sábado, 12 de abril de 2014

Marcelo Adnet ironiza eleitorado de Aécio Neves, PSDB



O comediante Marcelo Adnet,  ironiza  eleitorado de Aécio Neves nas Eleições deste ano  que se destaca por suas opiniões preconceituosas

Lula: " É hora de mostrar quem é quem na política"

   

Efeito Raquel Sherazaade: Jovem negro é espancado e morto por populares no Espírito Santo


SÁBADO, 12 DE ABRIL DE 2014



1_babarie2-1341040



O corpo negro ensanguentado e o olhar assustado que você na foto é do menino Alailton Ferreira, de 17 anos, cercado por um grupo armado com pedras, barras de ferro e pedaços de madeira. Momentos depois, ele seria foi alvo de um espancamento coletivo. Desacordado, foi levado ao hospital, mas não resistiu e morreu na noite de terça-feira (8).
Aos gritos de “mata logo” e de vários xingamentos, o espancamento aconteceu às margens da BR 101, na tarde do último domingo (6), no bairro de Vista da Serra II, cidade de Serra, há cerca de 30km da capital Vitória, no Espírito Santo. Só depois de duas horas de muita violência, a Polícia Militar chegou ao local, colocou o jovem na viatura e o levou até a Unidade de Pronto Atendimento. “Os policiais militares descreveram no boletim de ocorrência que foi necessário utilizar spray de pimenta para conter os populares” disse o delegado-chefe do DPJ, Ludogério Ralff.

Acusação de Estupro
O motivo do linchamento foi causado por acusações controversas. Alguns disseram que o jovem teria tentado estuprar uma mulher. Outros que ele seria suspeito de tentar roubar uma moto e abusar de uma criança de 10 anos. Tudo ocorreu no domingo (6), mas até esta quarta-feira, dia em que Alailton foi enterrado, não havia qualquer denúncia ou relato de testemunhas, segundo a Polícia Civil.
O irmão contesta as acusações e diz que o adolescente sofria de problemas mentais: “Ele chamou a menina, ela se assustou e correu para chamar a família. Os familiares e vizinhos correram atrás dele. Por isso as pessoas falaram que ele era estuprador. Se ele quisesse roubar uma moto, teria feito no próprio bairro, mas ele nem sabe pilotar”. Segundo o tio do jovem, foi um ato de covardia. “Ele estava com uns problemas de saúde e ficava assustado com frequência”.
O morador Uelder Santos, 29, em entrevista para um jornal também colocou as acusações sob suspeita: “Ninguém viu esse tal estupro ou mesmo noticias da suposta vítima”.

“Peçam perdão a Deus pelo que fizeram”, diz a Mãe


wnkeg555ldjdd0bnmwl5aazu1506902
Em entrevista a um jornal, a mãe de Alailton,  a doméstica Diva Suterio Ferreira, 46, disse que  o filho teria sido vítima de uma injustiça: “Ele já foi preso por furto, usava droga, mas não estuprou ninguém, jamais faria isso”. Cristã, disse que se apega a Deus para socorrê-la nesse momento difícil:     Meu filho era amado, sonhava em me dar uma casa. Dizia que queria um quarto para ele, um para mim e um para irmã.    Minha filha, de 11 anos, só chora, tem medo de sair à rua depois do que aconteceu.     Acredito na justiça divina. Peço que essas pessoas peçam perdão a Deus pelo que fizeram ao meu filho”.

Violência endêmica e elemento racial (nada) subjetivo

O escritório das Nações Unidas apresentou nesta quinta-feira (10) um levantamento sobre as taxas de homicídio em que conclui que as Américas são as regiões mais violentas do planeta. O Brasil está entre países mais violentos. Das 30 cidades mais violentas do planeta, 11 são brasileiras. Segundo a publicação, Maceió é a quinta cidade do mundo com mais homicídios por cada 100 mil habitantes. A cidade de Vitória do Espírito Santo, vizinha ao local onde Alailton foi assassinado por populares, é a 14ª da lista mundial.
Não gosto de suposições, por isso fico nas perguntas: qual seria o resultado de uma amostragem com o recorte racial das vítimas desses homicídios em toda América? Teríamos uma proporção parecida com a média brasileira, que aponta 70% de vítimas negras?
Não sei se Alailton estuprou alguém. Era mulher feita ou uma criança de 10 anos? Ambos os crimes são gravíssimos. Mesmo que tenha sido uma “apenas” uma tentativa ou ainda que o jovem tivesse problemas mentais, sem dúvida caberia alguma punição. E a Lei prevê. Mas jamais um linchamento. Jamais!
E pior: nada leva a crer que houve de fato o crime. Aliás, ao que parece (não sou investigador, nem gostaria), ele teria sim sido “vítima de uma injustiça”, como disse a mãe doméstica.
O fato de ser um menino negro teria sido um elemento potencializador do ódio coletivo e da precipitação de um julgamento instantâneo – acusação, julgamento, condenação e execução: Foi ele! Pega ele! Só pode ter sido ele!?
E se fosse um menino branco, a história teria tais requintes de crueldade e terminaria no cemitério?

A bala não é de festim, aqui não tem dublê!


O assassinato covarde do menino negro Alailton Ferreira me fez lembrar dois filmes norte-americanos muito famosos. O primeiro é o clássico “O sol é para todos”, de 1962, que conta a história de Tom Robinson (Brock Peters), um jovem negro que fora acusado de estuprar Mayella Violet Ewell (Collin Wilcox Paxton), uma jovem branca. Atticus Finch, um advogado extremamente íntegro, interpretado por Gregory Peck – que viria ganhar o Oscar de melhor ator com esse trabalho, concordou em defendê-lo e, apesar de boa parte da cidade ser contra sua posição, ele decidiu ir adiante e fazer de tudo para absolver o réu. Nos Estados Unidos como aqui, sempre fora comum acusações de estupros e outros crimes recaírem sobre negros, sem que haja grandes contestações.
O outro filme, esse mais recente (1996), faz ainda mais sentido com o momento que vivemos, inclusive no nome:“Tempo de Matar”, que se passa em Canton no Mississipi, onde Carl Lee (Samuel L. Jackson), um negro que, ao matar dois brancos que espancaram e estupraram sua filha de 10 anos é preso, e um advogado branco Jake Brigance (Matthew McConaughey ) e Ellen (Sandra Bullock) uma obstinada estudante de Direito, ambos se voltam contra o preconceito e o racismo existente na comunidade daquela cidade para defender o acusado.
Já no fim da trama, quando tudo parecia perdido, afinal a cidade queria a condenação do acusado, no Tribunal Jake solicita a todos os presentes que fechem os olhos e ouçam a ele e a si mesmos, então ele começa a contar a história de uma garotinha que volta do armazém, e de repente surge uma “pick-up” de onde saltam dois homens e a agarram, eles a arrastam para uma clareira e, depois de amarrá-la, arrancam-lhe as roupas do corpo e montam nela, primeiro um, depois o outro, eles a estupram tirando toda a sua inocência com brutais arremetidas. Depois de acabarem, e de ter matado qualquer chance daquele pequeno útero ter filhos, os dois rapazes começaram então a usar a garotinha como alvo, acertando-a com latas cheias de cerveja, cortando sua carne até o osso. Não satisfeitos, eles ainda urinaram sobre ela, e com uma corda fazem um laço e a enrolamo no seu pescoço e num puxão repentino a suspende no ar, esperneando e sem encontrar o chão até o galho quebrar e, milagrosamente cair no chão. Nesse momento, eles a colocaram na “pick-up” e, ao chegar em uma ponte, jogam-na de cima da mureta, de onde ela cai de uma altura de 10 metros até o fundo de um córrego. Jake então pára a história e pergunta aos presentes se conseguem vê-la, se conseguem imaginar o corpo daquela garotinha estuprado, espancado, massacrado, molhado da urina, do sêmen deles e do próprio sangue, e depois abandonado para morrer…
E novamente repete para que todos façam uma imagem dessa garotinha, aguarda um instante e pergunta: “Agora imaginem que essa garotinha é branca”!
Carl Lee é inocentado pelo júri.
Ora, “impoluto escrevente”, me perguntaria um dos meus algozes sempre presentes nos comentários deste Blog: “Mas não está a criticar a ideia da justiça pelas próprias mãos? Contraditório o exemplo deste filme, não?”.
E eu responderia:
Sim e não.
Sim. E essa é a parte que não gosto no filme. Ele justifica a ideia de que, em alguns casos, pode-se aceitar a justiça feita pelas próprias mãos. E não podemos tolerá-la em hipótese alguma. Menos ainda quando o pressuposto é inexistente – como parece ser neste caso do Espírito Santo.
E não.
Não por que faz todo o sentido imaginar que, diante da violência sistemática, continuada e explícita contra a população negra, não seria absurdo imaginar que em algum momento pode haver reações, bastando para isso que aflore a percepção – por parte da população negra, de que vivemos sim um estado de desigualdades e de violência racial.
Mas se dirá: Loucura! Radicalismo deste blogueiro afro-lunático racialista! E diante da fúria democrata-gilberto-freyreana presente inclusive na parte bolchevique do mapa, diria por fim:
Sempre caberá o terrível e necessário pedido de reflexão feito pelo advogado branco, Jake Brigance (Matthew McConaughey ), em Tempo de Matar:
“Agora imaginem que essa garotinha é branca”!
Imagine que Alailton é branco!
Imagine que Cláudia é branca!
Imagine que Amarildo é branco!
Imagine que Douglas é branco!
Imagine que José Carlos, é branco.
Imagine que o menino torturado e amarrado nú em um poste na zona sul do Rio de Jaineiro é branco.
Imagine que, quem a polícia mata 3 vezes mais que negros, são os brancos.
Imagine um mundo onde as pessoas pudessem viver em paz.
Consegue?
imagemespancamento

Poema à boca fechada - José Saramago




Não direi:
Que o silêncio me sufoca e amordaça.
Calado estou, calado ficarei,
Pois que a língua que falo é de outra raça.

Palavras consumidas se acumulam, 
Se represam, cisterna de águas mortas,
Ácidas mágoas em limos transformadas,
Vaza de fundo em que há raízes tortas.

Não direi:
Que nem sequer o esforço de as dizer merecem,
Palavras que não digam quanto sei
Neste retiro em que me não conhecem.

Nem só lodos se arrastam, nem só lamas,
Nem só animais bóiam, mortos, medos,
Túrgidos frutos em cachos se entrelaçam
No negro poço de onde sobem dedos.

Só direi,
Crispadamente recolhido e mudo,
Que quem se cala quando me calei
Não poderá morrer sem dizer tudo.

E a tal de "Liberdade de Expressão ", onde anda, em cara-pálida?





Por decisão arbitrária e antidemocrática da Justiça do Paraná, ferindo a constituição brasileira que diz:

" Artigo 5º - IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença
Art. 220º A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.
§ 2º - É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística.

.................................................................. meu blog deixará de produzir artigos que PREVIAMENTE me proíbem de fazê-los....Esta é a "DEMOCRACIA " CAPITALISTA...

www.blogdocarlosmaia.blogspot.com
A paz se possível, a verdade a qualquer preço

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Cérbero, o cão da porta do inferno


Cérbero, ilustração de Gustave Doré para a Divina Comédia(1832-1883).



monstro tricéfalo Cérbero presidindo sobre oterceiro ciclo infernal, aquele dos glutãos e dosepicúrios; uma aquarela do londrino William Blake(1757-1827); National Gallery of Victoria,Austrália.

Cérbero

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.


Na mitologia gregaCérbero ou Cerberus (em grego,
 Κέρβερος – Kerberos = "demónio do poço") era um
 monstruoso cão de múltiplas cabeças e pescoço que 
guardava a entrada do Hades, o reino subterrâneo dos
 mortos, deixando as almas entrarem, mas jamais saírem e despedaçando os mortais que por lá se aventurassem.
Cérbero era filho de Tífon (ou Tifão) e Equídina, irmão de 
Ortros e da Hidra de Lerna. Da sua união com Quimera
nasceram o Leão da Nemeia e a Esfinge.

MORFOLOGIA[EDITAR]

A descrição da morfologia de Cérbero nem sempre é a 
mesma, havendo variações. Mas uma coisa que em todas
 as fontes está presente é que Cérbero era um cão que 
guardava as portas do Tártaro, não impedindo a entrada 
e sim a saída. Quando alguém chegava, Cérbero fazia festa,
 era uma criatura adorável. Mas quando a pessoa queria ir 
embora, ele a impedia; tornando-se um cão feroz e temido 
por todos. Os únicos que conseguiram passar por Cérbero 
saindo vivos do submundo foram HéraclesOrfeu,Eneias e 
Psiquê.
Cérbero era um cão com várias cabeças, não se têm um 
número certo, mas na maioria das vezes é descrito como
 tricéfalo (três cabeças). Sua cauda também não é sempre 

descrita da mesma forma, às vezes como de dragão, como 
de cobra ou mesmo de cão. Às vezes, junto com sua cabeça
 são encontradas serpentes cuspidoras de fogo saindo de seu
 pescoço, e até mesmo de seu tronco.

Quanto à vida depois da morte, os gregos acreditavam que
 a morada dos mortos era o Sub-mundo, o reino de Hades, 
o deus da morte, ao lado dePerséfone(Deusa da destruição,
filha de Zeus e Deméter). Hades era irmão de Zeus.
Localizava-se nos subterrâneos, rodeado de rios, que só 
poderiam ser atravessados pelos mortos. Os mortos 
conservavam a forma humana, mas não tinham corpo, 
não se podia tocá-los. Os mortos vagavam pelo Hades, 
mas também apareciam no local do sepultamento. Havia 
rituais cuidadosos nos enterros, e os mortos eram cultuados,
 principalmente pelas famílias em suas casas. Quando os 
homens morriam eram transportados, na barca de Caronte
 para a outra margem do rioAqueronte, onde se situava a 
entrada do reino de Hades. O acesso se dava por uma 
porta de diamantes junto a qual Cérbero montava guarda.
Para acalmar a fúria de Cérbero, os mortos que residiam
 no submundo jogavam-lhe um bolo de farinha e mel que os 
seus entes queridos haviam deixado no túmulo.
Seu nome, Cérbero, vem da palavra Kroboros, que significa
 comedor de carne. Cérbero comia as pessoas. Um exemplo
 disso na mitologia éPirítoo, que por tentar seduzir Perséfone
, a esposa de Hades e filha de Deméter, deusa da fertilidade 
da Terra, foi entregue ao cão. Como castigo Cérbero comia
 o corpo dos condenados.
Cérbero, quando a dormir, está com os olhos abertos, porém,
 quando o mesmo está de olhos fechados, está acordado.

APARIÇÕES[EDITAR]

Divina Comédia[editar]

Cérbero aparece no Inferno dos Gulosos, onde estes ficam
 solitários na lama, sem poder comer e beber livremente. E 
ficavam sob uma chuva gelada e a presença de Cérbero que 
os come eternamente com seu apetite insaciável. Cérbero é 
a imagem do apetite descontrolado.

Doze trabalhos de Hércules[editar]

Euristeu, sabendo que Héracles só ficaria mais um ano sob 
suas ordens, estava desesperado de medo e, para seu 
décimo segundo trabalho, ordenou-lhe que descesse ao 
reino de Hades e trouxesse de volta o cão tricéfalo, Cérberus,
que guardava as portas do inferno. Isto, tinha certeza, estava
 acima de suas forças; e o próprio Héracles duvidava que 
conseguisse realizar essa temerária e perigosa façanha. 
Ofertou grandes sacrifícios aos deuses, pedindo sua
 proteção; suas preces foram ouvidas. A deusa Atena, e 
Hermes, mensageiro dos deuses, apresentaram-se a ele,
 acompanhando-o até à sombria caverna, pelo túnel longo
 e escuro que levava às portas do Mundo Subterrâneo. Ao 
percebê-los, as três cabeças de Cérbero puseram-se a uivar
 de maneira horrível, o que chamou a atenção de Hades; mas
ao ver um deus e uma deusa em companhia de Héracles, 
perguntou-lhes o que procuravam.

Héracles e Cerbero. Mosaico romano.
- Meu senhor Euristeu ordenou-me de levar à terra o cão 
tricéfalo Cérbero que guarda esta porta, disse Héracles, e
é pela vontade de Zeus, senhor da terra e do céu, que eu 
lhe obedeço. Deixe-me levar seu cão de guarda para poder
 cumprir as ordens recebidas. Prometo-lhe que Cérbero 
nada sofrerá e lhe será restituído, são e salvo.
Hades fechou a carranca e respondeu:
- Se você for capaz de carregar Cérbero nos ombros, sem 
feri-lo, então poderá levá-lo ao seu senhor Euristeu; mas, 
 prometa trazê-lo de volta, ileso.
Então Héracles aproximou-se de Cérbero e, apesar de suas
 três enormes bocarras guarnecidas de dentes afiados e 
cruéis, ergueu o animal aos ombros e subiu pelo caminho 
que levava da caverna tenebrosa à luz do dia. O caminho era
 longo, áspero e íngreme, e pesada a sua carga; as três 
cabeças rosnavam e mordiam, durante todo o trajeto, 
porém Héracles, concentrando-se no pensamento de próxima 
libertação, não lhes dava atenção. Afinal chegou a Micenas
Euristeu ficou tão apavorado quando soube que Héracles 
trazia nos ombros o terrível cão tricéfalo, que se escondeu 
debaixo da cuba de bronze, mandando-lhe uma mensagem
 na qual lhe ordenava que se afastasse de Micenas para todo 
o sempre. Então, de coração leve, dirigiu-se Héracles para a 
caverna. Desceu pelo longo túnel e depositou Cérbero às 
portas do Inferno.
http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A9rbero

O maior cabo eleitoral do planeta



Por Bepe Damasco, em seu blog:


Desde que deixou o governo, consagrado com mais de 80% de aprovação popular, Lula só faz apanhar da mídia golpista brasileira e dos demais representantes da nossa elite mais retrógada. Não foram poucas as tentativas de atirá-lo aos leões na arena do mensalão. Suas atividades como palestrante estiveram sempre no alvo dos ressentidos de sempre e seu filho foi transformado em "dono da Friboi" pelos que acalentam o sonho da uma volta aos tempos das trevas. Sem falar na destilação de ódio nas redes sociais por parte de gente que não se envergonha de torcer explicitamente pelo agravamento da doença que acometeu o ex-presidente em 2011.Nada disso adiantou. E por um simples e poderoso motivo : Lula tem lugar cativo no coração do povo brasileiro, como atesta mais uma pesquisa, desta vez a do instituto Datafolha, publicada no domingo.

Feito sob medida para rebaixar os índices de intenção de voto da presidenta Dilma, conforme revelam as perguntas tendenciosas do questionário divulgadas pelo Portal 247, nem assim o levantamento feito pelo instituto da Folha de São Paulo conseguiu esconder a força política e eleitoral de Lula. Nada menos do que 52% dos entrevistados o consideram o mais qualificado para empreender as mudanças que o Brasil precisa. Merece especial atenção o fato de o ex-presidente ser visto como o nosso político mais qualificado.

Isso representa uma derrota fragorosa do pensamento conservador, que até hoje insiste em carimbar a pecha de despreparado em Lula, por ser operário e não ter curso superior, embora tenha governado infinitamente melhor do que tantos doutores que o antecederam. E, para a desgraça dos preconceituosos, o povo brasileiro não só reconhece as qualidades de Lula como governante e líder político, como o vê como um igual, um homem que superou todas as dificuldades impostas aos pobres e venceu.

Abro um parênteses para contar um episódio ocorrido na primeira ou segunda candidatura presidencial de Lula, não lembro bem, que dá bem uma dimensão de como o preconceito dos bem-nascidos em relação a Lula não resiste a um sopro de argumentação : durante um evento da campanha do Lula, na Praça XV, aqui no Rio de Janeiro,entreguei um panfleto a um senhor de terno e gravata e cabelo gomalinado. Disse-lhe também duas ou três frases, pedindo o voto no Lula. O sujeito percorreu uns 20 metros lendo o material de campanha e voltou, caminhando na minha direção.

Logo me abordaria com um tirambaço preconceituoso : "Como pode você, um rapaz aparentemente instruído, fazer campanha para um analfabeto como o Lula ?" Respirei fundo, contendo o impulso de mandar o cara às favas, e devolvi a provocação rasteira propondo-lhe um desafio.

- Se o senhor diz que o Lula é analfabeto, então, quero lhe fazer uma pergunta.

- Pois não, fique à vontade.

- Na sua opinião, quais são os problemas brasileiros que o presidente eleito deve priorizar ?

- Ah, segurança pública, saúde, educação, emprego, salário, habitação e a relação do Brasil com os outros países.

- Pois bem, pelo anel que usa, o senhor deve ser advogado.

- Sim, tenho 35 anos de experiência na advocacia.

- Com toda a sua formação, sou capaz de apostar que o senhor, bem como grande parte da classe média e da elite, se fizessem um debate com Lula sobre os males que afligem o pais, seriam engolidos pelo Lula, simplesmente porque ele, além de ser dotado de grande inteligência, tem informação e preparo para debater com qualquer um. O fato é que o Lula é muito mais preparado do que os que vivem a chamá-lo de analfabeto. A classe dominante sente é inveja do Lula.

Silêncio, o engravatado, provável morador de Niterói, toma seu rumo em direção à estação das barcas. Lula é isso. Cala fundo. Quanto o Datafolha, envergonhado e com alguns dias de atraso, se vê obrigado a informar que 37% dos brasileiros pretendem votar em quem o ex-presidente pedir e que 23% se propõem a analisar com carinho uma indicação feita por ele, percebemos como são inócuas as campanhas de difamação que visam mudar a história a fórceps e sufocar a admiração e o respeito do povo por Lula.

domingo, 6 de abril de 2014

José Saramago: Entra, encontraste a tua casa




.



De Saramago para Pepe, Greta e Camões. Os cães de Saramago eram três. E os três, por essa ordem, tocaram um dia à sua porta. Cães que vieram corrigir um medo de infância na memória do escritor. Cães que, na realidade, são um único: o imaginário.



“Entra, encontraste a tua casa”

Por José Saramago


O cão é o melhor amigo do homem, Ensinaram-me isso nos tempos da velha instrução primária, com aulas de manhã e folga às quintas. O professor era um homem alto e calvo, grave na sua posição de diretor, mas amigo dos alunos e nada exagerado na disciplina. Punha muito empenho em questões de formação moral, e o cão era um dos seus grandes temas. Uma vez por mês, no mínimo, havia uma lição sentimental sobre as proezas do povo canino: “pilotos” abandonados que regressavam a casa do dono depois de percorrer centenas de quilómetros, abnegados “guadianas” que se lançavam à água para salvar crianças (“pagai o mal com o bem”) das quais, porventura, tinham recebido alguns maus-tratos. Enfim, ideias educativas de há cem anos.

Não me serviram de muito as lições do meu professor. Os cães que fui conhecendo ao longo da minha existência sempre fizeram gala de uma obstinada animadversão em relação a mim. Ou porque cheiravam o medo, ou porque os irritava a falta de jeito com que tentava dissimulá-lo, sempre houve entre os cães e eu, se não a guerra aberta de que só eu saía a perder, pelo menos uma relação de mútua e desconfiada reserva. Recordo com despeito, por exemplo, aquele chucho castanho que vinha a correr pela ruela estreita e sem proteção, arrastando atrás de si uma trela partida, e que, sem aviso, ou talvez por um qualquer gesto brusco que eu fiz, (“o cão só ataca se for provocado”), se é que não mostrei simplesmente temor (“nunca se deve fugir de um cão, é um animal nobre e não ataca pelas costas”), ferrou-me os dentes quando passou por mim e, depois de me arranhar as canelas, deixando-me a escorrer sangue, seguiu o seu caminho, abanando o rabo de pura alegria. Alguns anos mais tarde, andava eu a vaguear, como era meu hábito, pelos arredores da aldeia, entre árvores e canaviais, quando de repente me dou de caras com um cão. Conhecia-o de vista e da má fama que tinha, um gigante de raça indefinida e caráter avesso que não tolerava intrusos no seu território e se divertia quebrando a espinha em menos tempo do que leva a dizê-lo, qualquer bicho que lhe aparecesse pela frente. ((Tal como o chucho castanho, também ele não tinha estado nas aulas do meu professor). Ora bem, quis o acaso, ou a providência, que eu tivesse comigo uma cana grossa e comprida para me apoiar nas subidas e descidas da caminhada. Quando aquele fantasma me apareceu à frente, só tive tempo de levantar a cana num movimento instintivo, com a ponta a um palmo do focinho do malvado, e ali ficámos os dois durante não sei quanto minutos, o dragão aos saltos, fintando e grunhindo, simulando indiferença para depois voltar à carga, eu a suar de pavor, com a voz embargada na garganta, longe de qualquer socorro, abandonado ao negro destino.
Escapei. Por fim, o bruto cansou-se. Depois de me observar longamente e com minúcia, como se me tomasse as medidas, pareceu-lhe que eu não era digno da sua cólera. Dei meia volta e desapareceu num trompicar curto e desdenhoso, sem olhar para trás. Fui-me afastando devagar, às arrecuas, ainda a tremer, até que cheguei a casa e contei o sucedido a uma tia minha que não acreditou na história. Era tal a reputação do monstro que eu dizer que o tinha vencido com uma simples cana deve ter-lhe parecido a mais descarada das mentiras...

A partir de então, e crendo que assim seria para sempre, perdi a confiança na apregoada bondade dos cães, a tal de que o meu velho professor tinha sido um tão convicto propagandista.
Provavelmente nunca pensou que entre os cães e os homens não há grandes diferenças: uns são bons, outros maus, outros nem uma coisa nem outra. Perguntei-me algumas vezes que lição poderia ele dar-nos a respeito de certos canídeos que andam por aí, bem tratados, com pelo brilhante, pata forte e dente afiado, dotados de um profundo conhecimento da anatomia humana e dos modos mais eficazes de danificá-la. Ele que tanto gostava de nos explicar os complementos-circunstanciais-de-lugar, sem saber em que lides nos ia meter...

Passados muitos muitos anos, noutra terra, debaixo de outro céu, um cão apareceu à minha porta. Tinha fome e sede. Demos-lhe água e comida, e deixámo-lo. Voltou poucas horas depois e olhou para nós. Então dissemos-lhe: “Entra, encontraste a tua casa”. Não foi o único. Outros dois, cada um por seu lado, vieram perguntar se a casa também estava aberta para eles. Dissemos-lhes que sim. Chamam-se, por ordem, Pepe, Greta e Camões. São os nossos cães, e está tudo dito.

Não, não está tudo dito. Este homem que não se envergonha de confessar que tinha medo dos cães dedicou parte do seu trabalho de escritor a criar, a inventar, a modelar figuras de cão, como se, já que temia os outros, estivesse na sua mão corrigir os erros da natureza. Assim pôs no mundo da literatura o cão Constante de Levantado do chão, o cão do fio de lã azul da Jangada de pedra, o cão das lágrimas do Ensaio sobre a Cegueira. Esse sobre o qual eu disse que, se o que escrevi caísse no esquecimento, ao menos que de mim restasse a memória de ter dado vida a um cão em que palpitava o coração do melhor dos humanos...