sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Jô e a "biografia impecável" de Dirceu


Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

Deu a louca no Jô?

Nos últimos programas, ele tem dito coisas que não estão no roteiro do pessoal da Globo.

A última delas foi uma defesa da “biografia impecável” de Dirceu perante um pelotão de velhas senhoras furiosas.

Não vejo Jô, e para ser sincero não me interessa a razão pela qual ele tem saído do trilho da Globo.

Mas vi um vídeo de pouco mais de um minuto em que ele falou de Dirceu.

O que mais me chamou a atenção ali foi uma frase de Jô simples, banal, ordinária – mas ignorada por supostos sábios do país.

Jô disse mais ou menos o seguinte: “O sujeito vê uma notícia num jornal e já sai fazendo julgamento.”

Como dizia Danusa, per-fei-to.

Lembro de um celebrado voto, no Mensalão, em que o magnífico juiz começava assim: “Não se passa um dia sem que a gente abra os jornais e encontre um escândalo.”

O juiz mostrou ser um mentecapto. Porque, sabemos todos, jornais mentem, jornais inventam escândalos, jornais fazem o diabo para liquidar seus inimigos.

Claro: não apenas jornais. Mas também revistas, rádios, telejornais.

Ou você lê com cuidado e senso de crítica a mídia ou você vira um revoltado online, ou um Lobão, e vai para Brasília lutar por coisas das quais não faz a mais remota ideia, como a emenda fiscal.

Não é de hoje esse comportamento da imprensa. Mas ele se exacerbou desde que o PT subiu ao poder. Aconteceu antes com Getúlio, na década de 50, e com Jango, nos anos 60.

Todo dia, sob Getúlio e Jango, você abria os jornais e encontrava escândalos. Lacerda consagrou a expressão “mar de lama”, contra Getúlio.

O tempo mostraria que grande parte da lama era inventada para sabotar governos com foco nos mais pobres.

Como por milagre, quando está no poder um amigo dos donos da mídia, a lama desaparece. O país parece que recebeu um fabuloso banho de Omo.

Aquele juiz que usou os escândalos noticiados pelos jornais em seu voto no Mensalão ficaria satisfeito, em sua ingenuidade boçal, ao ver que somos mais limpos eticamente que a Escandinávia.

Enquanto isso, a rapinagem grassaria sob sua toga monumental sem que ele tivesse ciência.

Felizmente, para a sociedade, surgiu a internet para colocar fim, na prática, ao monopólio das grandes empresas jornalísticas.

Nem Getúlio e nem Jango contaram com um contraponto ao massacre da imprensa. Visionário, Getúlio criou a Última Hora, e a entregou ao grande Samuel Wainer, mas era um jornal numa multidão de outros dedicados a tirá-lo do poder.

Não sei, repito, o que está acontecendo com Jô. Cansaço de ficar ao lado de sabotadores como Jabor, Merval et caterva?

Insatisfação com a Globo, que decidiu tirar sua plateia e pode suprimir também o sexteto?

Só Jô pode dar a resposta correta.

A mim, pouco importa.

O que quero sublinhar é seu acerto ao dizer, a seu jeito: amigos, tomem cuidado com o que lêem na imprensa.

Bolsa Filha de Milico: 5 bilhões por an

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Hoje, mais de 103 mil filhas de militares recebem aposentadorias herdadas de seus pais(Entre elas, Maitê Proença). O pagamento desses benefícios pelo Tesouro Nacional consome quase R$ 5 bilhões por ano. Entre as benficiárias das Forças Armadas estão 17 descendentes de ex-combatentes do Exército que lutaram na Guerra do Paraguai, entre 1864 e 1870. No total, pelas contas do Ministério da Defesa, as pensões a beneficiários de militares, incluindo as filhas, praticamente dobraram em uma década, passando de R$ 5,4 bilhões, em 2004, para R$ 10,3 bilhões em 2013.

As filhinhas de militares ganharam o direito de receber esta pensão vitalícia com a aprovação da Lei nº 3.765, de 1960. Pelo texto, o benefício seria pago somente às solteiras, o que levou várias delas a manter casamentos sem sacramentar a união no civil. As 17 herdeiras daqueles que lutaram na Guerra do Paraguai, por sua vez, foram contempladas anteriormente, com a promulgação da Lei nº 488, de 1948. Procurado pelo jornal Correio Braziliense para fornecer nomes e contatos delas, o Exército informou que não tinha autorização para isso.

(Fonte: Correio Braziliense, 23/02/2012)

http://www.dzai.com.br/nunes/blog/blogdovicente?tv_pos_id=147311

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

O Reich tropical: a onda fascista no Brasil





Do site Carta Capital

O germe do ódio está às soltas no Brasil pronto para linchar física e moralmente todo aquele que não for branco, heterossexual, rico e cheio de bens de consumo

A história do início do século 21 parece repetir a do século 20. De um lado, insurgências populares eclodem aqui e acolá. De outro, há o claro crescimento da extrema direita conservadora. Mas há uma diferença significativa, e profundamente preocupante, entre o passado e o presente. Desencantada de sua história e imersa em pequenos conflitos que causam grandes desgastes, a esquerda hoje está muito mais fraca do que há cem anos*.
O desequilíbrio entre uma esquerda enfraquecida e uma direita que detém o monopólio do capital financeiro e informacional, sem sombra de dúvidas, pesa para um único lado.
Se Celso Russomanno (PRB) e o Pastor Feliciano (PSC) não tivessem sido os deputados mais bem votados em São Paulo, e se o Rio de Janeiro não tivesse escolhido Jair Bolsonaro (PP) em primeiro lugar, eu poderia jurar que o deputado mais votado no Rio Grande do Sul, Luis Carlos Heinze (PP), que declarou que “quilombolas, índios, gays e lésbicas: tudo o que não presta” era um caso isolado de uma possível patologia gaúcha. Mas infelizmente não é.
Desde junho de 2013, muito tem se falado em guinada à direita ou da onda conservadora. O que poucos mencionam, no entanto, com a devida clareza necessária, é que tem emergido uma multidão raivosa e fascista. Essa hipótese se baseia nos fatos que elenco abaixo, os quais se indicam uma tendencia de violência física e moral a diferença e a diversidade.
Há uma sequência de eventos que não podem ser analisados separadamente. Primeiramente, logo após as Jornadas de Junho, veio o ódio e o racismo destilado aos integrantes do rolezinho – ódio este que senti na pele por ter sido agredida de todas as maneiras possíveis quando escrevi o Etnografia do Rolezinho. Não me surpreendeu, portanto, que 82% da população de São Paulo achassem que a força policial deveria agir para impedir o movimento dos jovens – segundo revelou uma pesquisa da época. Depois fomos brindados com o episódio da apresentadora do SBT Rachel Sheherazade, que defendeu publicamente o linchamento do adolescente negro e menor de idade que cometeu um assalto. Nessa linha, o aumento de casos de gays espancados no Brasil acontece paralelamente a torcidas de futebol que gritam “macaco, macaco”, e que trazem à tona uma população que se solidariza mais com uma criminosa branca do que com o agredido negro.
Dando apoio ideológico a esse circo de horrores, angariando milhões de leitores com o sensacionalismo vulgar disfarçado de conteúdo, colunistas das piores – mas igualmente poderosas – revistas do Brasil aplaudem muitos desses eventos e estimulam a disseminação da mentira, ao inferir que, se nada for feito, a ditadura comunista irá imperar sob o reinado de pobres e gays. Controlando os aparatos hegemônicos da mídia e disseminando mentiras, os grupos dominantes elegeram a mais conservadora bancada de sua história – ato que não poderia ter sido plenamente realizado sem a eclosão incontrolável de ofensas criminosas aos nordestinos. Finalmente, mas não menos importante, o recente caso da suspeita de ebola desvelou crimes de racismo, xenofobia e intolerância humana de uma vez só.
O fascismo brasileiro é mais complexo do que o italiano ou o nazismo alemão. Ele é mais difícil de identificar, possui um ódio mais pulverizado direcionado uma massa ampla e difusa. É animado por uma mídia suja, uma polícia violenta, um movimento religioso fanático e uma elite sui generis que, na teoria, defende o liberalismo, mas na prática age para defender privilégios.
Ao passo que os italianos e alemães viam seu povo como superior, o fascismo idiossincrático à brasileira não idolatra a si próprio, mas sim aqueles países que lhes barra na imigração.
A semente do fascismo tropical está presente em todas as classes, em todas as regiões. Há quem diga que ele piorou após Junho de 2013. Há quem acredite que sempre foi assim e que ele apenas mostrou sua cara como tendência da polarização. Há quem diga que se trata apenas de um resultado das leves mudanças das estruturas da profunda desigualdade brasileira ou mesmo do limbo entre Junho de 2013 e as eleições de 2014. Em qualquer uma das hipóteses, o germe do ódio está às soltas no Brasil pronto para linchar física e moralmente todo aquele que não se enquadra establishment masculino, branco, heterossexual, rico, bem-sucedido e cheio de bens de consumo.
A ameaça comunista é uma mentira. A ameaça fascista é uma realidade.
Eu gostaria de encerrar minha coluna olhando para frente, elencando algumas atitudes que me parecem urgentes para a esquerda, ou para todos aqueles que entendem que a universalidade da humanidade está em sua capacidade de produzir a diferença.
Primeiro, me parece fundamental não eleger Aécio Neves (PSDB), que se alia às piores figuras dessa nova bancada. Isso não significa que as alianças de Dilma Rousseff (PT) sejam menos sórdidas. A diferença é que o PT ainda tem uma base forte calcada nos movimentos sociais. Para os petistas à esquerda, o dever de casa é, depois do susto, lutar para reconstruir suas antigas bandeiras. Para a esquerda não petista, partidária ou anarquista, é preciso ampliar sua base popular. Em ambos os casos, como eu disse há poucos dias nas minhas redes sociais, ficar xingando a tudo e a todos de coxinha me parece uma estratégia burra para quem é minoria neste País.
Contra a onda fascista, a esquerda precisa se fortalecer, se entender, reconhecer suas fragilidades, ocupar os meios de comunicação de massa, ampliar a base de diálogo, ouvir a população e falar para ela, reconstruir seus heróis e lembrar que nenhum aparato dominante é mais forte do que o genuíno sonho por justiça social.
*Agradeço a Bolívar Marcon Pinheiro Machado por este insight e a todos/as que comentaram este tema recentemente em minhas redes sociais.

Jô Soares defende José Dirceu em debate; Assista ao vídeo

 10/12/2014

O Jô Soares defendeu o ex-ministro José Dirceu, condenado no processo do mensalão, na última edição do debate “Meninas do Jô”.
Para o apresentador, o petista, suspeito até nas operações ilegais da Petrobras, é “um homem com uma biografia impecável, hoje destruído”.
Até Dilma Rousseff e Graça Foster ganharam afagos. Atitude normal para quem elogiou Nicolás Maduro meses atrás.

FASCISMO: ENGROSSA O MOVIMENTO PARA CASSAR BOLSONARO