sábado, 3 de dezembro de 2011

Dilma: Da guerrilha comunista ao Planalto



Foto inédita mostra Dilma em interrogatório em 1970
Dilma Rousseff aos 22 anos, na sede da Auditoria Militar do Rio de Janeiro

A RÉ DILMA
Dilma na sede da Auditoria Militar no Rio de Janeiro, em novembro de 1970. Ao fundo, os oficiais que a interrogavam sobre sua participação na luta armada escondem o rosto com a mão (Foto: Reprodução que consta no processo da Justiça Militar)
A vida quer coragem (Editora Primeiro Plano), do jornalista Ricardo Amaral, chega às livrarias na primeira quinzena de dezembro. A foto , inédita, está no livro que conta a trajetória de Dilma Rousseff da guerrilha ao Planalto. Amaral, que foi assessor da Casa Civil e da campanha presidencial, desencavou a imagem no processo contra Dilma na Justiça Militar. A foto foi tirada em novembro de 1970, quando a hoje presidente da República tinha 22 anos. Após 22 dias de tortura, ela respondia a um interrogatório na sede da Auditoria Militar do Rio de Janeiro.

Fonte:http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/a-re-dilma-em-novembro-de-1970

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Manuela D'Ávila fala sobre participação da mulher na política




Aos 30 anos e sem filhos, a deputada Manuela D’Ávila (PCdoB-RS), pré-candidata à Prefeitura de Porto Alegre, vive um dilema recorrente entre mulheres que tentam conciliar a vida profissional e a maternidade. “Como vai ser quando eu tiver filho?”, pergunta. E, em seguida, responde: “Não sei como eu vou fazer”. Para a deputada, as dificuldades não são de gênero, mas sim impostas pela sociedade, em que os “ambientes institucionais ainda são masculinos”.

Enquanto em todo País a tendência é de aumento do número de candidatas nas capitais em 2012, em Porto Alegre essa participação vai sofrer uma redução com relação às últimas eleições municipais, em 2008. Com a desistência da ministra Maria do Rosário (PT), da Secretaria de Políticas Públicas para Mulheres, e com o impedimento da ex-deputada Luciana Genro (PSOL), que não pode ser candidata por ser filha do governador gaúcho, Tarso Genro (PT), a única mulher que deverá concorrer à prefeitura da capital gaúcha será Manuela.

Leia abaixo os principais trechos da entrevista que a deputada Manuela D’Ávila concedeu ao iG em Porto Alegre, por telefone.

iG: Em 2012, a tendência é que o número de candidatas mulheres aumente no País. Em Porto Alegre, no entanto, esse número pode cair. O que poderia explicar isso?
Manuela D’Ávila: Aqui em Porto Alegre a redução (do número de candidatas mulheres à prefeitura) é bem pontual. Em 2008, nós éramos quatro. No ano que vem, só eu. A coisa aqui é muito concreta, é mais factual. A Rosário (ministra Maria do Rosário, do PT) já disse que não será candidata. Eles (o PT) vão decidir entre dois deputados estaduais (Raul Pont e Adão Villaverde). E a ex-deputada federal Luciana Genro (do PSOL) não pode ser candidata porque o pai é o governador (do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, do PT). A participação das mulheres aqui é difícil, tanto é que nunca tivemos uma prefeita mulher em Porto Alegre.

iG: Como você enxerga a participação feminina na política no Congresso?
MD: No movimento social, no movimento estudantil, no movimento sindical, por exemplo, as mulheres já são maioria. O grande aumento de participação é no Executivo, por uma mudança de padrão que partiu da presidenta Dilma, que nomeou mulheres. Já no Legislativo, tivemos um aumento residual. Isso revela os limites, a real face para a mulher ocupar espaço de poder. Grandes partidos ainda têm dificuldade de indicar mulheres. Essa é a dificuldade de empoderamento da mulher.

iG: A falta de experiência política das mulheres é um empecilho?
MD: Não acho que seja isso. Fora da política institucional, as mulheres e os homens têm a mesma experiência. Em um concurso, por exemplo, para trabalhar no Ministério Público, a maior parte dos aprovados é mulher. Num concurso, as pessoas aferem (habilidades) sob as mesmas condições. Na política institucional, temos menos mulheres ocupando menos espaço que homens. É uma deformação política. Na vida real, elas já ocupam espaço.

iG: Como as mulheres que já estão na política, como você, podem ajudar na diminuição dessa desigualdade?
MD: A desigualdade se faz por pequenas coisas. Por exemplo, a dificuldade no mercado de trabalho. A mulher cuida de todo mundo: do filho, do marido, do vizinho. É ela quem mais marca consultas no Sistema Único de Saúde (SUS). Ela marca consulta para todo mundo. É ela que cuida. Onde ela vai deixar o filho, por exemplo, para ir trabalhar? O que dificulta é a vida real. A dificuldade é do cotidiano. Não é uma questão de gênero, é uma questão de sociedade. Para fazer política, não é do dia para noite. Primeiro, tu vira militante política, tem uma jornada dupla de trabalho. Imagina como é ter uma jornada uma tripla? Imagina como vai ser o dia que eu tiver filho?

iG: Como vai ser o dia em que você tiver um filho?
MD: Não sei como vou fazer. Onde o filho poderia morar? Em Brasília ou Porto Alegre? Se eu fosse prefeita, seria mais fácil. Mas eu não sei. Não estou respondendo à sua pergunta por que eu ainda não encontrei minha solução. Não crio filho? Com os homens é mais fácil. Para o homem isso talvez não seja uma dúvida colocada. Isso não acontece só comigo, acontece com muitas mulheres. A sociedade e esses ambientes institucionais ainda são masculinos. Quantas mulheres no Congresso passam por isso?

Fonte: iG

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Brasil: um país cada vez mais negro






Dados do censo do IBGE de 2010 recentemente divulgados revelam que, pela primeira vez, o número de pessoas que se declaram negras e pardas é maior do que o das pessoas que se declaram brancas. Entre os mais de 191 milhões de brasileiros, 91 milhões se declaram brancos (47,7%), 15 milhões pretos (7,6%), 82 milhões pardos (43,1%), 2 milhões amarelos (1,1%) e 817 mil indígenas (0,4%). Somando negros e pardos, são 97 milhões.

Uma das hipóteses que explica o crescimento da população que se afirma como negra e parda é a maior taxa de fecundidade entre as mulheres desses grupos, comparativamente com as mulheres brancas, embora venha caindo sem parar o número de filhos por mulher no Brasil, em todos os grupos e regiões. Outra explicação, mais subjetiva, tem a ver com um processo de mudança na percepção da própria cor – consequência de todo o trabalho de valorização da cultura negra realizado há décadas pelo movimento negro, das políticas afirmativas e de reparação empreendidas nos últimos anos pelos governos, de um debate mais aberto nos meios de comunicação sobre a questão, etc. O fato é que hoje podemos dizer – de boca cheia – que o Brasil é um país cada vez mais negro.

Isto quer dizer que vivemos em um paraíso racial, cultura milagrosa de convivência harmônica e mistura de todas as origens étnicas? De forma alguma… as desigualdades entre pretos, pardos e brancos reveladas pelo censo são gritantes. A população negra, em geral, continua a receber menores salários que a população branca. Entre as mulheres negras, a situação é ainda pior. De acordo com os dados do IBGE, entre a população com rendimento mais alto (os que ganham mais de 30 salários mínimos por mês), existem 178.574 homens brancos e apenas 838 mulheres negras. Por outro lado, entre a população com menor rendimento (os que ganham até 1/4 do salário mínimo), existem 418.013 homens brancos e 2.501.852 mulheres negras e pardas. Veja os dados percentuais na tabela abaixo. Para ver os dados completos na tabela do IBGE, clique aqui .

Do ponto de vista urbanístico, as desigualdades são claras: em São Paulo, a proporção de negros com relação a brancos em cada bairro aumenta no sentido centro-periferia (Leia mais aqui ). Em Brasília acontece o mesmo entre o plano piloto e as cidades satélites. Ou seja: quanto mais precários os bairros, maior a proporção de pretos e pardos. Nestes lugares é mais precária a oferta de equipamentos e serviços públicos, menores as oportunidades de empregos, e isso cria um círculo vicioso que dificulta a ascensão econômica e social da população dessas regiões.

Ainda com relação à dimensão urbanística dessa questão, por muito tempo existiu uma espécie de invisibilidade histórica dos territórios negros das cidades, que só muito recentemente vêm sendo, aos poucos, reconhecidos e valorizados, com o tombamento de terreiros de candomblé, a demarcação de áreas de quilombo etc. Em São Paulo, foi criada este mês a Rota Turística Afro-brasileira Luiz Gama, um roteiro com 18 pontos turísticos relacionados à cultura africana, incluindo territórios negros da cidade dos séculos XVIII e XIX. Iniciativas como esta são muito interessantes para o reconhecimento destes locais e sua (re)incorporação em nossa história. Mas o caminho para o tal paraíso racial ainda é longo… e difícil!

Por Raquel Rolnik, em seu blog

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Neo-nazistas atacam militante do PCdoB em Curitiba



Um militante do PCdoB foi atacado na madrugada deste domingo (27) por um grupo de neonazistas na Rua XV de Novembro, centro de Curitiba, armados com facas e canivetes. Segundo Toninho, os skinheads 9neeo-nazistas tentaram matá-lo porque ele estava usando uma camiseta do Partido Comunista.
“Eu havia saído da conferência estadual do PCdoB que ocorreu no Hotel Paraná Suíte. Primeiro eles começaram a me agredir verbalmente dizendo que "seus comunistas safados" e que Marx já era. Achei que era apenas um grupo de bêbados, mas eles começaram a correr atrás de mim armados com facas e canivetes”, disse.
Toninho afirmou que ainda hoje vai registrar Boletim de Ocorrência numa delegacia e que seu advogado requisitará as imagens da Rua XV de Novembro. Ele também adiantou que pedirá providências à Secretaria de Estado da Segurança Pública.
A tentativa de homicídio contra o militante do PCdoB aconteceu por volta das 4 horas.
“A Rua XV de Novembro é um antro de skinheads e neonazistas. Há algum tempo outro militante do partido e membro do movimento Hip-Hop conhecido como Will Capa Preta também foi espancado no local”, denuncia indignado Toninho.
A seguir, leia o relato da vítima publicado no Facebook:
“Um ALERTA: nesta madrugada, sofri uma tentativa de homicídio, em pleno calçadão da rua XV no centro de Curitiba. Fui atacado por um grupo de skinheads, neonazistas, que armados de facas e canivetes tentaram me matar por eu estar trajando camiseta do glorioso PCdoB. Consegui furar o cerco e correndo muito rápido consegui me safar de 7 ou 8 doentes mentais, perigosos à sociedade.
Você que é comunista, socialista, negro, cigano, judeu, homossexual ou deficiente, CUIDADO! Há nazistas soltos por aí, e conseguem ser mais violentos que a própria polícia.”
Infelizmente nossa capital, Curitiba está recheada de elementos nocivos à sociedade como bem disse o camarada Antônio...Nazistas e fascistas são criaturas nefastas,covardes que se escondem na escuridão ....e atacam...quem eles julgam pertencer à minorias...seus ataques não são com palavras,ou s idéias......são ataques covardes com armas, facas, tacos de basebol, soco inglês, correntes....são animais...e precisam ser tartados como tal:ENJAULADOS!

domingo, 27 de novembro de 2011

Olga Benário: ùltima carta escrita ao marido e à filha, no campode concentração nazista de Ravensbruk, antes de ser conduzida à morte em câmara de gás






"Lutei pelo justo, pelo bom e pelo melhor do mundo"
Olga Benario Prestes


(ABRIL/1942)

Queridos:

Amanhã vou precisar de toda a minha força e de toda a minha vontade. Por isso, não posso pensar nas coisas que me torturam o coração, que são mais caras que a minha própria vida. E por isso me despeço de vocês agora. É totalmente impossível para mim imaginar, filha querida, que não voltarei a ver-te, que nunca mais voltarei a estreitar-te em meus braços ansiosos. Quisera poder pentear-te, fazer-te as tranças - ah, não, elas foram cortadas. Mas te fica melhor o cabelo solto, um pouco desalinhado. Antes de tudo, vou fazer-te forte. Deves andar de sandálias ou descalça, correr ao ar livre comigo. Sua avó, em princípio, não estará muito de acordo com isso, mas logo nos entenderemos muito bem. Deves respeitá-la e querê-la por toda a tua vida, como o teu pai e eu fazemos. Todas as manhãs faremos ginástica... Vês? Já volto a sonhar, como tantas noites, e esqueço que esta é a minha despedida. E agora, quando penso nisto de novo, a idéia de que nunca mais poderei estreitar teu corpinho cálido é para mim como a morte.

Carlos, querido, amado meu: terei que renunciar para sempre a tudo de bom que me destes? Corformar-me-ia, mesmo que não pudesse ter-te muito próximo, que teus olhos mais uma vez me olhassem. E queria ver teu sorriso. Quero-os a ambos, tanto, tanto. E estou tão agradecida à vida, por ela haver-me dado a ambos. Mas o que eu gostaria era de poder viver um dia feliz, os três juntos, como milhares de vezes imaginei. Será possível que nunca verei o quanto orgulhoso e feliz te sentes por nossa filha?

Querida Anita, meu querido marido, meu Garoto: choro debaixo das mantas para que ninguém me ouça, pois parece que hoje as forças não consegu em alcançar-me para suportar algo tão terrível. É precisamente por isso que esforço-me para despedir-me de vocês agora, para não ter que fazê-lo nos últimas e difíceis horas. Depois desta noite, quero viver para este futuro tão breve que me resta. De ti aprendi, querido, o quanto significa a força de vontade, especialmente se emana de fontes como as nossas. Lutei pelo justo, pelo bom e pelo melhor do mundo. Prometo-te agora, ao despedir-me, que até o último instante não terão porque se envergonhar de mim. Quero que me entendam bem: preparar-me para a morte não significa que me renda, mas sim saber fazer-lhe frente quando ela chegue. Mas, no entanto, podem ainda acontecer tantas coisas... Até o último momento manter-me-ei firme e com vontade de viver. Agora vou dormir para ser mais forte amanhã. Beijo-os pela última vez.

Olga

Fonte: Instituto Luiz Carlos Prestes

O que deve ser o Jovem Comunista ,Segundo Che Guevara


O Jovem Comunista

Quero colocar agora, companheiros, qual é a minha opinião, sobre o que deve ser um jovem comunista e ver se estamos todos de acordo.
Eu acho que a primeira coisa que deve caracterizar um jovem comunista é a honra que sente por ser jovem comunista. Esta honra que o leva a mostrar para todo o mundo sua condição de jovem comunista, que não se submete à clandestinidade, que não o reduz a fórmulas, mas que ele manifesta a cada momento, que lhe sai do espírito, que tem interesse em demonstrar porque é o seu símbolo de orgulho.
Junto com isso, um grande sentido do dever para com a sociedade que estamos construindo, com nossos semelhantes como seres humanos e com todos os homens do mundo.
Isso é algo que deve caracterizar o jovem comunista. Ao lado disso, uma grande sensibilidade para com todos os problemas, grande sensibilidade diante da injustiça; espírito inconformado sempre que surja algo que esteja errado seja quem for que o tenha dito. Colocar tudo o que não se compreender; discutir e pedir que deixem claro o que não estiver; declarar guerra ao formalismo, a todos tipos de formalismo. Estar sempre aberto para receber as novas experiências, para se ajustar à grande experiência da humanidade, que leva muitos anos avançando pela senda do socialismo, às condições concretas de nosso país, as realidades que existem em Cuba: e pensar – todos e cada um – como ir mudando a realidade, como torná-la melhor.
O jovem comunista deve propor-se a ser sempre o primeiro em tudo, lutar para ser o primeiro e sentir-se incomodado quando em alguma coisa ocupa outro lugar. Lutar para melhorar, para ser o primeiro. Claro que nem todos podem ser o primeiro, mas podem estar entre os primeiros, no grupo de vanguarda. Ser um exemplo vivo, ser o espelho onde mirem seus companheiros que não pertençam às juventudes comunistas, ser o exemplo onde possam mirar-se os homens e as mulheres de idade mais avançada que perderam certo entusiasmo juvenil, que perderam a fé na vida e que diante do estímulo do exemplo sempre reagem bem. Essa é outra tarefa dos jovens comunistas.
Junto com isso, um grande espírito de sacrifício, um espírito de sacrifício não somente para as jornadas heróicas, mas para todo o momento. Sacrificar-se para ajudar os companheiros nas pequenas tarefas, para que possa assim cumprir seu trabalho, para que possa cumprir com seu dever no colégio, no estudo, para que, de qualquer maneira, possa melhorar. Estar sempre atento a toda a massa humana que o rodeia.
Ou seja: o que se propõe a todo o jovem comunista é que seja essencialmente humano, ser tão humano que se aproxime daquilo que há de melhor no ser humano, que purifique o melhor do homem por meio do trabalho, do estudo, do exercício da solidariedade permanente com o povo e com todos os povos do mundo, desenvolver ao máximo a sensibilidade até se sentir angustiado quando se assassina um homem em qualquer lugar do mundo e se sentir entusiasmado quando em algum lugar do mundo se levanta uma nova bandeira de liberdade (aplausos).
O jovem comunista não pode estar limitado pelas fronteiras de um território; o jovem comunista deve praticar o intercionacionalismo proletário e senti-lo como coisa própria. Aperceber-se, como devemos nos aperceber todos nós, aspirantes a comunistas aqui em Cuba, que somos um exemplo real e palpável para toda a nossa América e mais que isto, para outros países do mundo que lutam também em outros continentes por sua liberdade, contra o colonialismo, contra o neoliberalismo, contra o imperialismo, contra todas as formas de opressão dos sistemas injustos; aperceber-se sempre que somos uma tocha acesa, que somos o mesmo espelho que cada um de nós é individualmente para o povo de Cuba, e somos esse espelho para que se olhem os povos da América, os povos do mundo oprimido que lutam por sua liberdade. E devemos ser dignos desse exemplo. A todo o momento e a toda hora devemos ser dignos deste exemplo.
Isso é o que nós pensamos que deve ser um jovem comunista. E se nos dissessem que somos românticos, que somos uns idealistas inveterados, que estamos pensando em coisas impossíveis e que não se pode conseguir que a massa de um povo seja quase um arquétipo humano, nós temos de responder mil vezes, que sim, que se pode, que estamos no caminho certo, que todo o povo pode ir avançada, e liquidando a mesquinhez humana, como fomos liquidando em Cuba nesses quatro anos as de Revolução; ir se aperfeiçoando como fomos nos aperfeiçoando dia a dia, liquidando intransigentemente todos aqueles que ficaram atrás, que não são capazes de marchar no ritmo que marcha a Revolução cubana. Tem de ser assim, deve ser assim, e assim será, companheiros (aplausos). Será assim porque vocês são jovens comunistas, criadores da sociedade perfeita, seres humanos destinados a viver em um mundo novo de onde haverá desaparecido definitivamente tudo o que é caduco, tudo o que é velho, tudo o que represente a sociedade cujas bases acabam de ser destruídas.
Para conseguir isso, é necessário trabalhar todos os dias. Trabalhar no sentido interior de aperfeiçoamento, de aumento dos conhecimentos, de aumento da compreensão do mundo que nos rodeia. Inquirir, averiguar e conhecer bem o porquê das coisas e colocar sempre os grandes problemas da humanidade como problemas próprios.
Assim, em um dado momento, em um dia qualquer dos próximos anos – depois de passar por muitos sacrifícios, sim, depois de havermos estado, talvez, à beira da destruição – depois de havermos visto, talvez como nossas fábricas são destruídas e depois de reconstruí-las novamente, depois de assistir ao assassinato, à matança de muitos dos nossos e de reconstruir o que tiver sido destruído, ao fim de tudo isso, um dia qualquer, quase sem nos darmos conta, teremos criado, junto como os outros povos do mundo, a sociedade comunista, nosso ideal (aplausos).
Companheiros, falar à juventude é uma tarefa grandiosa. A gente se acha, nesse momento, capaz de transmitir algumas coisas e sente a compreensão da juventude. Há muita coisa que gostaria de dizer sobre todos os nossos esforços e anseios. A maneira como, todavia, muitos deles se partem diante da realidade diária e como é necessário voltar ao início. Dos momentos de fraqueza e de como o contato com o povo – com os ideais e a pureza do povo – nos infunde novo fervor revolucionário.
Haveria muitas coisas a dizer. Mas também temos que cumprir com os nossos deveres. E aproveito para explicar-lhes porque me despeço de vocês, porque vou cumprir com o meu dever de trabalhador voluntário numa fábrica têxtil (aplausos); lá estamos trabalhando desde algum tempo. Estamos competindo com a Empresa Consolidada de Hillados e Tejidos Planos, que trabalha em outras indústrias têxteis, e com a Junta Central de Planificação, que trabalha em outra fábrica têxtil.
Quero dizer-lhes, honestamente, que o Ministério da Indústria está em último lugar na emulação, que temos de fazer um esforço maior, constantemente, para avançar, para poder cumprir com aquilo que nós mesmos afirmamos, isto é, que somos os melhores, aspirar a ser os melhores, porque nos dói ser os últimos na emulação socialista.
Acontece, simplesmente, que aqui ocorreu o mesmo que a muitos de vocês: a emulação é fria, um pouco artificial, e não temos sabido entrar em contato direto com a massa de trabalhadores da indústria. Amanhã teremos uma assembléia para discutir esses problemas e para tratar de resolvê-los, buscar os pontos de união, estabelecer uma linguagem comum, de identidade absoluta entre os trabalhadores dessa indústria e nós, trabalhadores do Ministério. E depois de conseguir isso, estou seguro de que aumentaremos muito os rendimentos ali, e de que, pelo menos, poderemos lutar honradamente pelos primeiros lugares.
Em todo o caso, na próxima assembléia, no ano que vem, lhes contaremos e resultado. Até lá. (aplausos).

Extraído do discurso do Comandante Ernesto Che Guevara na comemoração do segundo aniversário da integração das organizações Juvenis, em Havana, Cuba, em 20 de Outubro de 1962