quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

FOTOS RARAS E EXTRAORDINÁRIAS: nada como um dia na praia

 — com Marilyn e Garrincha, com Einstein e a princesa Grace, ou Elvis, Catherine Deneuve, Tom Jobim e Picasso

Cantora de ópera americana Maria Callas, em Veneza, Itália – 1950. (Archivio Cameraphoto Epoche/Getty Images)
A grande soprano greco-americana Maria Callas, em Veneza, Itália – 1950. (Foto: Arquivo Cameraphoto Epoche/Getty Images)

Ah, a praia! Areia quentinha, cochilo sob o sol, paqueras, maresia, o barulhinho das ondas quebrando na areia, pés descalços no molhadinho da beira, o balanço do mar batendo no peito…
Nada mais democrático que a praia. O marzão lá, vai quem quer. Os melhores lugares para quem chegar primeiro. E não é que princesas, intelectuais, artistas, pop stars, celebridades de todos os calibres também gostam de praia?
Nas fotos a seguir, momento de lazer de estrelas de todos os tempos.
Picasso-Françoise-Gilot-1948
Picasso e Françoise Gilot, em 1948 (Foto: Robert Capa)
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Pablo-Picasso
Pablo Picasso flertando na praia (Foto: Life)
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Norma-Jeane
Antes de se tornar a deusa Marilyn Monroe, Norma Jean Mortenson, em Tobey Beach, Califórnia (Foto:  Andre DeDienes)
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Max Brod e Franz Kafka
Os escritores e amigos Max Brod e  Franz Kafka, numa praia da Dinamarca (Foto: Arquivo do jornal madrilenho “El País”)
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Martin Luther King na Missouri Avenue Beach
Martin Luther King (à esquerda) sendo fotografado com um fã pela mulher deste(Foto: Mosley Collection e Charles Blockson Collection / Temple University)
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Marilyn Monroe e Joe DiMaggio, na Redington Beach, Califórnia, em 1961 (Foto: Bettmann / Corbis)
Marilyn Monroe e seu então marido Joe DiMaggio, ex-ídolo do beisebol, em Redington Beach, Califórnia, em 1961 (Foto: Bettmann / Corbis)
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Jorge Amado, autor baiano de Gabriela e Capitães de Areia
Jorge Amado em uma praia de sua amada Bahia, em 1976 (Foto: Otto Stupakoff)
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João Gilberto e Tom Jobim, dando uma canjinha para as fãs
A atriz inglesa Glória Paul, João Gilberto, Tom Jobim e atriz iugoslava/italiana Silwa Koscina, para uma canjinha enquanto esquentam ao sol (Foto: Folhapress)
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Atriz francesa Jeanne Moreau, em Veneza, na Itália, em 1961. (Archivio Cameraphoto Epoche/Getty Images)
A diva do cinema francês Jeanne Moreau, em Veneza, na Itália, em 1961. (Archivio Cameraphoto Epoche/Getty Images)
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Helô Pinheiro
Helô Pinheiro, a eterna Garota de Ipanema
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A princesa Grace Kelly, irretocável
A princesa Grace Kelly, irretocável, em 1954, clicada na Jamaica (Foto: Howell Conant)
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Garrincha, de calça, sapato e camisa, brinca sob os olhares de Elza Soares
Garrincha, de calça, sapato e camisa, brinca sob os olhares de Elza Soares (Foto: EPA)
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Gandhi, porque a paz também se controi brincando na areia
Gandhi, porque a paz também se controi brincando na areia (Foto: Gandhi Virtual Ashram)
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Gal Costa -- sem o sorriso do gato da Alice
Gal Costa — sem o sorriso do gato da Alice
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Frank Sinatra e sua filhinha Nancy
Frank Sinatra e sua a primeira de seus três filhos, Nancy
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Desconhecidas, mas de tão lindas, merecem morar neste post
Desconhecidas, mas de tão lindas as melindrosas merecem figurar neste post (Foto: Evans)
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Clarice Lispector e seus filhos
Clarice Lispector e seus filhos (Foto: Livro Correio Feminino)
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Catherine Deneuve, surfista de ocasião
Catherine Deneuve, surfista de ocasião, e Arnaud de Rosnay, fotógrafo, surfista e aventureiro francês em 1962, na Côte des Basques, França (Foto: Blake Lively / Vogue)
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Carlos Vereza, Renata Sorrah, Dina Sfat e Djenane Machado, direto dos anos 70
Carlos Vereza, Renata Sorrah, Dina Sfat e Djenane Machado, direto da praia carioca dos anos 70
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Andy Warhol e amigas (Foto: Philip Pearlstein / Arquivo de Arte Americana / Smithsonian Institution)
Andy Warhol e amigas (Foto: Philip Pearlstein / Arquivo de Arte Americana / Smithsonian Institution)
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Albert Einstein, e o detalhe dos sapatos, em Nassau Point, Nova York, em setembro de 1939 (Foto: Reginald Donahue)
Albert Einstein: o grande gênio de bermudas e sandálias, em Nassau Point, Nova York, em setembro de 1939 (Foto: Reginald Donahue)
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Agatha Christie -- Maiô de lã verde e pranchão (Foto: Museum of British Surfing)
Agatha Christie, em 1920 — Maiô de lã verde e pranchão (Foto: Museum of British Surfing)
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Casal polêmico -- Yoko Ono e John Lennon, comportados, em Cannes, 1970
John Lennon e Yoko Ono, em Cannes, na França, em 1971 (Foto: Traverso / Cahiers du cinema)
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Truman Capote, sentindo a leveza da maresia
Truman Capote, em 1984, pouco antes de sua morte (Foto: Harry Benson)
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Tom Jones e Elvis Presley, no Havaí
Tom Jones e Elvis Presley, no Havaí (Foto: Álbum de Família)
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Simone de Beauvoir e Jean Paul Sartre -- passeio na praia
Simone de Beauvoir e Jean Paul Sartre — passeio em Copacabana, em 1960 (Foto: AFP)

Papai Noel FDP!!!

Do Virô Brasil


Papai Noel, Santa Claus, Saint Nicholas, Père Noel, Sinterklaas, Father Chrismas, Kris Krigle… Em algum lugar do mundo, por algum desses nomes, você já ouviu falar dele. Não importa o nome, a figura é a mesma, personificada e representada por milhares de pessoas ao redor do mundo.
Algumas pessoas dizem que Papai Noel é comunista, afinal ele usa barba e ainda por cima se veste de vermelho, além do fato de que dá presentes para todas as crianças independentes da classe social. Seria o Papai Noel um comunista? A verdade é que o Papai Noel é um agente capitalista. O bom velhinho não passa de mais uma tramóia mundial visando enormes lucros financeiros.
Não sabemos ao certo quando a verdade estabelecida na infância nos é subitamente tirada, eu particularmente preferia acreditar que os presentes recebidos na noite de natal eram trazidos dos confins do Pólo Norte pelo bom velhinho. Se pudesse voltar no tempo, não autorizaria ninguém a me contar, muito menos formularia perguntas ou argumentos que tinham como único propósito acabar com a fé no vovô de barba branca.
De repente você descobre que tudo não passava de uma conversa fiada dos seus pais, que tolamente repassaram o que aprenderam com “intelectuais” da mente e do comportamento humano. Será que vale a pena toda essa mentira?
Por que as crianças pobres não ganham presentes? Ou ele se esquece delas todos os anos? E Aquela música “…seja rico ou seja pobre o velhinho sempre vêm…” Para explicar essa mentira, só outra. A desculpa que nem todas as crianças ganham presentes é muito simples: “só ganha presente quem se comporta direitinho”. Portanto, se as crianças pobres, as que moram em favelas e as que não moram em lugar nenhum, não recebem presentes, é por que fizeram maldades. Quem sabe aquela criança faminta não assaltou alguma senhora rica, ou pediu troco no sinal, cheirou cola, ou até roubou um pão só por que estavam morrendo de fome.
Se Papai Noel mora no Pólo Norte porque os presentes sempre vêm escritos “MADE IN CHINA” ou coisa parecida. Na verdade, Papai Noel é acionista da grande maioria das empresas do mundo, sob disfarce é claro. Portanto, ele pode fabricar qualquer coisa em sua indústria no pólo norte. Mesmo que seu presente venha escrito “MADE IN COREA”, tenha código de barras e um cartão da LOJA X, isso não significa que ele não tenha sido enviado pelo Papai Noel.
Porém a mais assustadora revelação é que o Papai Noel foi comprado pela Coca-cola. Sim o refrigerante mais famoso do mundo foi quem criou a imagem do bom velhinho gordo, simpático e caridoso vestido de vermelho e branco com uma cinta preta (as mesmas do refrigerante). Ele apareceu pela primeira vez em 1920, em uma peça publicitária criada pelo publicitário Thomas Nast. Por um acaso você já viu a Pepsi enfeitada pelo “bom velhinho”?

http://virobrasil-rs.blogspot.com.br/2011/07/papai-noel-santa-claus-saint-nicholas.html

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

O golpe de Veja na eleição de 2014


http://pigimprensagolpista.blogspot.com.br/
Por Emiliano José, na revista Teoria e Debate:

“Nos últimos anos, a maioria dos brasileiros, sem
desertar de suas convicções democráticas, mas,
mesmo em razão delas, já construiu amplamente

um diagnóstico crítico do modo de funcionamento
do atual sistema político no Brasil e anseia por

reformas políticas. Há muitas evidências de que já
se está firmando em um número cada vez maior
de brasileiros a consciência de que também o
sistema de comunicações de massas, privatizado,

altamente concentrado e oligopolizado, não serve
à democracia do país e precisa ser regulado a

partir de princípios republicanos e pluralistas.”

(Em Defesa de uma Opinião Pública Democrática –

Conceitos, Entraves e Desafios. 
Venício A. de Lima, Juarez Guimarães e Ana Paola Amorim (orgs.). 
São Paulo: Paulus, 2014. p. 9.)

Golpes midiáticos na América Latina não constituem novidade, especialmente depois que golpes militares entraram em desuso. O mais espetacular deles ocorreu na Venezuela em 11 de abril de 2002, encabeçado pela RCTV. Durou poucas horas, devido à impressionante revolta popular contra a deposição do presidente Hugo Chávez. Este, desde sua chegada ao poder, em 1998, enfrentou sempre a ferocidade dos principais meios de comunicação do país, entre os quais as outras emissoras privadas de televisão – Venevisión, Globovisión, Televen e CMT – e nove dos dez maiores jornais impressos do país, como El Universal, El Nacional, Tal Cual, El Impulso, El Nuevo País e El Mundo. Os monopólios privados venezuelanos contrários ao presidente Chávez detinham 95% da audiência.

Esses monopólios midiáticos substituíam, na prática, os partidos políticos de oposição tradicionais, cuja força era pequena, e qualquer semelhança com o Brasil não será mera coincidência. Foi com base nesse poderio, e na liberdade de imprensa existente, que a RCTV sentiu-se à vontade para dar o golpe. Só não mediu a monumental reação popular, que frustrou a tentativa. Dia 13 de abril, Chávez estava de volta ao poder. A partir desse retorno no dia 13, cunhou-se uma expressão agora usual na Venezuela: “Cada 11 tem seu 13”. Os monopólios analisaram mal a correlação de forças, não mediram a popularidade, o carisma de Chávez, o enraizamento que seu programa político tinha entre as camadas exploradas da sociedade venezuelana. Golpes midiáticos, assim, não são inéditos na América Latina.

O “odiojornalismo” de Veja

Veja sempre foi adversária do projeto político vitorioso em 2002 no Brasil. Nunca escondeu isso. E seu jornalismo, vá lá, sempre se viu contaminado por essa visão. Sempre combateu ferozmente o PT, Lula, agora Dilma. Em todas as quatro eleições vencidas pelo PT e pelos partidos que apoiam o projeto político em curso, não poupou esforços para derrotar primeiro Lula, depois Dilma. O fato é que Veja tem um programa político, defende o projeto neoliberal, encampa as posições mais conservadoras do país. Faz um jornalismo obscenamente partidário, nunca teve o mínimo da isenção pensada pelo jornalismo liberal, distorce os fatos, inventa-os, se considerar necessário.

Na eleição de 2014, no entanto, se superou. Tentou, sem meios-termos, um golpe midiático, que fracassou. Não se desconheça, no entanto: a iniciativa de Veja retirou alguns milhões de votos da presidenta Dilma. Se vitoriosa, teria fraudado uma eleição. O que fez está a anos-luz do jornalismo, ao menos de um jornalismo que se paute na boa apuração, na credibilidade e diversidade das fontes, no respeito aos fatos. Não estamos nos referindo ao conjunto da cobertura de Veja durante as eleições de 2014, toda ela voltada ao combate sistemático e feroz à presidenta Dilma e a sua reeleição.

Feroz, tão feroz, a ponto de levar a professora Ivana Bentes, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a classificar o jornalismo de Veja como “odiojornalismo”, próprio também da “tropa de choque” conservadora da imprensa brasileira, da qual fazem parte, entre outros, Arnaldo Jabor, Diogo Mainardi, Merval Pereira, Dora Kramer, Reinaldo Azevedo e Demétrio Magnoli. É uma coisa só, expressão exacerbada da demonização da política, prática cotidiana, persistente, recorrente de toda a mídia hegemônica. Vale a pena citar Ivana Bentes:

“Essa demonização da política tornada cultura do ódio se expressa por clichês e por uma retórica de anunciação de uma catástrofe iminente a cada semana nas colunas dos jornais e que retroalimentam, com medo, insegurança, ressentimento, uma subjetividade francamente conservadora de leitores e telespectadores”.

Tais opiniões foram expostas pela professora em entrevista à revista IHU On-Line, postada em 5 de novembro. Para Ivana Bentes, “essa pedagogia para os microfascismos e a educação para a intolerância podem ser resumidos na retórica que desqualifica e aniquila o outro como sujeito de pensamento e sujeito político, o que fica explícito na fala de alguns colunistas”.

“Um exemplo muito claro, inclusive no seu cinismo”, detalha a professora, “é este trecho de uma coluna do Arnaldo Jabor de 28/10/2014, pós-eleições. Com uma argumentação pueril e assujeitante que coloca eleitores, nordestinos e nortistas, pobres como ‘absolutamente ignorantes sobre os reais problemas brasileiros’ em um cenário pós-eleições em que ‘nosso futuro será pautado pelos burros espertos, manipulando os pobres ignorantes. Nosso futuro está sendo determinado pelos burros da elite intelectual numa fervorosa aliança com os analfabetos’.”
Paremos aqui nossa breve e necessária digressão.

Cabeça de ponte do golpe

Para além, no entanto, da cobertura semanal de Veja absolutamente coerente no combate ao projeto político em curso desde 2003, quero aqui concentrar esforços na análise da cabeça de ponte do golpe midiático tentado pelo Grupo Abril contra a reeleição de Dilma Rousseff, a edição 2397 da revista Veja, datada de 29 de outubro de 2014, cuja capa e trecho inicial da reportagem “Eles sabiam de tudo” – eles são Dilma e Lula – foram postados no site da revista no dia 23 de outubro, quinta-feira, às 20h19. Às 21 horas, a coluna de Ricardo Setti, Política & Cia, do site de Veja, também reproduz capa e texto que abre a reportagem, mesmo procedimento adotado pelo blog de Reinaldo Azevedo, às 21h10, e pelo programa Aqui entre Nós, da TVeja, às 22h19.

Não há equívoco em afirmar que o golpe iniciou-se na noite de quinta-feira, presumivelmente com a ideia de que, antecipando o lançamento da revista já na quinta, ao menos on-line, haveria tempo para reverter a vantagem de Dilma Rousseff, localizada pelas pesquisas daqueles últimos dias, e quem sabe possibilitar a vitória de Aécio Neves. Veja iria disparar a bala de prata da direita brasileira, e seria secundada pelo restante da mídia hegemônica, que ninguém se iluda quanto a isso nem queira tergiversar.

Esse mapeamento de postagens foi feito de modo meticuloso pela campanha da presidenta Dilma, logo que foram percebidos os primeiros movimentos da tentativa golpista. O levantamento foi denominado “Operação Abril”, e permitiu um monitoramento passo a passo. Esse passo a passo, devidamente sistematizado, serviu para os advogados da campanha pedirem providências à Procuradoria-Geral da República, de modo a que esta, considerando a propriedade das informações, pudesse produzir provas para a instauração de uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije). Isso ainda está em curso.

Na mesma quinta, às 21h49, a coligação da candidatura Dilma entra com ação no TSE contra a divulgação da capa de Veja no Facebook. O Ministério Público dá parecer favorável, mas o ministro-relator, Admar Gonzaga, não concede a liminar, e o processo é arquivado. Imediatamente é apresentada uma segunda ação “inibitória de publicidade”. O Ministério Público de novo se manifesta favoravelmente e o ministro-relator, então, concede a liminar, como concedeu liminarmente direito de resposta à coligação liderada por Dilma. Veja, por decisão do TSE, teria de suspender qualquer tipo de publicidade em torno da capa em outdoors, cartazes, banners e na internet, certamente uma das armas do golpe midiático.

A revista não cumpriu a decisão e, além disso, a campanha de Aécio, nos momentos seguintes, distribuiu milhares de reproduções da capa em manifestações, nas ruas, distribuição que o TSE não vetou. Os efeitos que o Grupo Abril pretendia estavam se fazendo sentir. O tanque midiático se colocou nas ruas, com toda a força que podia. O intenso esforço jurídico da campanha de Dilma resultou em algum constrangimento para a revista, mas obviamente teve poucos efeitos práticos, seja pelo desrespeito de Veja, seja porque a eleição se daria dali a poucas horas. Luis Nassif mostra como os sucessivos pedidos de direito de resposta da coligação liderada pela presidenta foi “arquivado pelas Cortes” (“Como o direito de resposta de Dilma na Veja foi esvaziado”, Luis Nassif Online). Um golpe deflagrado pela internet na quinta-feira, a revista posta nas ruas na sexta, a eleição marcada para domingo. A ofensiva era poderosa demais, e a guerrilha jurídica podia pouco naquelas circunstâncias, embora necessária.

Há quem afirme ter havido alguma relutância de parte da mídia hegemônica em entrar imediatamente na “Operação Abril”, por sua natureza fantasiosa, sem a devida comprovação, sem base em fatos. Faltava-lhe um pretexto sólido que fizesse com que toda ela embarcasse na canoa golpista, com gosto, na primeira hora. E o pretexto apareceu. Divulgada como articulação de jovens da União da Juventude Socialista (UJS), vinculada ao PCdoB, a manifestação defronte da sede da Editora Abril, em São Paulo, na sexta, forneceu o argumento para que toda a mídia hegemônica fizesse coro com Veja. Se é que de fato ela necessitava disso.

Entre os que conhecem bem as famílias dominantes da mídia, há os que asseguram que elas não ficariam de fora dessa ofensiva de modo nenhum – se relutaram na sexta, embarcariam no sábado de todo jeito, com ou sem pretexto. A relutância não decorreria, portanto, da busca de pretexto algum. As famílias teriam resolvido esperar o sábado apenas porque isso não daria tempo à campanha da presidenta para qualquer medida jurídica. Ao entrar o faziam como jogo da casadinha – fazer de conta que estavam simplesmente “repercutindo”. O argumento foi o ataque a um órgão de imprensa, que não podia deixar de ser noticiado, e, de complemento, vinha o mais importante, que era a repercussão da capa-matéria de Veja – “Eles sabiam de tudo”. Se houve acordo entre as famílias da mídia hegemônica, foi cumprido. Se não houve, a inegável convergência política garantiu a unidade, para além de quaisquer acordos prévios.

A Folha de S.Paulo, no sábado 25, estampa o título “Doleiro acusa Lula e Dilma, que fala em terror eleitoral”. Na linha de apoio, escreve “Ambos sabiam de desvios na Petrobras, diz delator; para Aécio, caso é ‘extremamente grave’”. Ou seja, assume o que Veja noticiara. Laconicamente, diz que “a afirmação foi publicada pela revista Veja e confirmada pela Folha”. Não oferece maiores explicações sobre como confirmou, com quem, nada. E cumpriu bem seu papel de se colocar sob a direção de Veja.

O jornalista Rodrigo Vianna (“O golpismo midiático segue em marcha: Veja e o JN”, postado em 25 de outubro) afirma que a Folha de S.Paulo, com tal matéria de endosso à Veja, deu base para que a Rede Globo entrasse de peito aberto no assunto: “virou fato jornalístico”. No mesmo sábado, às 13 horas, a emissora abre o Jornal Hoje com o episódio da manifestação contra a Veja do dia anterior. Depois, segue a matéria na linha sempre do “segundo a Veja” para também acusar Lula e Dilma de saberem de tudo o que ocorria na Petrobras. À noite, o Jornal Nacionalpraticamente repete a matéria. A casadinha cumpria sua trajetória rotineira.Na opinião do jornalista, a Rede Globo não entrou pra valer na sexta por uma razão simples: havia o debate à noite nos estúdios da emissora, e Dilma poderia denunciá-la no ar, acusá-la de golpista, como fez com Veja. Melhor esperar que alguém a ajudasse, e a Folha apressou-se em fazê-lo. Vianna, que trabalhou na Globo, diz ter recebido a informação segura de um jornalista amigo, com mais de trinta anos de experiência: o roteiro está pronto, jogo combinado, da Veja para a Globo, com endosso da Folha. Tudo acertado, tudo feito de acordo com o script traçado. Veja nunca ficou solitária no esforço golpista. Casadinha combinada, casadinha cumprida.

Parênteses para um mix de realidade e imaginação

Certamente, nas possíveis discussões realizadas pelo Grupo Abril para a consecução da tentativa de golpe, tudo isso foi devidamente dimensionado, os prós e os contras. Ao construirmos agora nosso raciocínio, esclarecemos que ele se desenvolve com base na realidade e que os buracos eventualmente são preenchidos com a imaginação. Esses buracos decorrem da ausência de fatos mais transparentes sobre o desencadeamento da “Operação Abril”, muitos deles ainda sob o manto da obscuridade, querendo-se clandestinos. Sabia-se da delicadeza da iniciativa, mas pressupunha-se com alguma razão que o adversário teria pouco tempo para reagir. O ataque levava o efeito-surpresa como seu maior trunfo.

É provável que alguém tenha dito ser muito arriscado fazer aquela tentativa golpista, a mais ousada até agora desfechada pelo conglomerado. Certo, houvera outras, mas mais amenas, menos fantasiosas. Um ou outro deve ter argumentado ser muito difícil tirar 8 ou 9 pontos de diferença em tão pouco tempo. Valia a pena correr todos os riscos implícitos na operação? – teria perguntado outro. Quem sabe um espírito jornalístico menos partidarizado tenha dito que o material em mãos era muito frágil para ser noticiado, quanto mais em se tratando de um ex-presidente e uma presidenta. Ainda há jornalistas em Veja. Retraídos, é verdade. Quase submersos na clandestinidade. De vez em quando, externam opiniões.

Não deverá ter faltado, no entanto, entre os defensores da iniciativa, quem dissesse ser aquela a única e última cartada para tentar evitar a quarta vitória do petismo. E não terão faltado lembranças sobre outras iniciativas fantasiosas que tiveram impacto – como aquela inimaginável matéria que acusava o PT de ter recebido US$ 3 milhões vindos de Cuba – e não repercutiram negativamente para a revista. Quase uma coisa na linha de o crime compensa.

No Brasil, para a imprensa tudo é permitido. Isso aqui não é a Inglaterra, teria refletido um dos interlocutores. Aqui Murdoch desfilaria impune e seus meios de comunicação sobreviveriam tranquilos, teria acrescentado aquele editor. A Inglaterra pegou a doença bolivariana, chegou a brincar um editor. No Brasil, acrescentou, não há esse negócio de regulação de mídia e de há muito que o direito de resposta não funciona, e nem tempo haverá para isso.

O Grupo Abril não podia era ficar de braços cruzados diante da ameaça real da quarta vitória petista, que punha seriamente em risco a sobrevivência do conglomerado e contrariava frontalmente seu programa político para o país. Afinal, o grupo tinha um candidato e tudo devia ser feito para evitar a vitória do petismo. Tudo era tudo. Não propriamente pelos caminhos estritos do jornalismo. E algum outro, do núcleo dirigente, pode ter alertado que o candidato Aécio estava inteiramente de acordo com a operação. Por isso, não podia haver vacilação.

“Às favas o jornalismo”, pode ter dito algum dos interlocutores da nossa história, parafraseando o então ministro Jarbas Passarinho, em dezembro de 1968, que diante da proposta do AI-5 dirigiu-se ao ditador Costa e Silva dizendo: “Às favas, senhor presidente, todos os escrúpulos de consciência”. Qualquer semelhança não será mera coincidência. Pode ter ocorrido toda essa discussão. Difícil acreditar que a mais ousada tentativa de golpe de um grupo de mídia contra uma candidatura no Brasil tenha se dado sem algum debate, por restrito fosse o núcleo dirigente. Como toda unanimidade é burra, não se acredita todos tenham concordado. Mas, em todo caso, pode-se admitir a ausência de discussão. Pode-se. Sempre é possível. Quem sabe possa vindo simplesmente uma ordem do céu, com um “cumpra-se”. E cumpriu-se. Afinal, o céu, por todas as razões, é bem informado. Quanto mais o céu da Abril. Um dia, e não deve demorar, tudo isso virá à tona, e a conta-gotas já está vindo. Contado como de fato se deu. Golpes não podem ficar à sombra, inclusive os midiáticos. Não devem. Para que não se repitam.

O advogado falastrão

Na mesma quinta-feira, O Globo Online, às 22h13, como ocorre nos casos das “casadinhas”, produz repercussão relativamente longa da matéria de Veja. “Casadinhas”, insista-se, constituem uma espécie de acordo entre os meios de comunicação em que um pauta o outro, e Veja tem sido uma pauteira essencial dos outros meios, até porque a mídia hegemônica tem pontos de vista políticos absolutamente coincidentes. Os monopólios se entendem. A concorrência vai pro espaço. E em casos tão essenciais como esse, em que está em jogo o destino político do país, dane-se a concorrência. Toda a mídia hegemônica queria Aécio. Toda ela estava contra Dilma.

Só que O Globo Online deixa escapar uma primeira declaração do advogado de Youssef, Antonio Figueiredo Basto, que irá jogar lama na “Operação Abril”, pôr dúvidas sobre sua consistência, que é nenhuma, de fato. “Eu nunca ouvi nada que confirmasse isso (que Lula e Dilma soubessem do esquema de corrupção na Petrobras). Não conheço esse depoimento, não conheço o teor dele. Estou surpreso”, registrou O Globo Online. O advogado disse mais, de acordo com a matéria: “Conversei com todos da minha equipe e nenhum fala isso. Estamos perplexos e desconhecemos o que está acontecendo. É preciso ter muito cuidado porque está havendo muita especulação”.

No entanto, ao jornal Valor Econômico de 30 de outubro, passadas as eleições, portanto, Basto nega participação no que chamou de “divulgação distorcida”. “Asseguro que eu e minha equipe não tivemos nenhuma participação nessa divulgação distorcida”. Certamente, ele já tinha conhecimento da abertura de inquérito para apurar “o acesso de terceiros” ao conteúdo do depoimento prestado por Alberto Youssef a delegados da PF e a procuradores da República, determinada pelo superintendente da Polícia Federal no Paraná, delegado Rosalvo Ferreira Franco. Basto disse querer uma “apuração rigorosa”. Ele já integrou o conselho da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) no início dos anos 2000, a convite do PSDB, mas negou qualquer tipo de envolvimento com partidos políticos atualmente, tendo se desligado daquele conselho em 2002, segundo informou ao Valor Econômico, na mesma matéria.

Veja, na matéria fantasiosa, afirma que a declaração de Youssef teria ocorrido no dia 22 de outubro. O advogado é taxativo nas declarações ao Valor Econômico: “Nesse dia não houve depoimento no âmbito da delação. Isso é mentira. Desafio qualquer um a provar que houve oitiva da delação premiada na quarta-feira”. Diz ser falsa a informação de que houvera depoimento na quarta-feira para que acontecesse um “aditamento” ou retificação sobre o que o doleiro afirmara no dia anterior, 21. “Não houve retificação alguma. Ou a fonte da matéria mentiu, ou isso é má-fé mesmo”.

Parece tudo muito claro, e nessa matéria não há hesitações do advogado. Ele só hesitará diante do site de Veja, na sexta-feira 24, às 13h16: “Eu acho que as minhas declarações estão sendo usadas politicamente. Não posso me manifestar sobre um fato que é sigiloso. Nunca desmenti a reportagem da revista. Eu não posso desmentir um fato sobre o qual não posso me manifestar”. Uma no cravo, outra na ferradura, talvez se vacinando com relação ao inquérito instaurado pela Polícia Federal, quem sabe. Parece, no entanto, muito mais consistente sua fala ao Valor Econômico, onde nega até a oitiva da quarta-feira 22, utilizada por Veja como “prova”.

Da verdade mesmo, nesse caso, não sabemos tudo ainda. Jânio de Freitas, no mesmo dia 30 de outubro, na Folha de S.Paulo, em artigo denominado “Um fato sem retificação”, informa que a Polícia Federal suspeita que Youssef foi induzido a acusar Dilma e Lula numa operação para influir na eleição deste ano. Jânio de Freitas, do alto de sua longa experiência e de seu olhar atilado, a par de registrar a competência crescente da Polícia Federal, não revela esperança em qualquer resultado efetivo em relação ao inquérito que pretende investigar o vazamento. Porque nunca houve resultado em casos anteriores de tentativas de influir em eleições. “Não se espere por exceção”, conclui o jornalista. A ver como os acontecimentos se desdobram.

Referências bibliográficas

ADVOGADO de Youssef confirma armação de Veja. Brasil 247, [S. l.], 30 out. 2014. Acesso em: 4 dez. 2014.

ADVOGADO de Youssef nega participação em "divulgação distorcida". Valor Econômico, São Paulo, A 8, 30 out. 2014.

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CORREIA, A.R.B. “A relação da Revista Veja com o governo Lula: uma análise do discurso”. 2005. 93 f. TCC (Bacharel em Comunicação Social) – Faculdade Hélio Rocha, Salvador, 2005.

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10 ANOS do golpe: boatos contra Chávez agora partem do Brasil. Portal Vermelho, São Paulo, 11 abr. 2012. Acesso em: 4 dez. 2014.

DILMA chama Veja de criminosa e promete resposta na Justiça. GGN, [S. l.], 24 out. 2014. Acesso em: 4 dez. 2014.

DINES, Alberto. “Novo surto de vale-tudo no jornalismo brasileiro”. Blog do Zé, [S. l.], 18 mar. 2014. Acesso em: 4 dez. 2014.

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NOGUEIRA, P. “Os jornais defendem o indefensável: as pesquisas eleitorais”. DCM, [S. l.], 25 nov. 2014. Acesso em: 4 dez. 2014.

ROSÁRIO, Miguel do. “Janot confirma: houve golpe eleitoral contra Dilma”. O Cafezinho [S. l.], 17 nov. 2014. Acesso em: 4 dez. 2014.

SADER, E. “O golpe de 2002: a praia Giron da mídia golpista”. Carta Maior, [S. l.], 11 abr. 2014. Acesso em: 4 dez. 2014.

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SOARES, L.E. “Pós-modernidade e golpes midiáticos”. Observatório da Imprensa, [S. l.], 23 abr. 2014. Acesso em: 4 dez. 2014.

TODOS soltos, todos soltos, até hoje. Folha de S.Paulo, São Paulo, 19 out. 2014. Acesso em: 4 dez. 2014.

VIANNA, Rodrigo. “O golpismo midiático segue em marcha: Globo entra no escândalo da Veja”. Portal Forum, [S. l.], 25 out. 2014. Acesso em: 4 dez. 2014.

WOODWARD, Bob. O Homem Secreto: a História do Garganta Profunda de Watergate. Rio de Janeiro: Rocco, 2005.

* Emiliano José é jornalista, deputado federal (PT-BA) e membro do Conselho de Redação de Teoria e Debate.

O PSOL elegeu um reacionário?


Por Renan Truffi, na revista CartaCapital:

Um vídeo de pouco mais de três minutos divulgado no Facebook pegou de surpresa o PSOL na última semana. Eleito deputado federal pelo partido, o Cabo Daciolo (PSOL-RJ) declarou na rede social que o Brasil vive uma “falsa democracia”, defendeu a indicação de um general para o Ministério da Defesa e ainda relacionou os índices de violência com o “baixo” número de militares no País. Antes mesmo de assumir o cargo, o militar dá sinais de que, apesar de ter liderado uma greve dos bombeiros no Rio de Janeiro, não é tão progressista como o partido pensava.

No vídeo, Cabo Daciolo diz que o Brasil precisa de “união” com os militares para ser uma “grande potência”. “Não sou a favor da ditadura, nem da falsa democracia que estamos vivendo. E acredito que a união do militar com a população faz do nosso País uma grande potência. Eu acredito na soberania do nosso País. Hoje nós temos o Ministério da Defesa. O senhor Celso Amorim é o ministro. E particularmente eu acho inadmissível que o cargo não seja de um oficial general, no último grau da hierarquia das Forças Armadas, podendo ser do Exército, da Marina ou da Aeronáutica”, diz.

O deputado federal Chico Alencar, que também é do PSOL do Rio de Janeiro, admitiu que o episódio “chocou” as lideranças do partido. “Essas declarações, que evidentemente não têm a mínima identificação com o PSOL, nos surpreenderam”, afirmou antes de criticar o discurso do colega. “Além de ter essa visão extremamente reacionária, atrasada, é um pouco prepotente. Ele convoca militares para discutir a importância de um oficial-general para chefiar o Ministério da Defesa. Ele está distante até das democracias liberais modernas”, complementou.

Essa não foi a primeira demonstração ideológica do militar que pareceu “preocupante” para a legenda. Em alguns vídeos, o Cabo Daciolo também demonstra costumes que “beiram o fundamentalismo religioso”, como classifica o deputado Jean Wyllys (Psol-RJ). Em uma das imagens, o bombeiro diz que seu mandato é de Deus. “Acredito em um Deus vivo. Esse mandato é ele [Deus] que está à frente, nos guiando. Ele é o Deus do impossível”, profetiza.

O momento mais “constrangedor”, segundo os socialistas, foi na segunda-feira, 15, quando os deputados eleitos foram diplomados na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. O Cabo Daciolo participou do protesto da bancada do partido em repúdio à violência contra a mulher. A manifestação tinha como pano de fundo as declarações polêmicas de Jair Bolsonaro (PP-RJ). O deputado afirmou que não estupraria Maria do Rosário (PT-RS) porque “ela não merecia”. Mas, após o ato, o Cabo Daciolo foi “tietar” justamente Bolsonaro e seu filho, alvos da ação, e ainda tirou uma foto com os parlamentares.

“Me chocou o vídeo do Daciolo. Achei que é uma pessoa que não está bem situada politicamente, afinal de contas ele está no Psol”, afirmou Jean Wyllys, que costuma fazer frente justamente a Bolsonaro na Câmara. “Eu já tinha visto um vídeo dele exageradamente religioso. Falando que vai estar a serviço de Jesus, quase beirando um fundamentalismo religioso. Esse vídeo já tinha me deixado um pouco constrangido”, explica o deputado.

A aproximação de Cabo Daciolo com o partido se deu após o militar liderar a greve dos bombeiros no Rio de Janeiro, em 2011. Na ocasião, ele comandou a invasão do Quartel General da corporação e o acampamento nas escadarias da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Mas como o Psol não percebeu que, ainda que tenha despontado como liderança de um movimento grevista, o cabo pudesse ser conservador em outros assuntos? “Ele se filiou próximo do período eleitoral. Nas conversas preliminares que tivemos ele pareceu ter uma postura progressista. Foi muito aberto, afável, disposto a ouvir. Como nós apoiamos muito esse movimento [grevista], sempre tivemos diálogo [com ele]”, minimiza Chico Alencar.

A reportagem tentou entrevistar o Cabo Daciolo para entender por que ele escolheu o PSOL e se não via problema em ter uma conduta destoante do partido. O militar chegou a atender uma das ligações, mas pediu que CartaCapital retornasse em outro horário. E não respondeu novamente. O militar parece não estar disposto, no entanto, a seguir as orientações do partido. Na noite desta quinta-feira 18, o bombeiro usou o Facebook para dizer que não tem obrigação de entoar ideais do próprio partido. Ele também disse que o pedido de cassação do mandato de Jair Bolsonaro, encampado pelo Psol e outros três partidos, é "eleitoreiro".

"Me reservo o direito de não trazer para minha ação política o debate que hoje mobiliza setores do meu partido, o Psol e o deputado Jair Bolsonaro. Não fui chamado pelo Psol e por nenhum outro setor a debater e preparar campanha pela cassação do mandato do deputado Bolsonaro. Se isso tivesse ocorrido, mesmo achando as posições deste erradas, não concordaria. Acho a tática equivocada, inclusive eleitoreira", criticou.

Com a polêmica, o partido deve se reunir para cobrar explicações do deputado federal ou orientá-lo. “Vamos conversar com ele e lembrá-lo que na sua nova função pública ele expressa a visão do partido. Ele não se elegeu sozinho”, avisa Alencar.

Agora, o risco é que o militar acabe se aproximando de setores que sempre foram opostos ao Psol no Congresso, como a Bancada da Bala ou a Bancada Evangélica. Caso isso aconteça a legenda indica que poderia reivindicar o mandato na Justiça. “Eu não gosto de fazer futurologia. É evidente que nenhum membro da bancada do Psol pode ser da Bancada da Bala, ou da Bancada do Agronegócio, ou da Bancada da Bola. A nossa identidade é exatamente não estar atrelada a nenhuma corporação dessas”, rebate o deputado Chico Alencar.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Aécio é diplomado... numa clínica!


Por Altamiro Borges

O cambaleante Aécio Neves está com algum problema sério. Nem o bafômetro consegue identificar o transtorno. O senador mineiro-carioca até agora não engoliu a derrota na eleição presidencial – nem a surra que levou em Minas Gerais e no Rio de Janeiro. Ele já pediu recontagem dos votos, deu apoio aos malucos que gritam pelo impeachment da presidenta e pelo retorno da ditadura e pressionou pela rejeição das contas de campanha do PT. Sua última investida, porém, foi a mais patética. Seu partido solicitou que ele fosse diplomado no lugar de Dilma Rousseff. Não é piada! Aécio Neves poderia até ser "diplomado", mas numa clínica... psiquiátrica!

Poucos horas antes do Tribunal Superior Eleitoral diplomar a presidenta, na tarde desta quinta-feira (18), o PSDB ingressou no órgão com o pedido de cassação do seu registro e de posse do derrotado tucano. Alegou "abuso do poder econômico" – como se a sua campanha não tivesse recebido milhões dos banqueiros e das empreiteiras – e uso indevido da tevê para pronunciamentos da presidenta – como se os tucanos não tivessem 24 horas diárias de "horário eleitoral gratuito" na mídia golpista. 

Na sua parte mais risível, o documento do PSDB afirma: "Cabe assinalar, contudo, que a despeito de tudo, os requeridos [Dilma Rousseff e Michel Temer] obtiveram pífia vitória nas urnas. A diferença entre as duas chapas em disputa no segundo turno foi de apenas 2,28%, num universo de 105.542.273 votos válidos". Derrotada, a sigla solicita a cassação do registro da dupla vencedora e reivindica que sejam empossados os tucanos Aécio Neves e Aloysio Nunes Ferreira nos cargos de presidente e vice-presidente da República. É, realmente, caso de internação... com direito a "diploma" de desrespeito à soberania do voto e à democracia.

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quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Movimentos sociais propõem unidade para enfrentar a direita


Diversos movimentos sociais e partidos políticos de esquerda se reuniram nesta quarta-feira (17) na capital paulista para debater a conjuntura politica nacional e propor mobilizações coletivas em defesa das reformas populares, de mais direitos e contra retrocessos.


Mídia Ninja
Os movimentos sociais apostam na unidade para combater as investidas reacionárias da direitaOs movimentos sociais apostam na unidade para combater as investidas reacionárias da direita
De acordo com Edson França, presidente nacional da Unegro, a ideia é que os movimentos sociais desenvolvam uma agenda propositiva para contrapor a direita reacionária e para garantir uma pauta cada vez mais à esquerda no próximo mandato da presidenta Dilma Rousseff.

“Os movimentos sociais caminham para a tentativa de uma articulação mais ampla para enfrentar a direita”, afirma Edson. Segundo ele, as entidades vão buscar os pontos comuns para fomentar grandes mobilizações de rua com bandeiras unificadas.

As reformas democráticas são consenso entre os partidos e entidades presentes. Além da reforma politica, onde todos concordam com o fim do financiamento privado de campanha, os movimentos de massa também vão lutar pelas reformas urbana e agrária e pela democratização dos meios de comunicação.

“Foi uma reunião importante, os movimentos sociais identificaram que a polarização do cenário político pode unificar ainda mais os movimentos sociais que estão preocupados com o crescimento da mobilização da direita para impor a pauta derrotada nas eleições”, avalia Edson.

As ruas sempre pertenceram ao povo e sempre serviram de palco para manifestações justas em busca de conquistas populares, porém, o que se vê nas últimas semanas é a direita reacionária se utilizando de um mecanismo popular para pautar retrocessos. Como é o caso das manifestações realizadas em São Paulo que pediram a volta da ditadura militar.

De acordo com Edson, os movimentos sociais estão preocupados com esta forma de agir da direita. “Essa polarização, e o fato de a direita usar as massas é preocupante”, diz.

Além das reformas democráticas, que de certa forma unificam as bandeiras de luta, outras pautas transversais também foram colocadas em evidência. O fim do genocídio contra a juventude negra não é uma preocupação só dos movimentos juvenis ou do movimento negro, mas de todas as frentes de luta.

Assim como a luta por garantia de mais direitos para as mulheres e jovens também integra várias frentes de atuação. Edson explica que a ideia é tentar instalar um espaço de articulação que considere a autonomia dos movimentos sociais e dê espaço aos partidos políticos de esquerda.

A articulação está apenas começando, no dia 19 de janeiro as entidades se reúnem novamente para acertar detalhes das primeiras ações. O objetivo é fazer uma grande Assembleia Nacional dos movimentos sociais e jornada de lutas em 2015. Está previsto um ato em frente ao Congresso Nacional durante a posse dos deputados e senadores, em fevereiro, para apresentar aos novos parlamentares a pauta dos movimentos sociais.

Na ocasião os movimentos sociais vão trazer à tona as palavras de ordem “Fora Bolsonaro”, e “Devolva Gilmar”. A primeira em função dos pronunciamentos machistas, preconceituosos e que incitam a violência do deputado Jair Bolsonaro, e a segunda porque foi o ministro Gilmar Mendes que adiou o fim das doações empresariais de campanha.

Participaram da reunião o PCdoB, PT, Psol e PSTU, dos movimentos sociais estiveram presentes Unegro, UJS, UBM, UNE, Ubes, Levante Popular da Juventude, MST, MTST, Fora do Eixo, CUT, CMP, Consulta Popular, Intersindical, Conlutas e outros.


Do Portal Vermelho,
Mariana Serafini

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Decisão histórica: Cuba e Estados Unidos retomam relações diplomáticas

Do Portal Vermelho


O presidente cubano, Raúl Castro, se pronunciou nesta quarta-feira (17) em rede nacional para anunciar mudanças históricas nas relações diplomáticas entre a ilha caribenha e os Estados Unidos. Desde 1962, o governo norte-americano mantém um bloqueio econômico, comercial e financeiro a Cuba. Ao mesmo tempo, Barack Obama declarou publicamente que irá começar “um novo capítulo na relação com Cuba”. 


EFE
Presidente Barack Obama e Raúl Castro se cumprimentam durante cerimônia de despedida de Nelson Mandela.Presidente Barack Obama e Raúl Castro se cumprimentam durante cerimônia de despedida de Nelson Mandela.
Segundo o chefe de Estado cubano, ele e Obama sustentaram uma “conversa telefônica do mais alto nível" na última terça-feira (16): "Concordamos com a retomada das relações diplomáticas, mas isso não significa que o principal foi resolvido, o bloqueio que causa tantos danos deve cessar", afirmou Raúl Castro.

O cerco tornou-se um problema da atual administração estadunidense e acabou recebendo duras críticas por resultar no isolamento dos EUA. O bloqueio foi amplamente rechaçado durante todo o ano de 2014, não só no âmbito da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), mas também nos grupos regionais de organização mundial. Até mesmo o New York Times, um dos maiores veículos de comunicação do país, dedicou seis editoriais sugerindo a suspensão das políticas de austeridade e aconselhando o governo norte-americano a promover a “aproximação diplomática” com Cuba.

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Os três últimos heróis cubanos foram libertados
Em sua alocução, Raúl Castro afirmou que os países devem “aprender a arte de conviver com nossas diferenças”. Para isso, o chefe de Estado cubano propôs que sejam tomadas "medidas mútuas para melhorar o clima bilateral e avançar à normalização das relações entre os nossos países".

Obama, por sua vez, disse que "não podemos continuar fazendo a mesma coisa sempre e esperar o mesmo resultado. Não podemos permitir que sanções aumentem o PESO sobre cidadãos cubanos que queremos ajudar". O presidente norte-americano prometeu ainda que irá “discutir com o Congresso a possibilidade de levantar o embargo".

O emblemático gesto de aproximação

As autoridades cubanas anunciaram a libertação do prisioneiro americano Alan Gross, que cumpriu 5 de uma pena de 15 anos de prisão por "ameaças à segurança de Estado". Cuba expressou em diversas oportunidades sua disposição de discutir o caso de Gross em um contexto que incluísse a situação de três agentes antiterroristas cubanos (que formam parte do grupo conhecido como “Cinco Cubanos”) que cumpriam pesadas sentenças de prisão nos Estados Unidos. Por fim, nesta quarta-feira (17), as partes chegaram a um acordo que permitiu a troca de seus respectivos cidadãos.

O presidente de Cuba informou a chegada de Ramón Labañino, Gerardo Hernández e Antonio Guerrero. Ele recordou a promessa feita em 2001 pelo comandante da Revolução Cubana, Fidel Castro, ao afirmar que os patriotas voltariam à ilha ("Volverán").

Raúl Castro afirmou que a decisão de Obama de libertar os três antiterroristas merece respeito e reconhecimento do povo cubano. “Decidiram libertar os cidadãos de origem cubana e, por razões humanitárias, libertamos também o cidadão americano Alan Gross”, afirmou.

Théa Rodrigues, da redação do Portal Vermelho

Socialista Obama joga os Estados Unidos nos braços de Cuba


Apesar das ações diversionistas, Obama, o filho do socialismo moreno, não tardou a trair os americanos e os homens bons do mundo todo ao abraçar os irmãos Castros, acabando com o salutar isolamento democrático a que foi submetido aquela ilha comunista das fantasias, num ato lamentável em um dia que viverá na infâmia para o resto da história.
Obama telefonou para Raul Castro e pediu o envio de 400 caixas de charutos para a Casa Branca via porto de Mariel, financiado pelo BNDES, conforme Aécio denunciou
Isso que dá entregar o comando do mundo para esse tipo de gente, é só desgostos para aqueles que lutam pela defesa do mundo livre e contra o comunismo satânico; com um telefonema maldito Obama jogou fora todo o esforço que fizemos para renegar os bolchevistas caribenhos por décadas, dando um verdadeiro tapa na cara daqueles homens de bem que condenaram qualquer envolvimento com Fidel Castro e sua trupe, algo inimaginável e inaceitável para qualquer democrata caucasiano defensor da família e da propriedade, lamentável.
Será que Obama não acompanhou as denúncias de Aécio Neves em relação ao envolvimento indevido de Lula e Dilma com Cuba, inclusive financiado criminosamente lá um porto com o dinheiro do BNDES? Será que a CIA, o NSA e o FBI não relataram isso para ele? Se não, foi uma falha grotesca e imperdoável, assim como imperdoável é também alguns jornais brasileiros que se venderam para o bolchevismo publicando reportagens favoráveis ao envio de dinheiro brasileiro para a construção do porto naquela ilha, negando toda a verdade já conhecida pelos homens bons brasileiros (HBBs).
Só Aécio e FHC poderá nos defender dessas traições. Hoje foi um dia negro para o ocidente.
http://www.hariovaldo.com.br/site/2014/12/17/socialista-obama-joga-os-estados-unidos-nos-bracos-de-cuba/