sábado, 11 de abril de 2020

Bruxas da Noite: a incrível história das pilotos soviéticas que ajudaram a derrotar os nazistas


Assim se formou o 588º Regimento de Bombardeio Noturno, constituído somente por mulheres — de mecânicas a navegadoras, “pilotas” e oficiais —, que causou tanto pânico e destruição ao exército alemão que acabaram conhecidas como “Nachthexen”, ou “As Bruxas da Noite”


Bruxas da Noite: a incrível história das pilotos soviéticas que ajudaram a derrotar os nazistas
O ano era 1941. Adolf Hitler e seu exército haviam invadido a União Soviética e estavam a apenas 35 km de Moscou. Leningrado já estava sitiada e cerca de três milhões de soviéticos eram prisioneiros dos alemães.

fonte: https://www.flatout.com.br/bruxas-da-noite-a-incrivel-historia-das-pilotos-sovieticas-que-ajudaram-a-derrotar-os-nazistas/
Assim se formou o 588º Regimento de Bombardeio Noturno, constituído somente por mulheres — de mecânicas a navegadoras, “pilotas” e oficiais —, que causou tanto pânico e destruição ao exército alemão que acabaram conhecidas como “Nachthexen”, ou “As Bruxas da Noite”.
popova
As integrantes do Regimento tinham em sua maioria cerca de 20 anos, e após meses de treinamento em Engels, uma cidade pequena ao norte de Stalingrado, elas decolaram para sua primeira missão de bombardeiro no dia 8 de junho de 1942. Os aviões usados por elas não eram a última palavra em aeronaves de combate, e sim velhos biplanos PO-2 adaptados para o front. Eram aviões originalmente feitos para instrução e treinamento de acrobacias ou pulverização de plantações. Eles eram feitos de madeira e lona, e mal chegavam aos 150 km/h —  a mesma velocidade de estol da maioria dos aviões alemães que elas combatiam.
Os alemães haviam desenvolvido um arranjo de defesa anti-aérea que os russos batizaram de “Circo Anti-aéreo”. As armas e holofotes ficavam dispostos em círculos ao redor dos alvos mais prováveis. Os aviões que cruzavam a área em linha reta acabavam abatidos pelas baterias anti-aéreas. Por isso, as Bruxas da Noite desenvolveram uma técnica  para contornar essa estratégia.
Elas sempre voavam em grupos de três aviões e, ao se aproximar das instalações nazistas, apagavam o motor e sobrevoavam a área planando em silêncio. Dois aviões atraíam a atenção dos holofotes ligando os motores e, subitamente se separavam desviando um para cada lado. Com os holofotes e baterias ocupados procurando os dois aviões, o terceiro avião se aproximava e lançava suas bombas sobre o alvo. Os aviões trocavam a posição até que todas as bombas fossem lançadas.
Como eram aviões de baixa capacidade, eles não conseguiam carregar mais de duas bombas por vez, e por isso as “Bruxas” precisavam fazer vários ataques por noite — entre 15 e 18 missões. Mesmo assim, entre 1942 e 1945 as Bruxas da Noite realizaram mais de 30.000 missões, e lançaram mais de 23.000 toneladas de bombas nos nazistas.
Os pilotos alemães tiveram tanto trabalho para combater as Bruxas que eles criaram todos os tipos de superstição e boatos sobre elas. O próprio nome “Bruxas da Noite” foi inspirado no som dos aviões soviéticos desligados, que de acordo com a imaginação dos alemães, soavam como bruxas em suas vassouras voadoras. Outra lenda inventada pelos nazistas amedrontados dizia que as bruxas recebiam injeções com uma solução que as fazia enxergar no escuro como os gatos.
nightwitches
Como você deve imaginar, a rotina delas não incluía férias ou dias de descanso. Elas precisavam estar sempre perto da linha de combate e não havia abrigos anti-aéreos. Por isso elas viviam em pistas de pouso improvisadas e quase sempre passavam a noite inteira dentro do cockpit. Como se não bastasse, com alguma frequência elas precisavam fazer reconhecimento durante o dia e manter os aviões abastecidos.
Night-Witches_1935292b
Além dos nazistas, as Bruxas da Noite precisaram combater outros inimigos: havia a resistência à ideia de que mulheres seriam capazes de ser tão eficientes quanto os homens no combate, a fadiga dos voos incessantes, a perda de amigos e familiares, e o assédio sexual por parte de seus colegas de farda. Mesmo assim, as Bruxas da Noite continuaram o combate e acabaram formando outros dois regimentos quase exclusivamente femininos, o 586º e o 587º.
Apesar de ser uma história de bravura e coragem, os registros posteriores das veteranas mostraram que o medo sempre foi um companheiro constante. Maria Smirnova, em seu livro “A Dance with Death”, recorda que “nunca se acostumou com o medo” e “era tomada pelo temor da morte”. Após os ataques, o estresse era tanto que elas não conseguiam dormir e não raramente tinham ataques de pânico. Mesmo assim, elas sabiam que tudo isso era necessário para derrotar os invasores e recuperar seu país.
A última sobrevivente das “Bruxas da Noite”, Nadya Popova (acima), morreu aos 91 anos em 2013. Ao ser entrevistada em 2010, ela disse: “Às vezes olho para o céu escuro e lembro de quando era uma garota agarrada aos controles do meu bombardeiro e penso: ‘Nadia, como você fez isso’?”

quinta-feira, 9 de abril de 2020

Um novo mundo surgirá. Mas, qual mundo?

 Sairemos desta crise mais individualistas ou mais coletivistas? Seremos mais afetivos e humanos ou seremos mais rancorosos e odiosos? Sairemos mais divididos e mais egoístas ou mais unidos e mais participativos socialmente? Essas e outras perguntas são apenas algumas das inquietações presentes nessa fase dramática de nossas vidas individuais e coletivas.

O confinamento social ao qual foram submetidos milhões de pessoas em todo o mundo, nos últimos meses, é algo jamais experimentado pela sociedade humana ao longo da história. É verdade que a nossa existência no planeta foi colocada à prova em dezenas de episódios factuais: disputas inter-impérios, doenças e pestes, guerras mundiais e continentais, confrontos étnicos, raciais e religiosos, enfim, uma coleção de fenômenos naturais e não naturais que submeteram a humanidade à diversos impasses existenciais.
Por que podemos afirmar que o momento que atravessamos é único em toda a trajetória humana? Ao olharmos o mundo e os avanços científicos alcançados nos últimos anos, podemos afirmar que sim. Jamais em toda trajetória do Homo sapiens tínhamos acumulado tanto conhecimento e experimentos nas várias áreas do conhecimento e das ciências aplicadas. A humanidade alcançou, nesse último período, níveis extraordinários de conhecimento. Nesses últimos 40 anos, acumulamos mais conhecimento que em toda a história humana na Terra.
Nesse sentido, destaco duas áreas que avançaram de forma extraordinária: as ciências biológicas e as ciências da informação. O primeiro caso do novo coronavírus anunciado publicamente foi em Wuhan, na China. Em poucos dias cientistas já tinham isolado o agente patogênico, identificado o RNA e a cadeia proteica, a capacidade de reproduzir e contaminar humanos, possíveis mutações da família corona etc. Foram analisados e diagnosticados os principais sintomas derivados da contaminação, métodos de isolamentos para evitar a propagação exponencial da doença, reações etárias para a patogenia. A corrida alucinante para produção de vacinas, remédios e métodos terapêuticos capazes de evitar a mortalidade de milhões de pessoas estão entre várias outras iniciativas de cientistas, profissionais da saúde, governos e organizações da sociedade civil pelos quatro cantos do mundo. Tudo isso em menos de 60 dias.
Se rápida foi a mobilização para identificar todos os elementos científicos que circundam a Covid-19, não foram diferentes a intensidade e a extensão demonstradas pelos meios de comunicação para fazer chegar informações e conhecimento dos mais diversos lugares a bilhões de pessoas, em tempo real e em escala global. Em poucos dias era possível saber de todos os meandros que envolviam a pandemia mundial. A aldeia global agora está quase que 100% envolvida nas questões que envolvem o vírus e suas consequências individuais, coletivas, sanitárias, econômicas, sociais etc. Informações, vídeos, palestras, seminários, colóquios, fake news, reuniões a distância… enfim, tudo transita pelas redes sociais em velocidade estonteante.
Certo é que a Covid-19 mudou de forma acelerada a forma de viver e interpretar o mundo para pessoas, comunidades, cidades, países, toda a sociedade planetária. Uma das questões e/ou inquietações derivadas da crise provocada pelo novo coronavírus diz respeito ao indivisível ser humano. Como temos nos comportado emocionalmente diante do isolamento social? Quais as implicações psicológicas e sociológicas para cada indivíduo e grupo social? Sairemos desta crise mais individualistas ou mais coletivistas? Seremos mais afetivos e humanos ou seremos mais rancorosos e odiosos? Sairemos mais divididos e mais egoístas ou mais unidos e mais participativos socialmente? Essas e outras perguntas são apenas algumas das inquietações presentes nessa fase dramática de nossas vidas individuais e coletivas.
Se a resposta no campo individual ainda está para ser formatada e destrinchada, no campo político, econômico e social as transformações serão aceleradas e profundamente impactantes para todos povos e países. Um novo ciclo que se abre diante da corona-crise, para o bem ou para o mal da humanidade, a depender das escolhas de governantes e sociedade.
O primeiro impacto diz respeito à questão geopolítica. O mundo multipolar que se descortinou após a crise financeira de 2008 trouxe enormes dificuldades econômicas e financeiras para os Estados Unidos da América e a Europa. A derrocada do sistema financeiro atingiu-os em cheio. A crise atual, que já estava em gestação, foi acelerada pelo coronavírus, que volta a atingir, agora, de maneira ainda mais impactante, o continente europeu e os EUA. As perspectivas para ambos são de milhares de mortes, crises políticas e financeiras, tensões sociais internas e um cenário de mudanças profundas na sociedade.
Ao mesmo tempo, a China que já vinha ocupando espaços políticos, econômicos e diplomáticos desde 2008, tende a aumentar ainda mais sua influência pelo mundo afora. Os chineses, que foram as primeiras vítimas do vírus, conseguiram controlar a expansão da doença no país, enfrentaram de forma determinada as ações sanitárias e de saúde pública e agora oferecem ajuda humanitária e tecnológica a vários países. A China sairá definitivamente desta crise como a maior potência econômica do mundo. Diante deste novo cenário a pergunta que devemos fazer é: o império estadunidense, diminuindo seu poder econômico e sua influência mundial, perderá sua plena hegemonia conquistada no século XX de forma pacífica? Aceitará de forma natural as mudanças no novo tabuleiro político internacional?
Em segundo lugar, a crise do coronavírus acelerou a derrocada do neoliberalismo e do ultraliberalismo hegemônico nos últimos anos nos quatro cantos do mundo. A situação econômica em desenvolvimento impõe aos estados nacionais a quebra de todos os paradigmas de contenção fiscal e de investimentos sociais. Abre-se nesse cenário a possibilidade de uma intensa e extensa agenda keynesiana para tentar salvar o que resta de capitalismo produtivo no centro e na periferia do sistema. A perspectiva econômica é de recessão longa, com crises sociais e humanitárias se alastrando pelos países e continentes. Ao mesmo tempo, as democracias mais frágeis poderão sofrer rupturas e, consequentemente, a constituição de regimes ditatoriais, centralizados e sangrentos. Nesse cenário a luta democrática ganha força e relevância. A esperança sairá da luta coletiva.
Em terceiro lugar, a tendência privatista do Estado e a política neoliberal do Estado mínimo para a sociedade e máximo para os rentismo entrará em crise. Não faltará, por parte de governantes, bancos centrais, FMI etc., a tentativa de salvar novamente o sistema e acomodar as elites econômicas e financeiras nessa balbúrdia.
A recessão, o desemprego, o subemprego, a informalidade, a falência de milhares de pequenos e médios empreendimentos, a disputa feroz pelos mercados internacionais serão as marcas de grande parte do mundo no curto e no médio prazo. O tensionamento social, a miséria e a crise humanitária serão a face mais cruel da crise. Portanto, a luta por um outro sistema e modelo de desenvolvimento, com garantias de acesso a políticas públicas de saúde, educação, moradia, cultura, segurança tenderá a impulsionar a sociedade global e as organizações populares e democráticas.
Esses são apenas algumas de muitas outras questões que serão enfrentadas no próximo período. A solução do ponto de interrogação neste ambiente histórico de incertezas ficará muito a depender de uma pergunta ainda sem resposta: que tipo de indivíduo saíra do isolamento social? Como iremos interpretar o caos humano, ambiental e social ao qual chegamos? Se a resposta for luta, mobilização, resistência, saída coletiva, ação organizadora e solidária, caminharemos para um novo tempo. Mas, se sairmos desta crise do mesmo modo que entramos, com as forças do mercado e os interesses financeiros acima de tudo e de todos, caminharemos a passos largos para a barbárie total. Façamos da crise um novo tempo: tempo de rupturas individuais e coletivas, tempos de revoluções e rosas, tempos de novas humanidades, tempos de liberdades e poesias.

segunda-feira, 6 de abril de 2020

EUA registram mais de 10 mil mortes por coronavírus



Nesta segunda-feira (6), o número de óbitos causados pela Covid-19
 nos Estados Unidos chegou a 10.335.
Os EUA são o país com o maior número de casos do novo coronavírus,
 com 347.003 casos registrados. Além dos EUA, apenas Itália, Espanha
 e Alemanha têm mais que 100 mil casos registrados.

A Itália segue sendo o país com mais mortes pela COVID-19, um total
 de 16.523 óbitos e 132.547 casos. Já a Espanha, o segundo país com
 mais mortos, com 13.169 óbitos, registrou 135.032 casos da doença
até agora. Os números são do painel da universidade Johns Hopkins,
que compila dados do mundo todo.
o mundo inteiro, foram registrados 1.309.439 casos até o momento,
além de 72.638 mortes. Ainda segundo a universidade Johns Hopkins,
 273.546 pessoas se recuperaram da doença, sendo 77.310 destas na
China.