sábado, 20 de abril de 2013

Alckmin e a maioridade penal



Por José Nabuco Filho, no blog Diário do Centro do Mundo:

Não há ardil político mais primário que o de criar um fato para ocultar uma crise de popularidade. E, para isso, não existe melhor estratégia que a demagogia. A ação de um demagogo não se baseia nas reais necessidades da população e sim em seus mesquinhos interesses para a manutenção de seu poder. O demagogo - chamado de “adulador do povo” por Aristóteles - explora os sentimentos do eleitorado, seus anseios mais primitivos.

Quem melhor se encaixa nesse perfil é o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. No que se refere à segurança pública, ele parece viver seu “inferno astral”. A quantidade de homicídios no estado aumentou vertiginosamente, expondo, mais uma vez, a existência de uma facção criminosa e de um grupo de extermínio, ao que tudo indica, formado inclusive por policiais militares. Como explicar essa conjuntura? Como responder às críticas de que em seus mandatos houve estímulo à violência policial, sem que, com isso, ninguém se sentisse em paz? Como interromper essa crise de popularidade?

A solução é fácil: propor uma mudança que atenda tais instintos. Surge, então, um bárbaro crime de um adolescente contra um jovem de classe média, Victor Hugo Deppman. E o governador aparece com o discurso autoritário: diminuição da maioridade penal - agora sob o disfarce do aumento do prazo de internação.

A sensação de alarme gera a ideia de que é preciso combater com violência os criminosos que atacam a sociedade. Alckmin, o demagogo, percebendo isso, sem qualquer amparo em estudos sérios ou dados confiáveis, lança a proposta de recrudescimento penal, com mais encarceramento, como uma panaceia.

Não há em sua proposta nenhuma demonstração clara de que uma parcela significativa dos latrocínios e homicídios é cometida por adolescentes. Não há nenhuma indicação estatística de que o problema da criminalidade seja esse. O que há é uma exploração do pânico, com a finalidade de desviar o foco da crise. Fingindo ser um homem sensível à dor dos que foram vítimas de adolescentes, ele oculta sua inconfessável finalidade: atribuir o aumento da violência à alegada tibieza da lei.

A diminuição da idade penal, ou o aumento do tempo de internação, é uma medida que não resolverá o problema. Os estudos de criminologia demonstram que o recrudescimento da lei não produz o efeito desejado. Exemplo disso é a extorsão mediante sequestro, que era um crime raro no Brasil até o começo dos anos 80, apesar de ter pena mais branda que a atual. Em 1990, após casos de repercussão, foi aprovada a Lei dos Crimes Hediondos, que aumentou severamente a pena e agravou seu regime de cumprimento (progressão de pena e livramento condicional). Apesar disso tudo, não houve diminuição desses crimes.

Fala-se muito, nesse debate, em reincidência. Por acaso a prisão diminui a reincidência? Obviamente que não – ao contrário, ela causa efeitos deletérios nos condenados, de modo a inviabilizar cada vez mais sua “reinserção social”. Por isso, para os menores, a medida socioeducativa é muito mais eficaz, desde que bem executada. Também é uma falácia que a maioria dos países adota a maioridade abaixo dos 18 anos. Segundo pesquisa da ONU, na legislação de 57 países, apenas 17% funcionam dessa maneira.

A proposta do governador se baseia na exceção, já que menos de 1% dos internos da Fundação Casa, em São Paulo (antiga Febem) cometeu latrocínio. Não há insensibilidade humana mais deplorável do que a de se valer da dor da vítima e do medo da população para lançar um projeto oportunista, que ao invés de visar os reais interesses do estado ou do país, tem como único e inconfessável fim a manutenção do poder de um demagogo.



O que fazer com a direita?



























Acima, exemplo básico de um direita-fascistóide

Por Cadu Amaral, em seu blog:

A direita não toma jeito. Não consegue dialogar com o povo. Pedir para ela fazer isso é como pedir para o escorpião abanar o rabo para alguém. Thatcher morreu no período em que suas teses sobre o Estado estão em ruínas; usa-se imagens de violência militar no Egito como se fossem na Venezuela. Aliás, lá a direita perde a eleição e já começa o clima de golpe. No Brasil, resta apenas a mídia e o discurso pseudomoralista. Invencionices para afagar os egos da classe média e de nossa elite.

Criam lista disso e daquilo. Tudo para tentar fazer as pessoas crerem que a “nata” é o que há de melhor em nossa sociedade. Até tentar substituir o arroz e o feijão da base de nossa alimentação pelo tomate, tentaram. Esse é um dos padrões de manipulação da “grande imprensa” tão bem listados por Perseu Abramo. O padrão da indução é o “resultado da articulação combinada dos vários órgãos de comunicação, ou seja, resultado das escolhas dentro do processo de produção jornalística enquanto empreendimento capitalista; induz o leitor a compreender o mundo de acordo com a nova realidade que lhe é apresentada”.

Sempre foi assim. Junte isso ao servilismo tão presente em nossa elite. Ela adora tudo que vem da Europa e doa EUA. Quando surge um governo de caráter trabalhista, logo vem à tona o discurso do “mar de lama”. Falo de João Goulart em 1964. Tanto a nossa elite quanto a latinoamericana, adotaram métodos comuns. Se antes usavam as armas para seus golpes de Estado agora usam as togas, vide Fernando Lugo no Paraguai.

Se gostam tanto da Europa e dos EUA deviam ao menos fazer debate político, como boa parte da direita de lá faz, mesmo que também não dialogue com o povo, assim como cá. Ocupam espaços institucionais por meio do poder econômico e midiático, essencialmente.

Triste de uma direita que tem José Serra e Aécio Neves como expoentes. Um é, talvez, a criatura mais inescrupulosa que já surgiu no país. Onde ele está tem sujeira. O outro é um playboy cuja vida na política não passa da manutenção de um status quo de sua família. Mas esse não gosta de seu Estado natal. Prefere o Rio. Quem não gosta de uma praia, não é mesmo?

Um deles tem uma filha com empresa off shore onde levou o termo “lavagem de dinheiro” a um nível jamais imaginado. Sua empresa foi aberta com um capital de $ 100,00 e em poucas semanas já estava em torno de $ 5 milhões. Comprou-se 20% de uma empresa de picolé por 100 milhões de reais usando a empresa multiplicadora de “dim dim”. O detalhe é que os picolés geram lucro de apenas R$ 30 milhões.

O outro é réu em um processo por improbidade administrativa. O montante desviado é de R$ 4,3 bilhões. Sem falar na famosa, mas não falada na “grande imprensa”, lista de Furnas. Não sobra uma única pena nem um único bico de tucano para contar história.

Um deles fala por trinta minutos no Senado e não usa as palavras povo, inclusão, emprego, gente, miséria, renda... E é pré-candidato à presidência da República. O outro é candidato a qualquer coisa. E não poupa esforços e baixarias para isso. Ambos foram os queridinhos de Fernando Henrique Cardoso (FHC). O outro era até carismático na boca flácida do “príncipe plagiador dos sociólogos”. O “um” garantiu que defenderá o legado de sua passagem pela presidência do país. Logo ganhou o carinho de FHC que abandonou o outro.

O outro tem o Roberto Freire do ex-PPS. O que é melhor, isso ou estar só?

A direita no país samba mais do que pitomba em boca de banguela. Não somente no Brasil, se fizermos uma leitura mais atenta aos fatos da política internacional. Resta-lhe a mídia inventando uma realidade que não existe e as togas. Tomemos cuidado com as togas.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

TJMG confirma: Aécio Neves é réu e será julgado por desvio de R$ 4,3 bi da saúde


7ABR

Do Rogério Correia, divulgado pelo Blog do Mario Lobato
Abril de 2013
Por três votos a zero, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) decidiu que o senador Aécio Neves continua réu em ação civil por improbidade administrativa movida contra ele pelo Ministério Público Estadual (MPE).
Aécio é investigado pelo desvio de R$ 4,3 bilhões da área da saúde em Minas e pelo não cumprimento do piso constitucional do financiamento do sistema público de saúde no período de 2003 a 2008, período em que ele era o governador do estado. O julgamento deverá acontecer ainda esse ano. Se culpado, o senador ficará inelegível.
Desde 2003, a bancada estadual do PT denuncia essa fraude e a falta de compromisso do governo de Minas com a saúde no estado. Conseqüência disso é o caos instaurado no sistema público de saúde, situação essa que tem se agravado com a atual e grave epidemia de dengue.
Recurso
Os desembargadores Bitencourt Marcondes, Alyrio Ramos e Edgard Penna Amorim negaram o provimento ao recurso solicitado por Aécio Neves para a extinção da ação por entenderem ser legítima a ação de improbidade diante da não aplicação do mínimo constitucional de 12% da receita do Estado na área da Saúde. Segundo eles, a atitude do ex-governador atenta aos princípios da administração pública já que “a conduta esperada do agente público é oposta, no sentido de cumprir norma constitucional que visa à melhoria dos serviços de saúde universais e gratuitos, como forma de inclusão social, erradicação e prevenção de doenças”.
A alegação do réu (Aécio) é a de não ter havido qualquer transferência de recursos do estado à COPASA para investimentos em saneamento básico,  já que esse teria sido originado de recursos próprios. Os fatos apurados demonstram, no entanto, a utilização de valores provenientes de tarifas da COPASA para serem contabilizados como investimento em saúde pública, em uma clara manobra para garantir o mínimo constitucional de 12%. A pergunta é: qual foi a destinação dada aos R$4,3 bilhões então?



O que é um REACIONÁRIO?

Álvaro Dias é alvo de novas denúncias sobre enriquecimento ilícito






Não reconhece: FHC DEFENDE RECONTAGEM DE VOTOS NA VENEZUELA


Jonh Kerry, secretário de Estado,diz que a América Latina é o "quintal" dos EUA


Do Portal Vermelho
Cebrapaz repudia declarações de Jonh Kerry sobre AL

DIANTE DAS DECLARAÇÕES DO SECRETÁRIO DE ESTADO DOS ESTADOS UNIDOS, JONH KERRY, QUE AFIRMOU QUE A AMÉRICA LATINA É O "QUINTAL" DOS EUA, DURANTE DISCURSO REALIZADO DIANTE O COMITÊ DE ASSUNTOS EXTERIORES DA CÂMARA DOS REPRESENTANTES, O CENTRO BRASILEIRO DE SOLIDARIEDADE AOS POVOS E LUTA PELA PAZ (CEBRAPAZ) EMITIU UMA NOTA EM REPÚDIO AO SECRETÁRIO. LEIA A ÍNTEGRA.  


Nota de Repúdio ao Secretário de Estado dos EUA, Jonh Kerry
O Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz, Cebrapaz, expressa o seu mais veemente repúdio à arrogante declaração do chefe da diplomacia dos Estados Unidos, John Kerry, de que a América Latina é um quintal estadunidense.
Conforme noticiado pela rede de notícias Telesur, em uma reunião do Comitê de Assuntos Exteriores da Câmara dos Representantes, Kerry reproduziu a execrável doutrina Monroe, na qual os Estados Unidos se arrogam o direito de intervir em países soberanos da América Latina para servir aos seus vis interesses.

Esta declaração ocorre no contexto em que os Estados Unidos se recusam a reconhecer o resultado das eleições democráticas e legítimas na Venezuela, na qual seu candidato, Henrique Caprilles, mais uma vez derrotado, incita opositores a praticarem atos de vandalismo e sabotagem buscando gerar o caos no país.

Deixamos claro que os povos da América Latina não aceitarão golpes de Estado, ingerência externa, ou intervenções estadunidenses nos processos democráticos do continente.

Socorro Gomes,
Presidenta do Cebrapaz
São Paulo, 18 de abril de 2013.
Fonte: Cebrapaz 

Presidente do Irã viaja a Caracas para posse de Maduro


Do Portal Vermelho


O presidente do Irã, Mahmud Ahmadinejad, afirmou nesta quinta-feira (18) que as relações entre Teerã e Caracas simbolizam as relações do Irã com toda a América Latina.


Ahmadinejad, que viajou na noite da quinta-feira rumo à Venezuela para participar da cerimônia de posse de Nicolás Maduro como presidente do país sul-americano, agregou que este vínculo não condiciona as relações do Irã com outras nações latino-americanas.

O mandatário persa recordou igualmente que a República Islâmica do Irã mantém boas relações com todos os países da América Latina.

Ahmadinejad expressou também que na atualidade a orientação dos povos latino-americanos tende para o pensamento chavista e está estendendo o círculo de governos revolucionários na região, tendo como pioneiro desta nova era de revoluções na região o governo do falecido presidente venezuelano, Hugo Chávez.

“Alguns mal-intencionados trataram de afastar o povo bolivariano de seu líder, Hugo Chávez, assim como de seus seguidores, mas a Venezuela elegeu com perspicácia seu novo presidente”, manifestou o mandatário iraniano.

Finalmente, Ahmadinejad, depois de explicar seu plano de viagem ao país sul-americano, no qual manterá reuniões com autoridades de outros países da região, concluiu que participar no ato de posse de Maduro é uma prova das amplas relações bilaterais e amistosas entre o Irã e a Venezuela.

Hispan TV



http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=211422&id_secao=7


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Venezuela empossa hoje seu novo presidente





Venezuela empossa hoje seu novo presidente


Do Portal Vermelho


Nicolás Maduro recebe nesta sexta-feira (19) a faixa presidencial da República Bolivariana da Venezuela durante uma cerimônia oficial que terá a presença de ao menos 15 delegações de alto nível de nações da América Latina, Caribe e outras regiões.


Justamente no dia em que se completam 203 anos da assinatura da Ata da Independência venezuelana, Maduro tomará posse na Assembleia Nacional para completar o período constitucional 2013-2019, iniciado formalmente pelo falecido presidente Hugo Chávez.

Dilma Rousseff, do Brasil; José Mujica, do Uruguai; Daniel Ortega, da Nicarágua; Cristina Fernández, da Argentina, e Lenin Moreno, representando o presidente Rafael Correa do Equador, são presenças de destaque.

Também participarão dignatários da Bolívia, Dominica, San Vicente e Granadinas, República Dominicana, Honduras, Irã, Arábia Saudita, Catar, China e Palestina.

Por outro lado, espera-se a concentração de uma multidão no coração de Caracas para celebrar a posse de Maduro e o dia da declaração de independência contra o colonialismo espanhol.

Igualmente, como parte das atividades comemorativas desta jornada patriótica, os habitantes de Caracas assistirão a uma grande parada militar que incluirá evoluções aéreas e a apresentação de armas.

Com Prensa Latina


http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=211420&id_secao=7


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quinta-feira, 18 de abril de 2013

CTB: Aumento dos juros premia banqueiros e contraria a nação


Wagner Gomes: Aumento dos juros premia banqueiros e contraria a nação

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu nesta quarta-feira, 17, aumentar em 0,25%, para 7,50%, a taxa básica de juros (Selic). A iniciativa, tomada após forte pressão do mercado financeiro, premia banqueiros, especuladores e rentistas que vivem à sombra da dívida pública, mas está na contramão do anseio nacional por desenvolvimento e valorização do trabalho.
O combate à inflação aparentemente justifica a decisão. Porém, como muitos especialistas já alertaram, a elevação da Selic terá pouco ou nenhum impacto sobre a evolução dos preços, que podem até ser reduzidos em função de outros fatores, como o esperado aumento da oferta de alimentos no segundo semestre. A redução e estabilidade dos preços interessa sobretudo aos trabalhadores e trabalhadoras, mas não é isto que está em jogo.
Os interesses reais que orientam as pressões da mídia e do sistema financeiro são de outra natureza. Concretamente, a elevação da taxa básica de juros significa bilhões de reais a mais no bolso dos credores da dívida pública, principalmente banqueiros, que agora podem alegar novos motivos para ampliar o spread bancário e aumentar ainda mais as taxas extorsivas que cobram de empresas e consumidores.
O povo brasileiro só tem a perder, já que os juros altos são companheiros da estagnação econômica, do desemprego e do arrocho salarial, conspirando contra os esforços de desenvolvimento nacional.
A medida se revela ainda mais contraproducente na atual conjuntura, marcada pelo desempenho pífio do PIB, persistência da crise mundial e incertezas em relação ao desempenho futuro dos investimentos e da produção. A nova orientação da política monetária traduz um retrocesso e deve ser repudiada e condenada pela classe trabalhadora, as centrais sindicais, os movimentos sociais e as forças progressistas do país que batalham pelo desenvolvimento nacional com soberania, democracia e valorização do trabalho.
São Paulo, 17 de abril de 2013
Wagner Gomes, presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil)



Maduro aos Estados Unidos: “Não nos importa seu reconhecimento”


Do Portal Vermelho


“Não nos importa seu reconhecimento”, assinalou nesta quarta-feira (17) o presidente eleito venezuelano, Nicolás Maduro, dirigindo-se aos Estados Unidos, depois que este país condicionou o reconhecimento à recontagem dos votos.


“Não reconheçam nada, não nos importa seu reconhecimento. Nós decidimos ser livres e vamos ser livres e independentes, com vocês ou sem vocês”, disse Maduro.

O secretário estadunidense de Estado, John Kerry, anunciou nesta quarta-feira que Washington não está disposto a reconhecer a vitória de Maduro nas eleições de domingo, enquanto não se faça a recontagem de votos na Venezuela.

A representante dos Estados Unidos nas Nações Unidas, Susan Rice, em visita ao Brasil na quarta-feira, defendeu a mesma opinião e revelou a mesma disposição de ingerência nos assuntos internos da Venezuela. O chanceler brasileiro Antonio Patriota refutou a diplomata norte-americana e reafirmou a posição do governo da presidenta Dilma Rousseff de reconhecer o resultado da eleição venezuelana. 

Com agências


http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=211309&id_secao=7

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Comunismo: O PCdoB e o caminho da luta armada




Mao Tse-tung recebe João Amazonas e Lincoln Oest
Por Osvaldo Bertolino    Do site O Outro Lado da Notícia

A conclusão é lógica. Ao cunhar o slogan “O Partido do socialismo com a cara do Brasil” para comemorar seus 90 anos, o Partido Comunista do Brasil vincou o traço nacional que o acompanha desde 1922. É uma distinção importante porque, em sua trajetória, os comunistas foram falsamente acusados de pertencerem a uma organização sem raízes no país. Esse argumento foi um dos utilizados nas campanhas da década de 1940 para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cassar o registro legal do Partido. Mas o determinante nessa lembrança de que o socialismo precisa ter a cara do Brasil é a compreensão desenvolvida sobre como a teoria marxista deve ser aplicada depois que diferentes modelos se esgotaram, deixando um vazio teórico imediatamente detectado pelas organizações revolucionárias.
O Partido Comunista do Brasil, apesar das suas notórias inclinações para as questões nacionais, ao longo de sua história elaborou teses que transitaram por diferentes modelos de socialismo. Por óbvio, o paradigma soviético, em seus primeiros períodos, foi o mais idealizado. Quando, em 1956, os principais dirigentes do Partido Comunista da União Soviética (PCUS) propuseram o que diziam ser outro caminho para o socialismo, no Brasil houve o conhecido choque de opiniões que levou à criação do Partido Comunista Brasileiro e à reorganização do Partido Comunista do Brasil — agora um PCB, outro PCdoB.
Acusados pelos líderes do PCUS de serem instrumentos dos chineses na divisão do movimento comunista brasileiro, os dirigentes do PCdoB reagiram dizendo, na resposta a Krushev publicada no jornal A Classe Operária de 1º de agosto de 1963, que “os fatos demonstram sobejamente que a cisão teve como causas principais fatores de ordem interna.” Não era apenas uma proclamação. Até então, o Partido Comunista do Brasil, conhecido pela sigla PCB, mantinha uma unidade estabilizada desde a Conferência da Mantiqueira, realizada em 1943. Havia um núcleo dirigente, cujas figuras centrais, com exceção de Luis Carlos Prestes — além dele, marcaram essa época como dirigentes mais destacados João Amazonas, Maurício Grabois, Diógenes Arruda Câmara e Pedro Pomar —, marcharam unidas na reorganização de 1962.
João Amazonas e Lincoln Oes saem pelo mundo
Ao fazer o movimento para se afastar da nova orientação do PCUS, era natural que se aproximassem, no âmbito do movimento comunista internacional, de quem fazia oposição aos soviéticos — os comunistas da China e da Albânia. Mas antes eles deixaram claro que o problema era mais de ordem interna do que externa. O fundo da polêmica apareceu com a virada teórica proclamada pela “Declaração de março” e ratificada nas “Teses para discussão” do V Congresso, que ocorreria em 1960. A apologia do desenvolvimento do capitalismo, sem a distinção entre a burguesia nacional interessada na luta contra o imperialismo e os setores ligados ao capital monopolista de fora e sem valorizar o papel das massas como protagonistas decisivos no processo político, foi o centro do debate.
Com o norte definido pelo programa da reorganização, o PCdoB buscou estabelecer relações externas e não se isolar no cenário mundial. Havia a correta compreensão de que o cenário internacional se refletia de forma marcante na conjuntura interna. Ainda em 1962, João Amazonas e Lincoln Oest — este também dirigente do PCdoB — sairiam pelo mundo, começando pela América Latina, para estabelecer laços de solidariedade. Chegaram à China, onde foram recebidos por Mao Tse-tung. Na volta, relataram que, em muitos países, sentiram o clima hostil pela propagação da versão do novo PCB sobre as divergências entre os comunistas brasileiros.
Outro dirigente que valorizava as relações internacionais era Pedro Pomar. Quando a guerrilha liderada por Fidel Castro triunfou em Cuba, em 1º de janeiro de 1959, ele foi saudar a vitória e ver a experiência de perto. Esteve no país por duas semanas e meia e voltou entusiasmado. Segundo ele, tudo que dizia respeito à Revolução Cubana, a seus problemas e dificuldades, em uma palavra, ao seu destino, interessava profundamente às forças populares e patrióticas do Brasil. Demonstrava a pujança e o crescimento da luta libertadora e democrática na América Latina. Para Pedro Pomar, o exemplo da Revolução Cubana alentava a luta que os comunistas travavam pela emancipação nacional e social do povo brasileiro. A vitória do povo cubano era parte integrante daquela luta dos brasileiros e, como tal, precisava ser defendida.
Visitas de dirigentes do PCdoB a Cuba
O primeiro contato dos cubanos com os comunistas que reorganizariam o Partido Comunista do Brasil ocorreu quando Carlos Danielli, ainda no histórico PCB mas já em processo de afastamento cumprindo “missão” no estado do Espírito Santo, em abril de 1961, chefiou uma delegação de comunistas que visitou a ilha revolucionária. A visita coincidiu com a invasão do país por mercenários organizados pelos Estados Unidos na Praia Girón. Danielli e outros visitantes se apresentaram como voluntários e passaram uma noite de arma na mão, prontos para entrar em ação caso fosse necessário.
Em novembro de 1961, antes da “expulsão” do novo PCB, os comunistas que estavam contestando o rumo imprimido pelos dirigentes eleitos no V Congresso fundaram uma editora, a Edições Futuro, no Rio de Janeiro, que lançou, como primeiro título, a obra A Guerra de Guerrilhas, de Ernesto Che Guevara — a primeira do guerrilheiro famoso publicada no Brasil — prefaciada por Maurício Grabois. No primeiro semestre de 1962, a editora lançou De Moncada à ONU, traduzida por Pedro Pomar, com discursos de Fidel Castro, e a Segunda Declaração de Havana. Pedro Pomar escreveu o prefácio. Em abril de 1962, Grabois e Amazonas também visitaram Cuba e conversaram com Fidel Castro e Che Guevara, e com dirigentes comunistas da Coréia, da Albânia e da China. Pouco tempo depois, em agosto de 1962, Carlos Danielli, acompanhado de outro dirigente do PCdoB, Ângelo Arroyo, voltou ao país.
Para os dirigentes comunistas que reorganizaram o Partido, as relações internacionais sempre foram prioridade. Quando o debate das “Teses” ao V Congresso atingiu altas temperaturas, Pedro Pomar escreveu que era de enorme significação para o curso da política brasileira o exame do caráter da nova época que vivia a humanidade — a questão da guerra ou da paz e outros problemas de princípios. Mas a direção do Partido, segundo ele, subestimava a análise da situação internacional. Em 1963, ele e outro comunista, Consuelo Calado, visitaram a Tchecoslováquia, foram ignorados pelos dirigentes comunistas locais e seguiram para a Albânia e a China, onde foram bem recebidos.
Troca de farpas era aberta
O interesse da China pelo PCdoB, e vice-versa, era crescente. Na crise estabelecida com o XX Congresso do PCUS, em 1956, uma prolífica publicação de documentos mostrou o abismo que se formara entre a China e a União Soviética. Na mesma margem, ficaram o Partido Comunista da China (PCCh), o Partido do Trabalho da Albânia (PTA) e o PCdoB. A reação dos chineses às críticas de Kruschev a Josef Stálin dava bem a medida da distância que separava os dois contendores. Em outubro de 1961, o XXII Congresso do PCUS se prestou a novos ataques ao histórico líder soviético, vigorosamente rebatidos pelo representante chinês, Chou En-lai.
A troca de farpas era aberta. Quando Kruschev subiu à tribuna e começou a criticar em termos violentos a Albânia, Chou En-lai, que também era primeiro-ministro do seu país, retirou-se ostensivamente da sala de debates. Os soviéticos, em um lance teatral, chegaram ao extremo de retirar do túmulo de Lênin os restos mortais de Stálin, enquanto o representante chinês homenageava a sua memória, depositando uma coroa de flores na sepultura.
A produção de documentos, de parte a parte, também crescia vertiginosamente. O dossiê das divergências ia-se avolumando e, em 14 de junho de 1963, ganhou novo e precioso reforço: os comunistas chineses publicaram, em 25 pontos, as suas “proposições a respeito da linha geral do movimento comunista internacional”. O documento apontou as vastas regiões da Ásia, da África e da América Latina como convergentes nas contradições do mundo, onde a dominação imperialista estava mais fraca.
Os comunistas da China denunciavam o “revisionismo soviético” de uma forma que se mostravam continuadores do marxismo-leninismo, ao contrário do grupo de Kruschev. E todas as organizações que se manifestavam nessa linha eram apoiadas pelo PCCh. Um editorial do Diário do Povo de março de 1963 dizia, parafraseando o Manifesto do Partido Comunistade Marx e Engels, que os soviéticos temiam a verdade. “Um espectro ameaça o mundo: o espectro do autêntico marxismo-leninismo, e ele os assusta. Vocês não têm fé no povo, e o povo não tem fé em vocês. Vocês estão divorciados das massas. É por isso que temem a verdade”, cutucou. Em junho do mesmo ano, fracassou o último encontro sino-soviético para tentar a reconciliação e as comportas de toda a documentação acumulada foram abertas. A contenda era acompanhada com lupa pelo PCdoB.
Luta armada desponta no horizonte
Com o golpe de 1964, o acúmulo de experiências internacionais foi um ponto decisivo para a definição do caminho a seguir. Em junho daquele ano, o Comitê Central do PCdoB iniciou o debate sobre a tática de deslocamento do trabalho para o campo. Em agosto, aprovou a resolução divulgada com o título O Golpe de 1964 e seus ensinamentos, avaliando que o ocorrido era resultado dos avanços de um projeto estratégico dos setores mais reacionários internos a serviço do imperialismo norte-americano. Era hora de procurar novas formas de resistência. A luta armada era uma possibilidade que despontava no horizonte.
A direção do PCdoB chegou à conclusão de que para discutir profundamente a forma de enfrentar a ditadura era necessário convocar uma Conferência — a VI, realizada em julho de 1966 em São Paulo. A Conferência debateu e aprovou a linha política, contida no documento União dos brasileiros para livrar o país da crise, da ditadura e da ameaça neocolonialista. A certa altura do texto, o PCdoB apontou a guerrilha como uma das principais formas de luta contra a ditadura. “A ideia de que é indispensável empunhar armas para libertar o país do atraso e da opressão vem ganhando força”, diz o documento. “A luta revolucionária em nosso país assumirá a forma de guerra popular”, definiu a Conferência. “As forças armadas populares, inicialmente débeis, crescem e tornam-se fortes e superiores às do adversário. (...) Sendo parte integrante do povo, têm nele a fonte de sua invencibilidade.”
O PCdoB afastara-se de Cuba quando o governo de Fidel Castro optou pelo alinhamento com a União Soviética. Estava estudando as experiências de guerras populares na China e no Vietnã. O estudo da guerra popular no campo passou a ser uma prioridade. Muitos militantes do Partido foram para a China, onde receberam instruções político-militares. As relações políticas com os comunistas chineses e albaneses se estreitaram com sucessivas visitas de dirigentes do PCdoB àqueles países.  
Preparar o Partido para grandes lutas
Em fevereiro de 1968, o Comitê Central publicou o documento para estudo denominado Salve a grande vitória da guerra popular, de autoria de Lin Piao, um dos dirigentes da República Popular da China, com a sistematização das experiências política e militar chinesas dos vinte e dois anos da revolução naquele país. Em maio, o Comitê Central aprovou dois documentos. O primeiro, denominado Alguns problemas ideológicos da revolução na América Latina, posicionava-se a favor da China e da Albânia, e contra os Estados Unidos e a União Soviética. No aspecto ideológico, criticou o “fidelismo” e afirmou que “cada povo fará a sua revolução”. 
No segundo documento, denominado Preparar o Partido para grandes lutas, o PCdoB, com base nas mobilizações estudantis que tomavam corpo, disse que “o desprendimento e a energia da mocidade, bem orientada, são fatores de radicalização das lutas”. Mas alertava que “as zonas rurais constituirão as vastas áreas de manobra para os destacamentos armados do povo e nestas zonas encontrava-se o maior potencial revolucionário”. Outro texto, com o título A política estudantil do PCdoB, orientou os militantes naquele ano de grandes embates com a ditadura, quando greves e manifestações estudantis desafiaram os golpistas.
No começo de 1969, o PCdoB realizou uma reunião ampliada do Comitê Central na qual aprovou o documento Guerra popular — caminho da luta armada no Brasil, que expôs, “nos aspectos essenciais”, a concepção “da luta armada em que todo o povo brasileiro se empenhará para livrar o país da ditadura e do domínio imperialista norte-americano”, e o Manifesto ao povo, denunciando o banditismo da repressão e conclamando a unidade nacional para “derrubar os opressores”. A reunião também definiu que o PCdoB deveria ter “no interior (sic) o centro de gravidade do seu trabalho” e que “as forças armadas populares terão, durante muito tempo, de se orientar pelos princípios da defensiva estratégica e guiar-se por uma política correta”. E isso queria dizer, entre outras coisas, que o centro de atividades do Partido seria a luta armada – a “quinta tarefa”, como ficou conhecida na ordem de atividades definida pela direção do PCdoB. A primeira era a construção partidária.
Atualidade do pensamento de Lênin
A luta armada começava a sair da pena e a ser preparada efetivamente. Ao longo do ano de 1970, três documentos foram aprovados pelo Comitê Central para marcar a linha política do PCdoB. O primeiro, publicado em abril e escrito por João Amazonas e Maurício Grabois nas selvas do Araguaia, denominado Atualidade do pensamento de Lênin, foi a primeira manifestação pública de divergências com o Partido Comunista da China sobre a tese do “Pensamento de Mao Tse-tung” como uma “nova etapa do marxismo”. O segundo, de julho, com o título Mais audácia na luta contra a ditadura, aprofundava o movimento de revolucionarização iniciado no ano anterior. E o terceiro, de dezembro, intitulado Desenvolver ações mais vigorosas, orientou a militância para o “espírito de oposição das massas” com vista a “acelerar a preparação da luta armada”.    
Em setembro de 1971, Pedro Pomar voltou a visitar a Albânia e a China. Na volta, trouxe boas impressões do pequeno país dos Bálcãs, mas o que vira no gigante asiático o deixara encabulado. Encontrou-se com dirigentes comunistas chineses, demorou em longas trocas de opiniões com o primeiro-ministro Chou En-lai e visitou locais onde conversou com o povo. Disse à direção do PCdoB que vira indícios que aumentavam as convicções sobre erros dos chineses apontados no documento Soluções ilusórias, de janeiro de 1971, comentando os acontecimentos no Peru, na Bolívia e no Chile, países que faziam movimentos de distanciamento dos ditames norte-americanos, elogiados pela China. No Peru e na Bolívia, militares tomaram o poder e adotaram medidas nacionalistas. No Chile, vencera as eleições presidenciais o socialista Salvador Allende, que se declarara marxista.
Segundo João Amazonas, o PCdoB olhava com reservas para algumas posições dos comunistas chineses fazia um bom tempo. Quando escrevera, com Maurício Grabois, em plena selva do Araguaia, em abril de 1970, o texto Atualidade do pensamento de Lênin, um dos objetivos era contestar a tentativa chinesa de substituir o leninismo pelo "Pensamento de Mao Tse-tung". “O centenário do nascimento de Vladimir Ilitch Lênin é uma oportunidade para reverenciar a memória deste profundo pensador revolucionário e para ressaltar a grandiosidade de sua obra e a atualidade de sua doutrina”, escreveram. Era uma resposta à tese de que o “Pensamento de Mao Tse-tung” correspondia a uma terceira etapa do marxismo, aprovada no IX Congresso do PCCh, realizado em 1969, ao qual Maurício Grabois, que estava na China, não fora convidado a participar.
Grande atraso para a China
Em junho de 1971, A Classe Operária publicou um extenso documento, com o título “Duzentas milhas de demagogia”, segundo Amazonas uma resposta aberta à tese chinesa sobre o pretenso caráter antiimperialista da posição de governos reacionários e entreguistas que adotavam a fórmula das duzentas milhas de águas territoriais. “Pouco a pouco, vão se tornando claros os verdadeiros objetivos dos militares brasileiros ao estender o mar territorial para duzentas milhas. É cada vez maior o número daqueles que se perguntam: como pretendem defender os interesses nacionais no mar os generais que realizam uma descarada e aberta política de entrega do país aos imperialistas estrangeiros, principalmente norte-americanos? Se não defendem as riquezas existentes na terra, como defenderão os recursos do mar? A atitude dos militares brasileiros não passa, pois, de demagogia barata, de tentativa de engodo para encobrir a verdadeira traição aos interesses de nosso povo”, diz o texto.
Pedro Pomar saiu das conversas com os dirigentes chineses desanimado. Não sentira firmeza no apoio ao PCdoB em sua fase da luta armada e percebeu que o ecletismo era um traço típico das concepções políticas dos comunistas da China. Vira no lugar da dialética uma precária argumentação de que existia um equilíbrio orientando a política externa, proposição que ficaria famosa como a teoria dos três mundos. Os teóricos chineses dessa tese, segundo Pedro Pomar, se especializaram em panegíricos com seus laudatórios trabalhos que tentavam fundamentar uma nova etapa do leninismo. Mas, apesar das turras que se acentuariam nos anos seguintes, o rompimento do PCdoB com o “Pensamento de Mao Tse-tung” só ocorreria abertamente a partir de 1977.
As relações do PCdoB com os comunistas chineses hoje são amistosas. Eles mesmos agora têm posição fechada de que a chamada “Revolução Cultural”, ponto alto da aplicação de uma linha política radicalizada inicialmente apoiada por Mao Tse-tung, foi um grande erro e se constituiu em um grande atraso para a China.
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Editor do Portal Grabois