou seja, quem os produz paga àquela rede social para “promovê-los”.
Aquela página de revoltados com a vida e com Dilma, em vez de oferecer tratamento psicológico para seus frequentadores, gasta fortunas com promoção de suas postagens.
Para quem não conhece, veja, abaixo, como se consegue milhares de curtidas no FB.
anti dilma 2
Aliás, nada contra “patrocinar” conteúdo jornalístico para que seja mais lido. Muitos fazem isso, à direita e à esquerda. A maioria dos sites jornalísticos recorre a esse investimento. O problema é quem paga por isso, porque é bastante caro.
Recentemente, uma amiga cineasta me disse que a promoção de postagem que fez no FB de seu trabalho lhe custou mais de 500 reais. Agora veja quantas postagens patrocinadas têm essas páginas de “revoltados” por dia e faça a conta de quanto gastam em um mês.
De onde vem esse dinheiro? Estamos falando de milhões de reais, para uma campanha desse tamanho. Inclusive, o ato anti Dilma do próximo dia 15 terá caravanas vindo de cidades próximas às capitais. Farto material de som ou publicitários será distribuído.
Uma outra leitora envia mensagem com informações que dão uma bela ideia de quem está pagando pela festa golpista.
Eduardo,
boa tarde.
Tenho ficado preocupada com a hostilidade contra a Dilma e o PT.
O movimento Vem Pra Rua, segundo a carta capital vem sendo financiada pelos empresários.
Alguns amigos meus disseram que seus patrões estão fazendo de tudo para convocar os funcionários para a manifestação de 15/03. O mesmo aconteceu na empresa na qual trabalho, e minha irmã disse que a mesma coisa aconteceu na empresa na qual ela trabalha.
Essa pessoa disse que a Dilma não vai continuar no poder. Os empresários estão articulados e estão coagindo os funcionários a irem às ruas contra o PT e Dilma. São e-mails do patrão com a capa da Veja circulando nos e-mails, são mensagens no celular,  Whats App…
Isso vem acontecendo desde antes da eleição e foi por isso que ela [Dilma] quase perdeu, porque os patrões estão jogando tudo e coagindo os funcionários.
Coadunando-se com essa narrativa, as vaias que Dilma recebeu nesta terça-feira ao visitar o pavilhão de feiras do Anhembi, em São Paulo, aos gritos de “vaca” e “vagabuna”. Para quem não viu, o vídeo com as agressões.

O pavilhão de exposições é velho conhecido deste blogueiro. Em sua atuação comercial, participou de inúmeras feiras. Quem vaiou foram os funcionários que preparavam os estandes para a feira. Eu mesmo já participei dessas montagens.
Quem leu na internet que trabalhadores que montavam os estandes vaiaram Dilma pode pensar que são “peões” de macacão com martelos em punho que apuparam a presidente da República, mas não foi nada disso.
Como se vê no vídeo, são profissionais de vendas e seus patrões, ou seja, pessoas da classe média paulistana que votaram em Aécio Neves.
Ao contrário do que a mídia e a oposição tentam fazer crer não é quem votou em Dilma Rousseff que a está vaiando, são os que votaram no adversário dela em 26 de outubro do ano passado.
O eleitorado de Dilma, em parte, ficou descontente com medidas de ajuste fiscal ou com nomeação de ministros oriundos “do lado de lá”. Essas pessoas, irritadas, disseram ao Datafolha, ao fim de janeiro, seu descontentamento.
Conversava na segunda-feira com um blogueiro importante que está insatisfeito e ele me disse que se fosse entrevistado pelo Datafolha no mês de janeiro, avaliaria Dilma como “regular”. Conheço eleitores dela que, no janeiro fatídico em que sua popularidade despencou, no auge da irritação chegariam a classificá-la como ruim ou péssima.
Isso não significa que essas pessoas tenham mudado de opinião, que estejam dispostas a votar no PSDB ou que tivessem coragem de chamá-la de “vadia” ou “vagabunda”. Quem faz isso é quem já não gostava dela antes de se reeleger.
Todos se lembram de como Dilma foi vaiada diversas vezes nos novos estádios de futebol e até em outras partes antes de a campanha eleitoral começar, de quem eram os xingadores e de como a mera hipótese de o PSDB voltar ao poder, pouco depois, fez com que milhões votassem na presidente apesar de estarem insatisfeitos com ela.
Para entender o fenômeno, basta pegar uma das muitas análises de rede que há por aí para verificar que a hegemonia política dos anti Dilma viscerais está longe de se concretizar. Por exemplo, a do analista Fábio Malini, via Facebook, sobre redes sociais, que é bastante interessante.
anti dilma 3
O que se depreende dessa análise é que, à diferença do que tenta fazer parecer a mídia, os anti Dilma estão longe de ser maioria e, na hora do “pega pra capar”, o centro do gráfico, que no momento está neutro, pode escolher um lado e, por seu perfil, dificilmente seria o do PSDB.
Diante do exposto, está mais do que na hora de se fazer uma investigação jornalística séria sobre os financiadores do golpismo. Esses empresários estão mesmo tão convencidos de que Dilma faz mal ao país ou existem conchavos com partidos políticos e troca de favores, por exemplo, com o governo de São Paulo?

http://www.blogdacidadania.com.br/2015/03/empresarios-custeiam-vaias-a-dilma-e-pressionam-funcionarios-a-aderir/
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segunda-feira, 9 de março de 2015

Saiba as diferenças de: SOCIALISMO REACIONÁRIO, SOCIALISMO BURGUÊS, SOCIALISMO E COMUNISMO


SOCIALISMO REACIONÁRIO
Teve origem no socialismo feudal, a burguesia voltou-se contra a aristocracia 
francesa, resultando na revolução.
Na verdade o que houve foi à substituição do poder da monarquia para as mãos da
 burguesia. Em outras palavras, o poder continuou nas mãos de poucos, nas mãos
 de quem detinha posses e poder.
Pela sua posição histórica, as aristocracias francesa e inglesa estavam vocacionadas 
para escrever panfletos contra a sociedade burguesa moderna. Na revolução francesa 
de Julho de 1830, no movimento de reforma inglês, elas sucumbiram uma vez mais
 ao odiado arrivista. Não podia mais tratar-se de uma luta política séria. Restava-lhes
 apenas a luta literária. Mas também no domínio da literatura o velho palavreado do
 tempo da restauração tinha-se tornado impossível. Para despertar simpatia, a 
aristocracia teve de aparentar perder de vista os seus interesses e de formular a sua 
acusação contra a burguesia apenas no interesse da classe operária explorada. 
Preparou assim a satisfação de poder cantar cantigas de escárnio sobre o seu novo 
dominador e sussurrar-lhe ao ouvido profecias mais ou menos prenhes de desgraças.




SOCIALISMO BURGUÊS

“Querem manter o capitalismo, mas sem riscos e perigos, querem perpetuar a sociedade atual sem os riscos de revoluções”. Querem a burguesia sem o proletariado.
Uma parte da burguesia deseja remediar os males sociais para assegurar a existência da sociedade burguesa.
A ela pertencem: economistas, filantropos, humanitários, melhoradores da situação das classes trabalhadoras, organizadores da caridade, protetores dos animais, fundadores de ligas anti-alcoólicas, reformadores ocasionais dos mais variados.
E também este socialismo burguês foi elaborado em sistemas completos.
A aristocracia feudal não é a única classe derrubada pela burguesia cujas condições de vida se atrofiaram e extinguiram na moderna sociedade burguesa. A Pfahlbürgertum medieval e o pequeno campesinato [kleine Bauernstand] foram os precursores da burguesia moderna. Nos países menos desenvolvidos industrial e comercialmente esta classe continua ainda a vegetar ao lado da burguesia em ascensão.



SOCIALISMO E COMUNISMO UTÓPICO
A significação do socialismo e comunismo crítico-utópicos está na proporção inversa do seu desenvolvimento histórico. Na medida em que se desenvolve e configura a luta de classes, perde esta elevação fantástica acima dela, esta luta fantástica contra ela, todo o valor prático, toda a justificação teórica. Se, por isso, os autores destes sistemas foram, em muitos aspectos, revolucionários, os seus discípulos formaram sempre seitas reacionárias. Perante o desenvolvimento histórico continuado do proletariado ativeram-se às velhas intuições dos mestres. Por isso procuram consequentemente embotar de novo a luta de classes e mediar as oposições. Continuam ainda a sonhar com a realização, a título experimental, das suas utopias sociais, com a instituição de falanstérios isolados, com a fundação de colônias no país, com o estabelecimento de uma pequena Icária.




MANIFESTO DO PARTIDO COMUNISTA
Leia mais sobre o tema



Manifesto do Partido Comunista
Karl Marx e Friederich Engels
Link Avante

III - Literatura Socialista e Comunista


1. O Socialismo Reaccionário

a) O Socialismo Feudal

capa
Pela sua posição histórica, as aristocracias francesa e inglesa estavam vocacionadas para escrever panfletos contra a sociedade burguesa moderna. Na revolução francesa de Julho de 1830, no movimento de reforma inglês (42), elas sucumbiram uma vez mais ao odiado arrivista. Não podia mais tratar-se de uma luta política séria. Restava-lhes apenas a luta literária. Mas também no domínio da literatura o velho palavreado do tempo da restauração (1*) tinha-se tornado impossível. Para despertar simpatia, a aristocracia teve de aparentar perder de vista os seus interesses e de formular a sua acusação contra a burguesia apenas no interesse da classe operária explorada. Preparou assim a satisfação de poder cantar cantigas de escárnio sobre o seu novo dominador e sussurrar-lhe ao ouvido profecias mais ou menos prenhes de desgraças.
Desta maneira surgiu o socialismo feudalístico — metade canto lamentoso e metade pasquim, metade eco do passado e metade ameaça do futuro —, por vezes acertando no alvo com um juízo amargo, espirituosamente demolidor, sobre a burguesia, mas sempre operando de modo cómico pela sua total incapacidade de conceber o curso da história moderna.
Por estandarte eles agitavam na mão o proletário alforge de mendigo, para juntarem o povo atrás de si. Mas de todas as vezes que este os seguia divisava-lhes no traseiro os velhos brasões feudais e dispersava com gargalhadas sonoras e irreverentes.
Uma parte dos Legitimistas franceses (44) e a Jovem Inglaterra (45) deram este espectáculo da melhor maneira.
Quando os feudais demonstram que o seu modo de exploração tinha uma figura diferente da da exploração burguesa, esquecem-se apenas que exploravam em circunstâncias e condições completamente diversas e já ultrapassadas. Quando provam que o proletariado moderno não existia sob a sua dominação, esquecem-se apenas que precisamente a burguesia moderna foi um rebento necessário da sua ordem social.
De resto dissimularam tão pouco o carácter reaccionário da sua crítica, que a sua acusação principal contra a burguesia reside precisamente no facto de que no regime desta se desenvolveu uma classe que fará ir pelos ares toda a velha ordem social.
Censuram ainda mais à burguesia ter gerado um proletariado revolucionário do que ter, em geral, gerado um proletariado.
Na prática política tomam por isso parte em todas as medidas violentas contra a classe operária, e na vida habitual acomodam-se, a despeito de todo o seu palavreado pomposo, a apanhar as maçãs douradas (2*) e a trocar a lealdade, o amor e a honra pelo tráfico de lã, beterraba e aguardente (3*).
Assim como os padres andavam sempre de braço dado com os feudais, assim também o socialismo clerical com o feudalístico.
Nada mais fácil do que dar ao ascetismo cristão uma demão socialista. Não bradou também o cristianismo contra a propriedade privada, contra o casamento, contra o Estado? Não pregou em vez deles a caridade e a pobreza, o celibato e a mortificação da carne, a vida monástica e a Igreja? O socialismo cristão (4*) é apenas a água benta com que o padre abençoa a irritação do aristocrata.

b) O Socialismo Pequeno-Burguês

A aristocracia feudal não é a única classe derrubada pela burguesia cujas condições de vida se atrofiaram e extinguiram na moderna sociedade burguesa. A Pfahlbürgertum (38) medieval e o pequeno campesinato [kleine Bauernstand] foram os precursores da burguesia moderna. Nos países menos desenvolvidos industrial e comercialmente esta classe continua ainda a vegetar ao lado da burguesia em ascensão.
Nos países em que a civilização moderna se desenvolveu, formou-se uma nova pequena burguesia [Kleinbürgerschaft], a qual paira entre o proletariado e a burguesia e constantemente se forma de novo como parte complementar da sociedade burguesa, e cujos membros são constantemente atirados pela concorrência para o proletariado, vêem mesmo, com o desenvolvimento da grande indústria, aproximar-se um momento em que desaparecerão por completo como parte autónoma da sociedade moderna e serão substituídos no comércio, na manufactura, na agricultura por capatazes e criados.
Em países como a França, onde a classe camponesa perfaz muito mais de metade da população, era natural que os escritores que se apresentaram a favor do proletariado e contra a burguesia aplicassem à sua crítica do regime burguês a bitola pequeno-burguesa e pequeno-camponesa, e tomassem o partido dos operários do ponto de vista da pequena burguesia [Kleinbürgertum]. Formou-se assim o socialismo pequeno-burguês. Sismondi é o chefe desta literatura não só para a França como também para a Inglaterra.
Este socialismo dissecou com a maior acuidade as contradições nas relações de produção modernas. Pôs a descoberto os fingidos embelezamentos dos economistas. Demonstrou irrefutavelmente os efeitos destruidores da maquinaria e da divisão do trabalho, da concentração dos capitais e da posse fundiária, a sobreprodução, as crises, o declínio necessário dos pequenos burgueses e camponeses, a miséria do proletariado, a anarquia na produção, as desproporções gritantes na repartição da riqueza, a guerra industrial de extermínio das nações entre si, a dissolução dos velhos costumes, das velhas relações de família, das velhas nacionalidades.
Pelo seu teor positivo, porém, este socialismo quer ou restabelecer os velhos meios de produção e de intercâmbio, e com eles as velhas relações de propriedade e a velha sociedade, ou quer encarcerar de novo violentamente os meios modernos de produção e de intercâmbio no quadro das velhas relações de propriedade, as quais foram, tiveram de ser, por eles rebentadas. Ele é simultaneamente reaccionário e utópico.
Sistema corporativo na manufactura e economia patriarcal no campo são as suas últimas palavras.
No seu desenvolvimento ulterior, esta orientação perdeu-se numa ressaca cobarde (5*).

c) O Socialismo Alemão ou [o Socialismo] "Verdadeiro"

A literatura socialista e comunista da França, que surgiu sob a pressão de uma burguesia dominante e que é a expressão literária da luta contra esta dominação, foi introduzida na Alemanha num tempo em que a burguesia iniciava a sua luta contra o absolutismo feudal.
Filósofos, meios-filósofos e "belos espíritos" alemães apoderaram-se avidamente desta literatura, esquecendo apenas que com a imigração destes escritos de França não imigraram ao mesmo tempo para a Alemanha as relações de vida francesas. Face às relações alemãs a literatura francesa perdeu todo o significado prático imediato e assumiu uma feição puramente literária. Tinha de aparecer como especulação (6*) ociosa sobre a realização da essência humana. Assim, para os filósofos alemães do século XVIII as reivindicações da primeira Revolução Francesa só tinham o sentido de reivindicações da "razão prática" (47) em geral, e as expressões da vontade da burguesia revolucionária francesa significavam aos seus olhos as leis da vontade pura, da vontade como esta tem de ser, da vontade verdadeiramente humana.
O trabalho dos literatos alemães consistiu exclusivamente em pôr as novas ideias francesas de acordo com a velha consciência filosófica que era a deles, ou antes, em apropriar-se das ideias francesas a partir do seu ponto de vista filosófico.
Esta apropriação aconteceu do mesmo modo por que uma pessoa se apropria de uma língua estrangeira — pela tradução.
É sabido que os monges escreveram hagiografias católicas insípidas sobre os manuscritos em que estavam registadas as obras clássicas do velho tempo pagão. Os literatos alemães procederam inversamente com a literatura profana francesa. Escreveram os seus disparates filosóficos por baixo do original francês. P. ex., por baixo da crítica francesa às relações de dinheiro escreveram "alienação [Entäuβerung] da essência humana", por baixo da crítica francesa do Estado burguês escreveram "superação [Aufhebung] da dominação do abstractamente universal", etc.
(7*) subpor deste (8*) palavreado filosófico aos desenvolvimentos franceses baptizaram eles de "filosofia da acção", "socialismo verdadeiro", "ciência alemã do socialismo", "fundamentação filosófica do socialismo", etc.
A literatura socialisto-comunista francesa foi assim emasculada a preceito. E como nas mãos do Alemão deixou de exprimir a luta de uma classe contra outra, o Alemão ficou consciente de ter triunfado da "unilateralidade francesa", de ter defendido, em vez de necessidades verdadeiras, a necessidade da verdade, e em vez dos interesses do proletário, os interesses da essência humana, do homem em geral, do homem que não pertence a nenhuma classe, que nem sequer pertence à realidade, que pertence apenas ao céu nebuloso da fantasia filosófica.
Este socialismo alemão, que tomou tão a sério, e tão solenemente, os seus canhestros exercícios escolares, e que, qual vendedor de feira, tão alto os trombeteou, foi entretanto perdendo pouco a pouco a sua inocência pedante.
A luta da burguesia alemã, nomeadamente da prussiana, contra os feudais e a realeza absoluta — numa palavra, o movimento liberal — tornou-se mais séria.
Foi assim oferecida ao socialismo "verdadeiro" a tão desejada oportunidade de contrapor ao movimento político as reivindicações socialistas, de arremessar contra o liberalismo, contra o Estado representativo, contra a concorrência burguesa, a liberdade burguesa de imprensa, o direito burguês, a liberdade e a igualdade burguesas, os anátemas legados, e de pregar à massa popular que nada tinha a ganhar, antes tudo a perder, com este movimento burguês. O socialismo alemão esqueceu em devido tempo que a crítica francesa, da qual era um eco sem espírito, pressupunha a sociedade burguesa moderna com as correspondentes condições materiais de vida e a adequada constituição política, pressupostos esses por cuja conquista se tratava então de lutar na Alemanha.
Serviu aos governos alemães absolutos — com o seu cortejo de padres, mestres-escolas, fidalgotes e burocratas — de espantalho desejado contra a burguesia ameaçadoramente ascendente.
Formou o doce complemento dos amargos golpes de chicote e balas de espingarda com que esses mesmos governos cuidaram (9*) das insurreições de operários alemães.
Se o socialismo "verdadeiro" desta maneira se tornou uma arma na mão dos governos contra a burguesia alemã, representou também imediatamente um interesse reaccionário — o interesse da Pfahlbürgerschaf alemã. Na Alemanha é a pequena burguesia [Kleinbürgertum](10*), legada pelo século XVI, que desde esse tempo, de formas diversas, está sempre a vir ao de cima, que constitui a base social propriamente dita das situações existentes.
A sua manutenção é a manutenção das situações alemãs existentes. Da dominação industrial e política da burguesia teme o declínio seguro, por um lado, em consequência da concentração do capital, por outro lado, pelo advento de um proletariado revolucionário. O socialismo "verdadeiro" pareceu-lhe matar dois coelhos com uma cajadada. Espalhou-se como uma epidemia.
A veste tecida de especulativas teias de aranha, bordada a flores de retórica de belos espíritos, embebida no orvalho sufocantemente sentimental da alma, em que os socialistas alemães envolveram a sua meia dúzia de ossudas "verdades eternas", esta veste extravagante só veio multiplicar o [bom] escoamento da sua mercadoria entre este público.
Pelo seu lado, o socialismo alemão reconheceu cada vez mais a sua vocação para ser o representante presumido desta Pfahlbürgerschaft(38).
Proclamou a nação alemã como a nação normal e o Spieβbürger (11*) (48) alemão como o homem normal. Deu a todas as infâmias deste [Spieβbürger] um sentido socialista, oculto, superior, pelo qual elas significavam o seu contrário. Ao entrar em cena directamente contra a orientação "grosseiramente destrutiva" do comunismo, ao anunciar a sua sublimidade imparcial acima de todas as lutas de classes, tirou a sua última consequência. Com muito poucas excepções, o que na Alemanha circula de escritos pretensamente socialistas e comunistas pertence ao âmbito desta literatura porca e debilitante (12*).

2. O Socialismo Conservador ou [Socialismo] Burguês

Uma parte da burguesia deseja remediar os males sociais para assegurar a existência da sociedade burguesa.
A ela pertencem: economistas, filantropos, humanitários, melhoradores da situação das classes trabalhadoras, organizadores da caridade, protectores dos animais, fundadores de ligas anti-alcoólicas, reformadores ocasionais dos mais variados.
E também este socialismo burguês foi elaborado em sistemas completos.
Como exemplo mencionamos a Philosophie de la misère, de Proudhon.
Os burgueses socialistas querem as condições de vida da sociedade moderna sem as lutas e perigos delas necessariamente decorrentes. Querem a sociedade existente deduzidos os elementos que a revolucionam e dissolvem. Querem a burguesia sem o proletariado. A burguesia, naturalmente, representa-se o mundo em que domina como o melhor dos mundos. O socialismo burguês elabora, a partir desta representação consoladora, um meio sistema ou um sistema completo. Quando exorta o proletariado a realizar estes sistemas (13*) e a entrar na nova Jerusalém, no fundo só lhe pede que fique na sociedade actual, mas que se desfaça das odiosas representações que faz dela.
Uma segunda forma, menos sistemática mas mais prática, [deste] socialismo procurou tirar à classe operária o gosto por todos os movimentos revolucionários, mostrando-lhe que só lhe poderia ser útil, não esta ou aquela alteração política, mas uma alteração nas relações materiais de vida, nas relações económicas. Por alteração das relações materiais de vida este socialismo não entende, de modo nenhum, a abolição das relações de produção burguesas, só possível pela via revolucionária, mas melhoramentos administrativos que se processem sobre o terreno destas relações de produção, portanto que nada alterem na relação de capital e trabalho assalariado, mas que no melhor dos casos reduzam à burguesia os custos da sua dominação e lhe simplifiquem o orçamento de Estado.
O socialismo burguês só alcança a sua expressão correspondente quando passa a ser mera figura de retórica.
Comércio livre! no interesse da classe trabalhadora; protecção alfandegária! no interesse da classe trabalhadora; prisões celulares! no interesse da classe trabalhadora: esta é a última palavra do socialismo burguês, e a única dita a sério. O socialismo da burguesia (14*)consiste precisamente na afirmação de que os burgueses são burgueses — no interesse da classe trabalhadora.

3. O Socialismo e Comunismo Crítico-Utópicos

Não falamos aqui da literatura que em todas as grandes revoluções modernas exprime as reivindicações do proletariado (escritos deBabeuf, etc.).
As primeiras tentativas do proletariado para impor directamente o seu interesse de classe próprio, num tempo de agitação geral, no período de derrube que pôs termo à sociedade feudal, falharam necessariamente por não estar ainda desenvolvida a figura do próprio proletariado e por faltarem ainda as condições materiais da sua libertação, que só são precisamente o produto da época burguesa. A literatura revolucionária que acompanhou estes primeiros movimentos do proletariado é, pelo conteúdo, necessariamente reaccionária. Prega um ascetismo geral e um igualitarismo grosseiro.
Os sistemas propriamente socialistas e comunistas, os sistemas de Saint-SimonFourierOwen, etc., surgem no primeiro período, ainda não desenvolvido, da luta entre proletariado e burguesia que atrás descrevemos (v[er] Burguesia e Proletariado).
Os inventores destes sistemas vêem, decerto, a oposição das classes bem como a actuação dos elementos dissolventes na própria sociedade dominante. Mas do lado do proletariado não avistam nenhuma actividade histórica, nenhum movimento político que lhe seja peculiar.
Como o desenvolvimento da oposição de classes acompanha o desenvolvimento da indústria, tão-pouco encontram as condições materiais para a libertação do proletariado, e procuram uma ciência social, leis sociais, para criarem tais condições.
Para o lugar da actividade social tem de entrar a sua actividade inventiva pessoal; para o lugar das condições históricas da libertação, [condições] fantásticas; para o lugar da organização do proletariado em classe processando-se gradualmente, uma organização da sociedade urdida por eles próprios. A história mundial vindoura resolve-se para eles na propaganda e na execução prática dos seus planos de sociedade.
Estão decerto conscientes de defender nos seus planos principalmente o interesse da classe trabalhadora como a classe mais sofredora. Só deste ponto de vista de a classe mais sofredora o proletariado existe para eles.
A forma não desenvolvida da luta de classes assim como a sua própria situação de vida implicam, porém, que eles creiam estar muito acima daquela oposição de classes. Querem melhorar a situação de vida de todos os membros da sociedade, mesmo dos mais bem colocados. Por isso apelam continuamente à sociedade toda sem diferença, e de preferência à classe dominante. É só preciso entender o seu sistema para reconhecer nele o melhor plano possível para a melhor sociedade possível.
Rejeitam, por isso, toda a acção política, nomeadamente toda a acção revolucionária, querem atingir o seu objectivo por via pacífica e procuram, com pequenos experimentos naturalmente condenados ao fracasso, abrir pela força do exemplo o caminho ao novo evangelho social.
(15*) descrição fantástica da sociedade futura brota (16*) — num tempo em que o proletariado ainda está sumamente pouco desenvolvido, e por isso, apreende a sua própria posição de um modo ainda fantástico — da sua primeira aspiração, cheia de imagens vagas, de uma reconfiguração geral da sociedade.
Mas os escritos socialistas e comunistas consistem também em elementos críticos. Atacam todos as bases da sociedade existente. Por isso forneceram material altamente valioso para o esclarecimento dos operários. As suas proposições positivas sobre a sociedade futura, p. ex., supressão da oposição entre cidade e campo, da família, do proveito privado, do trabalho assalariado, a proclamação da harmonia social, a transformação do Estado numa mera administração da produção — todas estas suas proposições exprimem meramente o desaparecimento da oposição de classes que só agora começa a desenvolver-se, que eles não conhecem senão na sua primeira indeterminidade sem figura. Por isso mesmo estas proposições têm ainda um sentido puramente utópico.
A significação do socialismo e comunismo crítico-utópicos está na proporção inversa do seu desenvolvimento histórico. Na medida em que se desenvolve e configura a luta de classes, perde esta elevação fantástica acima dela, esta luta fantástica contra ela, todo o valor prático, toda a justificação teórica. Se, por isso, os autores destes sistemas foram, em muitos aspectos, revolucionários, os seus discípulos formaram sempre seitas reaccionárias. Perante o desenvolvimento histórico continuado do proletariado ativeram-se às velhas intuições dos mestres. Por isso procuram consequentemente embotar de novo a luta de classes e mediar as oposições. Continuam ainda a sonhar com a realização, a título experimental, das suas utopias sociais, com a instituição de falanstérios isolados, com a fundação de colónias no país, com o estabelecimento de uma pequena Icária (17*) — edição de formato reduzido da nova Jerusalém —, e para a construção de todos estes castelos no ar têm de apelar à filantropia dos corações e bolsas burgueses. A pouco e pouco vão caindo na categoria dos socialistas reaccionários ou conservadores acima descritos, e deles se diferenciam apenas por um pedantismo mais sistemático, pela superstição fanática nos efeitos milagreiros da sua ciência social.
Por isso se opõem com exasperação a todo o movimento político dos operários, movimento que só podia decorrer de uma descrença cega no novo evangelho.
Os owenistas, em Inglaterra, ou fourieristas, em França, reagem ali contra os cartistas, aqui contra os reformistas (49).
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Notas:
(1*) Não a Restauração Inglesa, de 1660 a 1689, mas a Restauração Francesa de 1814 a 1830 (43). (Nota de Engels à edição inglesa de 1888).(retornar ao texto)
(2*) Na edição inglesa de 1888 acrescenta-se: que caíram da árvore da indústria. (N. da Ed.(retornar ao texto)
(3*) Isto aplica-se principalmente à Alemanha, onde a aristocracia fundiária e a fidalguia rural (46) têm largas porções das suas propriedades cultivadas por sua própria conta por administradores [stewards], e são, além disso, manufactureiros extensivos de açúcar de beterraba e destiladores de aguardentes de batata. A aristocracia Britânica mais rica está por agora bastante acima disto; mas também ela sabe como compensar o declínio das rendas emprestando o seu nome a promotores mais ou menos suspeitos de sociedades por acções [joint-stock companies]. (Nota de Engels à edição inglesa de 1888.) (retornar ao texto)
(4*) Na edição de 1848 como gralha figura: heitige. Em edições seguintes figura: heutige, hodierno. Ao reproduzirem esta secção 1850 na Neue Rheinische Zeitung. Politisch-ökonomische Revue, Marx e Engels corrigiram para heilige, sagrado. Cf. MEGA (Marx-Engels Gesamtausgabe, ed. G. Heyden e A. Iegoróv, Berlim, Dietz, 1975 e segs.), vol. I/10, p. 986. (N. da Ed.(retornar ao texto)
(5*) Na edição de 1888: Por fim, quando os pertinazes factos históricos dissiparam a embriaguês do autoembuste, esta forma de socialimo degenerou numa deplorável ressaca. (N. da Ed.(retornar ao texto)
(6*) Na edição de 1848 acrescenta-se: acerca da sociedade verdadeira. (N. da Ed.(retornar ao texto)
(7*) Na edição de 1848 acrescenta-se: este. (N. da Ed.(retornar ao texto)
(8*) Na edição de 1848 acrescenta-se: do seu. (N. da Ed.(retornar ao texto)
(9*) Ao reproduzirem esta Secção em 1850 na Neue Rheinisch Zeitung. Politische-+okonomie Revue. Marx e Engels substituíram por: responderam. Cf. MEGA, vol. I/10, p. 986. (N. da Ed.(retornar ao texto)
(10*) Na edição de 1888: filisteus. (N. da Ed.(retornar ao texto)
(11*) Na edição de 1888: pequeno filisteu. (N. da Ed.(retornar ao texto)
(12*) A tempestade revolucionária de 1848 varreu toda esta orientação sórdida e tirou aos seus defensores o apetite para continuarem a brincar ao socialismo. O principal representante e o tipo clássico desta orientação é o senhor Karl Grün. (Nota de Engels à edição alemã de 1890.) (retornar ao texto)
(13*) Nas edições de 1848, 1872 e 1883: para. (N. da Ed.(retornar ao texto)
(14*) Na edição de 1848: o seu socialismo. (N. da Ed.(retornar ao texto)
(15*) Na edição de 1848: esta. (N. da Ed.)  (retornar ao texto)
(16*) Nas edições de 1848 e 1888: corresponde à. (N. da Ed.)  (retornar ao texto)
(17*) Falanstérios eram colónias Socialistas segundo o plano de Charles Fourier; Icária foi o nome dado por Cabet à sua Utopia e mais tarde à sua colónia Comunista Americana. (Nota de Engels à edição inglesa de 1888.) Colónias no país [Home-Kolonien] era o que Owen chamava às suas sociedades comunistas modelo. Falanstérios era o nome dos palácios sociais planeados por Fourier. Icária se chamava o país utópico da fantasia cujas instituições comunistas Cabet descreveu. (Nota de Engels à edição alemã de 1890.) (retornar ao texto)