sábado, 23 de fevereiro de 2013

Guia: Como reconhecer um direitista enrustido?



                         Jair Bolssonaro...um dos direita-fascistóides mais raivosos do Brasil


     Arnaldo Jabor,mais do que um direitista....um FASCISTA!

.
- por André Lux, jornalista


 Resolvi fazer uma listinha básica com dicas para quem quer 
aprender a identificar um direitista enrustido. Porque, como bem 
sabemos, ninguém tem coragem de admitir que é de direita no 
Brasil, mas prestando atenção aos discursos e atitudes das pessoas 
fica fácil identifica-los.


Vamos lá:


1) Como bem apontou Fortes, o direitista enrustido costuma bradar que odeia política e políticos em geral e que “não existe esse negócio de direita e esquerda”. Mas, na prática, é diferente. O cara vota no Serra, em alguém do DEMo, do PSDB ou em qualquer um que for o anti-petista ou anti-comunista da vez. Se Adolf Hitler em pessoa ressuscitar e chegar ao segundo turno contra Lula, por exemplo, adivinhem só em quem ele vai votar?


2) Eles adoram xingar os abusos da Telefônica, da CPFL e os pedágios caríssimos das estradas. Enquanto você concorda, são só sorrisos. Porém, na hora que você 
lembra que a culpa de tudo isso recai sobre as
privatizações lesa-pátria ocorridas nos oito anos de governo
 FHC, ele fecha a cara e começa a defendê-las, alegando
 que “antes a gente tinha que esperar anos pra conseguir 
um telefone” e que a culpa é das “agências reguladoras” 
(que também foram criadas pelo FHC). Aí você explica
que não é contra parcerias público-privadas, desde que 
elas sejam feitas em favor da população e não de um 
grupelho de “amigos do rei”. E então faz aquela 
fatídica constatação: “Realmente, hoje você consegue 
uma linha rapidinho, só que paga as tarifas mais caras 
do mundo, recebe em troca um serviço horrível e não
 tem ninguém para reclamar”. Se depois disso a 
pessoa se enfurecer e começar a falar mal do Lula, do PT
 ou de Cuba, pode ter certeza que você está diante de um 
direitista.


3) Toda pessoa de direita acredita piamente que as pessoas são pobres porque querem. “O problema do Brasil é que pobre não gosta de trabalhar”, costumam repetir. De tanto ler a Veja e ver o Jornal Nacional, eles passam a crer que o sujeito mora numa favela e só consegue trabalhar de lixeiro porque “não quis estudar” ou “não se esforçou o suficiente para subir na vida”. Quando você lembra que essas pessoas não têm condições nem para comer, são obrigadas a trabalhar desde cedo largando os estudos e, devido a tudo isso, só conseguem arrumar subempregos, 
o direitista novamente vai fechar a cara e começar a resmungar
 coisas sem nexo do tipo: “Pode ser, mas se um vagabundo desses 
entrar na minha casa eu meto tiro!”.


4) Ainda em relação aos excluídos, o direitista vive dizendo 
que a solução para os problemas sociais do país é “investir 
em educação”. Claro que, como bom esquerdista, você vai 
concordar com ele. Mas você será obrigado a explicar que 
a direita, que governou o país desde que o Cabral invadiu essas
 terras, nunca investiu em cultura e em educação. Pelo contrário. 
E foi durante a ditadura militar de direita que o sistema 
público de ensino sofreu seu golpe mais duro, ficando totalmente 
sucateado. Então vai lembrar ao direitista que se todo mundo 
tivesse estudo e condições iguais para “subir na vida”, ele 
(ou ela) seria obrigado(a) a fazer faxina na própria casa ou a 
recolher o lixo da rua, já que ninguém mais precisaria se 
sujeitar a trabalhar nesses subempregos, exceto de forma 
voluntária para ajudar a comunidade - igual acontece em Cuba – 
ou no mínimo ganharia um salário igual ao de um médico. 
Pronto. Depois dessa é melhor você correr para um abrigo!


5) Pessoas de direita tendem a ser extremamente incoerentes. Via de regra, elas falam mal de tudo (política e políticos, programas na TV, filmes, jornalistas, sexualidade, música) e repetem que “o mundo está perdido”, “nada mais presta” ou “na minha época não tinha nada disso”. E geralmente terminam suas reclamações dizendo que a única solução para tudo isso é “jogar uma bomba atômica e começar tudo de novo”. Aí, logo depois, eles afirmar que são “conservadores”...


6) Conheço uma dúzia de caras, por exemplo, que adoram o Pink Floyd (até tocam suas músicas em bandas cover)
 enquanto repetem jargões que deixariam até um nazista 
envergonhado. “Vai dizer que o Roger Waters é petista agora??” 
costumam vociferar quando você aponta essa incongruência
 a eles. Obviamente, os direitistas confundem ser “de esquerda”
 com “ser petista” ou “ser comunista”. Quando eles cantam
 “Imagine”, do Lennon, com certeza não se tocam que aquela 
é uma música que contesta o sistema vigente que eles 
defendem, ou seja, é de esquerda. E aí, voltamos à 
lógica esquizofrênica exposta acima: o direitista enrustido 
é contra tudo, acha que o mundo está perdido, que o ser 
humano não presta e que político é tudo FDP, mas na 
hora das eleições, dá seu voto aos sujeitos mais conservadores,
 reacionários e corruptos que existem. Justamente aqueles que,
 além de não mudar nada, vão deixar tudo ainda pior. Aqueles
 que, como diz Mino Carta, “querem deixar as coisas como 
estão para ver como é que ficam”.


7) Uma forma fácil de identificar um(a) direitista enrustido(a) é começar a falar sobre Cuba. Disfarçado no discurso “a favor da democracia e da liberdade”, você vai poder identificar todos os clichês mais obtusos que a mídia de direita usa para doutrinar os incautos. Não adianta você dizer que antes do Fidel, Cuba era uma ditadura de direita na qual a maioria esmagadora da população passava fome e não tinha direitos. Nem que, depois do Fidel, ninguém mais passa fome e todos têm acesso gratuito à educação, à saúde,
 à alimentação e ao transporte. Também é inútil explicar
 que, em Cuba, não existem crianças na rua pedindo esmola 
e que a maioria da população tem curso superior adquirido 
gratuitamente. Pois o direitista vai jogar na sua cara que 
em Cuba não existem carros zero km, nem telefone celular, 
nem shopping centers, nem DVD, nem liberdade de imprensa. 
Sim, trata-se da mesma pessoa que acabou de vociferar que 
“o mundo está perdido”, “na televisão só tem porcaria”, 
“jornalista é tudo safado e a imprensa é uma merda”, 
“hoje em dia essa molecada só quer gastar dinheiro com 
lixo” e “o problema do Brasil é a falta de educação e 
cultura”. Eu disse que coerência não é o forte deles, não disse?


8) Direitista enrustido que se preze é a favor do neoliberalismo. 
Não, ele não tem idéia do que é isso nem quem inventou esse 
negócio, mas como ouviu o Arnaldo Jabor e o Django Mainardi
 dizendo que era a solução para os problemas do mundo, 
ele acreditou. E passou a repetir tudo como um bom papagaio: 
são contra o Estado e as Estatais (mas não reclamam quando 
dinheiro público é usado para salvar bancos privados da falência), 
a favor das privatizações (sim, as mesmas que o fazem 
espumar de ódio contra a Telefônica) e pregam a “redução 
dos impostos” (ao mesmo tempo em que choram de raiva por 
terem que pagar fortunas para ter plano de saúde privado). 
Como são manipulados pela mídia de direita, adoram meter o
 pau no governo Lula, não reconhecem nenhum mérito 
nele e acreditam (mesmo!) que tudo de bom que acontece
 hoje no país é resultado do governo FHC (embora eles 
odeiem política e todos os políticos, inclusive os do PSDB, 
lembram?).














9) Outra característica marcante da turma da direita é a certeza absoluta que são donos da verdade. Quando eles falam sobre qualquer assunto, não estão emitindo uma opinião, mas sim uma verdade única e incontestável. A melhor forma de fazer um tipinho desses sair do armário e mostrar sua verdadeira face é simplesmente contestá-lo com argumentos sólidos e muita calma. Eles até vão tentar rebater, mas quando perceberem que o que estão dizendo é APENAS uma opinião e que, por mais que tentem te ridicularizar ou denegrir, você não vai mudar a sua opinião, o direitista enrustido vai então partir para ataques 
chulos e de cunho pessoal, como que tentando convencer os 
outros que o que você diz não tem valor, afinal trata-se de 
uma pessoa má, feia, fedida, chata ou qualquer outra 
coisa. Em última instância, o direitista enrustido vai 
perder todas as estribeiras e acabará apelando para o último
 recurso usado na tentativa de calar o interlocutor: ameaçar 
processá-lo!


E então? Você conhece um não conhece um monte de gente 
assim por aí? Vai ver você é uma delas. Mas não se desespere, 
pois sempre é hora para mudar.


E, como diz John Lennon, eu espero que um dia você possa se 
juntar a nós para que o mundo possa ser um só...

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Opus Dei: os livros proibidos pela instituição










‘Index’ proíbe 79 livros de autores portugueses
Estes são dois fragmentos — os mais literários — de uma série publicada pelo Diário de Notícias de Portugal. O autor é o jornalista Rui Pedro Antunes.
Autores e especialistas portugueses mostram-se indignados por o Opus Dei ter uma lista de livros que proíbe os seus membros de ler. José Saramago é um dos escritores mais castigados ao nível mundial, sendo um dos recordistas no número de livros proibidos. Também ‘censurada’, Lídia Jorge diz que o Opus Dei deveria ter “vergonha” de ter este tipo de listagem, igualmente arrasada pela Sociedade Portuguesa de Autores. A lista é, porém, ‘legal’.
José Saramago e Eça de Queirós são os escritores portugueses mais castigados pela “lista negra” de livros do Opus Dei. A organização da Igreja Católica tem uma listagem de livros proibidos, com diferentes níveis de gravidade (ver topo da página), na qual põe restrições a 33 573 livros. Nos três níveis mais elevados de proibição encontram-se 79 obras de escritores portugueses. Autores portugueses contactados pelo DN mostram-se indignados com o que classificam de “Index” e “livros da fogueira”.
O Opus Dei sempre teve um Guia Bibliográfico, onde incluía os livros proibidos, com uma classificação de 1 a 6 (o nível mais elevado). Há quatro anos, aquilo que era uma lista de Excel que circulava pelos membros da obra, ganhou forma na Internet (http://almudi.org) e passou a estar aberto à contribuição dos membros. Como explica o Opus Dei Portugal, passou a existir um site “tipo crowdsourcing, aberto à contribuição de interessados, moderado por dois editores: Carlos Cremades e Jorge Verdià [membros da obra]“. Mudaram-se as designações, dividiram-se os livros em duas partes (literatura e não ficção), mas mantiveram-se os níveis de proibição. E há uma novidade: uma lista de filmes “desaconselhados”.
“Deus é um filho da puta”, escreveu Saramago num dos livros proibidos (Caim). Porém, não é preciso haver um nível tão direto de confronto à Igreja para que o livro seja proibido. Só nos três mais elevados níveis de interdição, Saramago tem 12 livros. Caim, o Evangelho Segundo Jesus Cristo, o Manual de Pintura e Caligrafia e o Memorial do Convento são definidos como os mais perigosos (6; LC-3).
A presidente da Fundação Saramago e viúva do escritor, Pilar del Río, classifica em entrevista ao DN (ver página 33) este índice de “grosseiro e repugnante”, deixando várias críticas à obra: “É uma organização a que chamamos seita porque somos educados. Por acaso, eles não são.” Pilar revela ainda que Saramago nunca escreveu sobre o Opus Dei porque considerava a organização “uma formiga” e mostra-se ainda chocada pelo facto de “neste nível de pensamento cartesiano e da razão haja quem se submeta à irracionalidade das seitas”.
A escritora Lídia Jorge – que também tem dois livros no mais elevado nível de proibição (Costa dos Murmúrios e O Dia dos Prodígios) – confessou-se “chocada” quando confrontada pelo DN com a existência da lista. Lídia Jorge disse mesmo que os membros do Opus Dei deviam ter “vergonha” e classifica quem fez a listagem de “gente retrógrada e abstrusa”. “São pessoas que desprezo porque se armam em mentores, em guardas morais, quando, no fundo, revelam uma ignorância absoluta sobre o papel da literatura.” Quanto às duas obras proibidas, Lídia Jorge explica que têm “uma linguagem e uma atitude mais libertária perante a vida” e que, talvez por isso, tenham sido censuradas. O que a repugna.
Freud e Marx, os mais censurados na não ficção
Tudo o que são clássicos e grandes obras da literatura mundial passaram pelo crivo dos delegados de estudos do Opus Dei. Por isso é difícil encontrar um grande escritor que não tenha sido ‘censurado’ pela obra. Dos últimos 15 prémios Nobel da Literatura só um não tem livros proibidos. Os restantes 14 têm 72 obras ‘proibidas’. Na não ficção, que inclui obras de grande importância científica, Marx, Freud ou Nietzsche estão entre os que não escaparam ao ‘lápis azul’ da organização.
As aventuras de Leopold Bloom a fazer a sua odisseia por Dublin (em Ulisses, de James Joyce), a chegada de Cândido a Lisboa após o terramoto de 1755 (em Cândido, de Voltaire) ou as dúvidas existenciais de Zuckerman (obras de Philip Roth) são histórias que os membros do Opus Dei não podem desfrutar. Grandes nomes da literatura e das ciências sociais mundiais fazem parte da lista de 33 573 livros proibidos pela obra.
Olhando, por exemplo, para os últimos 15 prémios Nobel da Literatura, apenas um (Le Clézio) escapou à lista negra de livros do Opus Dei. Só nos três mais elevados níveis de proibição (ver infografia na página 31) existem 72 obras. O peruano Mario Vargas Llosa (Nobel em 2010) conta com 17 obras nestes níveis de proibição. É imediatamente seguido pelo português José Saramago, com 12 títulos (ver páginas 30 e 31). Mas a lista não para por aqui: Doris Lessing (nove livros), John Coetzee (oito), Günter Grass (sete) e Elfriede Jelinek (quatro) são outros dos mais castigados. Orhan Pamuk apenas foi brindado com um livro proibido e os dois últimos nóbeis (Mo Yan e Tomas Tranströmer) têm livros classificados com níveis de interdição mais baixos.
E a lista de grandes autores proibidos está longe de se esgotar nos últimos laureados pelo maior prémio da literatura. O romance Ulisses, de James Joyce – um marco do modernismo literário -, tem o mais elevado nível de proibição (6; L-C3). O mesmo acontece com livros de autores como Albert Camus, Gabriel García Márquez, Samuel Beckett, Jean-Paul Sartre (também eles Nobéis), Voltaire, Aldous Huxley, Henry Miller, Truman Capote, Philip Roth ou Vladimir Nabokov.
Também “censurados”, mas com níveis de proibição mais baixos, surgem os nomes de Ernest Hemingway, Orwell, Jorge Luis Borges, Dostoievski, Kafka ou F. Scott Fitzgerald.
O líder do Opus Dei Portugal, José Rafael Espírito Santo, explica que esta lista é “no fundo estar a procurar um conselho para defender a fé”, lembrando que “o Papa João Paulo II antes de ler um livro consultava e perguntava se era um livro adequado”. O vigário regional do Opus Dei utiliza ainda uma metáfora para justificar a lista: “Há medicamentos que só se vendem com receita médica. Por quê? Porque uma pessoa que não saiba, em vez de fazer bem à saúde, pode fazer mal. A fé não se apoia na razão. E, portanto, pode haver modos de empregar a razão que sejam nocivos para o próprio ser humano porque a verdade é só uma.”
http://www.sul21.com.br/blogs/miltonribeiro/2013/02/21/opus-dei-os-livros-proibidos-pela-instituicao/

O Manifesto do Partido Comunista....(Comentários)




O Manifesto Comunista fez a humanidade caminhar. Não em direção ao paraíso, mas na busca da solução de problemas como a miséria e a exploração do trabalho. Rumo à concretização do princípio, teoricamente aceito há 200 anos, diz que 
"todos os homens são iguais". E sublinhando a novidade que afirmava que os pobres, os pequenos, os explorados também podem ser sujeitos de suas vidas.


O Manifesto do Partido Comunista....

Por isso é um documento histórico, testemunho da rebeldia do seres humanos. Seu texto, racional, aqui e ali bombástico e, em diversas passagens irônico, mal esconde essa origem comum com homens e mulheres de outros tempos: o fogo que acendeu a paixão da Liga dos Comunistas, reunida em Londres no ano de 1847, não foi diferente do que incendiou corações e mentes na luta contra a escravidão clássica, contra a servidão medieval, contra o obscurantismo religioso e contra todas as formas de opressão.

A Liga dos Comunistas encomendou a Marx e a Engels a elaboração de um texto que tornasse claros os objetivos dela e sua maneira de ver o mundo. E isto foi feito pelos dois jovens, um de 30 e o outro de 28 anos. Portanto, o Manifesto Comunista é um conjunto afirmativo de idéias, de "verdades" em que os revolucionários da época acreditavam, por conterem, segundo eles, elementos científicos – um tanto economicistas – para a compreensão das transformações sociais. Nesse sentido, o Manifesto é mais um monumento do que um documento... Pétreo, determinante, forte: letras, palavras, e frases que queriam Ter o poder de uma arma para mudar o mundo, colocando no lugar "da velha sociedade burguesa uma associação na qual o livre desenvolvimento de cada membro é a condição para o desenvolvimento de todos."
O Manifesto tem uma estrutura simples: uma breve introdução, três capítulos e uma rápida conclusão.
A introdução fala com um certo orgulho, do medo que o comunismo causa nos conservadores. O "fantasma" do comunismo assusta os poderosos e une, em uma "santa aliança", todas as potências da época. É a velha "satanização" do adversário, que está "fora da ordem", do "desobediente". Mas o texto mostra o lado positivo disso: o reconhecimento da força do comunismo. Se assusta tanto, é porque tem alguma presença. Daí a necessidade de expor o modo comunista de ver o mundo e explicar suas finalidades, tão deturpadas por aqueles que o "demonizam".
A parte I, denominada "Burgueses e Proletários", faz um resumo da história da humanidade até os dias de então, quando duas classes sociais antagônicas (as que titulam o capítulo) dominam o cenário.
A grande contribuição deste capítulo talvez seja a descrição das enormes transformações que a burguesia industrial provocava no mundo, representando "na história um papel essencialmente revolucionário".
Com a argúcia de quem manejava com destreza instrumentos de análise socioeconômica muito originais na época, Marx e Engels relatam (com sincera
admiração !) o fenômeno da globalização que a burguesia implementava, mundializando o comércio, a navegação, os meios de comunicação.
O Manifesto fala de ontem mas parece dizer de hoje. O desenvolvimento capitalista libera forças produtivas nunca vistas, "mais colossais e variadas que todas as gerações passadas em seu conjunto". O poderio do capital que submete o trabalho é anunciado e nos faz pensar no agora do revigoramento neoliberal: nos últimos 40 anos deste século XX, foram produzidos mais objetos do que em toda a produção econômicaanterior, desde os primórdios da humanidade.
revolução tecnológica e científica a que assistimos, cujos ícones são os computadores e satélites e cujo poder hegemônico é a burguesia, não passa de continuação daquela descrita no Manifesto , que "criou maravilhas maiores que as pirâmides do Egito, que os aquedutos romanos e as catedrais góticas; conduziu expedições maiores que as antigas migrações de povos e cruzadas". Um elogio ao dinamismo da burguesia?
Impiedoso com os setores médios da sociedade – já minoritários nas formações sociais mais conhecidas da Europa - , o Manifesto chega a ser cruel com os desempregados, os mendigos, os marginalizados, "essa escória das camadas mais baixas da sociedade", que pode ser arrastada por uma revolução proletária mas, por suas condições de vida, está predisposta a "vender-se à reação". Dá a entender que só os operários fabris serão capazes de fazer a revolução.
A relativização do papel dos comunistas junto ao proletariado é o aspecto mais interessante da parte II, intitulada "Proletários e Comunistas".
Depois de quase um século de dogmatismos, partidos únicos e "de vanguarda" portadores de verdade inteira, é saudável ler que "os comunistas não formam um partido à parte, oposto a outros partidos operários, e não têm interesses que os separem do proletariado em geral".
Embora, sem qualquer humildade, o Manifesto atribua aos comunistas mais decisão, avanço, lucidez e liderança do que às outras frações que buscam representar o proletariado, seus objetivos são tidos como comuns: a organização dos proletários para a conquista do poder político e a destruição de supremacia burguesa.
O "fantasma" do comunismo assombrava a Europa e o livro procura contestar, nessa parte, todos os estigmas que as classes poderosas e influentes jogavam sobre ele. Vejamos alguns desses estigmas, bastante atuais, e a resposta do Manifesto:
Os comunistas querem acabar com toda a propriedade, inclusive a pessoal !
Você já deve ter ouvido isso... Em 1989, no Brasil, quando Lula quase chegou lá, seus adversários espalharam o boato de que as famílias de classe média teriam que dividir suas casas com os sem-teto... A bobagem é velha, de 150 anos. Marx e Engels responderam que queriam abolir a propriedade burguesa, capitalista. Para os socialistas, a apropriação pessoal dos frutos do trabalho e aqueles bens indispensáveis à vida humana eram intocáveis. Ao que se sabe, roupas, calçados, moradia não são geradores de lucros para quem os possui... O Manifesto a esse respeito, foi definitivo, apesar de a propaganda anticomunista e burra não ter lhe dado ouvidos: "O comunismo não retira a ninguém o poder de apropriar-se de sua parte dos produtos sociais, tira apenas o poder de escravizar o trabalho de outrem por meio dessa apropriação."

Os comunistas querem acabar com a família e com a educação !
Sempre há alguém pronto para falar do comunista "comedor de criancinha". Ao ouvir isso, não deixe de indagar se uma família pode viver com o salário mínimo, o pai e mão desempregados e uma moradia sem fornecimento de água e sem luz. E se uma criança pode ser educada para a vida numa escola pública abandonada pelo governo, que finge que paga aos professores e funcionários. Na sociedade capitalista a educação é, ela própria, um comércio, uma atividade lucrativa...

Os comunistas querem socializar as mulheres !
Essa fazia parte do catecismo de "satanização" das idéias socialistas. "Para o burguês, sua mulher nada mais é que um instrumento de produção. Ouvindo dizer que os instrumento de produção serão postos em comum, ele conclui naturalmente que haverá comunidade de mulheres. O burguês não desconfia que se trata precisamente de dar à mulher outro papel que o de simples instrumento de produção." É bom lembrar que alguns socialistas, até hoje, não conseguiram aceitar essa nova compreensão da mulher. O machismo nega o marxismo...
A parte III, denominada " Literatura Socialista e Comunista" faz fortes críticas às diferentes correntes socialistas da época.
O Manifesto corta com a afiada faca da ironia três tipos de socialismo da época: o "socialismo reacionário" (subdividido em socialismo feudal, socialismo pequeno-burguês e socialismo alemão, o "socialismo conservador e burguês" e o "socialismo e comunismo crítico-utópico".
Nesse capítulo a obra mostra seu caráter temporal, quase local. Revela sua profunda imersão na efervescência das idéias e combates daquela época, quando a aristocracia, para salvar os dedos já sem seus ricos anéis, condena a burguesia e, numa súbita generosidade, tece loas a um vago socialismo.
A conclusão, "Posição dos Comunistas Diante dos Diferentes Partidos de Oposição" é um relato das táticas adotadas naquele momento pelos comunistas, na França, na Suíça, na Polônia e na Alemanha. Estados Unidos e Rússia, que viviam momentos de alta tensão social e política, não são mencionados, como reconheceu Engels em maio de 1890, ao destacar com sinceridade "o quanto era estreito o terreno de ação do movimento proletário no momento da primeira publicação do Manifesto em fevereiro de 1848".
O Manifesto Comunista como não poderia deixar de ser, termina triunfalista e animando. Não quer espiritualizar e sim emocionar para a luta. Curiosamente, retoma a idéia do "fantasma", ao desejar que "as classes dominantes tremam diante da idéia de uma revolução comunista". Os proletários, que têm um mundo a ganhar com a revolução, também são, afinal, conclamados, na célebre frase, que tantos sonhos, projetos de vida e revoluções sociais já inspirou:
"PROLETÁRIOS DE TODOS OS PAÍSES, UNI-VOS !"

A Direita se mobiliza em defesa de Yoani


 
Blogueira cubana na chegada do Congresso acompanhada por parlamentares / Foto: Fabio Rodrigues/Reuters  

Alexandre Haubrich: A Direita se mobiliza em defesa de Yoani


Do Portal Vermelho

Em Feira de Santana, na Bahia, o prefeito da cidade, do DEM, pediu ajuda da Polícia Militar para garantir a segurança da cubana. Ao mesmo tempo, o PP e o PSDB convidaram-na na última terça-feira à Câmara de Deputados. A Direita se mobiliza em defesa de Yoani Sánchez, diz o jornalista, direto de Havana que escreve para o Portal Brasil 247, Alexandre Haubrich. Leia abaixo:


Em visita ao Brasil, a blogueira cubana Yoani Sánchez tem enfrentado protestos por onde passa. Já aconteceu na Bahia, já aconteceu no Rio Grande do Norte, e em Brasília, onde desembarcou no início da tarde desta quarta-feira, houve bate-boca ao ser recebida no Congresso. Alguns parlamentares reclamavam de sua presença e da interrupção dos trabalhos na Casa. Yoani, pouco conhecida em Cuba, é a principal fonte cubana de toda a mídia internacional empenhada em desconstruir as conquistas da Revolução. Não é diferente no Brasil.


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Em uma das fotos referentes aos protestos, Yoani é escoltada por Demétrio Magnoli, articulista dos Instituto Millenium, organização que tem como mantenedores figuras como Armínio Fraga, João Roberto Marinho, Jorge Gerdau, Nelson Sirotsky e Roberto Civita e, entre as instituições parceiras, o Movimento Endireita Brasil. Entre os "especialistas" vinculados ao Instituto Millenium, uma das poucas estrangeiras é justamente Yoani.

A Direita se mobiliza em defesa de YoaniNa segunda-feira, o senador do PSDB Álvaro Dias baseou-se em texto da revista Veja para pedir esclarecimentos ao ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, ao ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, e ao embaixador de Cuba, Carlos Zamora Rodrigues, sobre suposto dossiê sobre Yoani que teria sido elaborado antes da visita.

A blogueira cubana, que viveu na Suíça durante dois anos antes de voltar a Cuba, criou em 2007 o blog Generación Y, onde tece críticas ao governo cubano, especialmente a partir de problemas cotidianos enfrentados na ilha. Segundo documentos divulgados pelo Wikileaks, porém, a blogueira mantém relações estreitas com o Escritório de Interesses dos Estados Unidos em Cuba, espécie de embaixada estadunidense com algumas limitações diplomáticas. Conforme relata, de Cuba, o jornalista Iroel Sánchez, que mantém o blog La Pupila Insomne e colabora com o EcuRed, espécie de Wikipédia cubano, "Yoani Sánchez aparece 124 vezes em Wikileaks, é o personagem colaborador do Escritório dos EUA que mais vezes aparece no Wikileaks".

Em Cuba, uma desconhecida
O jornalista cubano Iroel Sánchez garante que em Cuba Yoani não é conhecida, para o que baseia-se em documentos do Wikileaks: "Há um telegrama que deu a conhecer o Wikileaks, trocado entre diplomatas estadunidenses em Cuba. Há uma pesquisa que fez o Escritório de Interesses dos Estados Unidos em Cuba, onde perguntam pelo conhecimento que tem a população cubana sobre alguns dos personagens que têm vínculos com esse Escritório. Uma pesquisa feita com pessoas que vão ali pedir visto para ir aos EUA. E mesmo assim só 2% conheceram a Yoani Sanchez". O jornalista diz que os poucos que a conhecem "a chamam de mercenária, argumentando que serve, em troca de dinheiro e privilégio, à agressão dos Estados Unidos contra o país onde nasceu". É o que ele próprio pensa: "ela é um instrumento da política dos Estados Unidos contra Cuba", diz.

O desconhecimento do povo com relação a Yoani não se deve, ao contrário do que dizem os admiradores da blogueira, a um suposto bloqueio governamental à internet. O acesso em Cuba é dificultado pela proibição, pelos EUA, de utilização por Cuba dos cabos submarinos que abastecem a região com sinal de internet. Mesmo assim alguns cubanos conseguem utilizar a rede – graças, inclusive, à parceria com a Venezuela que tem levado novos cabos à ilha – enquanto outros recebem informações via intranet. Elaine Diaz, jornalista cubana e professora da Universidade de Havana, garante: "os cubanos que têm acesso à internet (não à intranet, um tipo de internet para acessar sites de domínio .cu, unicamente) podem, sim, acessar o seu site atualmente".

Elaine, que constantemente tece críticas ao governo, incomoda-se com o espaço dado a Yoani: "já não penso nada sobre ela, ou seja, me é tão, mas tão indiferente que me incomoda a centralidade que meu país e meu governo dão às coisas que ela diz ou faz". Mantendo a crítica, Elaine não concorda com a postura assumida por Yoani: "é meu país, o que vou fazer? Trato de mudá-lo, não de ir à embaixada dos Estados Unidos. É uma atitude diferente frente à vida", explica.

Iroel fala no mesmo sentido: "Seu blog não está bloqueado em Cuba". E explica a atuação de Yoani: "Ela não escreve para os cubanos. Ela escreve para os grandes jornais que lê a classe média no mundo, no Brasil, na Espanha, no México, na Argentina. Ela disse que os cubanos passam fome, porque não há tangerina no mercado. Bom, é verdade, não há tangerinas no mercado, mas isso não significa que estamos passando fome. Ou diz que estragou o elevador do edifício. Bom, isso não diz nada para uma favela em Buenos Aires, não diz nada para o povo mapuche. Ela não escreve para 80% do povo latino-americano. Escreve para a grande mídia que exclui no Brasil, na Argentina...É uma aliada dos que excluem as maiorias. É fabricada e paga pela maquinaria que exclui a opinião da maioria".

Os protestos no Brasil
Os meios de comunicação estatais, segundo Elaine, não têm feito qualquer cobertura da vinda da blogueira ao Brasil. A jornalista tem se informado a respeito pela internet, pelas redes sociais. E tem gostado do que tem visto: "Aprecio muito o que está fazendo a UJS no Brasil", comemora, e completa: "Estive duas vezes no Brasil, e só sinto agradecimento pelo infinito carinho com que me receberam". Para Iroel, os protestos "demonstram que apesar do favor que lhe faz a grande mídia, ela (Yoani) carece de popularidade no Brasil, são mais os que a rechaçam do que os que a aplaudem. Algo muito diferente do que acontece quando líderes políticos da Revolução Cubana visitam o Brasil".



http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=206530&id_secao=1

Cubana Yoani Sánchez encerra evento após manifestações em São Paulo





Manifestantes protestam contra a visita ao país de Yoani Sánchez durante evento na região central de São Paulo nesta quinta-feira Foto: Paulo Whitaker / Reuters
Manifestantes da UJS-PCdoB  protestam contra a visita ao país de Yoani Sánchez durante evento na região central de São Paulo nesta quinta-feira
Foto: Paulo Whitaker / Reuters

Do site (golpista) Terra
A dissidente cubana Yoani Sánchez precisou encerrar um debate na noite desta quinta-feira após ser interrompida por dezenas de manifestantes pró-Cuba durante um evento em uma livraria na região central de São Paulo.
Yoani participava do relançamento de seu livro De Cuba, com Carinho e faria uma sessão de autógrafos no auditório da livraria Cultura. Ela foi interrompida após a segunda pergunta do debate, e as atividades foram canceladas.

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A Direita se mobiliza em defesa de Yoani

Yoani chegou ao Brasil na madrugada de segunda-feira e sua visita ao país tem sido tumultuada por manifestantes. Apesar disso, a blogueira disse não estar surpreendida com os protestos, e os classifica como um direito democrático.
"No ano passado, mais de 40 mil cubanos abandonaram a ilha. Os cubanos em lugar de protestar na rua estão utilizando a imigração como forma de mostrar a sua insatisfação com o sistema", disse a blogueira nesta quinta-feira em São Paulo. "Por outro lado, por que não se protesta na rua? Bom, porque esse tipo de coisa não está permitido no meu país", acrescentou.
Durante a manifestação em São Paulo, Vivian Mendes, do Movimento Paulista de Solidariedade a Cuba, criticou as opiniões de Yoani e disse que a blogueira não representava a massa da população cubana.
"A Yoani, assim como o povo cubano, que por ventura tem qualquer diferença com o governo, eles têm espaço e eles podem e devem se manifestar, dizer quais são os ajustes que são necessários. Agora, a realidade é que a Yoani representa 1% da população cubana. A hegemonia do povo cubano defende o socialismo, quer que ele se aprofunde."
A mais conhecida ativista de oposição da ilha comunista chegou a São Paulo na madrugada desta quinta-feira e participou mais cedo de debate na sede do jornal O Estado de S. Paulo.
Por outras cidades onde passou, Yoani também foi alvo de manifestações. Nos aeroportos do Recife e de Salvador, manifestantes a acusaram de agir sob influência dos Estados Unidos.
Em Feira de Santana (BA), as manifestações impediram a exibição do documentário Conexão Cuba x Honduras, do cineasta Dado Galvão, no qual é uma das entrevistadas. Em Brasília, visitou o Congresso Nacional amparada por deputados e sua presença provocou alvoroço envolvendo manifestantes a favor e contra o regime comunista de Cuba.
A blogueira, 37 anos e residente em Havana, ganhou a ira do governo comunista de Cuba por suas críticas constantes desde seu blog Generación Y e por meio da popular rede social Twitter. Ela tem dezenas de milhares de seguidores no exterior, mas poucos em Cuba, onde a Internet é controlada pelo governo.
Yoani finalmente recebeu seu passaporte há apenas duas semanas graças a uma reforma de imigração cubana que entrou em vigor neste ano, depois de ter seu pedido para viajar negado mais de 20 vezes nos últimos cinco anos pelo regime dos irmãos Fidel e Raúl Castro.
O Brasil é a primeira escala de uma viagem que a levará a diversos países, como Argentina, Peru, México, Estados Unidos, Espanha, Itália, Polônia e República Tcheca.
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