quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Edição extraordinária da Revista Época traz denúncia contra ministra Damares Alves


 “A branca levou a Lulu”, a reportagem de capa da Revista Época, que chega às bancas na próxima semana (4) e já circula na internet, traz uma acusação contra Damares Alves, ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.

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Conteúdo chega às bancas na próxima semana (4) e já circula na internet
Com o título “A branca levou a Lulu”, a reportagem de capa da Revista Época, que chega às bancas na próxima semana (4) e já circula na internet, traz uma acusação contra Damares Alves, ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.
A edição extraordinária denunciará um suposto esquema de sequestro de uma criança indígena que foi parar na casa da ministra.
Veja capa


“Estou preparado para a porrada”, diz Wagner Moura sobre o filme “Marighella”

Para Wagner Moura, "Marighella" é o primeiro filme que se opõe a quem chegou no poder no Brasil / José Eduardo Bernardes


Filme estreia no Festival de Berlim com dificuldades de financiamento e sem data para lançamento no Brasil

Brasil de Fato | São Paulo (SP)
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"'Cuidado que o Marighella é valente', alertou um agente da repressão antes de umas das muitas tentativas de captura do líder revolucionário durante a ditadura militar". A passagem da biografia de Carlos Marighella, escrita por Mário Magalhães, retrata uma das principais facetas do protagonista do filme dirigido por Wagner Moura, que estreia na 69ª edição do Festival de Berlim, na Alemanha, entre os dias 7 e 17 de fevereiro.
Essa é a primeira vez que Wagner Moura, mais conhecido por seu papel como Capitão Nascimento no filme “Tropa de Elite”, trabalha como diretor. De cara, ele assumiu como desafio reconstruir parte da trajetória de Marighella: poeta, militante comunista desde a juventude, deputado federal e fundador do maior grupo armado de oposição à ditadura, a Ação Libertadora Nacional (ALN).
O filme, que vai do drama à ação, conta justamente sobre o período mais conturbado e radical da vida do baiano como guerrilheiro. “A minha escolha por esse recorte também atende a vontade de que o filme seja popular, que muita gente veja, sobretudo as pessoas pelas quais Marighella lutava, o que é uma questão quando você pensa que o cinema é um divertimento elitizado no Brasil”, explica, em entrevista exclusiva ao Brasil de Fato.
Para Mário Magalhães, autor da biografia, lançar a história de Marighella nas telonas é um ato de coragem. “Ainda mais em tempo de novos censores, que querem impedir que se conte a história como a história aconteceu. Ninguém é obrigado a gostar de Marighella. Mas julgá-lo sem conhecer sua trajetória é estupidez. Marighella nunca provocou tanto amor e tanto ódio. Ele está mais vivo do que nunca", acrescenta o escritor, quando perguntado sobre a adaptação de seu livro.
Pela escolha do personagem e do recorte, Wagner Moura afirma que o filme encontrou barreiras para conseguir financiamento. A produção também não tem previsão de exibição nos cinemas brasileiros. “Existiu totalmente um boicote. Embora o filme vá estrear em 2019 no governo Bolsonaro - na época em que a gente estava filmando parecia uma piada isso - mas já vivíamos uma polarização grande e um crescimento do conservadorismo. Eu que sempre fui um artista identificado com a esquerda, então ficou ‘o petralha fazendo filme sobre o terrorista’ e ninguém queria se associar a isso. A gente recebeu respostas agressivas, mas estou seguro do filme que fiz e preparado para a porrada”, garante o diretor estreante, valente assim como seu protagonista e referência de resistência.
Confira a entrevista completa:
Brasil de Fato: Por que resolveu contar a história de Marighella nos cinemas?
Wagner Moura: Eu sou baiano. Suponho que o nome de Marighella seja igual no Brasil inteiro, mas, em Salvador, a gente cresceu tendo ele como referência de resistência. Era um nome importante na Bahia para quem se interessava pelas lutas de resistência.
Eu sempre fui fascinado por revoltas populares. Malês, Canudos… e Marighella é um personagem próximo dessa tradição. Também sou muito amigo, no mundo do teatro, de Maria Marighella, sua neta.
Quando Mário Magalhães, lançou a sua biografia, em 2012, eu estava em Salvador e a Maria me falou: “Saiu a biografia do meu avô, cara. Temos que fazer um filme”. Na hora, eu concordei. A princípio, minha ideia era que o filme acontecesse, eu queria produzir esse filme. Era uma narrativa que eu queria ver contada, mas não tinha pensado que eu ia dirigir o filme.
Sempre fui um ator muito interessado no trabalho que vai além do set [de filmagens]. Desejo trabalhos que me desafiem artisticamente também, então foi aí começou a história de dirigir "Marighella".
E o que um filme de ficção pode acrescentar à história de Marighella?
Um filme de ficção tem  potencial de se alastrar e atingir mais pessoas que um documentário. São raros os documentários que atingem uma quantidade grande de pessoas. Eu sou um cara que vem da ficção, então não saberia fazer um documentário sobre a história dele.
Embora ele [o filme] seja baseado em uma história real, em personagens reais, em um estudo gigante do Mário Magalhães, que é incrível – ele reconstituiu a história de um cara que fez questão de apagar seus passos –, o nosso filme toma liberdades criativas de cenas, lugares, pessoas que não aconteceram.
O filme se apropria de elementos que são da história dele. Nada que está lá é diferente do que eu suponho que Marighella não faria de verdade. Por outro lado, tem situações ficcionalizadas. Por exemplo, os guerrilheiros que estão ao redor dele: não quis usar os nomes reais, porque a ALN [Ação Libertadora Nacional] era tão grande, tinha tanta gente interessante, e não quero que ninguém fique pensando que são pessoas específicas.
Os personagens são baseados em figuras históricas, mas são ficcionais. Várias liberdades inerentes ao cinema foram tomadas para que o filme ficasse bom. Mas, claro, tudo com muito cuidado para que a figura de Marighella e a sua história se popularizasse. 
Que Marighella é esse, retratado no seu filme?
O recorte temporal é do golpe de 1964 até a morte de Marighella em 1969 – os últimos cinco anos de sua vida. Esse Marighella é o cara que resolve ir para a luta armada, resolve que a única possibilidade de lutar pela democracia, justiça social, liberdade, igualdade, é essa. Escolher esse recorte é retratar o Marighella radical. Mas vale lembrar que ele foi uma pessoa que militou na legalidade o quanto pôde. Porque o Partido Comunista (PCB) ficava ilegal quase o tempo inteiro.
É claro que, do ponto de vista cinematográfico, as ações da ALN são espetaculares. Nosso filme é um híbrido de gêneros. Ele é um drama histórico, mas, ao mesmo tempo, tem elementos muito poderosos do cinema de ação. Mais uma vez, a minha escolha por esse recorte também atende à vontade de que o filme seja popular, que muita gente veja, sobretudo as pessoas pelas quais Marighella lutava – o que é uma questão, quando você pensa que o cinema é um divertimento elitizado.
Vou fazer o que eu puder para que o máximo de pessoas possível assista ao filme. Eu prometi ao Boulos [Guilherme] que vou estrear o filme no acampamento de São Bernardo, do MTST [Movimento dos Trabalhadores Sem Teto], e do MST [Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra] também. O que puder fazer nesse sentido, vou fazer. 
O Mano Brown foi anunciado inicialmente para o papel de Marighella. Por que Seu Jorge assumiu?
Não tem no Brasil alguém mais Marighella do que Brown. Poeta e guerrilheiro, amoroso e agressivo.
A gente começou a ensaiar com ele, mas deu um azar muito grande: foi o mês em que o Racionais [MCs] fez mais shows. Tinha um por dia, que terminava às quatro horas da manhã! Não deu para ele. Era um comprometimento que não dava para acompanhar.
Ele é um parceiro do filme, quer que o filme aconteça, toda a equipe é louca por ele, mas não deu. Então, a gente precisou de outro ator.
Seu Jorge é uma das pessoas mais talentosas do mundo. O trabalho dele no filme é absurdo. Engraçado que, quando saiu a notícia que ele interpretaria, um articulista de direita disse: “Esse Wagner está querendo agora empretecer Marighella”. Ele reivindicou a branquitude de Marighella. Seu Jorge, de fato, tem a pele mais escura do que a de Marighella, mas ele era preto, neto de escrava sudanesa.
Marighella foi um defensor da justiça social e igualdade entre as pessoas, mas nunca falou sobre a questão do racismo, porque não era uma pauta da esquerda. Também não é suficientemente hoje, como deveria ser. A esquerda não entendeu que não se pode falar de nenhuma questão social sem falar de racismo. Sem entender que o evento histórico que fundamenta nossas relações sociais é a escravidão.
O Brasil foi o último país do mundo a abolir a escravidão. O Brasil tem na sua arquitetura quartos de empregada, e as empregadas são em maioria mulheres negras, que tiveram a lei trabalhista regulamentada há poucos anos – e que gerou uma polêmica. Embora isso não tenha sido um discurso frontal de Marighella, porque não era da esquerda naquela época, mas pelo fato de ele ser um homem negro e defensor da justiça social, a pauta do racismo faz muito sentido em sua boca.
Seu Jorge ser mais escuro do que Marighella não é uma questão. Ele não poderia era ser mais claro.


Durante as filmagens, Wagner Moura dialoga com Seu Jorge, que interpreta Mariguella. Foto: Divulgação
O filme vai ser adaptado para uma série de TV. É uma tentativa de popularizar a história de Marighella?
De alguma forma, sim. Esse foi um filme muito difícil de conseguir dinheiro para fazer. É uma produção grande e que não usa a Lei Rouanet – apesar das pessoas estarem dizendo isso.
O principal apoio é da Globo Filmes – sem ele, não conseguiríamos fazer. Então, esse é um acordo que eles têm feito com as produções: depois de estrear no cinema, eles cortam e fazem uma série em quatro episódios. Termina sendo uma coisa boa, porque o alcance que a TV tem é infinitamente maior, se comparado ao cinema.
Você comentou na imprensa sobre algum boicote das empresas ao filme.
Existiu totalmente um boicote. Embora o filme vá estrear em 2019 no governo Bolsonaro – na época em que a gente estava filmando, parecia uma piada isso –, já vivíamos uma polarização grande e um crescimento do conservadorismo.
Eu sempre fui um artista identificado com a esquerda, então ficou "o petralha fazendo filme sobre o terrorista"… e ninguém quer se associar a isso. A gente recebeu respostas agressivas.
Você está preparado para os ataques?
Eu estou preparado para a porrada. Não quero que nenhum dos atores sofra tanto, mas vão sofrer. Vão ser ataques violentos. Não sabemos tudo que é possível. Quando a gente estava filmando, teve uma galera que ameaçou entrar no set e quebrar tudo.
Eu não tenho redes sociais, não sei como é, acho que a maioria das ameaças eu não sei, não vejo. Isso me protege muito da energia pesada. Por outro lado, não tenho medo dessas coisas.
Tenho muita segurança de quem eu sou, do que eu acredito, do filme que fiz. Muita segurança da fragilidade dessa gente, intelectual e humana. O discurso deles é de criminalizar os artistas. Para eles, o MST e o MTST são terroristas, Marighella é terrorista, defensor de direitos humanos é "defensor de bandido".
O cara que emprega bandido no gabinete diz que defensor de direitos humanos é que é defensor de bandido. Então, está tudo muito louco. A verdade acabou, não importa mais. Esse momento é muito medíocre e muito triste. Isso me assusta é o que me dá medo. 
Na sua avaliação, o que pode vir a ser a produção cultural no Brasil nos próximos anos?
Triste do país que faz dos seus artistas inimigos do povo. É um discurso muito característico do fascismo. Os artistas que são historicamente ligados a um pensamento mais progressista são os primeiros a serem atacados como inimigos.
A gente está vivendo um momento de extrema mediocridade, moral e intelectual. Bolsonaro vai para Davos e não sabe o que falar. "Meninas vestem rosa, meninos vestem azul", "Escola sem Partido", todo esse mar de mediocridade é você querer eliminar tudo o que tem a ver com pensamento crítico. É pragmatizar e emburrecer.
Nós artistas fazemos parte do universo que está propondo mudança. Não só porque somos historicamente ligados a um pensamento progressista, mas porque o que produzimos propõe reflexões que incomodam, e essa gente não quer. Eles não leem, não vão ao teatro.
Quando falo de cultura não falo só de produção artística, mas de tudo que eles querem destruir. Cultura LGBT, cultura quilombola, cultura indígena, tudo isso é o que é um país. É o que faz qualquer país decente se desenvolver com autonomia e autoestima.
A gente vive em um país incrível, original, reconhecido por isso. Mas a gente vive um momento, não só no Brasil, mas no mundo inteiro, de extremismo e violência.  O Jean Wyllys dizer que não dá mais é triste, mas absolutamente compreensível. Porque se você tem hombridade moral e dignidade, as suas armas são muito frágeis contra essa coisa toda. 
Algumas pessoas têm identificado no filme “Tropa de Elite” a figura do Capitão Nascimento como Bolsonaro. O que você pensa sobre isso? 
Eu não votaria no Capitão Nascimento para Presidente do Brasil. Ele é um personagem de ficção, por mais realista que seja o filme. Não é de hoje essa polêmica.
Na época em que o filme foi lançado, o jornalista Arnaldo Bloch falou que o filme era fascista. Eu escrevi um texto para o jornal O Globo falando que não era fascista, e sim, um estudo sobre como se comportam as polícias no Rio de Janeiro, sobre essas relações promíscuas entre polícia, estado e criminalidade.
Eu rejeito categoricamente a ideia de que o filme endossa o comportamento do Capitão Nascimento. Mas qualquer obra de arte é polissêmica. Não é o que eu quero dizer. Por exemplo, se "Marighella" tivesse sido lançado no governo Lula seria um filme, no governo Temer, outro filme, e agora é outro. É o olhar da gente que faz a obra ser o que ela é. 
Como você vê os escândalos envolvendo as milícias e a família Bolsonaro?
As milícias são crime organizado. O crime organizado no Brasil mesmo é o PCC e as milícias, que tem currais eleitorais, elegem políticos, são uma máfia criminosa e perigosa.
A relação de Flávio Bolsonaro com milicianos é pública. Ele nunca escondeu isso. Não estou entendendo a surpresa com relação a isso.
Ele não disse uma palavra sobre a morte de Marielle, que era sua colega parlamentar. Não estou dizendo que ele tem uma relação direta com a morte dela, mas que ele tem uma relação com os policiais que cometeram crimes e tem relações com as milícias. Qual a surpresa?
Nesse sentido, qual a importância de que “Marighella” seja lançado neste ano?
É importante porque é um filme que vem disputar narrativa. Talvez seja uma das primeiras obras da nossa cultura que está frontalmente em oposição a quem chegou ao poder no Brasil. No entanto, foram eleitos democraticamente, se apresentam como de fato disseram que iam ser.
Alguém se espanta que Flávio Bolsonaro tenha ligação com a milícia. Por quê? Que espanto é esse? Nenhum. Alguém se espanta que Bolsonaro chegue em Davos e não saiba falar com os jornalistas sobre economia? Então, a gente vive um momento em que um ministro do Supremo [STF] fala que não é golpe de 1964, é "movimento de 1964", outro diz que a ditadura não foi tão má assim. Nosso filme vem para disputar essa narrativa. Para dizer que foi ruim, que foi horrível, que teve gente que teve coragem de enfrentar aquilo.
A forma como o enfrentamento se deu foi radical. Talvez, se vivesse esse período, eu não entraria para a luta armada. Vejo o negócio do porte de armas e fico arrepiado. Mas é muito cruel também, analistas políticos no Brasil, sob a luz da história, analisando a opção de quem naquele momento, cerceado de todos os seus direitos básicos, optou por enfrentar com força quem estava oprimindo. Isso é um direito de qualquer povo: defender-se do totalitarismo e da opressão.
Em entrevista ao Pedro Bial, antes de começar a filmar, você falou que “ia fazer um filmaço”. Você fez mesmo?
Eu fiz. É um filmaço mesmo. Fiz o filme que queria ter feito.
Eu acho que eu não sou diretor, mas um ator que dirigiu um filme. Fui para Berlim três vezes: com “Tropa de Elite 1”, “Tropa de Elite 2” e “Praia do Futuro”. Éramos poucos. Sabe quantas pessoas estarão em Berlim agora? Quinze atores e mais umas pessoas da equipe. Uma galera que não tem grana, mas quer ir para estar nesse dia, começando a caminhada desse filme juntos. Um filme tão potente e especial para todos nós que fizemos.
Todos nós sabemos a importância que esse filme tem, politicamente, no Brasil. Mesmo que a gente tire esse elemento, se é que é possível, artisticamente, o que vivenciamos foi uma das experiências mais profundas que tive. Ver o que os atores estavam me dando foi uma coisa de outro mundo. Acabava a cena, eu queria beijar, ajoelhar aos pés dos atores.
Eu entendi a importância que o ator tem. O tamanho da exposição que o ator apresenta quando está em cena, a equipe, como cada um foi levado ao seu limite de sair da zona de conforto. Ninguém fez o que sabia fazer, eu não sabia fazer. Foi todo mundo junto. Querendo muito contar essa história. Seremos mais de 30 em Berlim, porque o filme foi feito com muita honestidade. É um filme honesto. 
Edição: Vivian Virissimo

Mourão: “Brasil não vai participar de intervenção na Venezuela”

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DO Carta Capital
O presidente da República em exercício, Hamilton Mourão, afirmou que o Brasil não vai interferir na política interna da Venezuela. Nesta quarta-feira 23, o líder da oposição Venezuela, Juan Guaidó, se autodeclarou presidente interino do país. O Brasil, os Estados Unidos e outros países reconheceram a legitimidade do ato, enquanto México, Uruguai, Rússia e outros países se manifestaram em favor de Nicolás maduro, o atual presidente venezuelano, que conclamou o povo e as Forças Armadas para ficarem a seu lado.
“O Brasil não participa de intervenção. Não é da nossa política externa intervir nos assuntos internos de outros países”, disse Mourão sobre a situação no país vizinho, ao mesmo tempo em que Eduardo Bolsonaro, filho de Jair Bolsonaro e chanceler oficioso do Brasil, publicava em sua conta no Twitter coisas como “Total apoio ao povo na rua. Todos contra o narcoditador Nicolás Maduro!”
O presidente em exercício acrescentou que será preciso aguardar as consequências da decisão do Brasil e de outros países em rejeitar o governo de Nicolás Maduro. “O presidente [Jair Bolsonaro] tomou uma decisão em conjunto com os outros presidentes dos países americanos de não reconhecer o governo do Maduro pela questão da ilegitimidade da eleição. Vamos aguardar as consequências desse ato.”

Comissão de Ética

Em relação à decisão unânime da Comissão de Ética Pública da Presidência da República (CEP) em não instaurar procedimento ético sobre a promoção de seu filho no Banco do Brasil, Mourão respondeu que não compete a ele ficar satisfeito ou não”
Antônio Hamilton Mourão Filho, filho do presidente em exercício, foi promovido recentemente a assessor da direção do Banco do Brasil. Ele é funcionário de carreira do Banco do Brasil há 18 anos. A comissão analisou matérias jornalísticas sobre o tema e entendeu que não houve infração ética e, por isso, não instaurou procedimento. Com a promoção que recebeu para um cargo de confiança no banco, o salário de Mourão Filho triplicou assim que seu pai se tornou vice-presidente.
Segundo a comissão, a legislação não veda a nomeação de parentes do presidente e do vice-presidente da República para cargos em comissão ou função de confiança, desde que sejam servidores efetivos ou empregados federais permanentes. Com informações da Agência Brasil

MOURÃO DIZ QUE LULA DEVE IR AO VELÓRIO: QUESTÃO HUMANITÁRIA

segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

O primeiro crime da Vale foi a privatização

O economista Paulo Kliass considera que o crime ambiental de Brumadinho, que ocorreu na última sexta-feira (25), assim como o que ocorreu em Mariana, é crime decorrentes de outro tão grave quanto: a privatização da Vale. Empresa de um setor tão fundamental quanto a Petrobrás e que cumpria um papel para toda a sociedade brasileira. Hoje só visa o lucro.


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Paulo Kliass: 

Do Portal Vermelho

 Na opinião de Kliass "a lógica do capital privado é a lógica do lucro. Eles não estão nada preocupados com a preservação do meio-ambiente, com sustentabilidade, com respeito às populações locais e, muito menos, com as necessidades da maioria da população".  O economista ressalta ainda que " a Vale tem que responder criminalmente pelo que fez". 

 

Flávio Bolsonaro está na capa das revistas e não é por boniteza


O simpático rosto de Flávio – filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro – estampa as edições de todas as quatro revistas semanais de informação do país neste final de semana. Veja, Época, IstoÉ eCartaCapital destacam as lambanças e suspeitas de crimes envolvendo o senador eleito do PSL e analisam os impactos do escândalo na incipiente era bolsonarista


Do Portal Vermelho
  
A reportagem de capa de Época desta semana mostra a trajetória de Flávio, de 37 anos, tido como o menos radical entre os irmãos e, até então, como o mais promissor dos filhos de Jair Bolsonaro na política. Senador eleito pelo Rio de Janeiro com quase 4,5 milhões de votos, tinha planos ambiciosos.

A revista também mostra como surgiu o Escritório do Crime e as suspeitas do envolvimento dessa quadrilha de matadores com os assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.

Época diz ainda que novas revelações sobre Fabrício Queiroz emparedam o governo.

Na revista IstoÉ, a reportagem de capa aponta que “movimentações financeiras atípicas, com características de lavagem de dinheiro, suspeitas de apropriação dos salários de assessores, ligações de seu gabinete com milicianos do Rio e enriquecimento desproporcional são alguns dos questionamentos que envolvem o senador eleito Flávio Bolsonaro, o primogênito do presidente”

Já a revista Veja fala das “lambanças” do “filho pródigo” do presidente e afirma que teve acesso a trechos inéditos do relatório do Coaf sobre ações do ex-assessor Fabrício Queiroz que levanta suspeita sobre conta do próprio senador eleito.

Num destes trechos, diz a revista, “o conselho informa que Flavio Bolsonaro movimentou, entre 1º de agosto de 2017 e 31 de janeiro de 2018, a quantia de 632 229 reais, valor considerado incompatível com sua renda. Foram 337 508 reais em créditos e 294 721 em débitos. O Coaf resumiu assim a situação: “Suspeição: nossa comunicação foi motivada em razão de o cliente movimentar recursos superiores a sua capacidade financeira”. Trocando em miúdos: entendeu-se que as rendas de Bolsonaro não eram suficientes para explicar aquele volume de dinheiro em sua conta bancária.”

CartaCapital, a única das revistas semanais com viés mais progressista, destaca os “laços sombrios” de Flávio com milicianos do Rio de Janeiro. A reportagem de capa destaca que, como deputado estadual no Rio, Flávio empregou a mãe e a esposa de um dos chefes da milícia das favelas de Rio das Pedras e Muzema, propôs condecorações e fez discursos a favor de milícias.

“Há mais razões para desconfiar de vínculos do primogênito do presidente Jair Bolsonaro com a milícia que acaba de ser denunciada pelo Ministério Público (MP)? Há: a eleição do atual governador do Rio, Wilson Witzel, do PSC, em outubro passado. Na reta final da campanha no primeiro turno, Flávio e Witzel aliaram-se. Participaram unidos de compromissos eleitorais. Em 22 de setembro, por exemplo, estiveram em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Era um ato de Flávio. “Agradeço também a presença aqui do candidato Wilson Witzel, que estamos acompanhando em algumas agendas”, disse o então concorrente ao Senado”, diz a reportagem.

Xi Jinping fala em revolucionar comunicação do Partido Comunista


O presidente da China, Xi Jinping, fez um chamado para revolucionar a imprensa partidária, equipá-la com as tecnologias possíveis e ampliar sua presença em todos os canais de comunicação. Ele pediu mais esforços para desenvolver sites, microblogs, a rede de mensagens WeChat, boletins eletrônicos, jornais digitais, televisão com protocolo de Internet e novas mídias. "O trabalho informativo e com a opinião pública está enfrentando novos desafios porque houve profundas mudanças na mídia", disse Xi.


Do Portal Vermelho

Liderados por Xi, membros do Birô Político do Comitê Central do PCC visitaram o Diário do Povo na manhã de sexta-feira (25)Liderados por Xi, membros do Birô Político do Comitê Central do PCC visitaram o Diário do Povo na manhã de sexta-feira (25)




Xi proferiu os comentários numa sessão de estudo em grupo do Birô Político do Comitê Central do PCC.

A medida dará forte força espiritual e apoio público para a realização das duas metas centenárias e o Sonho Chinês de rejuvenecimento nacional, disse Xi.

Liderados por Xi, membros do Birô Político do Comitê Central do PCC visitaram o Diário do Povo na manhã de sexta-feira.

Durante a visita, Xi destacou que os jornais e periódicos do Partido devem reforçar o desenvolvimento e inovação dos meios de comunicação deles.

Deverão ser feitos esforços para desenvolver as formas de nova mídia tais como websites, microblogs, WeChat, boletins de jornais eletrônicos, jornais em celulares, televisão sobre protocolo internet, entre outros, com o objetivo de possibilitar que a voz do Partido chegue diretamente a todos os tipos de usuários finais e ganhe novos espaços de opinião pública, acrescentou Xi.

O trabalho de notícias e opinião pública está enfrentando novos desafios ao passo que mudanças profundas vêm acontecendo na ecologia da opinião pública, panorama das mídias e os meios de comunicação, disse Xi.

O desenvolvimento integrado das mídias devem ser acelerado com a finalidade de reforçar a penetração, orientação, influência e credibilidade das mídias dominantes, disse Xi, pedindo a construção de novos tipos de mídias dominantes que são competitivas e fortemente influentes.

"As plataformas móveis devem gozar de prioridades", disse ele, exigindo a exploração de inteligência artificial prática nos processos de coleção, geração, distribuição, recepção e resposta de notícias.

"Devemos reforçar a gestão das novas mídias em conformidade com as leis para assegurar um ciberespaço mais limpo", destacou Xi.

Xi também pediu que as mídias dominantes ofereçam informações mais autênticas e objetivas com pontos de vista claros de uma maneira oportuna e pediu esforços para melhorar conteúdos online a fim de salvaguardar a segurança política, cultural e ideológica do país.

Os comitês do Partido e governos de todos níveis devem prestar um apoio maior para o desenvolvimento integrado das mídias em termos de políticas, fundos e talentos, disse ele.

Ao destacar a posição do Diário do Povo como o jornal oficial do Comitê Central do PCC, Xi pediu que se aprimore o trabalho do jornal para um melhor desempenho dessa publicação em guiar a opinião pública.

Fonte: Xinhua

A importância da incorporação do PPL ao PCdoB: uma visão histórica

"Em todos os processos de ingresso e incorporações, ocorreram dúvidas e mesmo divergências no interior da organização que incorporava ou era incorporada. Isso é natural. Mas o que predominou foi a confiança de que aquilo representava algo positivo para a luta do nosso povo".

Por Augusto Buonicore*

Do Portal Vermelho

 Ato unitário do PCdoB e do PPL aprovou a união de duas tradicionais forças da esquerda brasileira Ato unitário do PCdoB e do PPL aprovou a união de duas tradicionais forças da esquerda brasileira
Quando foram concluídas as apurações do primeiro turno das eleições de 2018 e o PCdoB não conseguiu ultrapassar a cláusula de barreira, pudemos notar um contentamento indisfarçável no interior da Casa Grande. Afinal, aquele instrumento antidemocrático havia sido criado justamente com esse objetivo. Sob o pretexto de eliminar o excesso de partidos, especialmente os chamados fisiológicos, pretendia-se mesmo era acabar com os partidos ideológicos, como PCdoB, PCB, PSTU, PCO, PPL e PSOL. Destes, apenas este último conseguiu passar pela guilhotina da última reforma eleitoral-partidária. 

Em meio à maior onda reacionária ocorrida no país desde 1964, o PCdoB fez 1,35% dos votos válidos, elegendo nove deputados em sete estados da Federação. Ele precisaria, pela nova legislação, ter conseguido 1,5% – faltaram apenas 0,15%. Ou eleito deputados em nove estados. O cenário político adverso não lhe permitiu isso. 

É claro que, dentro de um processo mais geral de derrota, foram alcançadas algumas vitórias parciais significativas, como a reeleição em primeiro turno do governador Flávio Dino no Maranhão e de dois vice-governadores no Nordeste, Luciana Santos em Pernambuco e Antenor Roberto no Rio Grande do Norte. Também pode ser considerado um êxito a eleição de 21 deputados estaduais em dez estados, perfazendo 2,39% dos votos válidos. Se a cláusula fosse medida pelos votos recebidos nas Assembleias Legislativas, o PCdoB a teria ultrapassado com relativa folga. Além disso, conseguiu mais de 1% dos votos em 14 estados, o que não é pouco para um partido comunista na quadra atual.

A consequência de não atingir a cláusula seria perder o Fundo Partidário, o tempo de TV e o direito de constituir bancada no parlamento. Significaria, do ponto de vista institucional, ser rebaixado para uma espécie de segunda divisão da política nacional. Sem grande parte dos seus recursos financeiros e com menor possibilidade de comunicar-se com um amplo público, estaria condenado a permanecer nesse mesmo lugar, podendo mesmo cair numa situação de semilegalidade depois das próximas eleições, quando a cláusula de barreira e as penalidades se tornam ainda mais draconianas. 

Nessas condições teria de enfrentar o governo mais reacionário da nossa história recente, cujo objetivo declarado é colocar os partidos da esquerda e os movimentos sociais “fora da lei”, como vem ocorrendo em outros países do mundo. Uma situação que não poderia ser subestimada pela direção e os militantes comunistas. Não poderiam encarar isso como um problema menor. 

Felizmente, no que diz respeito ao Partido Comunista do Brasil, a alegria da direita durou pouco. Logo nos primeiros dias após o segundo turno das eleições foi anunciada a decisão do Partido Pátria Livre (PPL) – originário do tradicional Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8) – de se incorporar ao PCdoB. Assim, este último poderia superar a cláusula de barreira, infringindo uma derrota política aos planos da direita brasileira.


Renato Rabelo, Haroldo Lima, Duarte Pereira e Aldo Arantes (da esquerda para a dieita). 
Exceto Duarte, os demais ingressaram no PCdoB oriundos da Ação Popular (AP)

Sobre a decisão corajosa do PPL gostaria de fazer uma analogia com o processo de incorporação da Ação Popular/Marxista-Leninista (AP-ML) ao PCdoB ocorrido entre 1972 e 1973. Ao receber os dirigentes daquela organização, o veterano dirigente comunista João Amazonas disse emocionado: “No Brasil atual é um ato de coragem querer entrar para um Partido como o PCdoB. Com o início da Guerrilha do Araguaia, nós estamos marcados para morrer. Entrar agora é colocar os seus nomes na lista dos condenados. É isso que vocês estão fazendo agora. Recebam o nosso abraço pela coragem com que estão se comportando”.

Ontem como hoje, optar por entrar num partido denominado comunista, defensor do marxismo-leninismo e que tem como símbolo a foice e o martelo, não é uma decisão qualquer. Exige uma boa dose de coragem. Existem saídas mais fáceis e menos comprometedoras. Os comunistas, na atualidade, voltam a ser alvos prioritários das forças reacionárias e fascistizantes que se espalham pelo mundo e pelo Brasil. 

A decisão do PPL fortalece o campo de oposição ao governo Bolsonaro e contribui para o fortalecimento de uma alternativa socialista e nacionalista. Uma das marcas daquele partido é o anti-imperialismo e a defesa de um projeto nacional de desenvolvimento que nos aproxime do socialismo. Nesses dois pontos especialmente, existe uma afinidade eletiva com o PCdoB. Mesmo as diferenças táticas – que foram grandes neste último período – tendem a ser rapidamente eliminadas. Afinal, existe um consenso de que o inimigo principal é o governo Bolsonaro, sendo preciso, para derrotá-lo, a constituição de uma ampla frente política de caráter democrático. 

Breve histórico das incorporações ao PCdoB durante a Ditadura Militar

Quando ocorreu a cisão entre os comunistas brasileiros em 1962, a grande maioria dos militantes ficou com o PCB, e menos de 20% optaram pelo PCdoB. Naquele momento ninguém apostava que esta última legenda tivesse algum futuro político. Alguns lhe davam poucos meses de vida. E assim, de fato, pareciam as coisas. As aparências às vezes enganam. 

O PC do Brasil reorganizado lançou seu jornal de massas A Classe Operária e começou um penoso trabalho de convencimento político-ideológico, visando ao recrutamento. Num primeiro momento, concentrou seus esforços entre os descontentes do PC Brasileiro e de outras organizações de esquerda, que despontavam naqueles anos conturbados. Um primeiro sucesso obteria com o ingresso de um grupo de dezenas de jovens proveniente de uma cisão das Ligas Camponesas, liderada por Francisco Julião. O processo de incorporação começaria no final de 1962 e estaria basicamente concluído no final do ano seguinte, poucos meses antes do Golpe Militar. À frente desses militantes, estavam, entre outros, Tarzan de Castro (foto à direita), Élio Cabral de Souza e Diniz Cabral Filho. Assim o partido se fortalecia em Goiás e Pernambuco, de onde provinha a maior parte desses quadros, além de começar a se mostrar viável às demais forças políticas que ainda suspeitavam dessa possibilidade. 

Após o Golpe Militar,teve início o processo de ingresso de algumas bases do PCB no PCdoB. Destaque caberia ao Ceará 
onde parte significativa da direção estadual ligada a Prestes, especialmente os militantes jovens capitaneados por Ozéas Duarte, aportaria ao partido dirigido por Amazonas, Grabois e Pomar. Em menor escala, o mesmo ocorreria no Maranhão, com a chegada da família Mochel, e em Minas Gerais. Neste último grupo, estavam Paulo Ribeiro Martins, Cesar Augusto Telles e as irmãs Crimeia e Amélia de Almeida.

Contudo, a maior conquista foi o ingresso do Comitê Regional Marítimo do PCB, dirigido por José Maria Cavalcante (foto à esquerda) e Luís Guilhardini. Esse processo se deu entre 1964 e 1965. O fato se revestiu de grande valor simbólico. Afinal, se tratava de uma base operária muito importante e com tradição de luta durante os anos precedentes ao golpe militar. Seus membros desempenhariam um papel inestimável na expansão do Partido para vários estados brasileiros, notadamente no Nordeste. 

A crise no PCB se agravaria ainda mais nos anos seguintes.Contudo, apenas em 1967 ela levaria a novas cisões. Neste período, vários dirigentes históricos seriam expulsos e caminhariam para construir suas próprias organizações revolucionárias, ou para aderir às já existentes. Nesta lista se encontram Carlos Marighella, Mário Alves, Joaquim Câmara Ferreira, Jacob Gorender, Jover Telles, Lincoln Bicalho Roque e Armando Frutuoso. 

Entre parcelas dos dissidentes pecebistas da Guanabara, se fortaleceu a posição de que se deveria caminhar para a incorporação ao PC do Brasil. Entretanto, ao contrário do que pretendiam, a Conferência Nacional da Corrente Revolucionária resolveu pela formação de outro partido: o Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), encabeçado por Mário Alves e Gorender. Descontente com a decisão, a autodenominada Maioria Revolucionária do Comitê Regional da Guanabara rompeu com os organizadores do novo partido e aprovou o documento, Um reencontro histórico. Nele é anunciada a decisão de incorporar aquele comitê ao PCdoB. À frente deste processo estavamManoel Jover Telles, Armando Frutuoso (foto à esquerda), Lincoln Bicalho Roque e Ronald Rocha. Depois disso a influência do Partido naquele importante estado aumentou significativamente, tornando-o uma das principais referências no movimento estudantil pós-1968. 

O último grande processo de incorporação ocorrido durante a ditadura foi o da Ação Popular Marxista-Leninista (AP-ML), já referida no início deste artigo. Os contatos entre a AP e o PCdoB vinham desde 1968 quando se estabeleceu uma aliança no movimento estudantil, que garantiu o ingresso do PCdoB nas diretorias da União Nacional dos Estudantes (UNE) e da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES). Os laços foram se estreitando, em grande parte devido às afinidades existentes em relação à China Socialista e ao pensamento de Mao Tsé-Tung. Caminhou-se no sentido de uma unidade maior quanto à tática e à estratégia revolucionárias a serem adotadas no país. O processo não foi tão fácil e teve alguns opositores nos dois lados. As duas organizações tinham trajetórias muito diferentes. Uma delas vinha da esquerda católica que se radicalizou. Em breve as desconfianças mútuas seriam amainadas. 

Dois acontecimentos vieram a apressar os passos dessa integração. O primeiro foi a eclosão da resistência armada no Araguaia, em abril de 1972. O segundo, a dura repressão policial que se abateu sobre a direção do PCdoB, destroçando sua Comissão Nacional de Organização e assassinando Carlos Danielli, Lincoln Cordeiro Oest, Luiz Guilhardini (foto à direita) e Lincoln Bicalho Roque. Lembro que os dois últimos haviam se incorporado ao Partido após 1964. A euforia pelo início da Guerrilha do Araguaia somou-se à indignação pelos assassinatos brutais daqueles dirigentes comunistas. Em nota ao PCdoB, publicada no jornal Libertação, o Comitê Central da AP-ML afirmava: “Se a barbárie fascista intimida os covardes, enche de mais resolução os autênticos revolucionários.

A sanha terrorista desencadeada pela ditadura Médici contra o PC do Brasil e o sangue derramado por quatro de seus destacados dirigentes tornam mais inabalável a nossa firme convicção de que a todos os marxista-leninistas do Brasil cabe buscar fortalecer, prontamente, o PC do Brasil. Conduzir a Ação Popular a este objetivo tornou-se para nós, mais justo e urgente”. No dia 17 de maio de 1973, o Birô Político da Ação Popular Marxista-Leninista aprovou o documento intitulado Incorporemo-nos ao PC do Brasil. Concluía-se, dentro da AP, o processo de incorporação ao novo partido. 

Mesmo sem reivindicarem, Renato Rabelo, Haroldo Lima e Aldo Arantes passaram a integrar a Comissão Executiva do PCdoB. Outros quadros da direção da antiga AP foram cooptados para o Comitê Central, como Péricles de Souza, José Novaes e Ronald de Freitas. Também entrou para aquele organismo João Batista Drummond(foto à esquerda) , que havia ingressado ao Partido pouco antes de concluído o processo de incorporação. Por questões de segurança, foi montada uma segunda estrutura partidária visando a integrar o pessoal vindo da AP. Em muitos casos, os novos membros eram em número maior do que os já pertencentes ao PCdoB. Até 1979 foram mantidas essas duas estruturas (estanques) em alguns estados, como São Paulo e Bahia. Elas não podiam se comunicar entre si. A organização deveria se adaptar às condições históricas, marcadas pela existência de uma ditadura. 

No 6º Congresso do PCdoB aprovou-se o primeiro documento oficial, trazendo um balanço dessa última incorporação. Diz o texto: “Aspecto positivo da incorporação da AP foi o reforçamento político e orgânico do Partido, pelo grau de combatividade e nível político de grande número de quadros que haviam se formado nas difíceis condições de luta contra o fascismo. Esse reforço deu-se em nível regional e no Comitê Central, na reestruturação de 1975”. 

Alguns anos depois – já terminada a ditadura militar –, quando a maioria do PCB pressionada pelo fim da URSS decidiu transformar-se em PPS, abandonando o marxismo-leninismo, ocorreu o ingresso de alguns militantes daquela organização no PCdoB. Naquele período, inclusive, ocorreu um debate fraterno entre aqueles que resistiram à liquidação do antigo PCB (e tentavam a sua reorganização) e a direção do PCdoB. O objetivo era estabelecer as bases mínimas para uma futura unificação das duas organizações comunistas. Contudo, o processo não avançou e continuou existindo dois partidos comunistas (PCdoB e PCB), mas a correlação de forças entre eles havia mudado drasticamente desde a cisão de 1962. 

Conclusão

Os processos de incorporação, por mais diferentes e difíceis que tenham sido, ajudaram na permanência, consolidação e no fortalecimento do Partido Comunista do Brasil. Garantiram que este sobrevivesse à ditadura militar – assassina de um grande número de dirigentes e militantes –, ao fim do campo socialista e à ofensiva neoliberal dos anos 1980 e 1990. Muitos sucumbiram no caminho ou tornaram-se forças políticas quase sem expressão político-social nos seus países. Nada pior para uma organização revolucionária do que se tornar irrelevante para os destinos do seu povo. 

Em todos esses processos de ingresso e incorporações, ocorreram dúvidas e mesmo divergências no interior da organização que incorporava ou era incorporada. Isso é natural. Mas o que predominou foi a confiança de que aquilo representava algo positivo para a luta do nosso povo. Uma das condições da vitória popular é exatamente a existência de fortes partidos de esquerda, especialmente marxista-leninistas. Feito o balanço, ele só pode ser muito positivo. Os pequenos erros e problemas ocorridos não devem toldar o sentido principal de um movimento, no fundamental, vitorioso. 

Voltando ao começo do nosso artigo, a incorporação do PPL ao PCdoB, ainda em curso, se enquadra plenamente nos processos descritos acima. É uma resposta à altura diante de uma cláusula de barreira antidemocrática. Fortalece o PCdoB num momento em que ele está sob ataque de forças reacionárias. Isso ajuda a luta do nosso povo pelos seus objetivos estratégicos. O que não o ajudaria seria,justamente, o enfraquecimento orgânico e político do PCdoB diante dos seus inimigos de classe e mesmo diante dos seus aliados. Mais do que dúvidas imobilizadoras devemos depositar esperanças nesse processo que se concluirá no congresso do PCdoB em março deste ano. 



*Augusto C. Buonicore é historiador, diretor de publicações da Fundação Maurício Grabois. E autor dos livros Marxismo, história e revolução brasileira: encontros e desencontrosMeu verbo é lutar: a vida e o pensamento de João Amazonas;e Linhas Vermelhas: marxismo e dilemas da revolução.Todos publicados pela Fundação Maurício Grabois e Editora Anita Garibaldi.