quinta-feira, 5 de julho de 2012

Os mártires da “Chacina da Lapa”

Os mártires da “Chacina da Lapa”
Por Osvaldo Bertolino
Um dos episódios mais brutais do regime de 1964, a “Chacina da Lapa” revelou o ódio que os golpistas nutriam pelos que lutavam consequentemente pela redemocratização do país.


Pedro Pomar, Ângelo Arroyo e João Batista Drummond

O Comitê Central do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), depois da reunião de 14 e 15 de dezembro de 1976, foi duramente atingido pela repressão. Com o dever cumprido em dois dias de intensas discussões, chegara a hora das despedidas. O clima era de fim de ano. Só voltariam a se ver em 1977. De olhos fechados, sob a vigilância de Elza Monnerat, foram deixando o “aparelho” em duplas. No mesmo dia 15, no começo da noite, João Batista Drummond e Wladimir Pomar, acompanhados de Elza Monnerat, responsável pela locomoção dos dirigentes do PCdoB em São Paulo, deixaram a casa da Lapa de olhos fechados a bordo de um Corcel azul dirigido por Joaquim Celso de Lima.
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Pouco depois, ambos foram deixados a uma certa distância, nas imediações da Avenida Nove de Julho, e cada um seguiu para o seu lado. O Corcel retornou ao “aparelho”. Duas equipes da repressão seguiram o carro desde que deixara a casa e, em locais diferentes, uma prendeu Drummond e outra, Wladimir Pomar. Encaminhados ao DOI-Codi, na madrugada de 16 de dezembro de 1976 Drummond morreu nas mãos dos torturadores. Durante as torturas, Wladimir Pomar ouviu referências a um pacote de biscoito contendo o jornal A Classe Operária que vira com Drummond na casa da Lapa.

O Corcel fez a segunda viagem ainda na noite do dia 15, com Aldo Arantes e Haroldo Lima a bordo. A viagem transcorreu dentro da normalidade e ambos foram deixados no local combinado. Mal sabiam que olhos atentos observavam cada movimento do carro. Aldo Arantes foi preso dentro da estação Paraíso do metrô, a caminho da sua residência no bairro de Itaquera, Zona Leste de São Paulo. Haroldo Lima seguiu até a sua casa, na Avenida Pompéia, e foi preso somente no dia seguinte de manhã, quando deixava a residência.
Fuzilaria
No início da manhã do dia 16, o Corcel saiu da casa da Lapa com a última dupla – Jover Telles e José Gomes Novaes. Joaquim Celso de Lima conta que deixaram o “aparelho” às seis e quinze, mais ou menos. Logo na primeira curva, percebeu que um Fusca “estranho” o seguia. Fez manobras bruscas, entrou por ruas estreitas, imaginou que havia despistado o perseguidor, mas ele voltou a seguir o carro do PCdoB. Joaquim Celso de Lima avisou Elza Monnerat, que pediu à dupla conduzida para abandonar o Corcel. Outros carros apareceram. A perseguição cinematográfica terminou na Avenida Faria Lima. Ela e o motorista do PCdoB foram algemados e encaminhados ao DOI-Codi.
Enquanto Joaquim Celso de Lima fazia o Corcel do PCdoB bailar pelas ruas de São Paulo tentando fugir da repressão, a casa da Lapa fumegava. A fuzilaria começara por volta das seis e meia, após a comunicação via rádio de que Jover Telles e José Gomes Novaes já haviam desembarcado, e duraria aproximadamente vinte minutos. Equipes do DOI-Codi e do DOPS cercaram o local e fizeram pedaços de portas e janelas voar pelos ares com o peso do fogo despejado. Tampos do reboco do teto caíram, vidros se espatifaram e as paredes foram crivadas de balas. Estavam no “aparelho” Pedro Pomar, Ângelo Arroyo e Maria Trindade (encarregada das tarefas da casa). Os dois dirigentes se preparavam para começar a redigir a edição seguinte do jornal A Classe Operária.
Quando espocaram os primeiros estrondos, tentaram se falar para compreender o que estava acontecendo. Segundo Maria Trindade, a única sobrevivente, Arroyo saiu do banheiro e perguntou: ”O que é isso?”. Mal terminou de falar e foi atingido com violência. O impacto dos tiros o fez voar, bater a cabeça no teto e saltar para frente. Pedro Pomar constatou: “Que desgraça! Nos pegaram!” Voltava da conzinha para tentar destruir os documentos da reunião do Comitê Central que estavam na sala e foi violentamente fuzilado. Acabara de completar sessenta e três anos.
Farsa
A vizinha da casa número 765, Guiomar Issa, conta que durante a fuzilaria a filha Nice ouvira gritos de uma mulher em meio a muitas vozes masculinas. Para, para, dizia Maria Trindade. Atira, atira no pé dela, dizia um agente da repressão. Cessado o fogo, o chefe do DOPS, delegado Sérgio Paranhos Fleury, tocou a campainha da casa de Guiomar Issa. Pediu desculpas pelo susto e quis saber se estava tudo bem. Atrás dele, policiais trajando coletes à prova de bala chupavam laranja. Um deles explicou que a família não fora avisada da operação por precaução – poderia fazer parte da organização que ocupava a casa vizinha.
A repressão encomendou um laudo para oficializar a farsa montada na divulgação da morte de João Batista Drummond, que teria sido atropelado, e outros documentos seriam providenciados para forjar um “tiroteio” na casa da Lapa. Em nota oficial, o comandante do II Exército, general Dilermando Monteiro, disse que “durante a operação uma rua do bairro teve que ser interditada, travando-se um tiroteio na Rua Pio XI, em face da reação à bala dos sitiados, daí resultando dois subversivos mortos, havendo um terceiro morto, atropelado, quando de sua fuga”.
Em ofício enviado à II Auditoria Militar, o general Carlos Xavier de Miranda, chefe do Estado Maior do II Exército, informou os nomes dos prisioneiros: Aldo Silva Arantes, Haroldo Rodrigues Lima, Wladimir Ventura Torres Pomar, Elza de Lima Monnerat, Joaquim Celso de Lima e Maria Trindade. Dos que estavam na casa durante a reunião do Comitê Central, faltavam Jover Telles e José Gomes Novaes.
Quedas
Às doze horas do dia 16 de dezembro de 1976, o cônsul-geral dos Estados Unidos em São Paulo, Frederic Chapin, procurou dom Paulo Evaristo Arns na Cúria Metropolitana com a lista de nomes dos mortos e presos na mão. Estava arfante. Informou o sacerdote sobre a chacina e pediu para ele fazer gestões na busca de convencer os verdugos do DOI-Codi e do Dops a não matarem os que foram detidos.
O cônsul-geral disse que sabia da reunião há dias, mas não esperava que, com Dilermando Monteiro no comando do II Exército, fosse ocorrer uma tragédia. Avisou o cardeal que a repressão preparava o cerco à casa da Lapa poucos antes da chacina. Dom Paulo Evaristo Arns não concordou com a avaliação do cônsul-geral e tentou falar com o PCdoB. Mas as barreiras do regime não permitiram que a informação chegasse a tempo de evitar a tragédia.
A operação foi montada com base em informações de um membro da direção do PCdoB, Jover Telles. Na véspera da reunião, na casa da Lapa, Pedro Pomar e Haroldo Lima, pela Comissão de Organização, conversaram com ele sobre as “quedas” ocorridas naquele Estado. Recomendaram que alguns procedimentos fossem adotados.
Araguaia
Jover Telles era um militante experiente. Fora destacado dirigente sindical no Rio Grande do Sul e deputado estadual naquele estado. No processo de reorganização do Partido Comunista do Brasil, tomou o caminho do novo PCB. Mais tarde entrou para o Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR) e depois para o PCdoB.
A Comissão de Organização sabia que desde 1975 muitas lideranças do PCdoB no Rio de Janeiro haviam sido presas, mas não tinha a dimensão do estrago feito pela repressão. Não fazia a menor ideia de que o Comitê Central se aproximava do precipício. Em circunstâncias ainda não totalmente esclarecidas, até uma militante que morava com Jover Telles, conhecida como Hilda, fora presa. A repressão montara um esquema engenhoso para desarticular o Partido. Segundo uma nota do PCdoB sobre a chacina da Lapa, a operação fora montada pelo I Exército, sediado no Rio de Janeiro, com auxílio do Centro de Informação da Marinha (Cenimar) e do II Exército, sediado em São Paulo.
O Rio de Janeiro estava marcado pela repressão ao PCdoB desde o início dos anos 1970 por conta das atividades voltadas para o Araguaia, quando fora criada a União da Juventude Patriótica (UJP). A operação que resultou nas prisões e mortes de quatro dirigentes na virada de 1972 para 1973 também se desenvolveu no Rio de Janeiro, apesar de ter sido iniciada no estado do Espírito Santo. Como era de se supor, a vigilância sobre o PCdoB usava todas as técnicas possíveis para acompanhar os passos dos comunistas. Uma delas foi a cooptação do principal dirigente do Partido no estado.
Amazonas
Jover Telles prestou depoimento a agentes da repressão em 8 de dezembro de 1976. Estava preso. Falou cordialmente da história do PCdoB e comentou o relatório de Ângelo Arroyo sobre a Guerrilha do Araguaia. Até detalhes do debate em curso foram revelados. “Minha posição os senhores já conhecem: eu acho que a guerra não se justifica. A guerra popular no Brasil é inviável”, avaliou ele para a repressão.
Após a chacina da Lapa, para o Comitê Central Jover Telles estava desaparecido. Com muito esforço, foi encontrado. Precisava prestar conta sobre o ocorrido, como de resto todos os envolvidos. Usando o codinome de Oliveira, ele fez um relatório dando a sua versão dos fatos. Disse que perdera o contato com a Comissão de Organização após a baixa do “Juca” (Armando Frutuoso) em 30 de setembro de 1975, retomado somente em maio ou junho de 1976, conforme informou na reunião da Comissão Executiva de agosto daquele ano. Uma “referência” fora definida – em todo primeiro domingo de cada mês haveria um contato. Falhara em agosto e setembro, que seria com João Amazonas no Rio de Janeiro, e ficara outra vez isolado.
A informação não confere com os fatos. Segundo o próprio Jover Telles, na reunião do Comitê Central de dezembro de 1976 Pedro Pomar informou que a combinação do Amazonas fora a seguinte: caso o intermediário não comparecesse aos dois “pontos”, Jover Telles deveria ir diretamente a São Paulo. “É possível que assim fosse o combinado, mas ou isto foi esquecido ou mal compreendido pelo Oliveira, que acabou cobrindo os ‘pontos’ em 25 de setembro, 23 de outubro e a ‘referência’ a 25 de outubro, sem maior êxito, ficando dependendo da próxima ‘referência’ a ser coberta no dia 25 de novembro, quando realmente verificou-se o contato e marcado o ‘ponto’ para o Oliveira em São Paulo, a ser coberto no dia 11 de dezembro de 1976”, escreveu no relatório.
Baiano
Jover Telles também relatou que no período de tempo abrangido pelos fatos descritos algo grave sucedera. No dia 3 de outubro de 1976, um domingo, saíra de casa às sete horas da manhã para comprar pão a uma distância de duzentos a trezentos metros, na mesma rua da sua residência. Ao tentar voltar, percebeu vários carros, alguns de chapa branca, outros não, estacionados nas proximidades da sua casa. Desembarcaram quinze ou vinte pessoas e cercaram o grupo de residências onde estava a dele. Outros homens ocuparam as esquinas, cercando totalmente a área. Com o pão e o jornal sob o braço, dirigiu-se no sentido contrário à área conflagrada, atravessou uma praça, tomou um táxi e saiu da região.
Sem explicar como nem por que, disse que estava com três mil e quinhentos cruzeiros no bolso  Distante do local do perigo, desembarcou, andou um pouco a pé e tomou um ônibus até o Méier. Deu voltas e mais voltas para ver se estava sendo seguido e, como nada notara, tomou outro táxi e rumou para Copacabana. Às quatorze horas, seguiu de ônibus até o Méier, onde tomou um táxi e foi para a área de sua residência. Notou que o “aparato” já não era tão ostensivo. Alguns “suspeitos” permaneciam plantados em algumas esquinas. Ficou certo que o assunto era com ele. Seguiu até Marechal Hermes, tomou um ônibus para Nova Iguaçu, de lá foi para Caxias, perambulou pela cidade até às vinte horas, voltou para o Rio de Janeiro, onde pernoitou. No dia 4 de manhã, tomou o trem com destino a São Paulo e à noite foi para Porto Alegre.
No dia 6, Jover Telles disse que foi para o interior do Rio Grande do Sul e no dia 21 embarcou de volta para o Rio de Janeiro, onde cobriu sem êxito o “ponto” de 23 de outubro e a “referência” de 25 de novembro. Teria um mês pela frente até a data combinada para o contato seguinte. Alugou um quarto “no beiço”, adiantando parte do aluguel, e passou os dias girando pelas cidades vizinhas para não deixar pistas. Em 25 de novembro, compareceu à “referência”, onde encontrou o “baiano” (o dirigente do PCdoB Sérgio Miranda), que marcou 11 de dezembro para estar em São Paulo no ponto em que só ele, Jover Telles, e João Amazonas conheciam.
Divergências
Jover Telles disse que, no “aparelho”, conversou com Pedro Pomar e Ângelo Arroyo sobre os acontecimentos que descrevera. Combinaram que depois da reunião do Comitê Central eles três decidiriam sobre as medidas cabíveis. Estranhamente, Haroldo Lima, que era da Comissão de Organização e sobrevivera à chacina, não estava na conversa. Segundo Jover Telles, Pedro Pomar decidiu não tocar no assunto no curso da reunião para não desviar a atenção. O problema exigia medidas concretas que deveriam ser acertadas em âmbito restrito, afirmou.
Na conversa combinada para 15 de dezembro de 1976, após quase todos terem deixado o “aparelho”, ficou decidido que Jover Telles iria ao Rio de Janeiro para tentar restabelecer ligações e voltaria para São Paulo no dia 26 do mesmo mês, com a perspectiva de não mais voltar a atuar naquele estado. Ao mesmo tempo, caso houvesse algum contratempo, foi marcada nova “referência” no Rio de Janeiro para 25 de janeiro de 1977. Além disso, procurando assegurar a continuidade do contato, caso sucedesse algo com Pedro Pomar – não explicou por que e o que poderia suceder -, Ângelo Arroyo cumpriria a missão em outra “referência”. No final da conversa, Pedro Pomar entregou-lhe oito mil cruzeiros.
Jover Telles relata que na noite de 11 de dezembro de 1976, um sábado, todos os membros da Comissão Executiva - menos João Amazonas e Renato Rabelo, que estavam fora do país - entraram no “aparelho”. No domingo, dia 12, ocorreu a reunião da Comissão Executiva dedicada aos assuntos que seriam levados para o Comitê Central. Na noite do dia 12, entraram os demais. A reunião de 14 e 15, segundo Jover Telles, desenvolveu-se normalmente, seguindo a ordem do dia estabelecida. Somente surgiram algumas divergências em torno da nota que a Comissão Executiva havia editado sobre as ocorrências do Araguaia. Diante dos acontecimentos do dia 16, ele diz que decidiu deixar o Rio de Janeiro e ir para Porto Alegre. Viajou de avião, por segurança, em 21 ou 22 de dezembro de 1976.
Expulsão
A localização da sua casa no Rio de Janeiro pela repressão, segundo Jover Tolles, era um mistério, outra preocupação. Só ele conhecia o local. Durante o tempo em que lá morou, por mais de três anos, nunca notara nada de anormal. No local estavam livros – inclusive alguns que estava escrevendo -, documentos e objetos de uso doméstico. Relatou como estava sobrevivendo com dificuldades no Rio Grande Sul, fazendo traduções de francês e espanhol para o português e à custa de ajuda da família. Reclamou da saúde e se considerou um “peso morto” para qualquer organização. “Vocês que seguem a Albânia, acham que estão certos, sigam o vosso caminho. O Oliveira seguirá seu próprio caminho, que, nesta altura da vida e nas condições de saúde em que se encontra, já não é um caminho, mas um ponto final. É só”, finalizou.
Jover Telles seria oficialmente expulso no VI Congresso do PCdoB, em 1983. A resolução número 4, publicada no jornal A Classe Operária de fevereiro/março de 1983, diz:
O Congresso do Partido Comunista do Brasil (6º), depois de examinar o Relatório apresentado pela comissão encarregada de apurar as causas da queda da Lapa em dezembro de 1976, decide aprovar esse relatório e confirmar a expulsão de Manoel Jover Telles das fileiras do Partido, como traidor e colaborador direto dos órgãos de repressão. Foi ele que forneceu os dados e indicações do local e da reunião do Comitê Central, em meados de dezembro de 1976, participando pessoalmente do esquema montado pelo I e II Exércitos para prender e assassinar dirigentes do Partido. O Relatório deve descer a todos os organismos partidários, com as respectivas conclusões, a fim de estimular a vigilância de classe do Partido
Jover Telles passou seus últimos dias em Santa Catarina, onde era conhecido como “Manolo”. Pertencia ao Grupo de Poetas Livres e à Academia Catarinense de Letras e Artes. Sofreu derrame cerebral, foi hospitalizado, mas não resistiu. Faleceu na noite de um sábado, dia 16 de junho de 2007.
O cemitério de Perus, onde os torturadores enterraram tantos heróis, vai ficar conhecido como a colina dos mártires. João Amazonas pronunciou essas palavras para definir o Cemitério dom Bosco, em Perus, um dos locais em que muitas vítimas fatais da barbárie que tomou conta do país com o regime de 1964 foram sepultadas em São Paulo. Os corpos de Pedro Pomar e Ângelo Arroyo foram descobertos ali em 1980.
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Editor do Portal Grabois

Sobre o anticomunismo e o branqueamento do fascismo

Sobre o anticomunismo e o branqueamento do fascismo

Sobre o anticomunismo e o branqueamento do fascismoRealiza-se hoje no Parlamento Europeu (PE) uma conferência internacional intitulada "Quadro Legal dos Crimes Comunistas" organizada, entre outros, pelo Partido Popular Europeu e pela "Plataforma Europeia Memória e Consciência". Esta iniciativa surge na sequência de várias outras do mesmo cariz, realizadas dentro e fora do PE, e que têm como objectivo a condenação daqueles que designa "crimes comunistas" e apoiar a criação de uma "instituição de justiça".

É indiscutível que estas iniciativas se estendem à condenação e criminalização da ideologia comunista, da acção presente e passada dos comunistas, como já acontece em países como a Eslováquia, a República Checa ou a Hungria, sendo este um ataque e chantagem não só realizado contra os partidos comunistas, mas contra todas as forças de esquerda que ousem defender projectos alternativos e lutar contra a exploração do capitalismo.

Esta iniciativa tenta falsificar a história e negar que os comunistas foram, pela própria essência dos seus princípios e prática, lutadores fundamentais contra o fascismo e o capitalismo e que, por essa luta libertadora, milhares deram as suas próprias vidas.

Estas acções não podem ser desligadas das consequências desastrosas provocadas pela crise capitalista, pela cada vez mais evidente incapacidade de resolução dos dramas sociais e económicos gerados pelo próprio capitalismo, e pelo temor que os seus organizadores sentem em relação à crescente capacidade de atracção dos partidos comunistas e forças de esquerda. Esta acção pretende criminalizar, ilegalizar, reprimir, não apenas a acção dos comunistas mas de todos os democratas que se oponham, e que se opuseram no passado, à dominação e exploração capitalistas.

Consideramos inadmissível a associação da instituição Parlamento Europeu a esta jornada anti-democrática que atenta contra as liberdades fundamentais dos indivíduos e dos povos e ao seu direito de lutar contra o sistema capitalista e de aspirar a projectos de sociedade alternativos. A história demonstrou e o poeta Brecht escreveu, que o anti-comunismo é uma antecâmara de ofensivas anti-democráticas generalizadas: "Primeiro levaram os comunistas, Mas eu não me importei, Porque não era nada comigo (...) Agora levaram-me a mim, E quando percebi, Já era tarde".

Bruxelas, 5 de Junho de 2012

:Fontee:http://www.rostos.pt/inicio2.asp?cronica=280813&mostra=2&seccao=europa&titulo=Sobre-o-anticomunismo-e-o-branqueamento-

Aldo Rebelo, o comunista zen, fala sobre comunismo e eleições

Aldo Rebelo, o comunista zen, fala sobre comunismo e eleições


Além de debater com ênfase as questões de sua área, o ministro dos Esportes, Aldo Rebelo, também falou, em entrevista ao jornal Notícia do Dia Online, de Florianópolis (SC), sobre as eleições municipais deste ano. Durante o bate-papo, ele também recordou suas ações durante o movimento estudantil de 1979. “Certamente, essa é a parte mais importante da minha formação, lembro com carinho das caminhadas e passeatas”, disse.


NDOnline
Aldo Rebelo, o comunista zen, fala sobre comunismo e eleições O ministro também falou sobre como ele articula as negociações políticas, com respeito aos adversários.
O ministro chegou aos estúdios da Rádio Record, onde foi entrevistado, acompanhado da deputada estadual do PCdoB e pré-candidata à Prefeitura de Florianópolis, Angela Albino. O ministro Aldo Rebelo mostrou-se esperançoso com a candidatura dela e da deputada federal Manuela D´Ávila em Porto Alegre (RS).

Dentro do tema eleições, o ministro também falou sobre a forma comunista de atuar nos dias de hoje e de como ele articula as negociações políticas, com respeito aos adversários, sendo considerado um “comunista zen”.

NDOnline: O PCdoB tem duas candidaturas com chance de vitória. Angela Albino, em Florianópolis, e Manuela D’Ávila, em Porto Alegre. Estas são as principais apostas do partido nestas eleições?Aldo Rebelo: São duas realidades. Estamos falando de lideranças consagradas e respeitadas. Acredito que a posição dessas duas candidatas nas pesquisas para prefeitura, de suas respectivas capitais, indica que são lideranças maduras, conhecidas e respeitadas. Portanto, aptas a enfrentar esse desafio.

NDOnline: Pelas contas do Partido, quantas prefeituras devem ser conquistadas? AR: Essas contas nem sempre são exatas. Temos candidaturas fortes em Florianópolis, Porto Alegre (RS) e Fortaleza (CE).

NDOnline:
O delegado Protógenes Queiroz foi eleito como paladino da verdade após a Operação Satiagraha, da Polícia Federal, que pôs um banqueiro, Daniel Dantas, e o ex-prefeito de São Paulo, Celso Pitta, atrás das grades. Agora, ele é citado na investigação da CPI do Cachoeira. Como o PCdoB vê isso?AR: Nós valorizamos o papel do deputado federal Protógenes Queiroz. No caso da CPI do Cachoeira, um dos ajudantes do Cachoeira era, na época da investigação do Protógenes, um dos elementos da aeronáutica que ajudaram nas averiguações. Eles mantiveram esses laços com o Protógenes. Mas o deputado não fez nenhum tipo de negócio ou acordo com o Cachoeira. As relações deles eram pessoais e relacionadas apenas com essas investigações e que permaneceram ao longo do tempo com o servidor da aeronáutica.

NDOnline: Como é o jeito comunista de se governar uma cidade?AR: Não vejo um jeito comunista de se governar uma cidade. Percebo duas formas de se governar uma cidade: ou você faz isso bem ou você faz mal. Isso independe do Partido a que você pertença. Para atuar bem é necessário fazer de forma democrática, procurar atender principalmente aqueles que são menos acolhidos, os mais abandonados pelo poder público.

NDOnline: Como o senhor vê o comunismo hoje?AR: Nós, comunistas, procuramos conceber a nossa forma de exercer a vida pública de forma democrática, preocupada com a questão social e sem hostilizar ninguém. Ser comunista hoje é lutar por uma sociedade democrática para que o Brasil seja um país socialmente equilibrado e desenvolvido cientificamente, tecnologicamente e politicamente. Acredito que esse esforço está em coerência com a nossa história e a nossa trajetória em busca do socialismo. E nós do PCdoB lutamos por ele, exatamente porque vemos no socialismo a possibilidade de uma sociedade mais justa e equilibrada.

NDOnline: O senhor se considera um comunista zen?AR: Procuro fazer as coisas com equilíbrio. Nós não podemos achar que nossa ideologia nos faz melhores do que os outros. Pode até nos fazer diferentes, mas não faz melhor do que ninguém. Precisamos respeitar porque essa é a forma de você pedir o respeito. Quem não respeita o outro, não pode pedir para ser respeitado.


Fonte:http://www.vermelho.org.br/ma/noticia.php?id_secao=1&id_noticia=187092

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Lula: "Serra irá perceber que foi um equivoco, ser candidato"

Lula: "Serra irá perceber que foi um equivoco, ser candidato" 


No anúncio da união do PCdoB com o PT na chapa de Fernando Haddad, o ex-presidente Lula afirmou que Serra não "passou da segunda enchente" em SP e disse que estará nas ruas na campanha eleitoral.




Veja também:PCdoB anuncia apoio a Haddad em ato com críticas a Serra

http://www.vermelho.org.br/tvvermelho/noticia.php?id_noticia=187227&id_secao=29

Chávez sobre golpe no Paraguai: essa é a direita deste continente


Chávez sobre golpe no Paraguai: essa é a direita deste continente

Chávez sobre golpe no Paraguai: essa é a direita deste continente

Pronunciamento do Presidente da Venezuela, Hugo Chávez, sobre o golpe no Paraguai, enquanto aguardava a chegada do Presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad. Em 29 de junho, dia seguinte a esse pronunciamento, Hugo Chávez chamou de volta o embaixador da Venezuela no Paraguai e suspendeu o envio de petróleo ao país.


Chávez sobre golpe no Paraguai: essa é a direita deste continente

Confira a cobertura de Vanessa Silva, enviada especial do Vermelho ao Paraguai:
-Grimaldi: Os interesses convergentes que derrubaram Lugo
-Direita poderá fraudar eleições de 2013 no Paraguai, diz Ferreiro
-Lugo diz que Mercosul decidiu punir classe política paraguaia
-Lugo: “Oxalá este momento seja o melhor da esquerda paraguaia”
-Contra golpe, paraguaios realizam dia de protestos em todo o país
-Gravador aberto: povo fala o que pensa sobre situação no Paraguai
-Países da Alba e Argentina pedem expulsão do Paraguai da OEA
-Paraguai: Só com o apoio dos povos diremos “ditadura nunca mais”
-Filizola: tentaremos todos os meios para que Lugo volte ao poder
-Golpistas ameaçam liberdade de expressão e pressionam TV Pública

http://www.vermelho.org.br/tvvermelho/noticia.php?id_noticia=187395&id_secao=29

Ligação com Cachoeira corta cabeça na Globo


Ligação com Cachoeira corta cabeça na Globo


“Os filhos do Roberto Marinho – eles não tem nome próprio – demitiram em silêncio para não passar recibo.”


Flagrado em interceptações telefônicas da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, o diretor da revista Época em Brasília, Eumano Silva, foi demitido do cargo nesta terça-feira, dia 3 de julho. No grampo da PF, divulgado pela revista CartaCapital, (aqui para ler) Silva, usando o codinome “Doni”, aparece negociando com o araponga Idalberto Martins, o Dadá, matéria contra uma empresa concorrente da Delta, empreiteira que está no centro dos negócios da quadrilha do bicheiro Carlinhos Cachoeira. O jornalista Diego Escosteguy, que estava em Nova York, irá assumir o cargo de diretor da sucursal de Época na capital federal.”

Em tempo: os filhos do Roberto Marinho – eles não tem nome próprio – demitiram em silêncio para não passar recibo.

Como se sabe, eles mandaram o Michel Temer seguir uma linha na CPI: quando ouvir falar em Veja, leia imprensa; quando ouvir falar em imprensa, leia Globo.

Bendita CPI.

Desmoraliza os aloprados a serviço do Cerra; TV Record mela o mensalão; e até o PiG (*), o Valor, chega à conclusão do Mino: o mensalão não se prova.

Em tempo2: Do Facebook do novo chefe da Globo em Brasilia, esse da “corrupção impera”. É um “ousado”:

Diego Escosteguy há 15 horas:"Pequena novidade: assumi a direção da sucursal de Brasília da revista ÉPOCA. Vou ajudar o time a somar três pontos, ao lado dos intrépidos Andrei Meireles, Murilo Ramos, Leandro Loyola, Marcelo Rocha e Leonel Rocha. Contamos com a colaboração — e a cobrança — de vocês. Do nosso lado, não faltará trabalho, empenho, vibração. E, ouso dizer, bom jornalismo."

(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.


Fonte: Paulo Henrique Amorim, no site Conversa Afiada


(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.



http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=187673&id_secao=1

"Aloprados", Cachoeira e a TV Globo

"Aloprados", Cachoeira e a TV Globo

Por Altamiro Borges

Saiu ontem na coluna Informe JB, do jornalista Marcelo Auler:

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Cachoeira & Aloprados

Em um dos vídeos apreendidos na casa de Adriano Aprígio, ex-cunhado do bicheiro Carlinhos Cachoeira, o ex-sargento da Aeronáutica Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, comemora o envolvimento de petistas no chamado Escândalo dos Aloprados.


Em setembro de 2006, às vésperas do início da propaganda eleitoral na televisão, petistas foram presos em um hotel em São Paulo com R$ 1,7 milhão. Com o dinheiro pretendiam comprar um dossiê que supostamente envolvia o tucano José Serra - então candidato à presidência da República - com o desvio de verbas do orçamento destinadas à compra de ambulâncias. O escândalo prejudicou Lula, que concorria à reeleição e esperava ganhar no primeiro turno, o que não aconteceu.

O vídeo apreendido, já periciado pela Polícia Federal, mostra uma conversa entre o jornalista Mino Pedrosa e Dadá, o araponga que atendia à quadrilha do bicheiro. Pedrosa relata que o PSDB armou a história do dossiê e o "PT caiu nela".

O araponga vibra e comemora: "Tem que f..... o Lula! Tem que f..... o barbudo!

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Será que Ali Kamel, o chefão da TV Globo, sabia do envolvimento da máfia de Carlinhos Cachoeira nesta arapuca? Será que ele também festejou: "Tem que f... o Lula"? Na ocasião, o Jornal Nacional deu enorme destaque para a grana apreendida com os tais "aloprados do PT". A TV Globo até escondeu a notícia do trágico acidente com o avião da Gol. A edição do JN foi decisiva para dar fôlego ao tucano Geraldo Alckmin!

Em sua coluna, a jornalista Mônica Bergamo informou recentemente que a revista Veja não era a única que mantinha promíscuas relações com a máfia de Carlinhos Cachoeira. Sem dar o nome aos bois, ela garantiu que "outros dois importantes veículos de comunicação" utilizavam os serviços "editoriais" do criminoso. A nota do jornalista Marcelo Auler reforça as suspeitas contra a poderosa Rede Globo.

Álvaro Dias e os golpistas do Paraguai

Álvaro Dias e os golpistas do Paraguai

Por Mauro Santayana, em seu blog:

O novo governo paraguaio pode ficar tranqüilo: o senador Álvaro Dias garantiu ao presidente Franco o apoio incondicional do PSDB à nova ordem estabelecida em Assunção. Com essa solidariedade, o chefe de governo do país vizinho está apto a reverter a situação de repúdio continental, vencer a parada no Mercosul e roncar grosso – como, aliás, está começando a fazer – contra o Brasil, a Argentina e o Uruguai.


O problema todo é que o bravíssimo senador Álvaro Dias, companheiro de dueto, até há poucas semanas, do senador Demóstenes Torres nas objurgatórias morais contra o governo, não combinou esse apoio com o povo paraguaio, que irá às urnas em abril e, provavelmente, nelas, dirá o que pensa da “parlamentada” de Assunção. E, mais ainda: não será ouvido nos foros internacionais que estão tratando do tema. Nesses centros de decisão, quem estará decidindo serão os chefes de estado e os chanceleres dos países do continente. Por enquanto, estando na oposição, os tucanos não podem falar em nome do Brasil. 

A posição brasileira, prudente e moderada, está sendo assumida em consultas com os países vizinhos e com as organizações regionais. Nenhum desses países, por mais veementes tenham sido os protestos, violou um milímetro sequer da soberania do Paraguai – embora, na destituição de Lugo, o soberano real, que é o povo paraguaio, não tenha sido ouvido.

O Brasil já anunciou que nada fará que possa prejudicar diretamente o povo paraguaio. Mas as suas elites devem estar advertidas de que a decisão de construir regimes democráticos sólidos, com o respeito absoluto à vontade popular, manifestada em eleições limpas e livres, é irrevogável na América do Sul.
 

Imperialismo midiático é o maior problema da humanidade

Imperialismo midiático é o maior problema da humanidade


Quem exprimiu a premissa que intitula este texto, ainda que em outros termos, não foi qualquer um. Seu autor é o presidente do Equador, Rafael Correa. Foi dita em visita recente que o mandatário fez ao Brasil durante entrevista que concedeu ao jornalista Kennedy Alencar em programa que este mantém na televisão aberta.

Por Eduardo Guimarães, no blog da Cidadania


Correa disse ainda mais. Afirmou que, ao deixar o poder, pretende se dedicar integralmente à missão de combater o que pode ser chamado de imperialismo midiático, ou seja, o massacre comunicacional que um reduzido contingente de impérios de comunicação produz ao esconder, minimizar, aumentar, distorcer ou inventar fatos, além de, não raro, censurar divergências.

A grande dificuldade que se apresenta hoje para acabar com a figura supranacional que é a do “dono” da comunicação (algumas dezenas de grupos empresariais, familiares ou não, que decidem o que a humanidade deve ou não saber) é a de que esses impérios absolutistas se escudam naquilo que mais ferem: a liberdade de expressão.

Para tanto, esses mega grupos empresariais espertalhões procuram manter viva uma situação que vigeu nos primórdios da imprensa, quando ela não tinha o poderio que tem hoje nas democracias e, assim, era o último bastião contra o despotismo de Estado.

Isso durou até que os setores beneficiários da concentração de renda em todo o mundo descobrissem que melhor do que mandar espancar ou assassinar jornalistas que quisessem questionar o poder econômico seria cooptá-los, assenhorando-se da propriedade da imprensa e convertendo-a em uma imensa indústria.

A possibilidade de censurar hoje uma imprensa que dispõe de inúmeras plataformas para difundir seu trabalho é praticamente nula não só nas democracias, mas, até, nas ditaduras. Na Primavera Árabe, as redes sociais mostraram que não é mais possível impedir o livre fluxo de informações, mesmo quando alguém tenta controlá-lo com mão-de-ferro.

Contudo, é evidente que a capacidade de comunicar depende da dimensão do aparato comunicacional. Como blogs ou perfis em redes sociais podem enfrentar impérios de comunicação que dispõem de TODAS as plataformas possíveis e imagináveis em termos de transmissão de informações?

O poder inaceitável que foi dado a esses impérios de comunicação, portanto, é o de hierarquizarem notícias, fatos e opiniões e até mesmo de escondê-los. E como não há meios de questionar em tom semelhante o que esses impérios dizem, pois mesmo quando usam concessões públicas simplesmente se negam a dar espaço até a autoridades, a inundação de suas teses sufoca qualquer divergência e pauta a agenda pública.

Agora mesmo, no Brasil, estamos vendo efeitos revoltantes do poder da mídia. Recentemente, dois ex-ministros do governo Dilma foram absolvidos nas investigações sobre denúncias da mídia de que foram alvos. Antonio Palocci, ex-ministro da Fazenda, e Orlando Silva, ex-ministro do Esporte, foram derrubados sob denúncias de corrupção sem fundamento sólido.

No caso de Palocci, ainda havia um questionamento de fundo moral sobre ter se aproveitado (como tantos outros fizeram sem questionamento da mídia) do cargo de ministro da Fazenda para auferir lucros em negócios após deixar esse cargo, mas, no caso de Silva, não. Foi acusado por um meliante que, da época em que a mídia lhe conferiu credibilidade para cá, passou de acusador a réu.

Palocci, porém, teve a legalidade de seus negócios avalizada, ainda que restem os questionamentos morais. Todavia, para tais questionamentos se sustentarem eles teriam que ser feitos a todos os outros ex-ministros da Fazenda que enriqueceram muito mais do que ele após deixarem o cargo, sobretudo os ministros dos governos anteriores ao de Lula.

Já o caso de Orlando Silva é mais grave. Foi alvo de uma trama sórdida. A mídia transformou um bandido perigoso – por ter problemas mentais evidentes – em um “herói” em luta contra o poderoso vilão corrupto encastelado no poder em que o ex-ministro foi convertido. Esse golpe fez o governo Dilma cometer um de seus maiores erros: imolar um inocente sem razão plausível.

Quanto já custou ao país a politicalha partidarizada e os chiliques ideológicos dos seus impérios midiáticos locais? Ministérios foram paralisados, a agenda pública foi tumultuada por denúncias que eram marteladas diariamente até atingirem o objetivo político-ideológico de seus autores. E depois se descobre que não continham fundamento algum.

Políticas públicas deixam de ser ou são adotadas por pressão do imperialismo midiático. É a comunicação que permite aos Estados Unidos massacrarem mulheres, crianças e velhos de países longínquos “em nome da democracia” e que transforma a reação a esses massacres em “terrorismo”. Tudo graças à interpretação que os impérios maléficos de comunicação dão aos fatos.

A fome, a miséria e a injustiça que ainda flagelam parte imensa da humanidade sustentam-se nas versões dos fatos que são contadas, na falta de pluralidade na comunicação.

Outro exemplo: no fim de semana passado estive em Juiz de Fora (MG) para receber uma homenagem de movimentos negros sobre a qual ainda vou escrever. O envolvimento deste blog com a luta dos negros por igualdade, no Brasil, mostra o descalabro que se abate sobre essa maioria da população exclusivamente por conta do imperialismo midiático, que tem cor.

Movimentos negros de todo país questionam a “invisibilidade” do negro na mídia, o fato de a televisão e a propaganda brasileiras terem um filtro “racial” que retém o negro e o mestiço em benefício da “raça pura”, de ascendência indo-européia, que domina a imagem do povo brasileiro no exterior, fazendo com que pareça que é, predominantemente, branco.

O resultado do racismo midiático é o de que os negros adquirem uma imagem marginal à qual o mercado não quer se associar. A propaganda, assim, usa a maioria negra como exceção quando, na verdade, é regra. E usa a minoria branca como regra apesar de ser exceção.

Dessa forma, a discriminação racial praticada via sub-representação do negro na mídia produz miséria e injustiça social. Os negros ganham menos, estudam nas piores escolas, moram nos piores bairros, são alvos preferenciais da violência urbana, tratam-se nos piores hospitais etc., etc., etc. E quem produz esse estado de coisas é a comunicação.

E a política internacional? Um exemplo: ação integrada da mídia de vários países tenta legitimar um processo que depôs um governo, este sim, legitimamente eleito. E sem o mínimo processo legal e direito a defesa, em processo que durou algumas poucas horas.

E o que é pior: sabe-se que o risco de meia dúzia de grupos empresariais de comunicação encurralarem os governos dos países do Mercosul, não são desprezíveis. Só o que impede de verdade a capitulação, é a Argentina.

E ainda que na imprensa escrita se encontre uma ou outra manifestação lúcida sobre o golpe no Paraguai, na televisão o que predomina é o apoio a esse processo espúrio, antidemocrático e escandalosamente ameaçador à democracia na região.

Chega-se, enfim, ao cerne de tudo: a televisão. A dobradinha que faz certa imprensa escrita com a televisão é o que torna potente o partidarismo e o viés ideológico desses jornais, revistas e mega portais de internet. Como, não raro, imprensa escrita e eletrônica pertencem aos mesmos donos – que não enchem um restaurante –, não há debate de peso no país.

Ainda assim, dirão, a vontade eleitoral dos impérios de comunicação de países como os do Mercosul, por exemplo, vem sendo derrotada ano após ano. Sim, é verdade. Mas os países deixam de funcionar a contento porque esses impérios ainda conseguem paralisá-los com seus caprichos.

Alguns membros do governo Dilma desprovidos de visão histórica atribuem à tecnologia o poder de mudar essa situação insustentável. Por essa tese, a tecnologia aumentará ainda mais o poder de difusão de informações à revelia do que possam querer grandes grupos econômicos como os que controlam a grande mídia pátria.

Subestimam o poder econômico. As novas plataformas, o avanço da tecnologia que permite, cada vez mais, que um cidadão comum e independente como este que escreve difunda informação a milhares não mudam o fato de que quem tem mais dinheiro pode gerar tsunamis de informação que engolfam as marolinhas da blogosfera e das redes sociais.

Enquanto este e outros países em desenvolvimento conseguirem manter no poder governos que trabalhem para reduzir a miséria e a desigualdade, a educação poderá fazer com que o povo vá votando, cada vez mais, em causa própria. Todavia, as variáveis que podem reconduzir ao poder os que querem impedir que o povo desperte, são imensuráveis.

Uma crise econômica internacional que deprima a economia além do que estamos vendo pode pôr água no moinho da elite excludente, enganando a parcela ainda descomunal de incultos e desinformados que hoje só vota em causa própria por conta da percepção de que está ganhando. Se tal percepção mudar, o povo não terá capacidade para entender os fatos e, assim, será seduzido pelo discurso reacionário.

A versão da mídia sobre regulá-la equivaler a “censura”, porém, é extremamente frágil. Bastaria um debate público com boa visibilidade para desmontá-la sumariamente. O brasileiro não sabe, por exemplo, como são as legislações sobre comunicação nos países desenvolvidos. Bastaria relatar.

O alerta do presidente Rafael Correa, portanto, bem que poderia gerar a criação de um organismo supranacional que trabalhe para desmontar a versão farsante sobre ser “censura” querer que os impérios midiáticos se tornem plurais. E que denuncie países como este, nos quais a comunicação é um latifúndio.


terça-feira, 3 de julho de 2012

O perfeito idiota brasileiro, por Paulo Nogueira

O perfeito idiota brasileiro, por Paulo Nogueira

O texto abaixo é uma versão revisada, atualizada e abrasileirada do Manual do Perfeito Idiota Latino-americano, dos anos 1990.
PIB. Chamemos de PIB. O Perfeito Idiota Brasileiro.
Vamos descrever o dia do PIB. Vinte e quatro horas na vida de um PIB para que os pósteros, a posteridade, tenham uma idéia do Brasil de 2012.
Ele acorda às sete horas da manhã. Tem que preparar o próprio café da manhã. Já faz alguns anos que sua mulher parou de fazer isso para ele, e ficou caro demais para ele pagar uma empregada doméstica.
Ele lamenta isso.  Era bom quando havia uma multidão de nordestinas sem instrução nenhuma que saíam de suas cidades por falta de perspectiva e iam dar no Sul, onde acabavam virando domésticas.
PIB dá um suspiro de saudade. Chegou a ter uma faxineira e uma cozinheira nos velhos e bons tempos. Num certo momento, PIB percebeu que as coisas começaram a ficar mais difíceis. Havia menos mulheres dispostas a trabalhar como domésticas, e os salários foram ficando absurdos.
Para piorar ainda mais as coisas, ao contrário do que sempre acontecera, a última empregada de PIB recusou votar no candidato que ele indicou.
Mulherzinha metida.
PIB tomou o café na cozinha, com o Globo nas mãos. Assinava o jornal fazia muitos anos. Se todos os brasileiros fossem como o Doutor Roberto Marinho, PIB pensou, hoje seríamos os Estados Unidos.
Por que ainda não ergueram estátuas para ele?
Com o Globo, PIB iniciou sua sessão de leituras matinais. Mais ou menos quarenta minutos, antes de ir para o escritório.
Leu Merval. Quer dizer, leu o primeiro parágrafo e mais o título porque naquele dia o texto, embora magnífico, estava longo demais. Havia um artigo de Ali Kamel. “Um cabeça”, pensou PIB. “Deve ter o QI do Einstein.” Mas também aquele artigo –embora brilhante, um tratado perfeito sobre o assistencialismo ou talvez sobre o absurdo das cotas, PIB já não sabia precisar — parecia um pouco mais comprido do que o habitual. Deixou para terminar a leitura à noite.
PIB vibrou porque, se não bastassem Merval e Kamel, havia ainda Jabor.
Um gênio. Largou o cinema para iluminar o Brasil com sua prosa espetacular. Um verdadeiro santo. Podia estar com a sala da casa cheia de Oscar.
Começou a ler Jabor e refletiu. “Impressão minha ou hoje aumentaram o tamanho do Jabor?” PIB sacudiu a cabeça, na solidão da cozinha, num gesto de reverência extrema por Jabor, mas também achou melhor deixar para ler mais tarde. Era seu dia de sorte. Também o historiador Marco Antônio Villa estava no Globo. “Os primeiros 18 meses do governo Dilma foram fracassos sobre fracassos” era a primeira linha. Bastava. Villa sempre surpreendia com pensamentos que fugiam do lugar comum.
Como uma terrorista chegou ao poder? Bem, tenho que comprar algum livro de história do Villa. Ele com certeza escreveu vários.
Completou a sessão de leituras da manhã na internet. Leu Reinaldo Azevedo.  Quer dizer, naquela manhã, leu um parágrafo. Na verdade, metade. Menos. O título. Não importava. Azevedo era capaz de mesmerizar toda uma nação com a luz cintilante de meia dúzia entre milhares de linhas que produzia incessantemente. PIB deixava escapar um sorriso de admiração a cada vez que li a palavra “petralha” em Azevedo.
Rei é rei. Um cabeça pensante. Por que será que não ocorreu a nenhum presidente da República contratar esse homem como assesor especial? Se o Brasil bobear, a Casa Branca vem e contrata.
Ainda na internet, uma passagem pelo Blog do Noblat. Naquele dia, no blog havia uma coluna assinada por Demóstenes. PIB deu parabéns mentais a Noblat por abrir espaço a Demóstenes, nosso campeão mundial da moralidade, nosso Catão.
Por que falam tanto do tal do Assange e do Wikileaks quando temos tantos caras muito melhores?
A caminho do trabalho, PIB ligou na CBN. Ouviu uma entrevista com o filósofo Luiz Felipe Pondé. “Meu pequeno carro não contribui para o aquecimento do planeta”, disse Pondé, o nosso Sócrates, o Aristóteles verde-amarelo.
Preciso anotar essa. Meu pequeno carro não contribui para o aquecimento global.
Isso o levou a reparar nos ciclistas nas ruas de São Paulo. Cada dia parecia haver mais. Mau sinal. Havia muitas bicicletas no trajeto. PIB sentiu vontade de atropelá-las.  Odiava ciclistas. Atrapalhavam os motoristas.
Abria uma única exceção: Soninha. Desde que ela continuasse a posar pelada em nome das bicicletas.
Hahaha.
Na CBN ouviu também informações e comentários sobre o mundo. “Prestígio em Paris dá vantagem a Sarkozy nas eleições presidenciais”, a CBN avisou. PIB admirava Sarkozy. Proibir a burca foi um gesto histórico. As muçulmanas deveriam ser gratas a Sarkozy. Elas haveriam de votar maciçamente nele para dar a ele o segundo mandato para o qual a CBN dizia que ele era o favorito.
Os maridos obrigam as coitadas a usar burca.
O tema do islamismo estava ainda em sua mente quando se instalou em seu cubículo de gerente na empresa. PIB refletiu sobre o mundo. Tinha lido em algum lugar que no Afeganistão as pessoas queriam que os soldados americanos fossem embora.  Os afegãos estavam queimando bandeiras dos Estados Unidos. A mesma coisa estava ocorrendo no Iraque. E no Iêmen. Em todo o Oriente Médio, fora Israel.
Ingratos. Como eles não percebem que os Estados Unidos estão lá para promover a democracia e levar a civilização? Os americanos estão acima de interesses mesquinhos por coisas como o petróleo.
Era um perigo o avanço muçulmano. Não que apoiasse, mas PIB entendia o norueguês que matara 77 pessoas por considerar que o governo de seu país era leniente demais com os muçulmanos.
A raça branca está em perigo.
Entretido em salvar a raça branca, PIB não percebeu o tempo passar. Só notou pela fome que já era hora de comer. A opção, mais uma vez, foi pelo Big Mac do shopping, e mais a Coca dupla. Detestava os ativistas dos direitos dos animais porque combatiam os Big Macs. PIB estava tecnicamente obeso, mas na semana que vem iniciaria uma dieta e começaria também a se exercitar.
Fim do expediente. A estagiária estava com um decote particularmente ousado. Talvez estivesse sem sutiã. PIB a chamou algumas vezes para discutir assuntos que na verdade não tinham por que ser discutidos. A questão era olhá-la. Valeu o dia, refletiu.
Na volta, mais uma vez foi tomado pela tentação de atropelar os ciclistas. “Quando você deseja muito uma coisa, todo o universo conspira a seu favor”. PIB se lembrou da frase de seu escritor favorito, Paulo Coelho. Então ele desejou muito que as bicicletas sumissem.
Xiitas.
Algum colunista escrevera isso sobre os ciclistas. PIB não lembrava quem era, mas concordava inteiramente. Os ciclistas são gente esquisita que deve fazer ioga e praticar meditação, suspeitava PIB.
Tudo gay!
Já incorporara para si mesmo a frase genial de Pondé.
Meu carro pequeno não contribui para o aquecimento global.
No churrasco de domingo, ia soltar essa. Teve um breve lapso de inquietação quando se deu conta de que os brasileiros que tanto contribuíam para a elevação do pensamento nacional já não eram tão novos assim, O próprio Merval era imortal apenas pela sua contribuição às letras, reconhecida pela Academia. Então lhe veio à cabeça a juventude sábia de Luciano Huck, e ficou mais sossegado.
A mulher não percebeu quando ele chegou. Não era culpa dela. A televisão estava ligada com som alto na novela da Globo. PIB lera várias vezes que as novelas tinham uma “missão civilizadora” no Brasil. Mais uma dívida dos brasileiros perante Roberto Marinho: a perpetuação das novelas. A mídia impressa brasileira reconhecia a “missão civilizadora” na forma de uma cobertura maravilhosa das novelas. Uma vez um leitor da Folha reclamou por encontrar na Ilustrada seis artigos sobre novelas.
O brasileiro só sabe reclamar. E reivindicar. Uma besta!
PIB deu um alô que não foi ouvido. Ou pensou ter dado. Sentou ao lado da mulher, e o silêncio confirmou para ele sua tese: depois de muitos anos de casamento as pessoas se entendem tão bem que não precisam trocar uma só palavra. Nem se tocar. É quando o casamento chega ao estágio da perfeição: ninguém tem que se empenhar para nada. A cada quinze dias, PIB tomava Viagra e descarregava as tensões sexuais com uma escorte que cobrava 400 reais.
Tá barato.
Não ligava para novelas. Mas soubera no escritório que Juliana Paes aparecia de vez em quando pelada. Passou por sua cabeça um pensamento rápido.
Talvez eu devesse pedir para a patroa me avisar quando a Juliana Paes ficar sem roupa.
Terminada a novela, era a sua vez na televisão. Futebol. Bacana o futebol passar bem tarde, depois da novela. Provavelmente a Globo pensara nisso para ajudar os pobres que moravam longe e demoravam horas para chegar em casa depois do trabalho.
“Boa noite, amigos da Globo!”
Um carisma total o Galvão. Subaproveitado. Devia estar no Ministério da Economia, e não narrando futebol. 
PIB lera que Galvão estava morando em Mônaco. Sabichão. Ficava muito mais fácil, assim, cobrir a Fórmula 1. Nunca alguém da estatura moral de Galvão optaria por Mônaco para não pagar imposto. Galvão certamente faria bonito na Dança dos Famosos, pensou PIB.
PIB não torcia a rigor para time nenhum. Era, essencialmente, anticorintiano. Com seu saco de pipocas na mão, viu, contrariado, o Corinthians vencer.
Amanhã os boys vão estar insuportáveis.
PIB queria muito ver o Jô.
Era um final de dia perfeito, ainda mais porque antes havia o aperitivo representado por William Waack. PIB achava um privilegio poder ver Waack não apenas na Globo como na Globonews. Os Marinhos podiam cobrar pela Globonews, mas não faziam isso para proporcionar cultura de graça aos brasileiros. PIB zapeava quando Waack dava suas lições na televisão, mas os fragmentos que pescava eram suficientes.
Jô. Não posso perder Jô. Uma enciclopédia. Podia ser editorislista do Estadão. Hoje ele vai entrevistar o Mainardi!
PIB bem que queria ver Jô. Ou pelo menos incluí-lo no zapeamento. Duas palavras de Jô valiam por mil das pessoas normais.
Mas não foi possível.
PIB acabou dormindo no sofá, do qual sua mulher achou preferível não o tirar, e onde ele roncou tão alto quanto o som da tevê — e teve, como sempre, o sono límpido, impoluto, irreprochável dos perfeitos idiotas.

A vitória do Bolsa Família

A vitória do Bolsa Família

- por Luis Nassif, em seu blog






Se houve um vitorioso na Conferência Rio+20 foram as políticas de transferência de rendas do país e, entre elas, especificamente o Bolsa Família.

A agenda da pobreza acabou indo para o centro

do documento final da conferência. E em todo lugar em que se discutia o tema, a experiência brasileira era apontada como a mais bem sucedida, em vários aspectos: efetividade (não gera dependência), os beneficiários trabalham, há o emponderamento das mulheres, melhor frequência escolar e desempenho das crianças.

Hoje em dia, há pelos menos duas delegações internacionais por semana visitando o MDS (Ministério do Desenvolvimento Social), segundo informa a Ministra Tereza Campello, para saber mais detalhes da experiência.

Com 9 anos de vida e 13,5 milhões de famílias atendidas, com riqueza de séries históricas, estatísticas e avaliações, o BF conseguiu desmentir várias lendas urbanas:.

Lenda 1 – o BF criará preguiçosos acomodados.

Os levantamentos comprovam que maioria absoluta dos adultos beneficiados trabalha na formalidade e na informalidade.

Lenda 2 – as beneficiárias tratarão de ter mais filhos para receber mais auxílio.

O último censo comprovou redução geral da natalidade no país, mais ainda no nordeste, mais ainda entre os beneficiários do BF.

Lenda 3 – um mero assistencialismo sem desdobramentos.

Nos estudos com gestantes, as que recebem BF frequentam em 50% a mais o pré-natal; as crianças nascem com mais peso e altura; houve redução da mortalidade materna e infantil. Há maior frequência das crianças às escolas.

Agora, através do programa Brasil Carinhoso, se entra no foco do foco, as famílias mais miseráveis com crianças de 0 a 6 anos. No total, 2,7 milhões de crianças.

Em 9 anos, atendendo 13,5 milhões de família, o BF consegue uma avaliação refinada e de segurança para todos os parceiros.

Com Brasil Carinhoso pretende-se chegar a 2,7 milhões de crianças, em famílias pobres com filhos entre 0 e 6 anos de idade.

A grande preocupação da presidente, explica Tereza Campello, é que essas crianças não podem esperar: qualquer impacto da pobreza sobre sua formação, qualquer problema nutricional as afetará por toda a vida

Essas famílias representam 40% dos extremamente pobres do país. Primeiro, se levantará sua renda atual. O Brasil Carinhoso complementará até atingir R$ 70,00 per capita por mês.

Hoje em dia, não há um técnico de renome que tenha ressalvas maiores ao Bolsa Família. As críticas estão concentradas em colunistas sem conhecimento maior de metodologia de políticas sociais, de estatísticas.

No início do governo Lula, havia duas vertentes de discussão sobre políticas sociais. Uma, a do universalismo inconsequente, a do distributivismo sem metodologia – cujo representante maior era Frei Betto e seu Fome Zero. A outra, um modelo metodologicamente sofisticado,, tem como figura central (na parte de focalização) o economista Ricardo Paes de Barros.

Prevaleceu um misto do modelo, com as estatísticas sendo utilizadas para focalizar melhor os benefícios. Foi esse modelo que acabou consagrando universalmente o BF.

As críticas desinformadas - 1
Conhecido por sua militância conservadora, o colunista Merval Pereira (o Globo e CBN) apresentou como contraponto ao Bolsa Familia o que ele considerou uma proposta alternativa de esquerda. “O Fome Zero/Bolsa-Família, do jeito que estava montado pela turma do Frei Betto, era um projeto de reforma estrutural, da estrutura do Estado. Frei Betto queria fazer comissões regionais sem políticos, para distribuição do Bolsa-Família, e a partir daí fazer educação popular”.

As críticas desinformadas - 2
Continua o revolucionário Merval: “ Era um projeto muito mais de esquerda, muito mais voltado para mudanças estruturais da sociedade. O Bolsa-Família hoje é um programa para manter a dominação do governo sobre esse povo necessitado. Patrus transformou-o num instrumento político espetacular, que foi o começo da força do lulismo”. O conceito de educação popular significa fora da rede oficial, levando mensagens populares aos alunos.

As críticas desinformadas – 3
O que Merval descreve, em seu discurso, é modelo similar ao do MST e sua universidade popular. A troco de quê um comentarista claramente conservador de repente se põe a defender modelos revolucionários que levem a “mudanças estruturais na sociedade”? Primeiro, a necessidade de ser negativo em relação a tudo. Segundo, o despreparo para tratar com temas técnicos. Empunha o primeiro argumento que lhe vem à mão, mesmo sendo contra tudo o que defende.

As críticas desinformadas – 4
Quando foi lançado, o Fome Zero nem podia ser tratado como programa. Era um amontoado de iniciativas caóticas cerca de slogans vazios. O objetivo seria mobilizar a sociedade para receber ajuda, sem nenhuma preocupação com logística de distribuição, com levantamentos estatísticos. Não havia a preocupação mínima de integrar o auxílio com educação, meio social. Não gerou sequer um documento expondo qualquer filosofia.

As críticas desinformadas – 5
Todo defeito que Merval vê na BF era constitutivo do tal Fome Zero. E as principais críticas ao Fome Zero vinham justamente dos economistas “focalistas”, aqueles que em geral são mais acatados nos círculos políticos que Merval frequenta. Na época, defendia-se a focalização como maneira de focar os gastos nos mais necessitados, evitando desperdícios. A crítica contrária era a dos universalistas – que queriam políticas sociais para todos.

As críticas desinformadas – 6
O que o BF fez foi incorporar toda a ciência dos indicadores dos focalistas, montar sistemas exemplares de acompanhamento e avaliação, e universalizar o atendimento a todos os miseráveis. É essa visão, amarrada a metodologias de primeiro nível, que a transformou em modelo universal de políticas sociais, perseguido por países africanos, asiáticos, por ONGs europeias e norte-americanas.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Reinaldo Azevedo, o ódio em palavras

Elias Jabbour: Reinaldo Azevedo, o ódio em palavras


A democracia “deles” é muito interessante mesmo. O monopólio é sinônimo de direito de usar a usurpar a ideia alheia de acordo com os próprios interesses e, principalmente, os interesses de seus patrões. A prática da imprensa-lúmpen é velha e rasteira. Vivem de factoides, de mentiras. Reinaldo Azevedo se esbalda do direito de fabricar factoides. E fazendo isso usando um tema sensível, instila o ódio aos que insistem em pensar de forma diferente dele e de seus patrões.

Por Elias Jabbour*



A democracia “deles” é muito interessante mesmo. O monopólio é sinônimo de direito de usar a usurpar a ideia alheia de acordo com os próprios interesses e, principalmente, os interesses de seus patrões. A prática da imprensa-lúmpen é velha e rasteira. Vivem de factoides, de mentiras. Reinaldo Azevedo se esbalda do direito de fabricar factoides. E fazendo isso usando um tema sensível, instila o ódio aos que insistem em pensar de forma diferente dele e de seus patrões.

A questão é a seguinte: qual o problema em um dirigente político de expressar sua opinião ante uma verdadeira torrente de manifestações contrárias a presença de um chefe de Estado de um país soberano no Brasil? Eu não vejo nenhum problema.

Mais do que isso. O grande “problema” do artigo de José Reinaldo Carvalho foi justamente o de colocar o dedo na ferida dos interesses que estão por trás da campanha de difamação tanto da República Islâmica do Irã, quanto de seu presidente. Ou não existe, de fato, um amplo lobby judeu/sionista, que atua em todos os campos possíveis da atividade política e econômica no mundo?

Neste sentido, negando este fato, não seria surpresa se o indigitado articulista da Veja afirmasse que o Mossad não mata, não assassina, não conspira e que, neste caso, o Mossad não passa de um executor de ordens divinas. - Quem mata não é o Mossad e sim deus.

Assim como foram “ordens divinas” que ordenaram a expulsão de dois milhões de palestinos de suas terras e casas desde 1948. São “ordens divinas” que imputam o direito de Israel em soltar bombas e usar seus tanques para varrer residências e usar todos os dispositivos tecnológicos possíveis contra um povo que insiste em ser povo, contra um povo que insiste em ser nação.

O “problema” de José Reinaldo Carvalho foi o de se colocar ao lado deste povo. O “problema” é o de não engolir o engodo de, segundo o próprio Azevedo, “que as bombas foram, sim, um horror em si, mas que o horror poderia ter sido maior ter-se prolongado e ter matado muito mais gente sem elas.”. Reinaldo Azevedo poderia explicar melhor isso, explicitando de quem são as bombas e o principal, de onde sai o dinheiro para a construção destas bombas.

Para esse tipo de escória da (des) informação, a “verdade tem perna curta”. Isso mesmo. O presidente do Irã é um “terrorista” e o único Estado que soltou bombas nucleares em território alheio apenas exerceu seu “direito divino” de construir um “mundo melhor” a partir da matança generalizada.

Quem incita o ódio e o preconceito não é José Reinaldo de Carvalho e sim seu interlocutor que faz um malabarismo retórico para colocar no mesmo saco “antissemita” aqueles que denunciam o arcabouço do verdadeiro terror por detrás do sionismo. Da mesma forma ocorre com aqueles que ao denunciar o imperialismo é posto num índex dos “antidemocratas”.

Reinaldo Azevedo não passa de um dos vários clones de Paulo Francis surgidos após a morte deste último. Vive a ganhar a vida destilando ódio a todos aqueles que insistem em não enxergar os fatos dentro de sua ótica domesticada.

Fico com Millôr: "Ou nos locupletamos todos ou se restabeleça a moralidade".

*Geógrafo

http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_secao=6&id_noticia=187394

Randolfe Rodrigues: Temos de ter tolerância zero com golpes

Randolfe Rodrigues: Temos de ter tolerância zero com golpes

 A deposição, por parte do parlamento do Paraguai, do presidente Fernando Lugo é um grave atentado à democracia. O julgamento realizado pelo Congresso Nacional paraguaio, liderado pelos partidos conservadores daquele país, teve como objetivo desestabilizar a democracia e recuperar os privilégios das elites paraguaias, impedindo a conclusão do mandato do presidente poucos meses antes das eleições.


Isso explica o rito sumário que sequer assegurou condições mínimas de defesa ao presidente acusado.

Os recentes conflitos nos quais morreram uma dezena de camponeses merecem investigação e punição dos culpados, mas não podem servir de pretexto para um golpe parlamentar por parte daqueles que governaram o Paraguai por décadas, usando a violência e o autoritarismo como método.

Esses setores não têm condições morais nem políticas para depor um presidente eleito em nome da democracia. A comunidade latino-americana está perplexa com mais esta ruptura da ordem democrática na região, agora no Paraguai.

Ainda estão vivos na memória de todos os defensores da democracia no continente o golpe perpetrado contra o presidente de Honduras, Manuel Zelaya, em 2009, e a tentativa de golpe contra o presidente Hugo Chávez em 2001.

Foram medidas que buscaram desestabilizar governos democraticamente eleitos pelo voto popular, que tinham como pano de fundo os interesses econômicos e políticos das potências -em especial dos Estados Unidos-, que têm apoiado ações para retomar o terreno perdido na América Latina nos últimos anos.

Nosso país já experimentou esse conhecido caminho: golpe de Estado, em pretexto para cumprir a Constituição, seguido de uma ditadura que manda cidadãos para a cadeia, para o exílio, para a tortura e para os cemitérios.

Por isso, não podemos ficar passivos, já que qualquer tentativa de diminuir o significado do golpe de Estado no país vizinho incidirá, num futuro próximo, na democracia do resto da América Latina.

Assim, o Brasil deve responder com firmeza, repudiando taxativamente a deposição do presidente paraguaio Fernando Lugo.

É papel dos países vizinhos garantir medidas que tenham como objetivo reestabelecer a ordem democrática no Paraguai e, concomitantemente, não prejudicar o povo daquele país -que se vê mais uma vez diante de um processo de desestabilização política com repercussões econômicas.

Venezuela, Argentina, Equador, Bolívia e Cuba já declaram não reconhecer o governo golpista.

Em nosso entendimento, o Brasil deve seguir o mesmo caminho e apoiar as medidas que buscam excluir o governo ilegítimo do Paraguai da Unasul e do Mercosul.

Neste momento de ataque à democracia do Paraguai, o governo brasileiro deve adotar medidas diplomáticas e de articulação política com todos os demais países da América Latina com o objetivo de restabelecer o Estado de Direito e a normalidade democrática em nosso país irmão.

Randolfe Rodrigues é historiador, senador pelo PSOL-AP é membro da Comissão de Relações Exteriores do Senado

Publicado na Folha de S. Paulo

Lei da Ficha Limpa pode impedir candidatura de seis mil políticos

Lei da Ficha Limpa pode impedir candidatura de seis mil políticos


O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) vai entregar nos próximos dias, aos tribunais regionais eleitorais, a lista de gestores públicos ficha suja, levantada pelo Tribunal de Contas da União. São quase 7 mil políticos, que poderão ser impedidos de disputar as eleições de outubro.





http://www.vermelho.org.br/tvvermelho/noticia.php?id_noticia=187030&id_secao=29

A comunista Ângela Albino terá Nildão (PT) como vice em Florianópolis

Militância lota ato que homologou candidatura de Ângela Albino

Mais de mil pessoas lotaram o auditório Antonieta de Barros, na Assembleia Legislativa de Santa Catarina, para consagrar a homologação da candidatura de Angela Albino (PCdoB) à Prefeitura de Florianópolis e de Nildomar Freire (PT), o Nildão, a vice, na noite desta quinta-feira (28). 
Ideli, Nildão, Angela e Renato Ideli, Nildão, Ângela e Renato, na convenção
Autoridades como o presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, e os presidentes locais e estaduais dos partidos coligados (PCdoB, PT, PR, PRB, PRP e PTdoB) prestigiaram o grande encontro.

“Quero tornar público que Angela Albino é o orgulho nacional do Partido Comunista do Brasil. Estamos transformando o nosso país com o governo Lula e agora Dilma e podemos transformar Florianópolis. Temos tudo para dar um passo à frente, renovar”, disse Rabelo em seu discurso enquanto destacava a capacidade política de Angela e Nildão.

A ministra Ideli Salvatti reforçou que a viabilidade da candidatura da deputada é incontestável e que a união proporcionará um governo para todos, mais justo e voltado para os que mais precisam. “Essa construção custou [para acontecer], mas valeu à pena para que a gente possa ter consistência de enfrentamento”, afirmou. A ministra surpreendeu o auditório lotado quando adaptou um trecho de O Rancho de Amor à Ilha e cantou para a plateia de mais de pessoas “jamais a política reuniu tanta certeza, jamais uma prefeita teve tanto para fazer. Um pedacinho de terra para gente governar”.

O presidente estadual do PT, Jose Fritsch; Fernando Ritter, presidente municipal do PRP; Anselmo Doll (PR),o bispo Jerônimo Alves (PRB) e Elizabete Quintino (PTdoB) reafirmaram o compromisso com a chapa. Jucélio Paladini, presidente municipal do PCdoB, destacou a importância da aliança. “Não existe transformação sem unidade”, disse.

O pré-candidato a vice, Nildomar Freire, o Nildão, estava tomado pela emoção e destacou a grandeza e a compreensão política dos pré-candidatos do partido, que, em prol de um projeto maior, manifestaram-se pela unidade, somando força à frente popular. Emocionada, Angela Albino agradeceu a diversas pessoas que fizeram parte de sua trajetória política e especialmente ao seu vice, Nildão. “Nós estamos juntos, de peito aberto, pela cidade”.




Proporcionais

Antes do grande encontro, os partidos da coligação fizeram suas convenções e homologaram suas chapas para as proporcionais. O PCdoB, PRP e PRB já confirmaram 35 candidatos a vereador por Florianópolis. O número ainda é parcial já que o PR finalizará sua convenção no final de semana e até agora oito candidatos estavam indicatos. O PT, que sai com chapa pura para as proporcionais, homologou 30 nomes de suas fileiras para a disputa pelas cadeiras da Câmara Municipal de Florianópolis.

http://www.pcdob.org.br/noticia.php?id_noticia=187256&id_secao=1