sexta-feira, 12 de junho de 2015

Doleiro ligado a Beto Richa-PSDB é preso pela Polícia Federal em Curitiba

Doleiro ligado a Beto Richa é preso pela Polícia Federal em Curitiba

11 JUN 2015 - 18:47 4 Comentários
richa_carvalho
Do Blog do Esmael
O ex-secretário municipal de Curitiba para a Copa do Mundo de 2014, Luiz de Carvalho, foi preso hoje (11) na capital paranaense pela Polícia Federal (PF). Ele é acusado de agir como doleiro cuja atividade do grupo à qual pertence desviou R$ 3 bilhões nos últimos três anos.
Carvalho foi “Gestor da Copa” em 2007 na Prefeitura de Curitiba, quando o prefeito era Beto Richa (PSDB). Permaneceu no cargo até o final de 2012, na gestão de Luciano Ducci (PSB).
Em setembro de 2012, Luiz de Carvalho enviou nota de esclarecimento ao Blog do Esmael. Na época, o secretário da Copa constetou que estava louquinho para pular a cerca, isto, deixar o barco de Richa e Ducci. Confira:
“A minha lealdade ao grupo político ao qual pertenço é inquestionável. Não vai ser uma intriga de época de eleição que vai colocar isso em dúvida”.
A Operação Victoria da PF deteve mais dez pessoas, entre elas o ex-vice-presidente do Banco Brasil, Allan Simões Toledo.
Compartilhe!

http://www.esmaelmorais.com.br/2015/06/doleiro-ligado-a-beto-richa-e-preso-pela-policia-federal-em-curitiba/

quinta-feira, 11 de junho de 2015

3º Encontro de Blogueiros e Ativistas Digitais do Paraná #3ºPrBlogs.



“Democracia, Comunicação e Juventude:
a luta contra a repressão no Paraná” 
A ParanáBlogs é uma Associação que congrega os blogueiros, blogueiras e ativistas digitais do Estado do Paraná, e realiza o seu terceiro encontro estadual, sendo que em 2013 o #2ParanáBlogs foi o maior encontro estadual de blogueir@s do Brasil. O intuito é debater a democratização das comunicações, o Massacre do Centro Cívico de Curitiba, a defesa jurídica dos ativistas digitais e a ofensiva reacionária e neoliberal no Paraná e no Brasil.
Você discute temas de interesse público nas redes sociais, como política (politics e policies), cultura, comunicação, etc.? Então você é um ativista digital. Participe do #3ParanáBlogs e ajude a divulgar o evento!

Local:- Auditório da Sede Estadual da APP-Sindicato, Av. Iguaçu, 880, Piso Térreo - Bairro Rebouças - Curitiba - Paraná - Brasil 

DIVULGAÇÃO E TRANSMISSÃO:
O evento será transmitido on-line pela TV 15.
Site do evento: paranablogs.com.br
Curta o Facebook e o Twitter do #3ParanáBlogs.
PROGRAMAÇÃO:
12 de junho de 2015 (sexta-feira)
17h Início da entrega de credenciais
18h Abertura do #3ParanáBlogs
Autoridades e dirigentes de movimentos sociais e entidades amigas da blogoosfera paranaense
Presidência da abertura:
Tarso Cabral Violin (Presidente da Associação ParanáBlogs, Blog do Tarso)
19h - 1ª Mesa: A ofensiva conservadora e o Massacre do Paraná
Presidência da Mesa: Tania Mandarino (Diretora Jurídica da Associação ParanáBlogs, Blog O Charuto)
A ofensiva conservadora no Brasil
Roberto Requião (Senador da República pelo PMDB, ex-governador do Paraná)
O Massacre de Curitiba
Tadeu Veneri (Deputado Estadual pelo PT-PR)
A ofensiva conservadora internacional
Ualid Rabah (diretor de Relações Institucionais da FEPAL – Federação Árabe Palestina do Brasil)
13 de junho de 2015 (sábado)
9h30 - 2ª Mesa: Democratização dos Meios de Comunicação
Presidência da Mesa: membro feminina da Frentex-PR
Renata Mielli (Jornalista, Secretária-Geral do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação - FNDC e Diretora do Barão de Itararé)
Palmério Dória (jornalista e escritor, autor do livro O Príncipe da Privataria)
Beto Almeida (jornalista, diretor da Telesur, presidente da TV Cidade Livre, Brasil de Fato e TV Senado)
11h30 - Oficina Especial da ARTIGO 19: “Fui processado. O que eu faço?”
Presidência de Mesa: Luiz Skora (Blog Polaco Doido)
Função de discutir e orientar os blogueiros, ativistas digitais e usuários da internet sobre os processos judiciais os quais estão sujeitos no ambiente virtual. O objetivo é apresentar quais as principais motivações para abertura de processos judiciais contra os blogueiros, apresentar casos emblemáticos, entender como funciona um processo judicial e de que maneira o blogueiro pode evitar sofrer este tipo de retaliação, assim como de que maneira proceder caso venha a ser processado (quais argumentos jurídicos podem ser usados, entender o Marco Civil da Internet, etc). A oficina tem como base o guia “Fui processado. O que eu faço?” e uma cópia do guia será entregue aos participantes da oficina.
Camila Marques (advogada formada pela PUC-SP, coordena o Centro de Referência Legal em Liberdade de Expressão e Acesso à Informação da ARTIGO 19)
Karina Quintanilha (advogada formada pela PUC-SP, do Centro de Referência Legal em Liberdade de Expressão e Acesso à Informação da ARTIGO 19)

13h - Intervalo para almoço

14h - 3ª Mesa: Comunicação e o Massacre do Centro Cívico
Presidência de Mesa: Meg (Presidenta da Associação ParanáBlogs, Blog da Meg)
Márcio Henrique dos Santos (professor e comunicador ferido no Massacre do Centro Cívico de Curitiba)
Walkíria Olegário Mazeto (Secretária Educacional da APP e membro do Comitê 29 de Abril)
Membro da CUT-PR
Serão homenageadas algumas vítimas do Massacre de Curitiba:
Angela Alves Machado (professora de história, foto do ano), Rafaelin Poli (professora que quebrou o dedo), Ícaro Grassi (estudante, feriu o rosto), Taciane Grassi (estudante, perdeu a audição), Luiz Carlos de Jesus (cinegrafista atacado por um Pitbull da PM), Elaine Antunes (vídeo emocionante), Cláudio Franco (agente penitenciário ferido no rosto), Affonso Cardoso (ferido), Eyrimar Fabiano (professor ferido) e os doze manifestantes presos.
16h00 - 4ª Mesa: Novas estratégias de comunicação e a periferia no Brasil
Presidência de Mesa: Manoel J. de Souza Neto - Museu do Som Independente
GOG (o poeta do rap nacional)
Preto Zezé das Quadras (Presidente da Central Única das Favelas - CUFA Brasil)
Debatedor: Vato (rapper e ativista digital)
18h - Aprovação da Carta do 3º ParanáBlogs
19h - Palestra lítero-musical
GOG (o poeta do rap nacional)
Clica 4.1.3 (rap)
  
21h - Festa de Encerramento
Com todos os participantes do evento na calçada da fama
*Algum palestrante pode sofrer contratempo, cancelar a participação, e ser substituído pela ParanáBlogs.
INSCRIÇÕES (clique aqui): - ATENÇÃO: APÓS O ENVIO DO FORMULÁRIO PREENCHIDO, PEÇA CONFIRMAÇÃO NO E-MAIL paranablogs@blogoosfero.cc 

Pagamento no dia do evento, na entrega das credenciais.

HOSPEDAGEM:
O Hotel oficial do #3ParanáBlogs é o Hotel Del Rey, que fica na melhor localização de Curitiba, na esquina da menor avenida do mundo, a Luiz Xavier com a rua das Flores, na famosa “Boca Maldita”. Com hospedagem em condições especiais para os participantes do evento de fora de Curitiba, entre os dias 12 e 14 de junho.
Cortesia de água e refrigerante do frigobar.

Café da manhã incluído das 6h30min às 10h, ar condicionado, TV a cabo, frigobar, telefone, secador de cabelos, cofre e banheiro privativo. Horário: Check in 14h, Check out 12h.

O Convention & Vistitour Bureau em parceria com o Hotel Del Rey, oferece gratuitamente um serviço de van Leva e trás, para Santa Felicidade, shoppings, casa de shows, teatro, bairro Batel no horário das 19:30 as 23:00. As Reservas deverão serem solicitadas na recepção do hotel até as 18:00 hrs.

Política de Gratuidade: cortesia de diária de uma criança de até 6 anos no mesmo apartamento que dois adultos pagantes.

Você chegando em Curitiba pelo Aeroporto ou Rodoviária, poderá utilizar os serviços e transporte de um Micro-ônibus executivo parando em frente a Biblioteca Pública. O Hotel Del Rey fica à uma quadra. – R$ 12,00 por pessoa. www.aeroportoexecutivo.com.br. Para ir ao evento basta pegar o mesmo ônibus e parar no Shopping Estação (três quadras da APP).

Reservas & informações na recepção do hotel. Rua Ermelino de Leão,18 - Centro, Curitiba/PR, CEP 80410-230, Tel. (041) 2106-0099 e FAX. (041) 2106-2300. www.hoteldelrey.com.br
Mais informações do evento pelo e-mail: paranablogs@blogoosfero.cc

FHC e o apartamento em Paris


Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

A discussão em torno do magnífico apartamento de Paris que seria ou não de FHC é rica em reflexões paralelas.

FHC, com atraso de doze anos desde que Jânio de Freitas lhe atribuiu a posse do apartamento na Folha, desmentiu ser dono.

Como é comum em FHC, ele colocou a culpa em Lula por uma afirmação de Jânio de Freitas jamais desmentida.

Gente próxima de FHC vive espalhando calúnias sobre Lula, mas isso não o impediu de dar uma lição de moral e posar de vítima do “lulopetismo”.

FHC, no desmentido, mostra estar desconectado da realidade. Diz que a “vilania” é velha, e afirma que não sabe por que o assunto voltou agora.

Na verdade, o apartamento nunca saiu de cena. A única novidade, desde a afirmação de Jânio de Freitas, é que FHC, enfim, se manifestou.

Ele diz que o dono é um sócio seu em negócios. Inimigos dizem que este sócio é um laranja, mas no caso específico do apartamento eu fico com a opinião de Nassif: FHC não é o dono.

Mas, e aí é que o debate fica interessante, FHC desfruta do melhor dos mundos: usa o apartamento como se fosse dele, e não tem que lidar com coisas desagradáveis como cuidar das contas, pagar imposto territorial, fazer reformas.

Para que ser dono?

Para passar aos herdeiros? Ora, eles podem se virar sem isso, certamente. Com as palestras, FHC amealhou um bom patrimônio, e isso sem contar pensões.

Melhor ter um apartamento à disposição em Paris do que ser proprietário de um, com certeza.

Mas e do ponto de vista ético?

Tenho um bom metro: você pode imaginar Mujica usando um casarão de um amigo em Paris?

Presidentes brasileiros parece que se lambuzam no poder com a proximidade de amigos, ou pretensos amigos, ricos.

Algumas semanas atrás, foi patético ver Lula e Dilma no casamento-ostentação de um médico alpinista que corteja o poder desde o general Figueiredo.

(Este médico é um dos caciques do Incor, hospital que está convidando as pessoas para presenciar uma palestra do líder de um dos grupos que lutam pelo impeachment de Dilma.)

Compostura, senhores, compostura.

Ninguém morre se não voar em jatos ou helicópteros particulares cedidos por “amigos”, ou se não passar finais de semana em casas cinematográficas situadas em praias particulares.

A mensagem que este tipo de conduta passa à sociedade ajuda a manter no abismo o prestígio dos políticos.

Numa antiga reportagem da revista IstoÉ Dinheiro sobre a “Paris de FHC”, publicada logo depois de ele deixar o Planalto, o apartamento era citado.

Mas lateralmente.

O maior encanto de Paris, para FHC, era poder andar pelas ruas sem ninguém aborrecê-lo.

Ele poderia ter isso sempre em Paris – a privacidade – sem ter que mamar num amigo rico.

O espírito do tempo, tão bem captado por Mujica e pelo Papa Francisco, clama por simplicidade. (Francisco voou para o conclave que o elegeu na classe econômica. Até Brad Pitt e Angelina Jolie estão usando econômica.)

Mas a elite dos políticos brasileiros, e FHC está longe de ser exceção, vive num universo paralelo, de fausto deslumbrado – e, pior, emprestado.

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Os 10 deuses mais poderosos


Odin

Ele não foi o primeiro ser a surgir do nada. Segundo a mitologia dos vikings, Odin é filho dos gigantes Bor e Bestla e tem dois irmãos Vili e Vê, que juntos com ele foram os primeiros deuses nórdicos. Mas foi Odin quem tornou-se o chefão no Asgard, o lugar onde vivem os deuses, e o mais poderoso e respeitado deus nórdico. Criador da humanidade que vive no Midgard (a Terra), ele é alto, forte e tem somente um olho, já que o outro arrancou com as próprias mãos em troca de sabedoria. Tem um cavalo vermelho de oito patas e uma lança que nunca erra o alvo, gosta de mágicas e é considerado o detentor supremo do conhecimento. Um de seus poderes vem do fato de ter se sacrificado para obter as runas, uma forma de escrita que foi usada em partes da Europa e na Escandinávia, entre os séculos 2 e 11. 

Amon

De deus do caos a da criação, Amon é um dos todo-poderosos deuses da mitologia egípcia. O papel, o nome e a importância dos deuses na narrativas do Egito antigo variavam de região para região. Amon era o rei dos deuses principalmente para os habitantes de Karnak, onde ficava o maior e mais importante dos templos egípcios. Um templo luxuoso a dedicado a um deus com uma barbicha falsa que mais tarde "fundiria-se" com Rá, o deus Sol, o grande deus da criação, que fez surgir o mundo a partir de um oceano primitivo. Amon-Rá tinha os sacerdotes mais poderosos do Egito, responsáveis pelos templos mais ricos e influentes junto aos faraós e aos generais. A região de Tebas concentrava esse poder político exercido em nome desse rei dos deuses. 

Osíris

A rigor, talvez Osíris não tenha sido tão poderoso como Amon, mas ele foi e continua a ser muito mais popular. Deus da fertilidade e do amor familiar, ele casou-se com outra estrela das divindades egípcias: sua irmã gêmea Ísis. Apesar de poderoso, Osíris acabou assassinado e esquartejado pelo seu irmão Seth. Segundo a mitologia egípcia, as lágrimas que Ísis derramou pela morte do irmão e marido deram origem ao rio Nilo. Mas ela também reconstruiu o corpo do marido e o enterrou. Após sua morte, Osíris passou a ser o deus do submundo, mas visto pelos egípcios de forma positiva, como um guia luminoso para a vida deles após a morte. Havia a crença de que os faraós quando morriam transformavam-se numa encarnação de Osíris. 

Ísis

A única deusa nesta lista, Ísis é ao lado de Osíris, seu irmão gêmeo e esposo, uma das mais conhecidas divindades da mitologia egípcia. Deusa da maternidade, de suas lágrimas nasceu o rio Nilo. Assim como Osíris, ela era uma das poucas divindades adoradas em todas as regiões do antigo Egito. Os poderes de Ísis vêm de um golpe que aplicou em Amon-Rá, o senhor dos deuses egípcios. Uma das versões da história conta que, metamorfoseada em uma cobra venenosa, ela o mordeu e falou que só o curaria se ele revelasse seu nome secreto. Velho e em agonia, Amon-Rá fez isso, o que significou transferir todos os seus poderes para a deusa. Deusa protetora de Cleóptara, a mais famosa rainha do Egito, o culto a Ísis extrapolou as fronteiras egípcias e alcançou outros impérios, com templos dedicados à deusa em várias cidades ao longo do Mediterrâneo.

Brahma

Ele criou o Universo segundo o hinduísmo, mas não apenas um e sim os vários universos cíclicos previstos naquela religião. Brahma, Shiva e Vishnu são os deuses mais cultuados pelos hindus, numa mitologia composta por milhares de divindades. Brahma teve o papel de ser o senhor da criação, de acordo com o Vedas, conjunto de poemas com narrativas sagradas sobre os deuses indianos, que surgiu há quatro mil anos. Em sua primeira tentativa, durante uma meditação, surgiu a noite e com ela vários demônios. Brahma resolveu então ir até o fim na próxima tentativa e fez surgir o Sol, os deuses hindus, o mundo e todas as espécies animais, incluindo o homem e a mulher. Brahma é um deus de quatro cabeças, que simbolizam os pontos cardeais, os livros do Vedas e as quatro castas hindus.

Urano

Conta a mitologia grega que antes dos titãs e dos deuses, ele era o ser supremo de um Universo que surgiu após o caos primordial. Filho de Gaia, a mãe Terra, Urano manteve com ela uma relação incestuosa que gerou como filhos os titãs, os cíclopes e os hecatonquiros. Urano, no entanto, os odiava e fazia com que voltassem sempre para o ventre da mãe, onde os mantinha aprisionados. Assim, ele reinou todo-poderoso e de forma cruel sobre tudo e todos. Considerado o deus primordial para muitos gregos, Urano acabou destronado por um dos titãs. Incentivado pela mãe, que não aguentava mais os maus tratos do todo-poderoso, Cronos, o mais novo dos titãs, aceitou matar o pai com uma foice que Gaia havia forjado. Cronos atacou Urano enquanto este estava adormecido e lhe cortou os testículos. Esse episódio fez com que o céu e a Terra se separassem e elevou o titã caçula à posição de senhor do mundo. 

Cronos

Após destronar o pai, Cronos temendo a profecia de sua mãe Gaia - que previu que, como Urano, ele também seria morto por um de seus filhos - passou a devorar todos os rebentos que teve com sua esposa-irmã, a titã Réia. Incestos e filhos que matavam os pais eram fatos corriqueiros na mitologia grega. Cronos era o deus do tempo e durante seu reinado sobre o mundo a humanidade recém-criada viveu sua "idade dourada", uma época de grande prosperidade, harmonia e fartura. Os filhos que Cronos devorou eram deuses que continuaram a crescer em seu ventre. No entanto, nem todos estavam lá, já que um deles, numa astuta manobra de Réia, foi enviado imediatamente após o nascimento para a ilha de Creta, onde foi criado por ninfas. Quando cresceu, e soube que era filho de Cronos e que ele havia devorado seus irmãozinhos, esse deus partiu em busca de vingança contra o pai. Seu nome era Zeus e sua luta levou à derrota de Cronos e ao fim do reino dos titãs. Começava a era dos todo-poderosos deuses gregos. 

Zeus

O mais popular, temido e promíscuo dos deuses ocidentais cresceu na ilha de Creta, longe dos pais e rodeado por ninfas. Zeus ao ficar adulto soube que tinha de usar uma poção mágica para resgatar seus irmãos da barriga de Cronos, seu pai. Após enganá-lo e fazer sair pela sua boca os deuses Posêidon, Heras, Hades, Héstia e Deméter, Zeus inicia uma guerra contra os titãs, com a ajuda dos cíclopes, que ele havia liberado do submundo. A vitória dos deuses marca o início do reinado de Zeus, que elege o Olimpo como sua nova morada. Deus supremo, Zeus tinha poderes sobre os céus, os raios e os trovões. Posêidon ficou com os mares e Hades com o mundo dos mortos. O reinado de Zeus foi marcado por suas infidelidades a Hera, sua esposa-irmã, e pelas constantes conspirações, intrigas e revoltas protagonizadas por deuses, semi-deuses e heróis. Deus vingativo, Zeus foi responsável por condenar o ser humano ao sofrimento e por protagonizar algumas das melhores narrativas mitológicas de todos os tempos. 

Júpiter

Júpiter Optimus Maximus foi a versão romana do deus grego Zeus. Chefão do panteão dos deuses da mitologia de Roma, Júpiter, assim como Zeus, foi criado por ninfas, para escapar de ser devorado pelo seu pai Saturno (a versão romana do titã grego Cronos). No sincretismo que envolveu o deus dos deuses gregos, Júpiter incorporou também traços que vinham da mitologia dos etruscos, povos que viveram no centro da atual Itália. É possível identificar nas características de Júpiter algumas que vieram de Tinia, deus etrusco dos céus. Apesar das muitas semelhanças com Zeus, inclusive no poder, no temperamento e na promiscuidade, Júpiter também tinha suas particularidades, notadamente no culto religioso feito a ele. Muitos imperadores romanos incorporaram traços das representações de Júpiter para identificarem seus poderes com os do deus todo-poderoso. 

Deus
Três das maiores religiões ocidentais são monoteístas e para elas só há um deus. Independente de ser chamado de Deus, Jeová ou Alá, para os cristãos, judeus e muçulmano somente ele é o todo-poderoso. Criador do Universo e de todas as coisas que nele existem, Deus é onipotente, onisciente e onipresente, isto é, ele pode tudo, sabe tudo e está em todos os lugares ao mesmo tempo. Apesar de ser considerado incorpóreo, algumas religiões monoteístas, como as cristãs, têm representado Deus em seus templos geralmente como um ser semelhante a um homem forte, de cabelos e barbas brancas e, na maior parte das vezes, com uma aparência severa. Epítome da benevolência e da justiça, o Deus das principais religiões monoteístas é todo-poderoso, infinito e perfeito, mas também tem seus momentos de fúria e vingança.

fonte: How Stuff Works

terça-feira, 9 de junho de 2015

Lula e Bachelet aplaudidos em reunião da FAO por conquistas na luta contra a fome

DESTAQUES EM ECONOMIA

O ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente do Chile, Michelle Bachelet, foram aplaudidos neste sábado na conferência da FAO em Roma por suas conquistas na luta contra a fome, a pobreza e a desigualdade em seus países.
Os dois líderes sul-americanos são considerados exemplares pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), ao lado da argentina Cristina Kirchner, pelos resultados obtidos com programas para erradicar a fome durante seus governos.
Lula, um sindicalista que conheceu o problema da fome durante a infância, implementou durante seus dois mandatos (2003-2010) o programa Fome Zero, que permitiu retirar da pobreza milhões de brasileiros, falou com entusiasmo dos resultados alcançados pelo país.
"No ano passado, o Brasil deixou de fazer parte do mapa dos países com fome", disse Lula, que discursou por quase uma hora, com seu estilo informal, dirigindo-se à assembleia com a palavra "companheiros".
"No Brasil, com 0,5% do orçamento conseguimos ajudar 54 milhões de pobres. Conseguimos este milagre porque começamos a tratá-los como seres humanos e não como estatísticas", disse.
"A experiência brasileira ensina que é possível erradicar a fome se a luta contra a pobreza virar uma política de Estado, com recursos garantidos", completou.
O ex-presidente ilustrou com anedotas e recordações pessoais as conquistas dos últimos 12 anos no Brasil, mencionou o programa "Bolsa Família", que transfere renda para famílias pobres, elogiou a ideia de criação de um cadastro para localizar os pobres sem a necessidade de intermediários e falou sobre o programa "Luz para todos", que levou energia elétrica a 97% dos brasileiros.
"Está crescendo a primeira geração de brasileiros que não conheceu o drama da fome", disse.
"Somos um exemplo concreto de que é possível erradicar a fome. Minha mensagem é uma: dividir o pão é o primeiro passo para construir a paz", concluiu.
A presidente chilena, Bachelet, também discursou na 39ª conferência da FAO, que prossegue até 13 de junho, que conta com a presença de representantes de 197 países.
"Para nós está claro que a fome só pode ser erradicada atacando as desigualdades e a pobreza, sobretudo aquela que se manifesta tão nitidamente no mundo rural".
"A chave é dar mais oportunidade aos pequenos produtores", disse.
Bachelet, que antes de assumir o segundo mandato de presidente do Chile trabalhou com a ONU pela igualdade da mulher, defendeu o papel das mulheres para alcançar a segurança alimentar e nutricional.
"Cerca de 58 milhões de mulheres vivem em áreas rurais da América Latina e Caribe. E elas são chaves na luta contra a fome".
Enquanto 795 milhões de pessoas passam fome no mundo, 500 milhões de adultos, nos países ricos e em nações em desenvolvimento, são obesos, segundo os números da FAO.
De acordo com as estatísticas da organização, esta é a primeira vez que o número de pessoas com fome fica abaixo de 800 milhões.
O resultado de 795 milhões representa 167 milhões de pessoas a menos que na década passada.
https://br.noticias.yahoo.com/lula-bachelet-aplaudidos-reuni%C3%A3o-fao-conquistas-luta-fome-161109318--finance.html

Racismo e estímulo ao ódio na Band


Por Altamiro Borges

Nos últimos dias, a Rede Bandeirantes sofreu duas merecidas punições da Justiça. A Band Bahia foi condenada a pagar R$ 60 mil por violação aos direitos humanos durante a transmissão do programa “Brasil Urgente”. Em reportagem exibida em 2012, a “repórter” Mirella Cunha humilhou o jovem Paulo Sérgio Souza, preso sob a acusação de estupro. Também no final de maio, o Ministério Público Federal determinou que a emissora exiba um vídeo sobre a diversidade religiosa. A decisão foi uma resposta às bravatas asquerosas de José Luiz Datena, que em 2010 afirmou que os ateus são criminosos. Embora leves, as duas punições ajudam a civilizar um pouco a programação da televisão brasileira, hoje palco das piores baixarias.

No caso de Mirella Cunha, a Band foi condenada pelo juiz Rodrigo Brito Pereira, da 11ª Vara Federal de Salvador, que considerou que “o direito de informação não é absoluto, vedando-se a divulgação de notícias falaciosas, que exponham indevidamente a intimidade ou acarretem danos à honra e à imagem dos indivíduos”. O juiz também criticou a postura racista e elitista da jornalista. “A ‘entrevista’ desbordou de ser um noticioso acerca de um possível estupro para um quadro trágico em que a ignorância do acusado passou a ser o principal alvo da repórter. Ao deixar de obter as notícias para ser a notícia a repórter Mirella Cunha em muito superou qualquer limite à ética e ao bom senso na atividade jornalística, essencial no Estado de Direito”.

Já no caso do reincidente José Luiz Datena, que constrói a sua fama e fortuna explorando preconceitos e difundido o ódio, o Ministério Público Federal decidiu que a emissora deverá exibir vídeos em defesa da liberdade religiosa nos intervalos do “Brasil Urgente”. Serão 72 exibições até novembro. “O Estado brasileiro é laico justamente para garantir que todos possam escolher entre ter ou não ter uma religião”, afirma o vídeo produzido pelo MPF. A campanha é uma resposta às agressões do apresentador, que atacou os ateus ao noticiar o assassinato de uma criança. “Ateu eu não quero assistindo o meu programa. O ateu não tem limites e por isso que faz esse tipo de crime... É por isso que o mundo está essa porcaria. Guerra, peste, fome e tudo mais. São os caras do mal. O sujeito que não respeita os limites de Deus, é porque não respeita limite nenhum”, esbravejou o sensacionalista irresponsável.

Diante desta barbaridade, que incita o ódio na sociedade, o Ministério Público Federal considerou que a Band desrespeitou a Constituição, que fixa o caráter laico do Estado brasileiro. O órgão também lembrou que a emissora privada explora uma concessão pública, sendo obrigada por lei a veicular conteúdo educativo e informativo que garanta o respeito aos valores éticos e à diversidade. As duas decisões recentes servem de estímulo a outras ações da sociedade civil organizada na Justiça contra as baixarias na tevê brasileira, hoje uma chocadeira de ovos da serpente fascista no país.

Aécio é prisioneiro da ultra-direita


Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Quem acompanhou a movimentação tucana nas últimas semanas viu, como se registrou aqui há mais de um mês, que os sinais da “guerra surda” do tucanato são cada vez mais audíveis.

A matéria da Folha, hoje, sobre a intenção do senador tucano de lançar um “manifesto” é uma tentativa – mais uma – de equilibrar-se entre a extrema-direita que se aglutinou à sombra de sua candidatura e a “realpolitik” de um partido político real, com pretensões de poder, como é o PSDB.

Parte cada vez maior do PSDB percebe que a aventura “coxinha”, cada vez mais radicalizada e isolada, pode (e, provavelmente, vai) empolgar uma parcela do eleitorado, mas que se atirar de cabeça nela é suicídio.

Mais claro não poderia ser o artigo de Fernando Henrique Cardoso, ontem:

“A oposição de hoje será governo amanhã. Portanto, não deve escorregar para o populismo e, sim, apontar caminhos (…)”, disse ele, criticando a adesão tucana à pauta irresponsável que Eduardo Cunha e Renan Calheiros usam para enfraquecer Dilma.

Aécio diz que vai propor uma “carta de princípios”, mas sabe que que, na política, os fins é que costumam contar para a direita.

Precisa, apesar dos xingamentos que já recebe, manter-se como nome palatável para a ultra-direita.

Senão, apeado do governo de Minas e enfrentando Geraldo Alckmin e o poder de São Paulo, será um general sem tropas, abandonado até – como ameaça ser - pelo “marechal” - sem votos, mas com prestígio nos círculos tucanos - FHC.

Ao mesmo tempo, tem de lidar com uma bancada – parte tucana, parte DEM, parte em partidos pequenos – ávida pelos holofotes do “trabalhador” Eduardo Cunha, que parece se dedicar a procurar tudo que esteja em tramitação na Câmara e possa causar desgaste a Dilma para levar imediatamente a voto.

Mas Aécio, de outro lado, também detém um poder imenso sobre o partido, porque acabou por se tornar o mais identificado líder do tucanato e conta com a força inercial do processo eleitoral de 2014.

Alckmin, Serra terão, como na frase célebre, de engoli-lo na presidência do partido e na liderança formal dos tucanos.

Fazer diferente seria um sinal inaceitável para um segmento de oposição que criaram, fundado num ódio irracional a qualquer coisa que não apenas se aproxime do Governo ou do PT mas com espasmos de brutalidade, autoritarismo e elitismo inacreditáveis.

É bom lembrar o que se pergunta em Lucas, 6,39:

“Pode um cego guiar outro cego? Não cairão os dois no buraco?”

Advertência válida para os que, do outro lado, não compreendem o que está em jogo e acham que política se faz meramente com vontades.

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Ho Chi Minh - O Poeta da Revolução







POEMAS DO CÁRCERE
(CARNET DE PRISON- traduit par Phan Nhuam)

Autor: Ho Chi Minh
Tradução de Coema Simões e Moniz Bandeira
Gráfica Editora Laermmer S.A
Rio de Janeiro – Guanabara
1968

Orelhas

Os Poemas do Cárcere constituem uma peça fundamental para a compreensão do caráter e da psicologia de Ho Chi Minh.

Quem é ele? Como viveu? Que pensa? A personalidade desse homem, que provoca admiração e respeito, tanto nos adversários como nos seguidores, suscita perguntas que todas as respostas conhecidas não satisfazem.

HO Chi Minh, de todos os estadistas do mundo contemporâneo, talvez seja o que menos se revele, o que menos se abra ao contacto da impressa, através de grandes pronunciamentos.

As suas obras só agora chegam ao Brasil.

Daí a importância da publicação dos Poemas do Cárcere, nos quais esse homem resevado e tranqüilo, mas firme e obstinado, exprime a sua intimidade, seus anseios e sentimentos, que, como os de todo líder, refletem os anseios e os sentimentos do povo.

Não se encontram nos seus versos os valores estéticos a que o público ocidental habituou a sua sensibilidade.

Eles encerram, de modo geral, um conteúdo ético e apelam, sobretudo, para a consciência do leitor.

O conteúdo dos Poemas do Cárcere traduz, assim, toda a filosofia de comportamento não só de Ho Chi Minh, mas, do povo vietnamita, que combate e ele simboliza.

A poesia integra o cotidiano do Vietnam.

Ho Chi Minh, freqüentemente, escreve mensagem ou termina seus discursos em versos. A poesia, nele, não representa uma forma de fugir a vida, mas uma forma de enfrenta-la.

Os Poemas do Cárcere mostram que nada é mais precioso para ele do que a independência e a dignidade. E, pela sua voz, fala todo o povo do Vietnam.




HO CHI MINH

A Poesia na Revolução

Magro, rosto amarelado, imberbe, cabelo na testa- este, o aspecto que o jovem Ba apresentava, quando desembarcou no porto do Rio de Janeiro. Trabalhava a bordo de um navio e ficara em terra para tratamento de saúde.

Ba ou, como se notabilizaria mais tarde, Ho Ch Minh habitou uma pensão no bairro de Santa Tereza. Ali passou algum tempo. Talvez três meses, enquanto esperava que outro navio o levasse de volta.

Não se pode precisar exatamente a data. Ba,nos fins de 1911, embarcou, como ajudante de cozieiro, no La Touche Treville, que fazia a linha Haiphong-Marselha. Tinha apenas 21 anos. Conheceu Oram, Dakar, Diego-Suarez, Port Said, Alexandria. E, depois de uma escala em Boston e New York, abandonou a profissão do mar. O mundo estava às portas da guerra. Era 1914.

Há muitas passagens obscuras na sua vida, informações vagas, dados incompletos. Nenhum dos seus biógrafos alude à sua viagem ao Brasil. Mas, evidentemente, foi nesse período que ela se realizou. Ho Chi Minh encontrou, em 1924, Astrogildo Pereira e Rodolfo Coutinho, que buscava o reconhecimento do PCB pela Terceira Internacional. Evocou os seus dias de Rio de Janeiroe revelou que muito impressionara a zona do mangue, o cheiro fétido, o mercado do sexo, subproduto do capitalismo nas condições do atraso semicolonial.

Os três encontraram-se em Moscou. Ba agora se chamava Nguên Ai Quôc e ajudava a articular, na Comitern, a seção do sudeste Asiático. Astrogildo Pereira logo regressou ao Brasil, Rodolfo Coutinho permaneceu e com ele partilhou do mesmo quarto. Esse convívio o levou a aprender a língua portuguesa.

Um ano mais tarde, porem, Nguyên Ai Quôc partiria para a grande jornada. Juntou-se a Hô Tung Mau e Lê Hông Phong, vietnamitas refugiados em Cantão, e criou a Associação da Juventude Revolucionara do Vietnam, que se tornaria a base para a formação do partido Comunista da Indochina, a força-motriz da revolução anticolonial.

Nguyên Ai Quôc, que, anos antes, publicara em Paris, violenta denuncia contra o processo de colonização francesa(1) e colaborara, ativamente no L’Humanité, Lê populaire et Lê Paria, escreveu, em 1929, uma brochura, fixando as diretrizes para a revolução na Indochina, dentro dos princípios do marxismo-leninismo. Intitulava-se O Caminho da Revolução (Lê Chemin de la Revolution) (2) e suas idéias fundamentais se substanciavam nos seguintes pontos:
1. Amplas massas operárias e camponesas ¾ e não um punhado de homens – realizarão a revolução. Daí a organiza-las.
2. Um partido marxista-leninista deve dirigir a revolução.
3. O movimento revolucionário em cada pais deve li8gar-se estreitamente ao proletariado mundial. É preciso fazer de tal forma que a classe operaria e as massas trabalhadoras possam distinguir a Terceira (Comintern) da Segunda Internacional (reformista).

“A burguesia sublevou-se contra o feudalismo, que a oprimia. Esta mesma burguesia tiraniza hoje a classe operaria e o campesinato, que constituem as forças motrizes da revolução” ¾ Dizia Nguyên Ai Quôc. 

Mas, o Partido Comunista do Vietnam (Vietnam cong san dang) só surgiu em 3 de fevereiro de 1930 e, em outubro do mesmo ano, transformou-se em Partido Comunista da Indochina (Dong duong cong san dang). E daí por diante, uma sucessão de combates sem trégua se compõe a vida de Ho Chi Minh. Após o fracasso da sublevação de YenBay, em Tonkin, e dos sovietes de Nghê Tinh, naquele mesmo ano, sobreveio a repressão e o movimento de massa entrou em declínio.

Tran Phu, secretario geral do PCI, Phan Van Dông, futuro presidente do Conselho de Ministros da Republica do Vietnam, Tôn Duc Thang e muitos outros caíram presos. O tribunal de Vinh, em1931, condenou Ho Chi Minh a morte e a Sureté ( apolicia de segurança da França) pediu a sua extradição as autoridades inglesas de Hong-Kong, onde estava encarcerado. E, depois, correra a noticia que ele morrera naquela cidade. De 1938 a 1939, porem, Ho Chi Minh viveu em Moscou, de onde, regulamente, escrevia para o Tim Tuc (As Novidades), órgão do PCI. Retornou a China, em agosto de 1938, e serviu como comissário político da missão do general Ying, doutrinando os soldados de Chang Kai-chek, que refizera a sua aliança com os comunistas, diante do avanço dos japoneses.

Estava cada vez mais próximo do seu objetivo: levantar a Indochina contra o jugo colonial. Aquele homem simples, franzino, que, manifestando indignação e tristeza, denuciou, no congresso sosialista de Tours (28.12.20), “as atrocidades praticadas na Indochina pelos bandidos do capitão”, Jamais perdera de vista o infortúnio de seu povo. A guerra mundial, que conflagrara a Europa e a Ásia, criara as condições para o inicio da jornada da libertação.

Ho Chi Minh retornou a Indochina, em janeiro de 1941, após consolidar a primeira zona libertada, na região de Cão Bang. Ali começava a maior epopéia da história contemporânea: a história de um povo pobre, atrasado, oprimido, que teima em ser livre, resiste a luta, prefere sucumbir nas ruínas, a golpe de napalm, a renunciar à sua independência e demonstra, com toda a eloqüência do seu heroísmo e da sua resolução revolucionaria, a fraqueza da maior maquina de guerra do imperialismo mundial.

A revolução é a poesia da historia, o momento de inspiração dos povos. Experiências acumuladas — frustrações e anseios, sofrimentos e alegrias ¾ transbordam, afloram à consciência, tomam forma, adquirem expressão, irradiam-se e empurram a humanidade para o sonho, puxando o sonho para a humanidade. Se toda a revolução tem a força da poesia, toda poesia, que sobrevive, tem a força da revolução.

A Comuna de Paris, as insurreições de 1905 e 1917, na Rússia, os levantes da Alemanha e da Hungria, em 1919, a grande marcha de Mao TseTung, a guerra da Espanha, a revolução da China, as lutas de libertação da Argélia, o heroísmo de Sierra Maestra, a epopéia do Vietnam e o sacrifício de Guevara ¾ eis alguns episódios da historia contemporânea mais fecundos e mais ricos em poesia do que todos os cantos da Ilíada, da Odisséia, de Jerusalém Libertada, de O Paraíso Perdido ou de Os Lusíadas.

A poesia da realidade manifesta-se com tanto poder de comunicação, que ofusca a realidade da poesia. Cada fato em si, que desponta nas manchetes dos jornais e nas noticias de radio, contem toda carga emocional de um poema, diante de qualquer outra palavra se desvanece. É impossível criar alem da criação. Talvez, por isso mesmo, mingúem tenha posto em verso as epopéias da idade contemporânea. E as epopéias são próprias das idades de transição, em que se constrói na ruína, a morte significa vida e o ocaso se confunde com a aurora.

Marx, Trotsky, karlo Liebknecht, maoo Tse-tung, Lumumba e muitos revolucionários escreveram versos, dedicaram-se à poesia. Todos encontraram na política, posteriormente, uma forma de expressão mais poderosa para sua criatividade. No caso de Ho Chi Minh, porem, se a obra do revolucionário traduz o espírito do poeta, a obra do poeta explica o espírito do revolucionário. Não se pode compreende-lo como combatente sem conhece-lo como artista.

“O Vietnam é um pais onde o presidente envia suas saudações e suas ordens do dia, sob a forma de poema, e, seguidamente, termina seus discursos em versos” ¾ comenta Madeleine Riffaud (3). E observa: “Mais a luta endurece, mais os vietnamitas necessitam de poesia. Necessitam da poesia como de um pouco de arroz”.
Aproxima-se a primavera e componho este poema para meus compatriotas do país inteiro.

Que combatam a agressão americana
E novas vitórias
Como flores desabrochem. (4)

O estadista, que formulou nesta saudação para o Ano Novo de 1967, é o mesmo guerrilheiro que nas florestas de Cao Bang, escrevia:

Vozes das fontes claras: canção longínqua.
A lua penetra a arvore secular.
O vento penetra as flores.
A paisagem noturna desenha-se como um quadro.
O homem dorme.
Ele pensa e repensa em sua pátria, angustiado.
Nosso país atravessa duros momentos.
Precisamos meditar em centenas e milhares de tarefas.
Os negócios de Estados, irmos, apóiam-se sobre vossos esforços,
Esforços maiores ainda.
Maior vitória.

Eu leio e o pássaro das florestas vem gemer diante de minha porta.
Escrevo minhas idéias sobre o livro
E as flores das montanhas miram-se no tinteiro.
Chegam-me noticias de vitórias.
O mensageiro estar para vir.
Recordo-me de você e lhe ofereço estes versos. (5)


Não se pode ler, entretanto, a poesia de Ho Chi Minh com os mesmos olhos que se habituaram aos padrões do Ocidente. Seus poemas, na maioria, são curtos e lembrariam os haicais dos japoneses. Encerram, freqüentemente, uma anedota. Ho Chi Minh, através das contradições que joga em cada verso, imprime-lhe um conteúdo ético. O lirismo do romântico ¾ quiça uma ressonância do seu tempo de França--- funde-se no realismo do revolucionário. A sátira transparece no drama. A esperança toma lugar do desespero. O otimismo aponta na tragédia.

Pela manhã, escalando o muro, o sol 
vem bater à porta. A porta está fechada
e a noite continua no fundo da prisão.

Os poemas de Ho Chi Minh refletem a revolta do combatente na mansidão do estóico. É o sábio que fala pela voz do poeta. 

O palácio de toda a historia
se constrói sobre o povo inteiro. (6)

Não se encontrara, nos seus versos, a fúria da palavra, mas, a sutileza da sabedoria. Não a comunicação pela imagem e sim à imagem pela comunicação.

Os Poemas do Cárcere datam-se do período em que resvalou pelas prisões do Kuomintang. Aprisionara-o a policia de chang Kai-chek, quando ele, em agosto de 1942, atravessou a fronteira da China. Dirigia, na época, o maquis da região de Cão Bang e, como representante da Liga pela independência do Vietnam (Viêt Minh), buscava articular a resistência contra os invasores japoneses.

Iniciou-se o calvário. De T’oung Tchéng a P’íg Mà, de Nân ning a Tsing Si, de Kwei Lin a Lieu Tchèou, coberto de chagas, que lhe ornamentavam o corpo como as vestes de seda dos mandarins, com frio, com fome, caminhando às vezes, 50 quilômetros a pé ou dependurados pelas pernas ao teto de um junco, dormindo junto às latrinas ou amarrados como frango no espeto (assim se chama, na China, o pau-de-arara) ¾ todos os sofrimentos e torturas se abateram sobre aquele homem, mas não lhe quebraram o moral. E até a noticia da sua morte, novamente, ocorreu.

Os Poemas do Cárcere contam esse trajeto de sua vida. Não se trata de uma autoglorificação, de uma elegia à desgraça, mas, de um testemunho e de um protesto, eivado de fé e de humanismo. Escreveu-os no chinês clássico, falando, ao tempo da dinastia dos T’ang, entre os séculos IV E IX. Não usou o idioma do Vietnam, O Quô Ngu, para evitar que descobrissem a sua nacionalidade. Ele se identificou como um jornalista chinês, que vivia na Indochina. E, como dizia Madeleine Rffaud, (7) Ho Chi Minh “maneja tão bem a língua dos como as formas de expressão popular”. 

Homem simples, modesto, refratário ao culto da personalidade, apesar da liderança incontestável, que exerce sobre o seu povo, e do prestigio mundial de que desfruta, Ho Chi Ming sempre se recusou a falar de si próprio, nos raros contactos que manteve com a impressa do ocidente. Phan Nhuan, que traduziu seus poemas e escreveu a apresentação, narra uma passagem bastante significativa. Era junho de 1946, em Paris. “Um homem magro, profundamente marcado pelos sofrimentos e privações, estava sentado diante de um buquê muito simples de rosas encarnadas”. Ao seu redor, uma centena de repórteres e observadores de todos os paises. O presidente Ho Chi Minh chefiava uma delegação do governo do Vietnam que negociaria com os franceses a sua independência. Um jornalista, “jovem e rosado”, perseguiu-o, durante um quarto de hora, com suas perguntas insidiosas e, não contente, insistia:

¾ Presidente o senhor é comunista?
O homem, pacientemente:
¾ Sim.
¾ Fez a resistência?
¾ Sim.
¾ Quanto tempo?
¾ Mais ou menos quarenta anos.
¾ Esteve também na prisão!
E, vendo onde o jornalista queria cegar, descreve Phan Nhuan, Ho Chi Minh novamente respondeu com o monossílabo:
¾ Sim.
¾ Que prisões?
¾ Muitas prisões senhor.
¾ Quanto tempo?
“O homem magro sorriu um certo sorriso, observando o jornalista jovem e rosado” ¾ registrou Phan nhuan. E respondeu:
¾ Quando se estar na prisão o tempo é sempre longo.

Os Poemas do Cárcere constituem, assim, a resposta que o jornalista, “magro e rosado”, Tanto buscou. Vale como um depoimento autobiográfico e um retrato da alma desse homem, que conduz, há quase três décadas, o povo do Vietnam no caminho da libertação.

Há personalidades, que sintetizam as virtudes do seu povo, que representam, qualitativamente, a quantidade e fecundam a historia. Quando se diz Ho Chi Minh, fala-se de todos os revolucionários que lutam e morrem no Vietnam. Ele é como aquele monge incendiado, que se dispõe ao sacrifício, mas com a metralhadora na mão.

MONIZ BANDEIRA

Rio, junho de 1968.


(1) Lê procès de lá colonisation française – reeditado em Hanói, 1962, Editions enlangues étrangères.
(2) Lê Chemin de la Révolution – in Ho Chi Minh, Jean lacouture, Editions du Seuil, Paris, 1967.
(3) Au Nord Vietnam ¾ Juliard, Paris, 1967.
(4) I Au Nord Vietnam
(5) I Au Nord Vietnam
(6) Op. Cit.
(7) Op. Cit.




DIARIO DA PRISÃO

Aqui teu corpo estar preso na cela.
Teu espírito, não ele está livre.
Se queres continuar tua missão,
deves manter elevado o teu moral.



EM PRIMEIRA MÃO

Versos jamais me apaixonaram tanto.
Mas, sem nada a fazer prisioneiro,
distraio os dias, que são longos, rimo
enquanto espero ver a liberdade.



CHEGADA À PRISÃO DE TSÎNG SI (*)

O novo preso, acolhem-no os veteranos.
Nuvem de azul perseguem tempestade.
Livremente no céu as nuvens passam.
Um homem livre, só, resta no cárcere. 
(*) Cidade principal um hsién (espécie de município) do mesmo nome, subordinada à província de Kouàng Si. (nota da edição vietnamita).



CAMINHO DA VIDA

Montes atravessei, venci as alturas.
As planícies são mais difíceis de passar.
Não me fizeram mal os tigres das montanhas,
mas encontrei um homem e ele me prendeu.

O novo Vietnam eu represento
em vista de amizade aos chefes de um país irmão.
É o oceano que contra a terra se arrebenta?
Vejo que me reservaram as honras da cadeia.

Sou um homem honesto e tranqüilo:
imaginam-me um chinês tenebroso.
É sempre difícil o caminha da vida,
Mas viver sua vida ,não é nada fácil.



SARAU


Ao por do sol quando o jantar termina,
ouve-se musica por toda parte.
Sombria e melancólica, Tsíng Si
Parece transforma-se em uma academia.



REFEIÇÃO DE PRISIONEIRO


Uma tigela de arroz vermelho: (*) 
Qualquer refeição.
Nem legumes, nem sal, nem mesmo caldo.
Aquele que possui quem lhe abasteça pode comer 
[na cadeia.
Quem não possui ninguém grita
pai e mãe.



A FLAUTA DO COMPANHEIRO DE PRISÃO


Uma canção de nostalgia
subitamente inunda as celas da cadeia.
O tom, gemido. O ritmo, soluço.
Que sofrimento ver-se do outro lado,
por vales e montanhas,
sombra de uma bandeira
que tristemente espera.



TRONCO (*)

Goela faminta, demônio cruel
Todas as noites
Morde e devora nossas pernas.
A garganta animal tragando o pé direito
Em quanto o pé esquerdo esperneia sozinho.


(*) Instrumento de tortura medieval, formado de um cepo com olhais, onde mete o pé do condenado. (Nota dos tradutores).



O JOGO DE XADREZ


O jogo de xadrez ocupa o tempo.
Lutam sem trégua infantes e cavalos. (*)
Como um raio afastar-se
e atacar como um raio.

A tenção e destreza o avanço guiam.
Como minúcia e largueza de visão,
resoluto e tenaz, acossar sem descanso.
De que serve seus carros se caíste no impasse?
Um peão bem colocado o jogo vence.


O equilíbrio de um lance encurrala o inimigo.
A vitória final se delineia.
Prepara bem teus golpes,
mantém secreto o plano,
que assim se tornaras um grande capitão.
(*) Na china, a terminologia do jogo de xadrez baseia-se na do antigo exercito. O peão chama-se infante ou soldado de infantaria; o rei, capitão ou general: a torre e a dama, carro. (nota da edição vietnamita).



A LUA 


Que fazer ante o encanto da noite e a beleza do
[tempo?
Através das grades o homem contempla a lua.
A lua contempla a lua através das grades.



A RAÇÃO D’ÁGUA


Meia bacia é a ração d’água.
Faz-se o que quer: asseio ou chá.
Você quer se lavar?
Esqueça o chá
Você quer o chá?
Deixe o asseio.



JOGO DE AZAR


Persegue-se lá fora os jogadores.
Mas na prisão campeia livre o jogo.
O que vai preso varias vezes chora
só ter reconhecido o lugar certo.



JOGADORES PRESOS


As prisões não sustentam jogadores
Para regeneraram mais depressa:
vive com nababo (*) o que tem posses
e o que chora e baba aos bordões.

(*) No original: Ngén ¾ gíria de prisão usada para designar uma espécie de caíde, mas, sobretudo em relação à riqueza. (nota da edição vietnamita).



AO CAIR DA NOITE


O pássaro cansado volta ao ninho
Entre as sombras do bosque.
Vagueia a nuvem pelo céu deserto.
Uma jovem na aldeia moe o milho
e o fogo inflama sua luz vermelha.



NOITE EM LONG TS’IUEN


Correm durante o dia os meus cavalos rápidos. (*)
Como um frango no espeto. (**) eu a noite me 
[sinto.
O frio a aproxima-se, os piolhos traiçoeiros.
Mas com o verdelhão por sorte canta o dia (***)


(*) O poeta alude ás suas pernas que, a pé, perfaziam 53quilômetros durante ao dia, para velas-la à noite, metidas em ferros, como frango no espeto ou, mais exatamente: como frango em cinco temperos, versão chinesa do frango no espeto, que consiste em amarrar as pernas e as asas da ave, aromatiza-la e arrumar as coxas artisticamente retorcidas.
(Nota da edição vietnamita).

(**) Espécie de tortura, como pau-de-arara (Nota dos tradutores)

(***) Pássaro cujo macho tem o peito amarelo e as asas negras. As fêmeas são azuis e possuem as asas negras.(Nota dos tradutores).



T’IEN TOUNG


No almoço e no jantar as tigelas de papas.
Virando sem parar, ronca e berra a barriga.
Poe três yuans arroz seco enraivece o estomago.
Ah! o arroz é de perola, o pau de canela! (*)
(*) É uma expressão para indicar a carestia de vida. Na Europa, diz-se: o arroz é de ouro. (Nota da edição vietnamita).



AO CHEGAR Á PRISÕA DE TIEN PAO


Cinqüenta e três quilômetros ao dia,
meias rotas, chapéu, roupas molhadas.
Sem saber o lugar onde dormir
aguarda na latrina o sol nascer.



A MULHER VISITA O MARIDO PRESSO



Ele
detrás das grades
Ela 
diante.
Tão próximos: uma polegada.
E tão distantes: o céu da terra.
O que a boca deve calar
os olhos contam.
Antes da palavra
as lagrimas nas pálpebras.



ORGANIZA-SE A RECEPÇÃO SOLENE DE WILKIE (*)



(A imprensa anuncia)


Como tu, amigo da China. 
Como tu, indo a Tch’oûng King.
Estás sentado no salão.
Eu, prisioneiro.
Como tu, sou também delegado.
Por que a diferença?
Parcialidades dos homens.
As águas sempre correm para o Oriente. (**)
(*) Chefe de uma delegação norte-americana que estava na China em 1942. (Nota da edição vietnamita).
(**) Poucas pessoas observam no mapa geográfico, que todos os rios da China (o rio Amarelo, o Yang Tseù ou o Si Kiang) correm para o leste. Daí o celebre verso que passou a provérbio: “Desde os tempos antigos que as águas correm para o Oriente”. (Nota da edição vietnamita). 



EXTORÇÃO DIRIGIDA A SI PRÓPRIO


Se não houvesse o luto, a morte, o frio do inverno,
quem reconheceria o frio do inverno?
O acaso conduziu-me aos fornos das desgraças
para fazer-me forte e de consciência rija.




RESTAURANTE


Entre sombras, à beira do caminho
numa casa de palha o restaurante.
Pirão frio e sal branco, no menu,
retém o forasteiro alguns momentos.




A PRISÃO EM KOUO TE



Como em família vive essa casa de força.
Azeite, lenha, arroz e sal ¾ todos possuem.
Cada cela parece um lar do prisioneiro:
Todo dia cozinha o arroz e o caldo engrossa.



A TRANSFERENCIA DO PRISIONEIRO PELA
MADRUGADA


Primeiro canto do galo
pela noite de negro ainda.
Como uma escolta de estrelas
a lua emerge dos montes.
O viajante segue a estrela,
rota de grandes viajantes.
Rajadas frias de gelo
o vento de outono sopra.
O seu rosto fustigado.
O clarão que rasga o Oriente
já se transforma em aurora
e varre os restos da noite.
Um bafo de fogo envolve
tanto a terra como o céu.
O viajante sente súbito
a poesia crepitando.




DE LONG NGAN A T’UOONG TCHENG



A região é intensa e a terra tão ingrata.
O homem ama o trabalho e ama a economia.
Parece que não veio a chuva à primavera:
Ceifam-se dois ou três dos dez feixes sonhados.



O CAMINHO


Se levo fortemente atados os meus braços,
ouço os pássaros, sinto o perfume das flores.
Quem me pode impedir essa felicidade
que me faz menos só e a marcha menos triste?



T’OUNG TCHEENG


Na prisão de T’oung Tcheng o mesmo que em
[ Pîng Má.
Simples mingau que deixa a barriga vazia.
Tem-se a água que quer e a luz que se deseja:
Abre-se a porta ao ar duas vezes por dia.


COBERTO DE PAPEL DO COMPANHEIRO DE PRISÃO



Livros novos, papéis velhos são amontoados.
Cobertor de papel é melhor que nenhum.
Abrigados do frio os ricos adormecem
Enquanto na prisão tantos tremem sem sono.



NOITE DE OUTONO


À noite, o corpo e as pernas enroscadas.
Nem colchão nem coberta, insone ao frio.
Sob o gelo da lua, as bananeiras.
A Ursa maior oscila na vigia.



PERNAS E BRAÇOS AMARRADOS



Enrolam-se os dragões nas pernas e nos 
[braços (*).
Terão os generais dragonas mais bonitas?
Em fios de ouro são as dragonas que 
[ostentam.
As minhas ¾ podem ver ¾ são belas cordas 
[grossas.

(*) Os dragões eram atributos dos imperadores chineses e vietnamitas, os emblemas de majestade, por causa de seus ancestrais totêmicos. (Nota da edição vietnamita.)



ADEUS A UM DENTE




Inabalável foste,
a vida de sete fôlegos.
Eras tão diferente de tua irmã mais velha, (*)
flexível, incomensurável. 
Partilhamos juntos o gosto da vida.
E agora nos separam
meu dente inseparável.


(*) trata-se da língua ¾ irmã mais velha do dente ¾ porque o precede na vida. (Nota da edição vietnamita).



A MULHER DO INSUBMISSO (*)



Meu esposo partiu e não retorna.
Fiquei Abandonada ao meu desgosto.
Minha dor comoveu o mandarim
Que me envia à prisão para descanso.


(*) Quando um homem não queria ser soldado, o governo prendia sua mulher e seus filhos. Procedimento bárbaro que o autor desmoraliza. (Nota da edição vietnamita).





ESTORIA PARA RIR



A morada oficial, o arroz do estado,
A guarda se reveza a cada passo.
Horas de ócio, passeio à vontade.
Não acham muita honra para um homem?



ACORRENTADO A CAMINHO DE NÂNG NÎNG



A corda é bem vulgar. Trocam-na por grilhões
que provoca os sons de jade e camafeu.
Suspeito como espião aos olhares dos guardas,
que caminhar de rei, que porte de fidalgo! (*)


(*) quando dignatários e importantes homens de letras achavam-se, outrora, em audiência solene na corte, usavam cinturões enfeitados de pedras preciosas, que produziam singular ruído. ( Nota da edição vietnamita).




NA ESTRADA... OS GUARDAS CARREGAVAM UM PORCO



Carregando um leitão, os guardas me puxavam.
Vai nos braços um porco, um homem na coleira.
Um porco vale mais. É baixo o preço de um homem 
quando não pode usar a sua liberdade.



Entre mil aflições, centenas de infortúnios,
Perder a liberdade é o que pior existe.
Quando cada atitude e cada gesto espreitam,
sois um cavalo, um boi que qualquer um maneja.




NO MEIO DO CAMINHO TOMO O JUNCO
YONG MÎNG (NANG MÎNG)


Deslizo pelas águas para Yong Mîng.
Os pés presos ao teto, torturado. (*)
Os povoados são densos sobre o rio,
Dos pescadores leves as sampanas.



(*) A s autoridades nacionalistas realizavam a transferência dos prisioneiros, pendurando-os, pelos pés, ao teto de um junco. De cabeça para baixo, esse prisioneiro parece não perder a visão otimista do mundo. (Nota da edição vietnamita).







A PRISÃO DE NANG NÎNG




Uma prisão no estilo ultra-moderno.
Farta iluminação a luz elétrica.
Um pirão sem tempero, a refeição:
A barriga vazia ronca e vira.




UM GALO CANTA



És um animal comum
que anuncia o sol.
Ao primeiro canto
um povo emerge do sono.
O trabalho que fazes não é tão desprezível.




UM JOGADOR DETIDO ACABA DE 
“PIFAR” (*)

Ele não era mais que pele sobre os ossos.
Não agüentava a fome, o frio, essa miséria.
Apoiado em meu ombro dormiu à noite, ontem,
E no seio da terra entrou antes da aurora.


(*) No original em gíria. (Nota da edição vietnamita).



MAIS OUTRO...



Yi, Ts’î (*) não comiam arroz dos tiranos Tcheou.
O jogador rejeita a comida do cárcere.
Yi, T’sî morreram de fome nos montes Cheòu
[Yang.

(*) Yi, T’sî são dois personagem semi-histórico e semi-lendários, que existiram no fim do penúltimo milênio antes da era cristã, e se tornaram símbolo de fidelidade a um principio moral. Naquela época, a Flor-Central, sob a suserania nominal dosYin, estava de fato dividida em inúmeros estados-tribos, independentes uns dos outros. Yin T’sî ¾ em nome da ética tribal ¾ desaconselhavam o chefe dos Tcheou ¾ um dos mais fortes principados ¾ a não empreender a guerra de hegemonia que ele preparava. O Tcheou entretanto, conseguiram vencer os Yîn e dominar toda a Planíce Central. A fim de não comer o arroz dos Tcheou, que iria comprometer-los, Yi Ts’î retiraram-se para a floresta, viveram de plantas e morreram de fome. O jogador a que se refere o poeta, não será por acaso um sábio conservador desse principio? (Nota da edição vietnamita).



PRIBIDO FUMAR



É proibido fumar nesse recinto.
O fumo confiscado o guarda usa.
Ele pode fumar quando quiser,
Mas, se fumas, irmão, botam-te algemas.



CREPÚSCULO


No rebolo dos montes a espada dos ventos se afia.
Um frio de lamina atravessa a carne dos maciços.
Soa ao longe um sino... Apressa-te peregrino!
A criança recolhe o búfalo
soprando flauta.



INSÔNIA



Uma noite sem dormir. Duas noites. Três noites.
Impossível dormir! Agito-me, angustiado.
Quarta noite. Quinta noite... Será sonho? Vigília?
Cinco pontas de uma estrela enrolam meus pensamentos. (*)


(*) A bandeira da resistência vietnamita tem uma estrela de cinco pontas sobre um fundo vermelho. (Nota da edição vietnamita).



PENSANDO NUM AMIGO


Pelas margens do rio outrora me seguias.
De te me despedia: até outra colheita.
O arado novamente arranhou a planície
e, longe do pais, me fazem prisioneiro.



A SARNA


Coberto de azul (*) e manchados de chagas.
Que damasco em flor!
Violas sensíveis que todo dia dedilhamos. 
Vestidos em damasco, belos Senhores do Cárcere...
Que concerto de corações!
Que concerto de musica!

(*) O poeta refere- se a cianose, enfermidade produzida por embaraço circulatório e que provoca uma coloração azulada na pele. (Nota da edição vietnamita).


CANTO DO ARROZ DESCASCANDO 


Sofre o arroz o choque do pilão.
Repare que brancura após a prova.
Também um homem para ser um homem
Tem que sentir o golpe do infortúnio. 



“HOTEL PARA VIAJANTES” 



O novo prisioneiro quando chega 
deve deitar perto da latrina.
Mas se queres melhor alojamento
Junte algum dinheiro às escondidas.




CLARA MANHà



Sombras, fumaça, nevoa se dissipam,
quando o sol da manhã entra no cárcere.
Um sopro, que remova, inunda a terra.
Volta o sorriso a cem rostos fechados.







ALERTA NO VIETNAM



Informação da Agencia Tch’é Tão, publicada na impressa de Nân Nîng.


Antes a morte à vida como servo.
Quando as bandeiras livres se desfraldam,
Que desgraça resta numa enxovia
e não poder lançar-me nas batalhas.




PRATO DE CACHORRO EM PÃOHSIANG




Comem em Koùo Te peixe “`la fraîche”. (*)
Em Pão Hsiang fazemjus ao prato de cachorro.
Os guardas de minha repugnante escolta
sabem as vezes viver e comer bem.

(*) Peixe cru: iguaria requintada que se come no Oriente. (Nota dos tradutores)




O COOLE CONSTRUTOR DE GRANDES 
ESTRADAS


Sem trégua, sem repouso, à chuva e vento,
trabalha o coole. Vida de miséria.
Cavalheiros, pedestres, transeunte,
quando se lembrarão de suas dores?




O MEU BASTÃO ROUBADO POR UM 
GUARDA


Sempre foste direito, infatigável, firme.
Fundido à minha mão, andamos pelos anos.
Maldito seja quem nos separou! Patife!
Solitário deixou-te. E a mim, inconsolável.



MARCO DE QUILÔMETROS



Nada de grande, extraordinário,
De imperia ou principesco:
Nada mais que simples bloco de pedra
á beira da estrada.
As pessoas te buscam 
para não se perderem.
Indicas o caminho a cada um
e o tamanho do trajeto.
Isto não é nada, pequena pedra!
Mas ninguém poderá esquecer-te.



O PREÇO DA LUZ



Ao entrar na prisão pagas a luz.
Seis dólares (*) por homem: em Kouáng-Si.
Nesse lugar sombrio ¾ o mais escuro ¾ 
não vale um centavo (**) a luz do dia.


(*) A velha moeda Yuân, chamada comumente dólar chinês, não tem nenhuma relação com o dólar. Seu valor real era mínimo.(Nota da edição vietnamita).
(**) Em francês, liard: antiga moeda de cobre, francesa, equivalente a um quarto de soldo.
(Nota dos tradutores).



A VIDA NA PRISÃO



Um fogareiro cada qual possui.
A marmita ajustada ao seu tamanho.
Para fazer chá, arroz, legumes,
Arde o fogo sagrado todo o dia.



O BOM SENHOR KOÛO



Providencial acaso, encontro formidável!
Como direi? O bom senhor Koûo foi para
mim como em noite fria o fogo de carvão.
Sob os céus, corações assim existem ainda?



MÔ, O CARCEREIRO DE PIN YÂNG



Mo, guarda de Pin Yâng, a fama de bravura,
com seu próprio dinheiro alimenta os detentos.
Liberta-os grilhões para que à noite durmam
Segue seu sentimento e não a autoridade. 




ELE QUERIA FUGIR



Só trazia uma idéia: liberdade!
Do carro se lançou, jogando a vida.
Correu trezentos metros (*) de aventura:
trouxeram-no de volta os mesmos guardas.

(*) Na edição vietnamita, demi-Li, ou seja, meia-Li.
Li: medida chinesa equivalente a 600 metros mais ou menos.
(Nota dos tradutores).


EM LAI PIN 


Passa o dia jogando o chefe da prisão.
O guarda-chefe rouba os presos que transporta.
O hsièn-chefe despachas os papeis no escritório.
Nada muda em Lai Pi: há sempre a Grande 
[Paz (*)

(*) A Grande Paz (T’ing P’ing) é a Pax romana da China Imperial, a paz dos mandarinos.
(Nota da edição vietnamita)


MEIA NOITE


Todos, dormindo, a mesma expressão de inocência.
O despertar divide em bons e maus os homens.
Bom, mau ¾ ninguém assim de natureza nasce. 
A educação depois o seu caráter forma.
QUATRO MESES JÁ



“Um dia encarcerado:
Mil anos lá fora”.
Não é vã palavras 
este provérbio antigo.
Quatro meses na cela
destruíram meu corpo
mais que dez anos de vida.
Quatro meses de fome,
quatro meses de insônia,
sem mudar de roupa
sem poder me lavar.
Abandonou-me um dente,
cabelos branquearam,
negro, magro, faminto,
vestido de sarna e de feridas.
Mas paciente sou,
duro, rijo,
sem recuar um palmo.
Materialmente miserável,
o moral, firme.



CHEGADA A KOUÉ-LIN (*)



Nome impróprio Koué-Lin: nem bosque nem canela,
Somente águas sem fundo e montes sem acesso.
Ao pé de uma figueira, uma triste prisão,
Sem luz durante o dia e de noite sem vozes.


(*) Koué-Lin (Quê-lam em vietnamita) significa bosque das caneleiras ou, mais exatamente, das canifístulas. É o nome de uma localidade em Kouàng-Si. (Nota da edição vietnamita).



DIREITO DE ENTRADA NA PRISÃO



Ao entra na prisão também se paga,
Cinqüenta dólares (*) a preço baixo,.
Se te falta dinheiro para a conta
Um calvário te espera a cada passo.

(*) Dólar chinês. (Nota dos tradutores)



?!


O que tanto sofri durante quarenta dias!
Inútil sofrimento enfrentei tanto tempo.
É preciso fazer o retorno a Leoù Tcheou:
Um homem se entrega e você solta bílis.



ANTE O BIRÔ POLÍTICO DA QUARTA
ZONA DE GUERRA


Arrastão por treze hsién da região de Kouàng-Si.
Detidos em dezoito prisões infectadas.
Que crime terei eu cometido, mandarins veneráveis?
Crime de amar o povo e consagrar-lhe a vida.



IMPRESSÕES DE UM NOITE


Abre-se a rosa
a rosa fenece
em saber o que faz.
Mas se uma rosa-perfume
na prisão se perde
gritam no coração
do confinado
todas as injustiças do mundo.




A EPOCA DO TS’ING MÎNG (*)

A pura claridade de Ts’ing Mîng, a chuva fina.
A alma do prisioneiro as tristezas invadem.
Onde obter aqui liberdade?
Dos mandarins a porta o guarda ao longe aponta.

(*) ts’ing Mîng ou pura claridade é o período do antigo calendário chinês que conresponde, mais ou menos, à primeira quinzena de abril. Se na literatura, o Ts’ing Mîng é a época do ano em que, sob um céu límpido, florescem as pereiras e as paulownias (1), é também a época em que na China do Sul, cai uma chuva fina e desesperante, que provoca um estado de espírito particular. Sob essa forma de spleen (2), conserva-se da dinastia T’âng uma estrofe célebre que o autor adaptou. Para isso, foi suficiente mudar dez caracteres do poema T’âang, de um pessimismo calculado, e transformar a tristeza em humor. (Nota da edição vietnamita)

(1)Paulownia: arvore do Extremo Oriente, com flores aromáticas, gênero das plantas emolientes. Atinge a altura de quinze metros e as folhas medem trinta centímetros.
Plantam-se nos parques e ao longo das ruas. Origem do nome: Ana Pauwona, filha do czar Paulo I. (nota dos tradutores)
(2) Spleen: estado de espirito que se caracteriza por completo aborrecimento de tudo. (Nota dos tradutores).



IMPRESSÕES DO OUTONO



A Ursa Maior nos montes. São dez horas.
Sua alegria o grilo canta. Outono.
Que importa ao preso tanta natureza
Se só um canto escuta: a liberdade.


O outono viu-me livre no outro ano
e eis que me encontra agora prisioneiro.
Sou menos útil ao meu povo amado?
Este outono bem vale o que passou.



PERDER A LIBERDADE 


Que tristeza perder a liberdade!
Triste senhor do céu, sem coração!
Sapatos em frangalhos, pés na lama,
Devo andar sem descanso a qualquer custo.
PENSAR NOS DIAS PASSADOS



Pensaria o céu, em trancar um herói?
Oito meses à morte em ferro e correntes.
Longe do sol, ó preço de uma sombra humana!
Mas quando se abrirão as portas da cadeia? (*)

(*) Esse verso faz parte do celebre apelo aos intelectuais, do patriota Phan Chaâu Trinh, em prol de um concurso trienal no inicio desse século, quando o Vietnam acabava de perder sua independência:

................................................

Truông chu bach niên thoa ma
Bãt tri hà nhât xuât lao lung?

(Ficaremos cem anos curvados sob ultrajes,
mas quando, se abrirão as portas da prisão?)
(Nota da edição vietnamita)


EVOCAÇÕES


Hirsuta, negra, a copa
Arvore desgrenhada,
retrato de Tchang-Fei (*)
O constente Kouan Yù
¾ o sol nascente a minha
lealdade testemunha.
Sem noticias da pátria
Durante todo um ano,
Sempre esperando um eco.


(*) Tchang-Fei e Kouoan Yù soa dois heróis da época dos Três Reinos (séc.III), que, com Lieôu Péi, o futuro rei dos Chou, combateram pela legitimidade Ham, considerada como causa justa. Um romance histórico muito popular ¾ Três Reinos ¾, do século XIV, exalta a fraternidade desses três companheiro de armas, cujas figuras permanece mais viva s no coração dos chineses do que os Três Mosqueteiros no dos franceses.
Kouan Yù, um misto de Marte, Aquiles e Bayard, é venerado após os Song, nos paises de tradição chinesa ¾ no Templo das Virtudes Militares, como símbolo da retidão, Constancia e bravura. Tchang-Fei, representado na estatuaria sob os traços de um personagem hirsuto, escuro é o tipo do guerreiro ardente e fiel.
É interessante observar o processo de associação de idéias do poeta. Ao ver a copa desgranhada das arvores,
Ele pensa em Tchang Fei (negro-força física). Depois de Tchang Fei, evoca Kouan Yù e recorda a terra dos HAN.
O tradutor acrescentou os qualitativos negro, constante. Embora não figure no texto de modo evidente, estão submetidos na idéia que se faz dos personagens. A razão é que a língua chinesa, pobre em certa categoria de termos abstratos, tende a transforma-los através de metáforas.
Assim coração de Kouan-Yù-sin (coração de Kouuan-Yù) significa constância, lealdade. Uma tradução que não leva em conta esse aspecto de língua chinesa dará uma idéia ininteligível. (Nota da edição vietnamita).




AO LER “ANTOLOGIA DOS MIL POETAS”



Flores, neve, lua e vento, montes rios
¾ cantar a natureza era o prazer dos antigos.
É preciso armar de aço os versos de nosso tempo.
Também os poetas devem saber combater.



BELEZA PERMANENTE



Tudo muda ¾ é a lei. 
A roda gira e não para.
Após a chuva, o sol.
O universo , num instante,
troca suas roupas molhadas.
A paisagem estende tapetes
sobre seis quilômetros.
Sol doce, leve brisa,
uma flor sorri.
No topo da arvore,
o galho brilha.
Canta um coro de pássaros.
Homens e animais sentem a ressurreição.
Que de mais natural?
Após a desgraça o jubilo.


LIBERDADE, PREPARO-ME PARA ATRAVESSAR 
AS MONTANHAS


Nuvens e montes. Montes e nuvens.
Cintila o rio em baixo. Nada o mancha.
Palpita o peito, sigo Si-Fong Ling, (*)
O olhar no sul, pensando nos amigos.


(*) Si-Fong Ling ¾ Montes do Oeste, cadeia de montanhas que se vê de Lieoù, onde se encontrava o poeta ao sair da prisão.
Esta estrofe não figura no velho CARNET DE PRISON, de Ho Chi Minh. Ela é, na realidade, uma mensagem de além-tumulo.
Certo dia de 1944, dois anos após o desaparecimento de Ho Chi Minh, morto ¾ e enterrado, ¾ Vo Ngguyen Giap,
Que comandava o grupo de resistentes de Cao Bang, encontrava um exemplar de um jornal de Tch’oung King, com a estrofe acima, na margem, escrita a mão. A caligrafia era a mesma do desaparecido.
Impossível qualquer duvida: o morto estava VIVO.
(Nota da edição vietnamita).