quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Audaciosa crítica de Raul Seixas à submissão da elite brasileira


Considerado um dos pioneiros do rock brasileiro, o baiano Raúl Seixas passou maus bocados por sua arte contestadora e, por vezes, um tanto mística. Coisas de artista. Neste domingo (21), completam-se 22 anos de sua morte, mas sua legião de fãs não para de crescer.

Por Marcos Aurélio Ruy



Com mais de 20 anos de carreira, chamado por muitos de o “pai do rock brasileiro”, Raul Seixas emplacou inúmeros sucessos na música popular brasileira ao misturar baião - inspirado principalmente em Luiz Gonzaga- e rock, sob inspiração dos anos 1950, principalmente por Little Richard, o som meio anárquico de Frank Zappa e a revolução chamada Beatles, essencialmente John Lennon. Foi muito influenciado ainda pelo místico inglês Aleister Crowley, que pregava “faze o que tu queres, há de ser tudo da lei”.

Nessa miscelânea de sons e temas, Raul lança seu primeiro disco, Raulzito e Os Panteras, em 1968, não emplaca nas paradas, mas já mostra sua cara irreverente e tenaz na crítica ao sistema. Ao aproximar-se da Jovem Guarda, participa de um disco intitulado “Vida e Obra de Johnny McCartney”, com Leno, da dupla Leno e Lilian, que tem as letras censuradas e o disco acabou por não ser lançado.

Distancia-se da Jovem Guarda com sua arte contestadora, de forte apelo social e crítico à ditadura e ao capitalismo. Sofre forte censura do regime militar de 1964, cria a Sociedade Alternativa, com música homônima, e os militares pensam tratar-se de grupo guerrilheiro. É preso, torturado e obrigado a sair do país, juntamente com o atual escritor místico Paulo Coelho, seu parceiro em inúmeras canções.

Raul Seixas critica com veemência a escola e diz em entrevista “nunca aprendi nada na escola. Minto. Aprendi a odiá-la” e complementa com a afirmação de que “tudo o que aprendi era nos livros, em casa ou na rua.” Isso numa época em que até a escola estava sob o crivo da ditadura.

Em 1971 lança, sem autorização da gravadora, o disco “Sociedade Grã-Ordem Apresenta Sessão das Dez”. O disco some misteriosamente do mercado e Raul é expulso da multinacional CBS. No ano de 1982, ao aparecer embriagado e sem documentos para um show em Caieiras (SP), é confundido e torna-se “impostor de si mesmo”, quase é linchado pelo público, preso e espancado pelos policiais.

Esse ar de irreverência esteve presente em toda a sua obra. Com críticas mordazes à falta de liberdade e aostatus quo. Na canção “Como Vovó Dizia” ele afirma: “quem não tem colírio usa óculos escuros, quem não tem filé como pão e osso duro, quem não tem visão bate a cara contra o muro.” Precisa ser mais claro? Também em “Ouro de Tolo” fala da tentativa de “pão e circo”, uma tese propalada pela burguesia para conformar o povo sem contestação.

Também esteve nas paradas canções com “Tente Outra Vez”, “O Dia em que a Terra Parou”, “Mosca na Sopa”, “Metamorfose Ambulante”, “Gita”, “Al Capone”, Eu Nasci Há Dez Mil Anos Atrás”, “Sapato 36”, forte crítica ao patriarcalismo, e "Aluga-se”, na qual propõe alugar o Brasil para resolver os dilemas do país, cruciais ao povo brasileiro sob o obscurantismo fascista. Um dos seus maiores sucessos, porém, é “Maluco Beleza”, verdadeiro hino dos hippies brasileiros dos anos 1970.

Lança o disco “A Panela do Diabo”, em 19 de agosto de 1989, dois dias antes de sua morte, juntamente com o discípulo Marcelo Nova. Raul é encontrado morto em seu apartamento em São Paulo aos 44 anos.

Sucumbiu às drogas, ao alcoolismo e à diabetes. Tem sua arte, no entanto, viva na memória de uma enorme legião de fãs de todas as faixas etárias e sua contestação tornou Raul Seixas sem similar e sem substituto. Apresenta uma visão audaciosa dos costumes e da submissão da elite brasileira aos ditames imperialistas.

Veja abaixo alguns vídeos com suas músicas:




Como Vovó Dizia
(com Paulo Coelho, 1974)

-Como vovó já dizia
Quem não tem colírio
Usa óculos escuro
(Mas não é bem verdade!)
Quem não tem colírio
Usa óculos escuro
Hum!...
Quem não tem colírio
Usa óculos escuro
Minha vó já me dizia
Prá eu sair sem me molhar
Quem não tem colírio
Usa óculos escuro
Mas a chuva é minha amiga
E eu não vou me resfriar
Quem não tem colírio
Usa óculos escuro
A serpente está na terra
O programa está no ar
Quem não tem colírio
Usa óculos escuro
A formiga só trabalha
Porque não sabe cantar...
Quem não tem colírio
Usa óculos escuro
Quem não tem filé
Come pão e osso duro
Quem não tem visão
Bate a cara contra o muro
Uuuuuuuh!...
Quem não tem colírio
Usa óculos escuro
É tanta coisa no menu
Que eu não sei o que comer
Quem não tem colírio
Usa óculos escuro
José Newton já dizia:
"Se subiu tem que descer"
Quem não tem colírio
Usa óculos escuro
Só com a praia bem deserta
É que o sol pode nascer
Quem não tem colírio
Usa óculos escuro
A banana é vitamina
Que engorda e faz crescer...
Quem não tem colírio
Usa óculos escuro
Quem não tem filé
Come pão e osso duro
Quem não tem visão
Bate a cara contra o muro...





Ouro de Tolo
(1973)

Eu devia estar contente
Porque eu tenho um emprego
Sou um dito cidadão respeitável
E ganho quatro mil cruzeiros
Por mês...
Eu devia agradecer ao Senhor
Por ter tido sucesso
Na vida como artista
Eu devia estar feliz
Porque consegui comprar
Um Corcel 73...
Eu devia estar alegre
E satisfeito
Por morar em Ipanema
Depois de ter passado
Fome por dois anos
Aqui na Cidade Maravilhosa...
Ah!
Eu devia estar sorrindo
E orgulhoso
Por ter finalmente vencido na vida
Mas eu acho isso uma grande piada
E um tanto quanto perigosa...
Eu devia estar contente
Por ter conseguido
Tudo o que eu quis
Mas confesso abestalhado
Que eu estou decepcionado...
Porque foi tão fácil conseguir
E agora eu me pergunto "e daí?"
Eu tenho uma porção
De coisas grandes prá conquistar
E eu não posso ficar aí parado...
Eu devia estar feliz pelo Senhor
Ter me concedido o domingo
Prá ir com a família
No Jardim Zoológico
Dar pipoca aos macacos...
Ah!
Mas que sujeito chato sou eu
Que não acha nada engraçado
Macaco, praia, carro
Jornal, tobogã
Eu acho tudo isso um saco...
É você olhar no espelho
Se sentir
Um grandessíssimo idiota
Saber que é humano
Ridículo, limitado
Que só usa dez por cento
De sua cabeça animal...
E você ainda acredita
Que é um doutor
Padre ou policial
Que está contribuindo
Com sua parte
Para o nosso belo
Quadro social...
Eu que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada
Cheia de dentes
Esperando a morte chegar...
Porque longe das cercas
Embandeiradas
Que separam quintais
No cume calmo
Do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora
De um disco voador...
Ah!
Eu que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada
Cheia de dentes
Esperando a morte chegar...
Porque longe das cercas
Embandeiradas
Que separam quintais
No cume calmo
Do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora
De um disco voador...




Maluco Beleza (com Cláudio Roberto, 1972)

Enquanto você
Se esforça pra ser
Um sujeito normal
E fazer tudo igual...
Eu do meu lado
Aprendendo a ser louco
Maluco total
Na loucura real...
Controlando
A minha maluquez
Misturada
Com minha lucidez...
Vou ficar
Ficar com certeza
Maluco beleza
Eu vou ficar
Ficar com certeza
Maluco beleza...
E esse caminho
Que eu mesmo escolhi
É tão fácil seguir
Por não ter onde ir...
Controlando
A minha maluquez
Misturada
Com minha lucidez
Eeeeeeeeuu!...
Controlando
A minha maluquez
Misturada
Com minha lucidez
Vou ficar
Ficar com certeza
Maluco beleza
Eu vou ficar
Ficar com certeza
Maluco beleza
Eu vou ficar
Ficar com toda certeza
Maluco, maluco beleza...

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Dilma quer uma faxina contra a miséria

O discurso da presidente Dilma Rousseff no lançamento do programa Brasil sem Miséria, em São Paulo, ontem, demonstra a disposição da mandatária de não aceitar a pressão da mídia pela imposição de uma pauta vassoureira ao governo, e reforça a opção pela agenda desenvolvimentista pela qual foi eleita.

A solenidade teve a presença dos quatro governadores dos estados do sudeste: Sergio Cabral (PMDB), do Rio de Janeiro; Geraldo Alckmin (PSDB), de São Paulo; Renato Casagrande (PSB), do Espírito Santo; e Antonio Anastasia (PSDB), de Minas Gerais; além da presença do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Perante eles Dilma deixou claro que não se afasta do projeto político em curso desde os dois mandatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da decisão de aprofundar os avanços alcançados desde então.

A melhor forma de “administrar é buscar o bem de todos os brasileiros. É buscar a construção de um projeto nacional acima dos interesses partidários e que articule as dimensões sociais”, disse Dilma num discurso encerrado por uma frase que indica qual é a faxina a que a mandatária adere: “É o Brasil inteiro fazendo um pacto pela verdadeira faxina que esse país tem que fazer: a faxina da miséria”.

Afirmação cujo sentido fica claro se comparada com outra que a presidente vem repetindo, como ocorreu dia 16, quando anunciou a criação de quatro novas universidades federais: “Meu desafio não é isso, meu desafio nesse país é desenvolver e distribuir renda. Esse é meu grande desafio. O resto a gente tem que fazer por ossos do ofício.”

O debate político em curso opõe, de um lado, a oposição conservadora e neoliberal que, sem poder bater de frente contra o programa de desenvolvimento, investimentos e distribuição de renda do governo dirigido por Dilma Rousseff, insiste naquilo que chama de “faxina”.

Não que sejam partidários firmes do rigor no uso dos recursos públicos – basta a recordação dos escândalos não investigados do período em que os tucanos estiveram à frente da Presidência da República e governos estaduais dirigidos por eles. Na verdade, o objetivo da “operação faxina” da oposição conservadora é trincar a unidade na base aliada, tentando separar a presidente dos partidos que a apoiam, particularmente o PMDB.

A bandeira esfarrapada que resta à oposição de direita, o moralismo, tem contudo pouca repercussão entre o povo, e os altos índices de aprovação popular a Dilma Rousseff se repetem, como revelam as últimas pesquisas de opinião. A mais recente, da CNT/Sensus, traz uma aprovação de 49% (ótimo/bom) mais 37% (regular), contra uma condenação baixa, de apenas 9% (ruim/péssimo).

As declarações feitas de maneira insistente por Dilma Rousseff nas últimas semanas ilustram a distinção correta entre as duas agendas, a falsamente moralista da oposição, que se opõe à pauta desenvolvimentista do governo. A bandeira do governo não é a ética e a lisura no uso do dinheiro público; elas são obrigação de todos os homens públicos e pré-requisito para a função pública, e o governo tem demonstrado que não vai tolerar infrações deste princípio.

A bandeira do governo é afirmativa: é a “obsessão” pelo desenvolvimento e pela elevação da qualidade de vida dos brasileiros. Não há contradição entre estes dois objetivos, ao contrário da insistência interessada da oposição que, no parlamento e na mídia, quer impor um roteiro político economicamente conservador e recessivo, oculto pelo biombo frágil representado pela “faxina” contra a corrupção.

domingo, 21 de agosto de 2011


Marcos Frota: Apaixonei-me pelo povo cubano

Com a mesma leveza que imprime em suas personagens, o ator brasileiro Marcos Frota chegou a Cuba para presenciar o que tanto tinha escutado desde pequeno, e encontrou "a calidez de sua gente, sua espiritualidade, sua esperança, sua forma de atuar e expressar seus sentimentos, algo totalmente diferente do resto dos países que conheci até agora". Entre Brasil e Cuba existe uma sinergia pela celebração da vida, destacou.

Marco Frota foi à ilha como presidente de um dos júris do recém-concluído Festival Internacional Circuba 2011 e constatou o sentido de igualdade social que impera em Cuba. Pensa Latina: Surpreso pela impressão que deixou o Tonho da Lua, da telenovela Mulheres de areia ? Marcos Frota: Fiquei impactado com a identificação do público na rua, os transeuntes, os taxistas. Tonho da Lua marcou época mas tem muito tempo e o orgulho que tinha já passou; agora sou mais maduro, mais reflexivo e o carinho que recebi aqui nestes dias tem sido muito importante, de uma alegria sincera. Prensa Latina: Fale da construção dessa personagem, que esforços lhe demandou? MF: É uma história triste. Quando era menino conheci uma versão de Tonho da Lua. Eu tinha três ou quatro anos e pedi a meu pai que me levasse à praia para observar como fazia suas esculturas de areia. Terminei a universidade, depois veio o circo, a televisão, o cinema, e sabia que a Globo faria uma nova produção de Mulheres de Areia. Aproximei-me e pedi-lhes para fazer a personagem, mas negaram-me com o pretexto de que tinha os olhos claros e a pele muito branca. Naquele tempo, Glória Pires engravidou e esperaram por ela para gravar a telenovela. Consegui levar para casa um dos roteiros e comecei ao ler, e um ano depois fizeram um teste com diversos atores candidatos, e me apresentei. Quando chegou minha oportunidade, algo se passou, a personagem se apoderou de mim, seus gestos, sua maneira de falar brotavam espontaneamente. A autora e o diretor ficaram impressionados e chamaram-me, ainda que nunca imaginei que Tonho da Lua ia se deparar com uma grande dor na minha vida. Estava casado e tinha três filhos pequenos, e em pleno auge da telenovela, em plena efervescência, minha esposa sofreu um acidente automobilístico e faleceu. Tonho emprestou-me sua pureza, sua espiritualidade, produziu-se um encontro entre o ator e sua personagem. Antes, eu tinha emprestado a Da Lua meu corpo, minha alegria, minha sensibilidade, mas naquele trágico momento, Da Lua ofereceu-me sua ternura, sua aceitação da realidade, por isso é muito, muito especial para mim. Primeiro tinha feito teatro, até que assinei contrato com a TV Globo. Então pedi que escrevessem algo sobre o circo, e surgiu a história de um trapezista na telenovela Cambalacho (1986), muito popular em toda América Latina. Quando terminei, fui em turnê com os circos brasileiros e, com o dinheiro ganho, comprei uma tenda e fundei minha companhia Unicirco Marcos Frota. Prensa Latina: Por que o circo se tinha uma carreira importante como ator? MF: Teria que responder de muitas formas, mas não sei. Não sei se fui eu quem escolheu o circo, ou foi este que me escolheu. Dos 30 anos que levo na televisão, tenho dedicado 25 à arte circense, sempre com grandes conflitos. Minha geração de atores, todos consagrados no Brasil, asseguram que eu prejudiquei minha carreira autoral por meu amor ao circo, mas me sinto satisfeito por ter contribuído para que o circo brasileiro não decaía; sempre emprestei minha popularidade e atraí a imprensa, a Globo, todos nesse sentido. Somos 190 milhões de brasileiros. Mais de 100 milhões sabem que Marcos Frota é um homem de circo e que sempre, sempre, apresenta espetáculos de excelência artística. Prensa Latina: Que faz agora, tens deixado a atuação? MF: Não a abandonei. Acabou de ser exibida em meu país uma telenovela na qual interpreto um marginal, mas em tom de comédia, muito simpático e nada dramático. Nela faço dupla com Cláudia Raia, uma belíssima cantora, bailarina e atriz que bem poderia estar na Broadway ou em outros palcos importantes. Esse casal suscitou a popularidade da novela. Em 200,5 encarnei Jatobá na telenovela América, um cego que também marcou época. A Globo e a Unicef assumiram uma campanha social de conscientização pela não exclusão dos portadores de deficiência física - que no Brasil somam 15 milhões-, e com aquela personagem me selecionaram como porta-voz da campanha. Foi um sucesso tremendo, porque era um homem muito sensível que tratava de reconquistar a sua mulher depois de uma separação por causa da cegueira, em um acidente; foi uma história muito romântica e sensacional, com a música de Roberto Carlos na trilha sonora. A teledramaturgia brasileira consolidou-se, há um respeito e uma curiosidade em todas partes por ela. Fui a Budapeste como jurado de um festival de circo e me identificaram na rua; o mesmo sucedeu na Rússia, o Leste europeu consome as telenovelas brasileiras. Também continuo fazendo teatro e há muito pouco participei em A tempestade, de William Shakespeare, no Centro Cultural Banco do Brasil, uma das instituições culturais mais importantes. Prensa Latina: Como conceito, que são para você o teatro e o circo? MF: O teatro, a televisão e o cinema constituem minha profissão, meu ofício. O circo é meu exercício de cidadania, minha contribuição à continuidade dessa arte milenar em meu país. Como estética, ambos se fundem. Eu concebo o espetáculo circense teatralizado, tem que ter uma dramaturgia em cada ato; por isso, meus colegas da companhia, os figurinos, luminotécnicos, cenógrafos, os captei da televisão ou do teatro para pôr seu conhecimento em função do circo. Prensa Latina: Há possibilidades de intercâmbio artístico entre Brasil e Cuba? MF: Iniciei os gerenciamentos para trazer a Unicirco e levar o circo cubano a meu país, no próximo ano. O Rio de Janeiro está efervescente com os preparativos da Copa do Mundo de Futebol e das Olimpíadas, e será um bom momento para esse encontro artístico, mais que falar de todas as culturas. O Brasil precisa de uma maturidade política e social verdadeira para que não perca esta oportunidade de crescer. O presidente Lula foi capaz de valorizar as imensas possibilidades de meu país, abriu seu coração e seu cérebro, e agora há uma continuidade desse processo porque Brasil é hoje a reserva cultural, espiritual, econômica e natural do planeta; existe uma consciência muito elevada no sentido de contribuir com a aproximação de todos os países. Prensa Latina: Conte-nos de sua família, seus quatro filhos. MF: Tenho dois filhos músicos, um no Brasil dedicado ao rock e o outro estudando em Berkeley, Estados Unidos. Tenho uma garota de 25 anos que é atriz de teatro e agora está fazendo a produção do festival Rock in Rio, e um menino pequeno, fruto de meu segundo casamento com a popular atriz Carolina Dieckmann (Mulheres apaixonadas, Senhora do destino). Carolina e eu nos separamos porque não suportou minhas constantes viagens, minhas ausências; mesmo assim, mantemos excelentes relações e, inclusive, trabalhamos juntos em teatro e televisão. Prensa Latina: Que impressões leva de Cuba? MF: Um ator é um observador do comportamento humano. No Brasil estão de olho onde quer que eu vá, mas aqui sucedeu ao inverso, aproveitei para observar ao povo. Apreciei uma consciência social muito grande e, sobretudo, um sentimento de paz. Entre ambos os povos existe, como disse antes, uma sinergia pela celebração da vida com música, com ritmos, com sorrisos, com abraços. De coração, apaixonei-me do povo cubano, e não é uma frase de marketing nem algo fingido. Guardarei em meu coração o povo de Cuba, e o porei em minhas orações porque têm muito que oferecer à humanidade. O embargo não faz sentido; o isolamento de Cuba não faz sentido. Aqui há muito que oferecer ao novo tempo que se aproxima. Em outras palavras, não foi em vão a luta de Fidel Castro e a de seus companheiros. Quem é Marcos Frota (29 Setembro, 1955. São Paulo). Foi professor na Escola de Artes Visuais em São Caetano do Sul, onde começou sua carreira artística em 1978. Produtor de circo, fundador e presidente da Associação Cultural de São Francisco de Assis. É responsável pelo projeto de desenho, desenvolvimento e expansão da primeira universidade gratuita de circo em seu país UNICIRCO. Desde 1981, a TV Globo tem um contrato de exclusividade com ele, que já interpretou mais de 25 personagens em minisséries, especiais e novelas. Tem sido membro do júri no Festival Internacional de Circo de Budapeste, Hungria, e observador -e m várias edições consecutivas - do Festival de Circo de Montecarlo. Ensinou várias gerações de artistas, triunfantes em prestigiosos conjuntos, entre eles o mundialmente conhecido Circo do Sol.