sábado, 14 de setembro de 2013

25 pérolas de páginas de direita no Facebook: o ódio e a ignorância como ideologias



Ódio: o lema de grande parte da direita conservadora brasileira, senão dela inteira.
Ódio: o lema de grande parte da direita conservadora brasileira, senão dela inteira.
Aviso: leia imprescindivelmente as regras de comentários do blog antes de comentar este post. Não vou poupar quem vier despejar ódio, grosseria, hostilidade e preconceito (mesmo com o disfarce de discordância) por aqui – comentários do tipo serão apagados e lamentações de quem teve comentários deletados serão ignoradas.
Nessa semana eu visitei diversas páginas brasileiras de direita conservadora do Facebook. Uma das minhas intenções era ver o que o conservadorismo brasileiro tem a oferecer de ideias e propostas de sociedade para os brasileiros em geral. Mas não achei nada que lembrasse uma vontade de promover justiça, promover o bem.
Tudo o que eu achei foi ódio. Ódio contra tudo aquilo por que a esquerda libertária luta, e também por quem é ou era militantemente de esquerda. Ódio contra a luta LGBT, contra o respeito às diferenças, contra quem luta pela igualdade, contra o ambientalismo, contra o feminismo, contra os Direitos Humanos, contra o socialismo e o comunismo (contra estes o ódio ultrapassa todos os limites de irracionalidade e fanatismo), contra a luta dos ateus por visibilidade e respeito, contra a onda nacional de protestos de junho, contra o pouquinho que existe de Estado de bem-estar social no Brasil, contra a distribuição de renda, contra a diversidade etnocultural e religiosa… contra tudo e todos que tenham como ideais a justiça, a igualdade, o progresso ético-moral, o chamado desenvolvimento social, o respeito e a paz. Só não achei ódio racial porque hoje racismo é crime no Brasil, ainda que tenha encontrado uma absurda imagem racista contra a diversidade etnocultural – que não divulguei aqui por precaução.
Mesmo políticos e partidos que abandonaram a esquerda e aderiram a um pragmatismo misto de politicamente liberal (pelo menos no que tange à privatização de bens públicos) e moralmente conservador – aliás, mesmo partidos que hoje são largamente reconhecidos como de direita – foram fulminados.
Não faltaram alianças com grupos e indivíduos fascistas, antidemocratas, ultramisóginos, fundamentalistas religiosos e homofóbicos. Outras coisas que não faltaram foram as falácias, em especial do espantalho, ad hominemnon sequitur e distorções de fato, revelando-se uma impressionante ignorância histórica e política sobre regimes ditatoriais, a natureza e os objetivos das ideologias de esquerda, a existência de corrupção em partidos e governos/regimes de direita e centro-direita (inclusos os governos de FHC em Brasília e de José Serra em São Paulo), os ideais que movem movimentos como o feminista e o LGBT, as causas da existência da pobreza, entre tantas outras coisas.
Não achei motivos ali por que eu deveria me tornar um conservador. Só achei ódio, raiva, rancor, fanatismo, mentiras, falácias, preconceito e ignorância. Cheguei perto de sentir mal estar e tontura diante de tanto ódio. Me perguntei como as pessoas que curtem ou mantêm tais páginas vivem bem de saúde física e mental – se ao menos vivem com a saúde íntegra – tendo o ódio como princípio moral.
Como frutos colhidos dessa fuçada em fanpages de direita, catei 25 imagens que são verdadeiras pérolas. Foram escolhidas por serem falaciosas, refletoras de ignorância sócio-político-histórica ou simplesmente absurdas demais. Cada uma leva os devidos comentários e teve sua origem ocultada de modo a não divulgar as páginas que eu visitei.
Felizmente tal ideário tende a se tornar cada vez menos difundido e mais repudiado. A sociedade brasileira está começando a entender que defender a conservação da ordem injusta existente é algo absurdo e o ódio não leva a nada.
Veja as 25 imagens abaixo, clicando em cada uma para vê-la em tamanho completo.

perola-antiaborto
A direita jura que embriões que sequer desenvolveram um cérebro e sistema nervoso central são capazes de pensar e manifestar desejos e intuições. Usa de falácias do espantalho (como a de que o feminismo defenderia que seria normal ou mesmo mandatório abortar fetos desenvolvidos ou mesmo próximos de nascer por qualquer motivo banal) e chantagem emocional para convencer as pessoas de que uma mórula (embrião que ainda tem o formato de um cacho de células-tronco) tem mais dignidade e direitos que, presumivelmente, uma criança já nascida que cresce numa favela. E obviamente a mulher que figura na imagem é branca – fora das imagens que negam as formas veladas de racismo e as políticas afirmativas raciais, são raríssimas as pessoas negras ou indígenas nas imagens panfletárias da direita.

perola-anarquismo-de-extrema-direita
Na cabeça de certas pessoas, a única coisa que difere esquerda e direita é o número e o peso das competências do Estado, não tendo a direita nada a ver com conservação de valores morais estagnados, ego-individualismo, naturalização das desigualdades, propriedade privada, crença numa “natureza humana” egoísta e violenta, antiprogressismo, entre tantos outros aspectos ideológicos. O absurdo da distorção do espectro ideológico é tamanho que o anarquismo, ferrenho defensor da igualdade; da liberdade ética e responsável; da soberania popular absoluta e da extinção da propriedade privada, do capitalismo e do Estado (que, segundo já dizia Max Weber, precisa do uso da violência para existir), foi considerado de extrema-direita.

perola-apologia
Não importa para conservadores que Salvador Allende tivesse sido aclamado pelo povo chileno pelo voto e um defensor do zelo da igualdade entre todos os indivíduos da sociedade pela lei. O que mais importa é que Allende era “socialista, logo um potencial ditador sanguinário e totalitário”.

perola-a-uma-mulher
Machismo, androcentrismo e homofobia são normas no conservadorismo. Tanto que a imagem acima é direcionada especificamente para homens cis heterossexuais e revela o que é o “amor/casamento tradicional” tão defendido na direita: uma relação de troca em que a mulher é uma mera máquina que troca moedas por produtos e serviços e o homem é o seu cliente e patrão ao mesmo tempo. Além disso, vale também cultuar gente que incita o ódio contra minorias e tem como objetivo a destruição dos direitos destas.

perola-a-verdade-doi
Revolta contra as injustiças da ordem social não pode, é “crime” e “vandalismo”, mas preconceito, intolerância e cerceamento dos direitos alheios, incluído o de amar, pode.

perola-bolsonazi-pena-de-morte
Ignorância social e política é lei entre quem apoia Jair Bolsonaro. Acreditam piamente que matar condenados vai inibir ou acabar com o crime, desconhecendo claramente que sempre novos criminosos hediondos vão surgir de uma ordem social desigual e cultuadora da violência e que nenhuma sociedade dotada de pena de morte conseguiu eliminar o crime pelo medo e pela execução de criminosos. Importa-lhes apenas que os crimes sejam vingados, nunca que tenham sua raiz cortada. É como quem defende que as chuvas vão deixar de cair nos vidros dos carros graças aos parabrisas.

perola-calunia-difamacao
Difamar e caluniar homossexuais, considerando-os inferiores, risíveis e indignos de direitos, pode. Denunciar publicamente a difamação e a calúnia contra eles, não. “É crime”.

perola-cotas
Non sequitur patente: por causa de três homens que vive(ra)m em três séculos diferentes, não existe nenhuma dinâmica social racista que inibe e impede que milhões de pessoas negras (incluídas também mulheres e pessoas transgêneras) alcancem altos cargos de poder no Brasil ou sequer se formem em Direito.

perola-esquerda-x-direita-2
Não basta confeccionar espantalhos ridículos da esquerda, também é de lei fazer espantalhos heroicos da direita. Completa ignorância sobre os princípios políticos e morais de ambas as metades do espectro político, um reductio ad absurdum extremamente maniqueísta. O ódio é pai da falácia, e a ignorância é sua mãe.

perola-esquerdices
No conservadorismo a esquerda é tão demoníaca que virou xingamento. Esquerdistas são feios, chatos, bobos e caras de mamão.

perola-estatuto
Na geração de quem fez essa imagem é que era bom demais. Crianças e adolescentes não tinham direitos e eram submissos à violência e ao autoritarismo dos adultos.

perola-eu-sou-reacionario
O reacionário acima defende a liberdade compartilhando imagens que defendem o fim de N liberdades. Aliás, sequer defende alguma coisa descrita na imagem (“trabalho e estudo como caminho”, “menos intervenção estatal”, “liberdade religiosa” etc.) fora seu próprio ódio contra as mudanças sociais. Entendedores entenderão.

perola-feliciano-x-wyllys
Defensores de Marco Feliciano: usam falácia de apelo à multidão e esquecem que Feliciano ofendeu milhões de mulheres, negros, afrorreligiosos, homossexuais, pagãos e católicos.

perola-feminismo
O espantalho que fazem do feminismo é melado de sangue. Dizem que o feminismo prega “ódio e misandria” ao mesmo tempo em que incitam o ódio contra feministas. Qualquer semelhança com as charges misóginas contra as sufragettes (defensoras do direito feminino ao voto que militaram nos séculos 19 e 20) não é mera coincidência.

perola-humanofobia
Porque ser um humano é motivo de preconceito, discriminação e crimes de ódio. Opressões de gênero, de raça, de orientação sexual, de (ir)religião, de idade etc. non eczistem, e ser um crime de ódio não deveria ser considerado agravante de crimes contra a vida e a integridade físico-psicológica. Assim acreditam os homofóbicos e machistas.

perola-intervencao-militar
Contra uma “ameaça” imaginária, supressão da democracia já! O nazi-fascismo idealizador de “inimigos nacionais” mandou lembranças.

perola-levante-se
PSDB, PMDB, PR E PSD COMUNISTAS!!!!111!onze!11um!!!1 Extrema-direita: sentir medo ou rir?

perola-maconha
Fumar maconha não! Beber até cair e agredir e matar pessoas bêbado sim!

perola-partidos-sociais
Certas pessoas delirariam se fosse criado o Partido Antissocial Antipopular Antitrabalhista Brasileiro.

perola-preta-gil
 Para depreciar quem defende justiça e igualdade, vale fazer comparações esdrúxulas, machistas e criminosamente difamatórias entre um inimigo dos Direitos Humanos e uma cantora defensora dos mesmos. Aviso: Caso Preta Gil queira processar o autor dessa imagem por difamação, sinta-se à vontade – fonte da imagem. Sinta-se à vontade também, Preta, de requisitar que o Consciencia.blog.br apague a imagem acima caso ache melhor.

perola-quer-mudar-o-brasil
Pessoas que desejam conservar a ordem das coisas e impedir mudanças falam em “mudar” o Brasil e listam coisas que não fazem nada para defender fora expelir ódio verbal contra a esquerda e os partidos ex-esquerdistas.

perola-revolucionario-x-reacionario
Divulgar o que a esquerda realmente pensa é “doutrinação ideológica”. Divulgar espantalhos da esquerda e divinizar a direita e seus valores não é. Coerência faz falta por aqui.

perola-serra-x-haddad
Certos militantes de direita têm crenças que deixariam crianças pequenas envergonhadas.

perola-sexo-que-precisa-de-protecao
Porque os homicídios, suicídios e atropelamentos de homens são causados pela opressão “femista”, “misândrica” e “ginocêntrica” promovida pelas mulheres. Mulheres “femistas” matam ou atropelam homens e induzem homens ao suicídio a cada minuto – dá para levar isso a sério? E a proposta aqui é proteger o homem… dele mesmo?

perola-socialismo-x-capitalismo
Capitalismo, onde filas de pães esperam por você. Exceto se você fizer parte dos bilhões de seres humanos que não têm condição de comprar filas de pães na padaria graças à desigualdade promovida pelo capitalismo.

Leia mais:

O radical classe média : O medíocre



sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Ateus, os mais repudiados, odiados e detestados


Do Portal Vermelho


Carlos Pompe 


As campanhas em Porto Alegre, Londres e Nova York











Pesquisa da Fundação Perseu Abramo apurou que os ateus são as pessoas mais detestadas no país, merecendo repulsa, ódio ou antipatia de 42% da população. A Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos (ATEA) tem realizado, com dificuldades financeiras e resistência por parte de empresas de ônibus e de propaganda, uma campanha de divulgação do ateísmo. A campanha visa “o reconhecimento dos descrentes na sociedade como cidadãos plenos e dignos”, informa a Associação em sua página na internet (http://www.atea.org.br/). Não se trata, como caluniam os fundamentalistas de todas as religiões, de uma campanha para tornar ateus os crentes. A ATEA também dá as informações abaixo:
Na primeira semana de 2009, a British Humanist Association lançou a primeira campanha publicitária do Reino Unido versando sobre ateísmo. Foram 800 ônibus com o slogan "Deus provavelmente não existe. Agora pare de se preocupar e viva sua vida". Em novembro de 2009, a American Humanist Association lançou uma ação semelhante. Campanha igual à britânica está sendo veiculada em dois ônibus de Barcelona. Nos EUA, os American Atheists veicularam um outdoor em Nova York celebrando a razão. Quatro grandes organizações de ateus norte-americanas lançaram em outdoors, ônibus, trens e em jornais e revistas a maior campanha de divulgação ateia já veiculada, segundo a American Humanist Association. No Canadá, o Centre for Inquiry está lançando a campanha "Alegações extraordinárias requerem evidências extraordinárias", inspirado na frase de Carl Sagan. Na Austrália, a companhia local responsável pelos anúncios em ônibus se recusou a expô-los. Na Itália, a campanha foi proibida.
A atitude dos comunistas
Na Introdução à crítica da filosofia do Direito de Hegel, onde Marx escreveu sua famosa classificação da religião como ópio do povo, ele considera: “A miséria religiosa é, de um lado, a expressão da miséria real e, de outro, o protesto contra ela. A religião é o soluço da criatura oprimida, o coração de um mundo sem coração, o espírito de uma situação carente de espírito”. Por isso, os ateus esclarecidos não fazem guerra à religião, mas denunciam seu caráter retrógrado e, contra seus mitos, oferecem a alternativa da explicação científica dos fatos e fenômenos que nos cercam. Engels, em 1874, qualificou de estupidez a guerra à religião, pois tal atitude atrai o interesse para a religião, podendo fortalecê-la. Para ele, só a luta de classe dos trabalhadores, atraindo as camadas proletárias a uma prática social consciente e revolucionaria, liberará as massas oprimidas do jugo da religião.
É com base nessa visão que os marxistas, ao desenvolverem o materialismo militante, o fazem em conexão com a luta pelo poder político e pela construção de uma sociedade nova, sem exploração, comunista, em que não teria sentido “o soluço da criatura oprimida”, por já não existir a opressão. Lênin, ainda durante a luta revolucionária na Rússia czarista, em 1909, esclareceu:
“Devemos lutar contra a religião. Isto é o ABC de todo materialismo e, portanto, do marxismo. Porém o marxismo não é um materialismo que se detenha no ABC. O marxismo vai mais além. Afirma: temos que saber lutar contra a religião, e para isso é necessário explicar desde o ponto de vista materialista as origens da fé e da religião entre as massas. A luta contra a religião não pode limitar-se nem reduzir-se à prédica ideológica abstrata; deve vincular esta luta à atividade prática concreta do movimento de classes, que tende a eliminar as raízes sociais da religião” (Atitude do partido operário diante da religião).
Adiante, o líder bolchevique considera: “Deve deduzir-se disto que o folheto educativo antirreligioso é nocivo ou supérfluo? Não. Disto se deduz outra coisa muito distinta. Deduz-se que a propaganda ateia da social-democracia” (como se denominavam os comunistas, então) “deve estar subordinada à sua tarefa fundamental: o desenvolvimento da luta de classes das massas exploradas contra os exploradores”.

Os comunistas defendem que o Estado deve considerar a religião um assunto privado. Lutam contra todos os preconceitos e discriminação de cunho racista, preferência sexual, religioso etc. Neste et cetera está também o preconceito contra os ateus, gravemente apontado pela pesquisa da Fundação Perseu Abramo. E, consequentes na defesa do materialismo dialético, levam adiante o debate com as concepções religiosas – sejam ou não politicamente progressistas as pessoas que as apregoam. Explicar o papel de classe que desempenham a Igreja e a religião e apoiar entidades, governamentais ou não, que defendam o estado laico e democrático é tarefa permanente enquanto vivermos neste vale de lágrimas e opressão.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

FASCISMO: Guarda Municipal engatilha ESCOPETA para passageiros em Curitiba (vídeo)

A abordagem truculenta que foi postada num canal de vídeos da internet, no último dia 10, mostra três guardas municipais abordando dois torcedores do Coritiba, no terminal do Capão Raso. Durante a revista, um passageiro questiona o método usado, mas é reprimido em seguida. Um dos agentes engatilha uma espingarda calibre 12 e aponta para o rapaz, gritando para que todas as pessoas que presenciavam a ação, saíssem do local. Depois que o vídeo repercutiu nas redes sociais, a prefeitura de Curitiba informou, no final da tarde desta quarta-feira, que o guarda municipal foi afastado das atribuições e responderá a uma sindicância, e a sua capacidade de portar arma será analisada por um psicólogo.

O jeito fascista de oprimir


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Perfeita frase que define bem esses crápulas bandidos Facistas.

"O Fascista fala o tempo todo em corrupção. Fez isso em 1922 na Itália,em 1933 na Alemanha,no Brasil em 1964.
Mas o Fascista é apenas um criminoso comum ou um sociopata que está fazendo carreira na política.
No poder essa direita não hesita em torturar... roubar sua carteira ,sua liberdade e seus direitos.


Noberto Bobbio



Assembleia aprova privatização da Sanepar. Requião chama deputados de “moleques irresponsáveis”


Do Blog do esmael
Requião, pelo Twitter, o senador chamou os deputados que votaram pela privatização da Sanepar de “moleques irresponsáveis”; o peemedebista disse ao blog, há duas semanas, que se eleito governador novamente, vai cancelar esse acordo com os acionistas do grupo Dominó e que encampará a empresa.
Requião, pelo Twitter, o senador chamou os deputados que votaram pela privatização da Sanepar de “moleques irresponsáveis”; o peemedebista disse ao blog, há duas semanas, que se eleito governador novamente, vai cancelar esse acordo com os acionistas do grupo Dominó e que encampará a empresa.
A Assembleia Legislativa do Paraná aprovou nesta quarta (11), por 37 votos a 16, projeto de lei transferindo parte das ações da Sanepar, a companhia estatal de água e esgoto, para o grupo privado francês Dominó.
O deputado oposicionista Péricles Mello (PT) protestou diante da votação ao convocar os 16 parlamentares que votaram contra o projeto tucano.
Antônio Anibelli Neto (PMDB), o Anibelinho, olheiro oficial do senador Roberto Requião (PMDB) na Assembleia, também fez discurso criticando a privatização da empresa.
Por falar em Requião, pelo Twitter, o senador chamou os deputados que votaram pela privatização da Sanepar de “moleques irresponsáveis”. O peemedebista disse ao blog, há duas semanas, que se eleito governador novamente, vai cancelar esse acordo com os acionistas do grupo Dominó e que encampará a empresa.
O deputado Tadeu Veneri, calcula que a venda de ações da Sanepar vai deixar rombo ao estado. Ele argumenta que o novo pacto de acionistas da estatal dará prejuízo de R$ 358 milhões.
A oposição diz que o governo tucano está privatizando a empresa para fazer caixa e honrar a folha de pagamento do funcionalismo público. O governo Beto Richa (PSDB) também não tem dinheiro para pagar o 13º salário.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

LUTA COMUNISTA : O desafio de vencer o pragmatismo

O desafio de vencer o pragmatismo




Daniel Sebastiani*

Este artigo somente se justifica na medida em que a atual linha política tática e estratégica do PCdoB é considerada válida e acertada, caso contrário, a contestação à mesma deveria, necessariamente, preceder a preocupação aqui exposta. 

É um dado histórico incontornável: não há uma experiência histórica de Partido Comunista, que tenha crescido eleitoralmente no mundo capitalista, e não tenha caminhado rumo à social democracia reformista.

No início do século 20, os partidos marxistas, particularmente o alemão, que cresceram nas eleições, evoluíram para uma postura reformista, o que vai obrigar os marxistas a criar os partidos comunistas e a 3° Internacional.



A seguir, após a Segunda Guerra Mundial, quando o clima político na Europa Ocidental permitiu o avanço institucional, na democracia burguesa, de partidos como o PC francês e PC italiano, estes deram origem ao chamado "eurocomunismo", que foi uma versão nova da velha social-democratização reformista da esquerda revolucionária européia que repudiou o marxismo-leninismo em nome de um "marxismo renovado" que pouco tinha de marxista.

Pode-se admitir a constatação histórica, de que esse fenômeno foi específico da Europa, nos dois momentos. E argumentar que o mesmo não se deu no leste da própria Europa.

Mas, é preciso reconhecer que no caso do leste europeu o estado burguês foi desconstituído com a entrada das tropas soviéticas que, graças aos acordos de Yalta, garantiram a implantação do socialismo "pelo alto".

No caso do denominado terceiro mundos se têm apenas o exemplo do Chile ou da Indonésia, que foram eliminados em um banho de sangue, impossibilitando a análise do que teria ocorrido, em médio prazo, se tivessem os partidos comunistas, se mantido na institucionalidade de forma legal. Onde mais?

Portanto, é preciso reconhecer que, onde o Partido do proletariado cresceu na democracia burguesa, se desviou da linha revolucionária.

É certo, também, que as condições históricas variam, bem como os cenários, e não seria marxista enunciar uma "regra" ou "lei" quanto a estes fenômenos históricos.

Mas seria, sim, uma enorme irresponsabilidade política, não levar em conta as experiências históricas e... Não "colocar as barbas de molho" quanto a estes fatos.

No mínimo, tem-se a obrigação de estudar o que levou ao revisionismo, nos fatos históricos já elencados, e ver quais os fenômenos ocorridos que se aplicam à nossa realidade concreta, para neutralizá-los.

Sobre isto se aponta algumas ideias/teses/conjeturas/hipóteses ou, o mais provavelmente, meras especulações, no sentido de ajudar a reflexões mais aprofundadas no futuro.

Primeiro, é preciso considerar que o mais evidente a destacar é que se está falando de participação institucional na sociedade burguesa, ou seja, a entrada dos quadros partidários na máquina estatal burguesa. Se isolarmos este objeto de estudo veremos que tem duas dimensões; a responsabilidade de desenvolver uma política de estado e a presença físicos em cargos, eletivos ou não.

1. A primeira dialoga com a contradição 

2. entre a necessidade de dar respostas reais/objetivas às demandas da ação do estado, que levam a um constante confronto entre as possibilidades limitadas pelas estruturas do estado burguês e a necessidade dos trabalhadores que, em última instância, implicam na superação deste estado. Ora, a tendência de resolver o concreto da política de governo só pode existir pela sua afirmação enquanto tal, claro, no sentido dos interesses proletários, por parte do partido revolucionário que está no governo, mas a luta de classes, em última instância, leva à necessidade de tornar esta política insuficiente e derrotá-la, pois assim se colocará, no processo, a necessidade da superação da institucionalidade vigente! Há o claro entendimento que a isto se responde pela articulação correta entre a frente institucional, a luta de massas e a luta de ideias; mas quem faz a articulação entre estas três frentes é o Partido; um Partido composto de quadros... e estes quadros têm uma natureza híbrida, bicéfala e tripartite? Claro que não! Que Partido, com milhares de quadros, garante um número suficiente com capacidade para abstrair-se completamente da concretude das suas relações sociais e políticas concretas (sic) e adquirir um pensamento dialético o suficiente para dimensionar estas três frentes na sua ação cotidiana? Será isso materialmente possível?

3. A presença física na institucionalidade burguesa leva o quadro a ter acesso a inúmeras possibilidades de ação, valiosas para o Partido, por outro lado, o cotidiano de sua ação de governo ou de legislativo tende a concentrar todas as energias; por outro lado, também, as facilidades e privilégios que esta situação concede ao quadro, tende a levá-lo a uma postura de interesse objetivo na manutenção da mesma, tanto mais forte quanto mais despreparado ideologicamente for o quadro, ou seja, as benesses materiais podem influenciar na posição política do quadro, quanto à permanência nas estruturas do estado, à manutenção do Partido no Governo e o grau de radicalidade que deve assumir a política partidária.

Estes elementos forçam o corpo de quadros partidários na institucionalidade a uma atitude, (sobretudo em situação de governo em aliança com forças não revolucionárias), de contenção do avanço, ainda mais se este envolve rupturas ou radicalizações perigosas ao status quo governamental.

Agrava este cenário a força objetiva, em termos políticos, que estes quadros passam a ter na sociedade e, como consequência, o gradual reflexo desta importância nas estruturas do Partido. O Partido, que trabalha na institucionalidade, tende, (sobretudo a partir de seu crescimento, que acrescenta novos militantes oriundos da sociedade carregando o "senso comum" desta para o seio do Partido), a dar relevância interna aos quadros institucionais, acirrando a situação ao levar os mesmos aos centros de direção com força cada vez maior.
Se é verdade que, segundo frase atribuída ao saudoso camarada João Amazonas, que não possui, por óbvio, qualquer responsabilidade póstuma pelas impropriedades deste artigo, o Partido "apodrece pela cabeça", fato que merece artigo específico, mas que parece comprovado pela história dos partidos, no ou fora do poder, também é verdade que essa força dos quadros da institucionalidade estatal burguesa, executiva ou legislativa, nas instâncias dirigentes máximas do Partido, tende a criar um caldo de cultura político objetivamente, em termos de conceito social associado à perspectiva política revolucionária, perigoso.

Assim como o PCP de Álvaro Cunhal cunhou o que ele definiu, no seu livro Um Partido com paredes de vidro, como sendo a Regra de Ouro e que consistia em garantir maioria operária no CC, cabe a nós desenvolver princípios e métodos organizativos que permitam criar proteções político-organizativas nas composições dos organismos da nossa força política revolucionária.

Neste sentido, é louvável o impressionante esforço organizativo desenvolvido pelo PCdoB, não somente para estruturar o crescimento, mas, sobretudo, para desvendar novos conceitos e métodos que permitam adaptar a estrutura leninista à nossa atual linha política. Estes esforços mexeram com definições que vão da célula de base até a noção de quadro e precisam, parece, para dar novo salto de qualidade, de definições políticas internas de fundo que apenas um Congresso pode fornecer.

*Daniel V. Sebastiani é Secretário de Formação e Propaganda do PCdoB/RS


ARTIGO ORIGINALMENTE PUBLICADO NA TRIBUNA DE DEBATES DO 13° CONGRESSO DO PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL (PCdoB)

Fonte: PCdoB

"Comunista" Chico Brasileiro anuncia ida para o PSD em Foz



Do Blog do Praga 

Por  Paulo Aguilera
O ex-vice-prefeito, Chico Brasileiro, confirma que irá assinar ficha de filiação no PSD (Partido Social Democrático) em Foz do Iguaçu. Brasileiro, que  é servidor público e já foi vereador em dois mandatos, deixou o PC do B, onde disputou as últimas eleições municipais e conquistou 62.911 mil votos.
A filiação deve ocorrer durante um grande ato político programado para ocorrer no próximo dia 13, a partir das 18h30, no Hotel Vialle. O presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, e o presidente Estadual e deputado Federal, Eduardo Sciarra estarão presentes. Na ocasião também serão apresentados os novos filiados da sigla na cidade.
" Sou grato ao PC do B e vou me dedicar a mais este desafio, como tem sido em toda minha vida pública. O PSD é um partido que cresce em todo país, possui a terceira maior bancada de deputados federais e está representado em 374 municípios paranaenses", afirma.
Segundo Brasileiro, a escolha pelo partido foi construída através de um entendimento com a direção no Paraná e, principalmente, com apoio dos dirigentes locais. A estabilidade política e a proposta de um projeto amplo no desenvolvimento econômico, social e ambiental foram fundamentais na decisão.
" O PSD começou uma história em Foz do Iguaçu na última eleição e mostra um amadurecimento político para construção de um projeto exclusivo em favor do município, sem fazer politicagem e buscando através de propostas os avanços nas mais diversas áreas", avalia.
Em relação as eleições de 2014, Chico Brasileiro diz que colocará o nome à disposição do partido, mas não esconde o desejo de disputar uma vaga de deputado estadual. Também não descarta uma futura candidatura à  Câmara Federal.
" Tenho a convicção que a cidade tem que preencher esta lacuna da falta de deputado estadual. Uma coisa é certa: o PSD terá uma candidatura sólida e comprometida com a população de Foz e região. Ainda é cedo para definir se meu nome estará em uma disputa na Assembleia ou no Congresso", avaliou Brasileiro.
Perfil
Francisco Lacerda Brasileiro tem 47 anos, nasceu em Piancó, na Paraíba, é casado e possui dois filhos iguaçuenses. Ele reside em Foz do Iguaçu desde 1989, quando iniciou a carreira de servidor público na prefeitura. Chico Brasileiro é dentista.
Já foi vereador em dois mandatos (2001 - 2004 e 2005 a 2008) pelo PC do B. No segundo mandato licenciou-se do legislativo para assumir a secretaria de Saúde. Foi o principal idealizador no processo de reestruturação do setor nos últimos anos. Em 2008, Brasileiro foi eleito vice-prefeito. Release da assessoria do PSD em Foz.

leia também:

Chico Brasileiro, ex-presidente(DEPOSTO) do PCdoB do Paraná, agora é PSD de Kassab



O TEU SANGUE





Por Luis Henrique Fontes *

A mão que te açoita não se esconde, te difama, te enfrenta e te ofende na lama, na palma da cama, e você de cego Justo, neste absurdo onde tuas costas sangram, pois esta é a tua herança, tuas cicatrizes escritas em cinza. Descritas na tua história, que hoje negas, pois és renegado desta sociedade que é mais tua do que daqueles que te açoitam.
Somos a maioria em menor força, e a morte nos espreita nas sombras dos olhares.
Há um grito na noite a fora que te espera em ruas estreitas, e você se esforça para não ouvir.
Não temos o necessário para mudar a honra da hora de mudar, a não ser nossas mãos e nossa vontade.
Mas se morrer é o preço de ser livre, morra sem se ajoelhar.
O sangue jorra das costas nuas dos mesmos negros, e os carrapatos de sua alma carregam capatazes, que hoje são soldados oficializados no oficio de matar.
E neste oficio de morte o que nos salva é a sorte de nos escondermos deste destino forte.
A beira do abismo salte ou lute, mas não desfrute do desejo de se entregar.
Seja o exu da ignorância deles,dentro do medo que trazem com o ódio no olhar.
Seja exu a traduzir idéias, que o homem não pode conceber.
E na corda bamba deste circo armado para nos ver morrer, corra mate ou morra, mas não deixe sua alma em branco corromper.
Seja Zumbi além do tempo, seja seu herói negro, de asas de ferro, E lanças de fogo.
Vença, pois é o que te resta. O resto é retardo de uma vida não sua, de uma obrigação aguda destes tempos obtusos.
Mas saiba que no auge disso tudo, teus ancestrais não ficarão mudos, e hão de te cobrar pela inércia da tua covardia.


Luis Henrique Fontes  é escritor, militante do PCdoB


Esfriando os temores a respeito das ‘mudanças climáticas’


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por , segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Esqueça a fanfarronice ocorrida em Doha no início de dezembro.  As discussões teológicas no Qatar sobre os segredos dos tratados climáticos são irrelevantes.  De longe, o mais importante debate sobre mudanças climáticas está ocorrendo entre os cientistas, e versa sobre a questão da sensibilidade climática: qual será o aquecimento realmente gerado caso a quantidade de dióxido de carbono na atmosfera seja duplicada?
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC — Intergovernamental Panel on Climate Change) irá pronunciar sua resposta a esta questão em seu Quinto Relatório de Estimativas no ano que vem.
O público geral não está a par deste debate dentro do IPCC, mas eu tenho conversado bastante com alguém que entende do assunto: Nic Lewis.  Um semi-aposentado financista bem-sucedido de Bath, Inglaterra, com uma robusta formação em matemática e física, o senhor Lewis fez contribuições significativas para o debate das mudanças climáticas.
Primeiro, ele colaborou com outros para expor enormes e essenciais erros estatísticos em um estudo de 2009 sobre as temperaturas na Antártica.  Em 2011, ele descobriu que o IPCC havia, por meio de uma injustificada manipulação estatística, alterado os resultados de um extremamente importante artigo de 2006 escrito por Piers Forster, da Reading University, e Jonathan Gregory, do Met Office (o serviço nacional de meteorologia do Reino Unido).  O artigo havia demonstrado que o risco de a sensibilidade climática ser alta era muito baixo.  O IPCC alterou as estatísticas com o intuito de elevar sobremaneira esse risco.  O senhor Lewis também descobriu que o IPCC havia relatado de maneira imprópria os resultados de outro estudo, o que levou o próprio IPCC a emitir uma errata em 2011.
Nic Lewis me disse que as mais recentes observações empíricas para o efeito dos aerossóis (tais como partículas sulfurosas da fumaça do carvão) mostram que eles possuem um efeito refrigerante muito menor do que o imaginado quando o último relatório do IPCC foi escrito.  Outra: a taxa a qual o oceano está absorvendo o aquecimento induzido por gases do efeito estufa também é hoje reconhecida como sendo bastante modesta.  Em outras palavras, as duas desculpas utilizadas para explicar o lento e suave aquecimento que o mundo vivenciou no século XX — o qual já terminou, dado que as temperaturas globais hoje são as mesmas de 16 anos atrás — não mais são válidas.
Em suma: agora já é possível estimar, por meio de observações empíricas, o quão sensível a temperatura é ao dióxido de carbono.  Não é mais necessário ter de confiar excessivamente em modelos não comprovados.  Comparar a tendência da temperatura global ao longo dos últimos 100-150 anos com a mudança no "forçamento radiativo" (o poder aquecedor ou refrigerador) do dióxido de carbono, dos aerossóis e de outras fontes, e disso descontar a absorção de calor feita pelos oceanos, permite uma boa estimativa da sensibilidade climática.
A conclusão — pegando-se as melhores observações empíricas das mudanças ocorridas na temperatura global média entre 1871-80 e 2002-11, e das correspondentes mudanças no forçamento radiativo e na absorção de calor dos oceanos — é esta: se a quantidade de CO2 for duplicada, isso levará a um aquecimento de 1,6º-1,7ºC.
Este valor é bem menor do que a melhor estimativa atual do IPCC, de 3ºC.
O senhor Lewis foi um revisor do recentemente vazado rascunho do Relatório Científico WG1 do IPCC.  O IPCC o proibiu de fazer citações do relatório, mas ele está a par de todas as melhores estimativas e de todos os graus de incerteza contidos no rascunho do relatório.  E o que ele me relatou é pura dinamite.
Dado tudo o que hoje já sabemos, simplesmente não há nenhuma chance de que o tão temido aumento nas temperaturas médias irá ocorrer.  Segundo o senhor Lewis: "Levando-se em conta o cenário hipotético em que o IPCC supõe uma duplicação do CO2, mais um aumento de 30% nos outros gases do efeito estufa até 2100, o mais provável é que vivenciemos um aumento das temperaturas médias de não mais do que 1ºC".
Uma mudança cumulativa de menos de 2ºC até o final deste século não fará nenhum mal ao ecossistema.  Ao contrário: o resultado líquido será positivo — e isso os próprios cientistas do IPCC já disseram abertamente no último relatório da instituição.  As chuvas irão aumentar ligeiramente, os períodos propícios ao cultivo agrícola serão alongados, as calotas glaciais da Groelândia irão derreter apenas muito lentamente, e por aí vai.
Algumas das melhores pesquisas empíricas recentes também mostram que a sensibilidade climática é de 1,6ºC para uma duplicação do CO2.  Um impressionante estudo publicado este ano (2012) por Magne Aldrin e colegas do Centro Computacional da Noruega afirma que a estimativa mais provável é de 1,6ºC.  Michael Ring e Michael Schlesinger da Universidade de Illinois, utilizando o mais confiável histórico de temperaturas, também estimam 1,6ºC.
A grande pergunta é: será que os principais autores do relevante capítulo do vindouro relatório científico do IPCC reconhecerão que as melhores evidências empíricas não mais dão suporte à atual afirmação do IPCC de que o intervalo "mais provável" para a sensibilidade climática é de 2º—4,5ºC?  Infelizmente, isso parece improvável — especialmente quando se leva em conta o histórico desta organização de substituir políticas baseadas em evidências por criação de evidências baseadas em politicagem, bem como a relutância de cientistas acadêmicos em aceitar que tudo aquilo que eles vinham dizendo há anos está errado.
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Outra pergunta bastante comum: Como pode haver tanta discordância em relação à questão da sensibilidade climática se as propriedades de efeito estufa do CO2 já estão bem estabelecidas?  O problema é que a maioria das pessoas supõe que a teoria do aquecimento global é construída inteiramente sobre o dióxido de carbono.  Mas não é.
Há pouca controvérsia entre os cientistas a respeito da quantidade de aquecimento que o CO2 sozinho pode produzir, tudo o mais constante: de aproximadamente 1,1º—1,2ºC para uma duplicação da quantidade de CO2 vigente antes da industrialização.  O aquecimento gerado pelo CO2 se torna realmente perigoso dependendo da maneira como o fenômeno ocorre: mais especificamente, por meio da amplificação de retroalimentações positivas — principalmente vapor d'água e das nuvens que este vapor produz.
Funciona assim: um pequeno aquecimento (qualquer que seja a causa) esquenta os oceanos, o que aumenta a evaporação e torna o ar mais úmido — e o vapor d'água é em si um gás gerador do efeito estufa.  As alterações nas nuvens (geradas pela simulação destes modelos) geralmente aumentam ainda mais o aquecimento, de modo que ele pode ser duplicado, triplicado ou até mais.
É exatamente esta suposição que está no cerne de todos os modelos utilizados pelo IPCC.  Mas o problema é que nem mesmo o mais ardoroso cientista climático afirmaria que esta triplicação é um fato estabelecido.  Para começar, o vapor d'água pode nem estar aumentando.  Um recente estudo da Colorado State University concluiu que "não podemos nem provar nem negar que haja uma robusta tendência nos dados sobre o vapor d'água em todo o globo".  Depois, como um físico ganhador do Prêmio Nobel (e com um papel destacado no combate às mudanças climáticas) recentemente admitiu para mim: "Nem sequer sabemos o sinal" do efeito do vapor d'água — em outras palavras, os cientistas não sabem se o vapor d'água acelera ou retarda o aquecimento da atmosfera.
Modelos climáticos são conhecidos por fazer uma simulação bastante falha das nuvens, e dado que as nuvens possuem efeitos muito fortes sobre o sistema climático — alguns tipos de nuvem resfriam a Terra, seja porque a protegem do sol ou porque transportam o calor para cima e o frio para baixo em tempestades; e outros tipos aquecem a Terra ao bloquearem a saída da radiação —, continua sendo algo altamente plausível que não haja nenhum efeito líquido de retroalimentação positiva do vapor d'água.
Se este de fato for o caso, então até hoje vivenciamos um aquecimento de 0,6ºC; e nossos dados empíricos estariam apontando para um aquecimento de 1,2ºC até o fim do século. 
Ano que vem, os cientistas do IPCC terão de decidir se irão admitir — contrariamente do que indicam seus modelos computacionais complexos e inverificáveis — que a evidência empírica agora aponta para uma insignificante alteração climática sem nenhum dano líquido efetivo. 
Em nome de todas as pessoas pobres cujas vidas estão sendo arruinadas pelos altos preços dos alimentos e dos combustíveis — provocados pelo fato de o milho estar sendo maciçamente usado na produção de biocombustível, pelo fato de a agropecuária estar sendo tolhida em várias partes do mundo (o que reduz a oferta de alimentos), e também pelos amplos subsídios à energia renovável concedidos por burocratas a seus empresários e empresas favoritos —, podemos apenas torcer para que os cientistas tenham esta honestidade intelectual.

Matt Ridley escreve a coluna Mind and Matter no The Wall Street Journal e vem escrevendo sobre questões climáticas para várias publicações há 25 anos. 
http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1493


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Vídeo: A hipocrisia dos ambientalistas - George Carlin