sexta-feira, 1 de junho de 2018

João Amazonas, líder comunista que faz falta



Transcorreu no dia 27 de maio o 16º aniversário do falecimento do camarada João Amazonas. Quanta falta nos faz. Ele foi o líder político e o ideólogo do PCdoB por quase meio século, seu refundador, na ocasião em que ocorreu a divisão provocada pelo revisionismo e o oportunismo de direita entre 1958 e 1962.


Quando o PCdoB foi reorganizado, em 18 de fevereiro de 1962, sob a liderança coletiva
formada por João Amazonas, Maurício Grabois, Carlos Danielli e Pedro Pomar, entre
outros inolvidáveis dirigentes, desenvolvia-se intensa luta política e ideológica.
Produzira-se no âmbito do Movimento Comunista Internacional uma cisão motivada
pelo revisionismo krushevista, com suas teorias de conquista do socialismo através
do caminho pacífico e da colaboração de classes.

No âmbito interno, o divisor de águas foi a publicação pelo Comitê Central do antigo
 PCB da Declaração de Março de 1958, que João Amazonas considerava a síntese
de uma estratégia e tática de fundo oportunista.

A Declaração de Março superestimava as possibilidades de aliança dos trabalhadores e
 demais massas populares com a grande burguesia e os latifundiários, e defendia a
criação de uma espécie de frente ampla que unisse toda a nação. Como se esta não
estivesse já polarizada entre forças sociais antípodas. Tragicamente, o golpe militar
de 1964, expressão política da aliança entre o imperialismo e a grande burguesia e
 os latifundiários, dissipou as últimas dúvidas a esse respeito. No debate da época,
já ficara evidente o erro que consistia em separar artificialmente a questão nacional
da questão de classe.

Cuidar do Partido e do seu caráter comunista 

Como poucos, João Amazonas compreendia o papel da organização partidária na
 luta política e dedicou o melhor dos seus esforços para forjar o PCdoB como
organização de vanguarda estruturada, ligada às massas e independente.
Um vivo organismo político e ideológico de classe para a luta política de classes.

Ao homenagear o camarada João Amazonas no 13º aniversário do seu falecimento,
 é necessário repisar a importância do cuidado com o Partido. Ele considerava,
com base nas leituras que fizera de Lênin, e na própria experiência do movimento
comunista internacional e da trajetória do PCdoB, que o partido comunista é o
principal fator subjetivo da revolução socialista, porquanto é o fator que se relaciona
com a consciência de classe e a teoria revolucionária.

Em debates internos e públicos sobre a dimensão dos acertos e erros de um partido
político do proletariado, João Amazonas dizia que o Partido deve evitar os erros políticos,
mas inadmissível mesmo era o desvio do caráter e da essência comunista. Inevitável
conclusão: o pressuposto da existência do Partido Comunista e de suas vitórias políticas
 é a ideologia e a identidade comunista. A recíproca é verdadeira: o abandono da
ideologia e da identidade comunista conduz inevitavelmente à bancarrota política
do partido do proletariado.

A lembrança de tais conceitos vem a calhar num momento em que o Partido realizou
 seu 14º Congresso (novembro de 2017) e renovou parte da sua direção.

A deliberação sobre a composição dos órgãos dirigentes do Partido e a designação
dos seus titulares não são atos de rotina, nem burocráticos. Como indica a experiência,
trata-se de decisão ligada às lutas e atividades que o Partido desenvolve em todos os domínios.

O PCdoB pode orgulhar-se de que desde a legalização, há exatos 33 anos, alcançou e
 consolidou conquistas históricas em vários âmbitos. São conquistas na luta política, de
 massas, na batalha das ideias e no exercício do internacionalismo proletário. Um acervo
de realizações que fez com que déssemos enormes passos adiante na construção de
 um partido comunista de quadros e de massas, dotado de estratégia e tática, programa
e estatutos consoantes o espírito da época, com ampla ação política, institucional,
eleitoral e de massas, portador de uma teoria de vanguarda – o marxismo-leninismo,
o socialismo científico.

É porque pretendemos perseverar nesse caminho e construir uma força que integrará
a vanguarda do processo de emancipação nacional e social de nosso povo e da luta
 pelo socialismo, que igualmente, com o indispensável espírito autocrítico que
 caracteriza uma força comunista, constatamos que o nosso Partido padece de um
déficit ideológico, orgânico, político-eleitoral e na sua ligação com as massas
trabalhadoras e populares. João Amazonas há tempos advertia para isto.

A força do Partido emana, ou deve emanar, da sinergia entre a justa linha política,
o poder dos princípios ideológicos, a solidez da estrutura orgânica e a profundidade
dos vínculos com o povo. E será tanto maior se os comunistas forem capazes de
desatar as energias e a criatividade do povo em luta, em movimento, em imparável
processo de elevação da consciência.

Um rico legado

Esta breve memória sobre o camarada João Amazonas não pode deixar de referir
o aspecto principal da sua vida e obra. Nunca é demais lembrar seu papel de formulador
político e teórico, como ideólogo marxista-leninista, agitador, propagandista e organizador do Partido.

Sob sua direção, os comunistas atravessaram o período mais difícil da existência do
Partido, a ditadura militar (1964-1985), na mais estrita clandestinidade.

Amazonas viveu intensamente e enfrentou com sabedoria e audácia o período
contrarrevolucionário de liquidação do socialismo na URSS e países do Leste
europeu, em fins dos anos 1980, começos da década de 1990. Ajudou o Partido a
extrair as lições daquela viragem histórica, que marcava a existência de profunda
crise na teoria e na prática do movimento revolucionário e comunista. Comandou
a autocrítica antidogmática, a partir do 8º Congresso (1992), sem cair no canto de
sereia do oportunismo de direita nem do liquidacionismo.

O camarada João dirigiu a formulação de uma estratégia revolucionária, baseada n
os princípios do marxismo-leninismo, e de uma tática ampla, combativa e flexível.
 Ensinou-nos que o Partido deve enraizar-se entre as massas, inserido no curso
político, enfrentar os pequenos e grandes embates políticos do cotidiano e acumular forças revolucionariamente.

João fazia uma análise implacável sobre as classes dominantes brasileiras. Dizia,
na redação do Programa Socialista aprovado na Conferência Nacional de 1995 e
ratificado no 9º Congresso (1997): “O desenvolvimento deformado da economia
nacional, o atraso, a subordinação aos monopólios estrangeiros e, em consequência,
a crise econômica, política e social cada vez mais profunda são o resultado inevitável
da direção e do comando do país pelas classes dominantes conservadoras.
Constituídas pelos grandes proprietários de terra, pelos grupos monopolistas da
burguesia, pelos banqueiros e especuladores financeiros, pelos que dominam os
meios de comunicação de massa, todos eles, em conjunto, são os responsáveis
diretos pela grave situação que vive o país. Gradativamente, separam-se da nação
e juntam-se aos opressores e espoliadores estrangeiros. As instituições que os
representam tornaram-se obsoletas e inservíveis à condução normal da vida política.
 Elitizam sempre mais o poder, restringindo a atividade democrática das correntes
progressistas. A modernização que apregoam não exclui, mas pressupõe, a
 manutenção do sistema dependente sobre o qual foi construído todo o arcabouço
do seu domínio”.

Percebendo que a luta democrática e patriótica pelo desenvolvimento, a soberania
nacional, em defesa da nação ameaçada pela ofensiva conservadora e neoliberal,
 era a expressão concentrada da luta de classes, inseparável da luta pelo socialismo
na fase peculiar que o Brasil vivia, Amazonas era taxativo em suas conclusões acerca
da evolução desse combate. No mesmo documento, o Programa Socialista, dizia:
“Tais classes não podem mudar o quadro da situação do capitalismo dependente e deformado. Sob a direção da burguesia e de seus parceiros, o Brasil não tem possibilidade de construir uma economia própria, de alcançar o progresso político, social e cultural característicos de um país verdadeiramente independente. Na encruzilhada histórica em que se encontra o Brasil, somente o socialismo científico, tendo por base a classe operária, os trabalhadores da cidade e do campo, os setores progressistas da sociedade, pode abrir um novo caminho de independência, liberdade, progresso, cultura e bem-estar para o povo, um futuro promissor à nossa Pátria”.

Amazonas tinha um agudo senso tático, fazia diuturnamente análise concreta da situação concreta. Por isso foi um dos pioneiros da candidatura de Lula em 1989, tendo-se destacado como um dos fundadores da Frente Brasil Popular.

Também diuturnamente, repetia o conselho de que em nenhuma circunstância nos afastássemos do curso real da vida política nem nos posicionássemos à margem da luta política principal em curso.

Vivemos um momento grave da vida nacional, em que faz falta a presença e a palavra prudente e lúcida de um líder como João Amazonas. Num momento em que é indispensável mobilizar as energias do povo brasileiro na luta pelas reformas estruturais democráticas, como passo para a revolução socialista, e em que a força de vanguarda precisa reafirmar sua essência e identidade, seus camaradas, seus militantes, seu Partido dizem presente ao saudoso camarada João.
* * José Reinaldo Carvalho é jornalista, pós-graduado em Política e Relações Internacionais. É secretário de Política e Relações Internaconais do PCdoB

terça-feira, 29 de maio de 2018

Volgogrado a cidade mais soviética da Copa do Mundo 2018

 Em 1942 aconteceu a Batalha de Stalingrado, na qual o exército russo venceu os nazistas com a ajuda do rigoroso inverno local.



CONEXÃO RÚSSIA: Volgogrado a cidade mais soviética da Copa do Mundo 2018

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Olá pessoal. O assunto de hoje mistura viagens e uma paixão nacional (e minha também), o futebol. Fazendo uma rápida pesquisa pela internet, pude constatar que pouco se fala das cidades que sediarão a Copa do Mundo da Rússia. Como eu faço aula de russo e em uma das aulas descobri um site com muitas informações e os vídeos promocionais da FIFA, resolvi criar essa série e apresentar as 11 cidades, uma a uma.
fb5cc4_42af46289bf640e08c51898e98fce8be-mv2-1024x681 CONEXÃO RÚSSIA: Volgogrado a cidade mais soviética da Copa do Mundo 2018
VOLGOGRADO
A primeira cidade é atual Volgogrado (Волгоград). A cidade era chamada de Tsarítsin até 1925, quando passou a se chamar Stalingrado, em homenagem ao secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética, Josef Stalin. Em 1961, oito anos após a morte de Stalin, a cidade teve seu nome mudado mais uma vez, por conta de um projeto de desestalinização do líder Nikita Khruschev.
É conhecida como a cidade mais soviética da Rússia e talvez a que mais inspire orgulho do povo russo, já que foi nela, que, em 1942 aconteceu a Batalha de Stalingrado, na qual o exército russo venceu os nazistas com a ajuda do rigoroso inverno local.
Com pouco mais de 1 milhão de habitantes, Volgogrado é, também, a terra natal da bicampeã olímpica e recordista mundial Yelena Isinbayeva.
Na Copa do Mundo de 2018 a cidade receberá quatro partidas, porém nenhum dos play-offs finais.  Além disso, a cidade também fornecerá centros de treinamentos para as seleções participantes.
Volgogrado teve que se adaptar a algumas exigências da FIFA para sediar esses jogos, entre elas:
-A construção de um estádio com aquecimento para 45 mil pessoas
-Construção de três campos de treinamentos
– Revisão do Hospital Clínico de Emergência e a construção de um heliporto
-Construção de 11 novos hotéis
-Construção de novas estradas e reforma das já existentes, totalizando 280 km
-Compra de 200 ônibus de piso baixo
-Reconstrução dos sistemas de comunicação
-Proteção do litoral para a linha de construção nas margens do rio Volga
-Construção de uma nova pista e reforma do Aeroporto Internacional (obra concluída em 2015)
Pra deixar vocês no clima e com mais vontade de conhecer a cidade, vou deixar aqui o vídeo feito pela FIFA. Eu já estou louca para conhecer!!!!
O QUE FAZER EM VOLGOGRADO?
Graças a Copa, a cidade agora abriga hotéis como Hampton by Hilton Volgograd Profsoyuznaya e o Park Inn by Radisson.
Os hotéis mais procurados, até então, eram o Hotel Volgograd, que fica em um edifício histórico reconstruído no pós-guerra, e o Hotel Inturist, em frente, também em um prédio reconstruído. Mas também é possível encontrar opções mais baratas e hostels (http://hotels-volgograd.ru/).
Os principais pontos turísticos da cidade são:
-Museu Panorâmico da Batalha de Stalingrado
Apresenta a mais completa coleção de documentos e artefatos ligados à batalha, além de uma enorme tela panorâmica representando episódios das lutas dos soldados. Bandeiras de todas as unidades e tropas envolvidas na batalha estão expostas na Sala do Triunfo. Além disso, presentes entregues à cidade, provenientes do mundo todo, em homenagem aos soldados, também estão nessa sala.
-Casa Pavlov
Perto do Museu Panorâmico, a residência ficou conhecida por ter sido defendida durante 58 dias por 25 soldados. O prédio de quatro andares foi reconstruído, mas abriga um memorial ao lado feito com os tijolos retirados após a batalha.
-Mamaev Kurgan
Colina que ergue-se sobre a cidade, abriga um memorial sobre a batalha.  E no topo da colina fica a estátua Mãe Pátria, de 85 metros de altura, erguida em honra dos soldados mortos.
-Aléia dos Heróis
Espaço verde da cidade que abriga a única árvore que sobreviveu a batalha, no meio do asfalto.
-Rua da Paz e Planetário
Foi a primeira rua construída após a batalha. No final dela fica o Planetário.
A culinária local alia a cozinha europeia à japonesa e caucasiana. Na cidade é possível encontrar restaurantes italianos, checos, alemãos, etc. As espetadas de carne (chachlík) podem ser encontradas em qualquer lugar. E o lanche mais popular é o frango à Kiev, filé de peito de frango recheado com manteiga e salsinha.
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fb5cc4_42af46289bf640e08c51898e98fce8be-mv2-1024x681 CONEXÃO RÚSSIA: Volgogrado a cidade mais soviética da Copa do Mundo 2018

Isabella de Vito

Jornalista e profissional de educação física. Ama viajar e acompanhar o time de futebol em todos os jogos.