sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Assange anuncia divulgação de novos documentos no WikiLeaks


Assange anuncia divulgação de novos documentos no WikiLeaks


O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, anunciou nesta quinta-feira (20) que sua organização publicará em 2013 um milhão de novos documentos confidenciais relacionados com "todos os países do mundo", durante um discurso na embaixada do Equador em Londres, onde se encontra refugiado há seis meses

  
DO PORTAL VERMELHO


Leon Neal/France Presse
 Assange 
O fundador do Wikileaks, Julian Assange fala do balcão da embaixada do Equador em Londres
Assange falou durante 15 minutos na varanda da embaixada para cerca de cem pessoas e meios de comunicação de todo o mundo, em sua segunda aparição desde que se refugiou para evitar sua extradição para a Suécia.

Ele assegurou que seu trabalho não será "amedrontado" e, por isso, tem preparados mais de um milhão de documentos para publicar em 2013, que afetarão todos os países do mundo. O fundador do Wikileaks disse ainda que "a porta está aberta e sempre esteve aberta para qualquer um que deseje usar os tramites adequados para falar comigo ou garantir-me uma saída segura".

Neste sentido, o australiano explicou que o Pentágono americano segue considerando sua organização como "criminosa" e o governo da Austrália não defende o jornalismo e as publicações do Wikileaks, o que o faz continuar na embaixada do Equador.

"Há seis meses entrei neste edifício. Se tornou minha casa, meu escritório, meu refúgio. Graças ao governo do Equador e ao apoio de seus moradores", declarou Assange no que denominou seu "discurso de Natal".
Ele afirmou que, apesar de sua liberdade ser limitada, pode trabalhar e comunicar-se, "algo que não podem fazer 232 jornalistas que se encontram esta noite na prisão".



Assange rejeita ser extraditado à Suécia, que reivindica sua extradição para interrogá-lo por supostos crimes sexuais que ele nega, se não lhe forem oferecidas garantias de que não será eventualmente entregue aos Estados Unidos.

O australiano teme que em território americano possa ser condenado à morte pelas revelações de documentos confidenciais sobre o Iraque e Afeganistão feitas pelo Wikileaks.





http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=201883&id_secao=9



Fonte: Folha de S.Paulo 

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

O lançamento de Aécio Neves: roteiro da derrota


O lançamento de Aécio Neves: roteiro da derrota


O povo, que sabe tudo, diz: passarinho na muda não pia. O PSDB, que não costuma (nem sabe) ouvir o povo, não respeita essa sabedoria e, em seu chilrear interminável, desenha lições de abismo.

O PSDB – por meio do alto cardinalato tucano, formado por Fernando Henrique Cardoso, Tasso Jereissati e o presidente da sigla, Sérgio Guerra – acaba de lançar, em Brasília, o nome de Aécio Neves para a sucessão da presidenta Dilma Rousseff em 2014. A cerimônia foi bem ao estilo tucano – altissonante e fanfarrão. O cenário foi uma reunião de prefeitos eleitos pela legenda. Foi um ato em que não faltaram manifestações de mandonismo. Quando Aécio alegou que um líder não se autoproclama, FHC logo corrigiu, do alto de sua onipotência: "eu estou te proclamando", logo seguido pelo “eu também” de Tasso Jereissati. É um autoritarismo tipicamente tucano, que atropela a escolha partidária e inclusive as regras legais para a indicação de um candidato. “Não precisa de nada, de convenção, de nada. Ele será ungido como candidato”, comandou FHC. Ele, disse o ex-presidente, tem que desde já “assumir posições” como líder político. “Se possível, com uma plataforma mais forte que o partido ofereça a ele”, agregou.


Do Portal Vermelho
Este é o ponto de partida da lista de problemas da candidatura ungida pelos cardeais tucanos. Qual a plataforma? O mesmo roto e rejeitado programa neoliberal, derrotado sucessivamente nas urnas desde 2002? A mesma agenda do desemprego, do retrocesso econômico, de empobrecimento do povo e concentração cada vez mais acentuada da renda? Do desmonte do Estado, do ataque contra os direitos sociais, o retorno da precarização do trabalho e redução dos direitos trabalhistas? Das privatizações e da privataria tucana? Do alinhamento automático e submisso aos ditames dos EUA e da União Europeia? Dos emissários do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial como autores, gestores e fiscais da política econômica brasileira? Do país em posição de joelhos perante o imperialismo?

Qual é o programa que o PSDB pode oferecer como alternativa ao que o Brasil aprova (com o índice de 80% alcançado por Dilma Rousseff), e que vem sendo executado no Brasil desde 2003 pelos governos das forças democráticas, patrióticas e progressistas?

É legítimo que um partido tenha um candidato à Presidência da República, mas o convescote de prefeitos tucanos, sob os ditames de FHC e sua turma, entra fraco na disputa.

Eles sabem disso. Daí a indisfarçável campanha que tem no alvo Lula, Dilma e as forças de esquerda, promovida pelo udenismo de quinta categoria de vestais esfarrapadas que ocultam, sob a bandeira rota do moralismo, aquele programa que não ousam confessar. 

O roteiro traçado por FHC a partir da reunião de prefeitos do PSDB é o ponto de partida para mais uma derrota desse partido superado na vida política brasileira. Ao lado dos reacionários do PFL (hoje DEM), os tucanos protagonizaram um ciclo político que já ficou para trás e que já não tem caminho de retorno. O Brasil vive desde 2003 um novo ciclo político, sob a condução de forças democráticas e patrióticas que muito têm feito e têm ainda mais a fazer pela transformação do país em uma nação desenvolvida, democrática, com progresso e justiça social.

Por isso mesmo, o PSDB e o DEM foram derrotados nas urnas em 2012, situação agravada pelo verdadeiro estilhaçamento do ninho tucano, novamente confirmado no encontro de prefeitos eleitos pela legenda no estado de São Paulo, na quarta-feira (28 de novembro), onde a tônica foi a discórdia, não a unidade. O remédio sonhado por FHC, como revelou no texto publicado em O Estado de S. Paulo no domingo (2), é a mobilização. Em seu devaneio, ele espera desencadear um movimento oposicionista com apelo de massas, uma proclamação voluntarista incapaz de prosperar nas atuais condições políticas brasileiras. 

O ex-presidente tucano proclama a necessidade de falar para o povo. Mas falar o quê? Para que povo? O “povo” que ele espera mover são moradores dos bairros nobres de São Paulo e demais capitais; fora destes limites, sua audiência cai a quase zero e sua capacidade de mobilização é nula.


http://www.vermelho.org.br/editorial.php?id_editorial=1142&id_secao=16

Com chances cada vez menores, a direita quer adiantar 2014


Com chances cada vez menores, a direita quer adiantar 2014


Do Portal Vermelho

É pueril mas preocupante o esforço da direita para adiantar, antes de se completar a metade do mandato da presidenta Dilma Rousseff, o debate de sua sucessão, que deve ocorrer em 2014.

A puerilidade dessa tentativa revela-se a cada nova pesquisa de opinião que, reiteradamente, colocam Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula na dianteira de qualquer sondagem. A última foi divulgada neste domingo (16) pela Folha de S. Paulo, sob a manchete provocativa que dizia: “se a eleição fosse hoje...”




A eleição não será agora; é apenas a metade do primeiro mandato de um governo que revela a disposição da presidenta de avançar nas mudanças, como prometeu na campanha eleitoral de 2010. Sinais do avanço podem ser vistos, na área econômica, na forma como a presidenta enfrenta os privilégios do grande capital (baixando os juros, enquadrando as elétricas, etc.). Na política externa, na maneira como o Brasil e seus governantes vão se tornando referência no enfrentamento da crise econômica e suas contundentes críticas aos dogmas neoliberais que favorecem o grande capital e prejudicam o crescimento econômico e o bem-estar das populações. Na área dos direitos humanos, pelo apoio decidido do governo às iniciativas para esclarecer os crimes da ditadura de 1964. Na área social, se consolidam e aprofundam iniciativas vindas do governo Lula, como o Bolsa Família, além dos avanços em programas como Minha Casa Minha Vida, etc.

São sinais de mudança que o povo percebe e aprova, tornando a situação impermeável aos ataques rasteiros da oposição conservadora a Lula, à presidenta e aos partidos da esquerda que apoiam o governo. 

As pesquisas de opinião são o espelho desta percepção popular. Nos quatro cenários pesquisados pelo Datafolha, Dilma venceria, no primeiro turno, em três deles, obtendo entre 53% e 57% dos votos; Lula venceria no quarto cenário, com 56%. Os preferidos da direita passam longe: Aécio Neves teria entre 9% e 14%; Marina Silva oscilaria entre 13% e 18%; o novo ungido da mídia, Joaquim Barbosa, oscilaria entre 9% e 10%.

Há algo interessante que estes números mostram: o fato de que os preferidos da direita (Aécio Neves, Marina Silva e Joaquim Barbosa) são conseguem, em nenhum dos cenários, roubar votos da dupla Lula/Dilma. Seus desempenhos variam à custa das preferências dos eleitores conservadores, que uma vez declaram voto em Aécio, outras em Marina, outras em Barbosa.

Por outro lado, as avaliações sobre o governo ou a presidenta mostram números recorde em relação aos ocupantes da Presidência da República: 62% aprovam o governo e 78% aprovam Dilma.

Essa aprovação maciça ajuda a entender o pessimismo que o campo conservador mostra, que se traduz na intenção de adiantar o debate sucessório, nos ataques contra Lula, Dilma e os partidos da base aliada e da esquerda, e nos indícios de uma agitação que só pode ser entendida como conspiratória para tentar chegar a saídas políticas favoráveis à direita.

O pessimismo é nítido nos principais comentaristas do campo tucano/conservador. Josias de Souza escreveu em seu blog que a “política brasileira vive uma transição curiosa”, com os velhos “deuses” da política ficando para trás sem que apareça um novo messias. Sua conclusão é notável: “Ou os rivais de Dilma providenciam uma resposta ou torcem por um desastre”. Que desastre seria este? Fernando Rodrigues, da Folha de S. Paulo, já havia decretado de que “não é tarde” para levar Lula aos tribunais. No comentário aos resultados da pesquisa divulgada domingo, constata que se consolida “uma situação desoladora para os partidos de oposição” e diz que se torna “mais complexo e distante o sonho de vitória da oposição em 2014”.

Este é o cenário da preocupação. A direita não é democrática; no Brasil, sempre foi avessa à democracia sendo, na história republicana, o grande fator de instabilidade política e de resistência aos avanços populares, democráticos e patrióticos. 

Há exatos 50 anos, em 1962, o então coronel Golbery do Couto e Silva, comentando o resultado da eleição daquele ano, viu neles uma tendência petebista/comunista que impedia uma saída eleitoral para a direita; foi a senha para o aprofundamento da conspiração que levou ao golpe militar de 1º de abril de 1964.

O Brasil mudou, o mundo mudou, mas a direita continua a mesma. O povo brasileiro não aceita mais retrocessos, e isso dificulta qualquer projeto golpista da direita que, nesse quadro de dificuldades, vai tentar destruir, usando a mídia conservadora, a imagem daqueles que não consegue derrotar nas urnas. Os próximos meses serão decisivos e os brasileiros e as forças democráticas, patrióticas e progressistas precisam estar mobilizadas para consolidar os avanços alcançados, lutar por novos avanços e derrotar, de vez, a direita e seus ventríloquos da mídia conservadora.



http://www.vermelho.org.br/editorial.php?id_editorial=1146&id_secao=16

Postado por Carlos Maia às 12:52

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Wikileaks: Assange cria partido



Wikileaks: Assange cria partido 


 
Do Blog Outro Lado da Notícia
de Osvaldo Bertolino

http://www.outroladodanoticia.com.br/inicial/43137-reinaldo-azevedo-o-rola-bosta-da-veja-que-atacou-niemeyer.html#comment-2777

Reinaldo Azevedo: o rola-bosta da Veja que atacou Niemeyer


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Do Blog Outro Lado da Notícia

Reinaldo Azevedo: o rola-bosta 

da Veja que atacou Niemeyer


OSVALDO BERTOLINO - O rola bosta que comunga com àqueles que comungam com fascistas, ditadores, totalitários e assassinos.

OSVALDO BERTOLINO - O rola bosta que julga ser um morto, alguém a ser idolatrado,
independentemen te de suas ideologias em vida.


http://www.outroladodanoticia.com.br/inicial/43137-reinaldo-azevedo-o-rola-bosta-da-veja-que-atacou-niemeyer.html#comment-2777

Pedro Pomar e Ângelo Arroyo: a história da Chacina da Lapa

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             Pedro Pomar


Pedro Pomar e Ângelo Arroyo: a história da Chacina da Lapa



A história de um revolucionário do Partido Comunista do Brasil
Osvaldo Bertolino
Prólogo
Uma manhã de terror e execuções sem perdão. Até troar de bombas de canhão foi ouvido
1976
Como sempre fazia, Margarida Rodrigues levantara-se por volta das seis e meia da manhã. Na casa ao lado, Rita da Glória ainda dormia sem saber que às seis e trinta e cinco seria despertada por uma cena de terror. Trabalhavam como empregadas domésticas em frente ao número 767 da Rua Pio XI, no bairro da Lapa, na cidade de São Paulo. Sebastião Dias Chaves, mestre de obras, nesse mesmo horário estava trancafiado com seis trabalhadores em um quartinho de despejo da construção no terreno que fazia fundos com a casa 767, enquanto outros, deitados no chão sob a mira de armas de grosso calibre, também eram feitos reféns.
pedro1A rua estava deserta. O silêncio foi quebrado por rajadas de metralhadoras. O picotar das balas era entremeado por um barulho seco, duro. Bombas de canhão, na definição do mestre de obras, que troaram na casa que fazia fundos com a construção, despejadas por uma poderosa carabina calibre doze milímetros. Rita da Glória acordou sobressaltada e correu até a porta que dá para a rua. Viu várias pessoas atirando, umas fardadas, outras não. Os atiradores fizeram sinais com as mãos para ela entrar; ordem de pronto obedecida diante do arsenal que vira cuspindo fogo.
Na casa ao lado, Margarida Rodrigues teve a sensação de que latas caíam de algum lugar. Os estampidos da carabina fizeram-na correr para a janela e viu, apavorada, uma fuzilaria sem trégua. Na sua visão turvada pelo impacto da cena, divisou seis homens protegendo-se no muro e operando metralhadoras dispostas uma ao lado da outra. Alvejavam a porta da casa 767. Apesar da barulheira, Margarida Rodrigues pôde observar que não houve revide. Ela, Rita da Glória e Sebastião Dias Chaves, trêmulos, descreveram, em várias entrevistas, o que viram naquela manhã dantesca. Era o começo do dia 16 de dezembro de 1976.
***
Alertado, o pessoal dos noticiários correu para o local do crime e foi recebido com hostilidade. O repórter Nelson Veiga, da TV Bandeirantes, viu, sem nada poder fazer, a destruição de filmes e o confisco de equipamentos. Um de seus técnicos levou um safanão e ambos foram encaminhados à delegacia, de onde saíram por intervenção do secretário de Segurança Pública, Erasmo Dias, que, bem relacionado com a mídia, pediu desculpas à emissora pelo ocorrido.
Um morador da vizinhança, não identificado, disse ao jornal O Estado de S. Paulo que foram vinte minutos de verdadeiro pânico no quarteirão. Outro disse que eram duas vozes de comando e se ouvia o “cantar” dos pneus das viaturas disfarçadas. Um terceiro descreveu a sonoplastia do arsenal em minúcias — os estrondos de uma poderosa carabina doze milímetros, as ininterruptas rajadas de metralhadoras, os estampidos secos das eficientes luggers nove milímetros. A orquestra macabra afastava as pessoas e assustava as crianças, detalhou. Um quarto informou que foram retirados da residência, após o fogo cerrado, papéis diversos, livros, roupas e até uma velha espingarda Winchester, toda enferrujada. Um cinegrafista disse à Folha de S. Paulo que nunca vira tanta papelada na vida. Até o começo da tarde, veículos do serviço de segurança foram carregados com livros, roupas, jornais, manuscritos e objetos diversos.
Pouco antes das onze horas, chegou ao local Harry Shibata, diretor da Divisão de Perícias Médicas. Entrou pela porta lateral da casa, transformada em peneira nas primeiras horas da manhã, e saiu pela da frente. Os fotógrafos do Instituto de Polícia Técnica registraram as adulterações da cena do crime. Uma perua Kombi com placas de São Bernardo do Campo, estacionada na lateral, evitava que curiosos lançassem olhares para o interior da casa.
***
Quinze minutos depois da saída de Harry Shibata, dois corpos acondicionados em gavetões de zinco foram retirados do local. Dispostos em outra Kombi, sem placas, os mortos, conduzidos em alta velocidade, sumiram da vista dos curiosos e do mapa. Ninguém sabia para onde estavam sendo levados e que fim teriam. Eram os corpos de Pedro Pomar e Ângelo Arroyo, que levaram para o túmulo uma história singular, odiada pelo regime implantado no país com o golpe de 1964. O crime foi executado com requintes de crueldade por homens ensandecidos e envenenados pela ideologia da violência.
O primeiro fogo da artilharia estilhaçou vidros das janelas, varou a madeira das portas e abriu caminho para a concentração de tiros no interior da casa a partir do jardim de entrada. Pedro Pomar foi atingido na cabeça, depois em todo o corpo, por balas dum-dum, iguais a bolas de gude. Calçava sandálias e vestia camisa de mangas curtas. Ao perceber a movimentação dos agentes, voltava da cozinha para a sala a fim de providenciar a queima de documentos. Ângelo Arroyo, saindo do banheiro em direção à cozinha, foi alvejado nas costas. A violência das balas o fez voar, batendo a cabeça no teto do corredor. Uma mancha de sangue ficou no local como testemunha da força com que fora atingido.
Oficiais do II Exército, noticiou o jornal O Globo, receberam “numerosos” telefonemas de pessoas ligadas a todas as atividades sociais do estado de São Paulo cumprimentando-os pelo êxito da operação, efetuada sem pôr em risco a integridade física dos moradores da vizinhança. Do Quartel General onde estavam, no arborizado bairro do Ibirapuera, eles divulgavam falsas informações, diligentemente reproduzidas pela mídia. As fotos da cena adulterada mostravam Pedro Pomar deitado ao lado de um revólver e os óculos caídos sobre o rosto; Ângelo Arroyo estava acompanhado de um fuzil e uma espingarda.
Nelson Veiga, o repórter da TV Bandeirantes, não vira o revólver e o fuzil quando chegou, por volta das oito horas e quinze minutos. A requisição do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) para o exame da casa foi entregue ao Instituto de Criminalística às oito horas e trinta e cinco minutos, mas os técnicos só chegaram ao local pouco antes das onze horas. Durante esse tempo, agentes vasculharam a cena do crime. Não se sabe se os tiros dados “de dentro para fora”, como consta do laudo assinado pelo perito Alceu Almeida Proença, foram inventados ou disparados pelos próprios agentes com a finalidade de incriminar as vítimas.
O documento afirma que os “ocupantes da moradia” dispararam com revólver calibre trinta e oito e carabina Winchester calibre quarenta e quatro, modelo 1892. No entanto, conforme diz a perita Eliana Menezes Sansoni no laudo específico das armas, a pesquisa de resíduos de combustão de pólvora mostrou que os tiros eram de revólveres das marcas Taurus e OH (Orbea Hermanos). Outro dado de Eliana Menezes Sansoni que contradiz a versão de Proença é o exame em um revólver INA calibre trinta e dois, em um rifle Castelo calibre vinte e dois e em três facas — todos arrolados no auto de apreensão e ignorados pelo perito. Nas sessenta e nove fotos que ilustram a descrição da cena, apenas o Taurus e a Winchester aparecem.
Outro indício flagrante da fraude é a data requerida pelo DOPS para a perícia, 21 de dezembro, quase uma semana depois do ocorrido. No laudo do perito, não constam detalhes prosaicos, como a distância entre a posição dos corpos e as armas. Os mortos não foram examinados para constatar a presença de resíduos de pólvora nas mãos e o laudo dos legistas que fizeram a autópsia tampouco comenta a existência de vestígios de explosivo.
Os comandantes da operação não desconheciam o que havia dentro da casa. Foram para o local com ordens deliberadas para a encenação. A preparação do massacre, segundo a versão da ditadura, durara três meses e os idealizadores da ação sabiam minúcias daquela casa frágil, com uma sala, dois quartos de nove metros quadrados cada, banheiro e cozinha. Nos fundos, havia uma área envidraçada; na frente, um alpendre em forma de arco descrito pelo perito como “área coberta”. O pequeno jardim e o quintal amplo fazendo divisa com o terreno onde havia a construção completavam a aparência de uma residência comum, como tantas outras que existiam na Rua Pio XI.
Erasmo Dias, o então secretário da Segurança Pública do Estado de São Paulo, reconheceu, em entrevista concedida a este autor em seu gabinete de vereador na Câmara Municipal de São Paulo em 2001, que as únicas armas portadas pelos dirigentes do PCdoB assassinados eram canetas. Segundo ele, a matança não teve justificativa nenhuma e a explicação para a chacina, que corria à boca pequena, era a de que a reunião fora organizada pelo PCdoB, que havia dado cinco anos de trabalho à repressão com a Guerrilha nas selvas do Araguaia.
Duas figuras centrais da trama estavam no comando da operação: o tenente-coronel Rufino Ferreira Neves e o delegado Sérgio Paranhos Fleury, que participou da fuzilaria. Eles sabiam, é claro, o que representavam os que estavam na casa. Havia uma determinação de não tolerar qualquer ação de dirigentes das organizações “subversivas” e uma reunião como aquela, nas barbas da repressão, era uma atitude inaceitável. A preparação do massacre envolveu uma engenhosa teia de comunicações e foi montada de forma a evitar qualquer falha.
***
O aparelho repressivo no estado de São Paulo carregava nas costas uma galeria de crimes repugnantes e o presidente da República, o ditador Ernesto Geisel, prometeu discipliná-lo. Mas enfrentaria resistências e usaria a força para tentar rompê-las. Na rígida hierarquia militar, desobedecer a um superior constitui indisciplina gravíssima. Condutas indóceis à autoridade devem ser castigadas de modo severo, assim determina a lei da caserna.
O II Exército fora louvado nos tempos do presidente Emílio Garrastazu Médici, quando montou a Operação Bandeirantes (Oban) e serviu de exemplo para os demais Comandos na criação dos Destacamentos de Operações de Informações (DOI) e Centros de Operações de Defesa Interna (Codi). Mas estava na hora de mudar. A Oban unificou as ações de todos os órgãos da repressão e foi oficializada como modelo nacional pela “Diretriz Presidencial de Segurança Interna”, assinada por Médici em setembro de 1970. Era a certidão de nascimento do terrorismo oficial de Estado.
O comandante do II Exército, general José Canavarro Pereira, nomeou para a direção da Oban o major Carlos Alberto Brilhante Ustra, que seria personagem de atos bárbaros na prática de torturas e assassinatos. A linha dura, que ganhou plenos poderes com Médici, não aceitou as promessas de abrandamento de Geisel.
Em 1974, quando Geisel assumiu a Presidência da República, o II Exército já era comandando pelo general Ednardo D’Ávila, da chamada linha dura. Seus abusos foram relatados em carta do ministro da Justiça, Armando Falcão, ao presidente, enviada dia 19 de março de 1975. Nela Falcão disse que o ministro do Exército, Silvio Frota, havia manifestado “preocupações com as observações que recebeu do comandante do II Exército” sobre o “ambiente que se está criando em São Paulo, no meio militar, devido à sistemática campanha de jornais”. Desaparecimento de “subversivos” e “prisões de elementos ligados à subversão”, além de “supostos maus tratos (torturas) que seriam infligidos a eles”, estariam sendo explorados “tendencialmente”.
A resistência às palavras de Geisel chegaria às vias de fato quando Ustra, já radicado em Brasília como instrutor da Escola Nacional de Informações e servindo no gabinete do ministro do Exército, Silvio Frota, usou a força para tentar levar os comandantes de Exércitos ao Ministério e anunciar um golpe de Estado. Ele e os demais integrantes do grupo de Frota imaginavam que conquistariam ampla adesão, mas o general Hugo Abreu, chefe do Gabinete Militar, antecipou-se e foi para o aeroporto, conseguindo levar todos à presença de Geisel para prestar solidariedade ao presidente. Ustra, agressivo no cumprimento da determinação de Frota, apelou para a força física contra o general Dilermando Monteiro, que havia assumido o II Exército.
A troca de comando em São Paulo revelava a profundidade da fenda que se abriu no regime. Geisel tentava demonstrar um anticomunismo menos rombudo, diferenciando-se do modelo selvagem que vinha desde o combate à insurreição de 1935. Em entrevista a Maria Celina d’Aquino e Celso Castro, da Fundação Getúlio Vargas, ele descreveu um diálogo com Frota sobre o combate à “subversão”. O ministro do Exército disse que desde o levante na Praia Vermelha o comunismo estava cada vez mais ativo, mais forte e perigoso. Então, o método de luta adotado — de matar, esfolar, brigar — não servia, replicou o presidente. Estudasse outra maneira de enfrentar o adversário. No fundo, não era um problema militar, mas social e político, avaliou Geisel.
Suas manifestações nessa entrevista, contudo, não passaram de jogo retórico para tentar se diferenciar do seu antecessor, o general Emílio Garrastazu Médici — Geisel também era um ditador comprometido com os crimes do regime. Foi dele a orientação para matar e desaparecer com os membros do Comitê Central do Partido Comunista Brasileiro (PCB). As ações criminosas no Araguaia, onde ocorreu a Guerrilha dirigida pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB), já no seu governo, foram firmemente apoiadas por ele. Geisel também deu aval à chacina da Lapa. O que o ditador apresentava como abrandamento da repressão era na verdade ações para pôr os porões repletos de criminosos sob as suas rédeas.
***
A chamada linha dura reagiu e bateu de frente com o presidente. Frota foi demitido e tentou o golpe. No seu manifesto golpista, falou de infiltração de comunistas “nos órgãos do governo”, levantando ainda mais as labaredas da cizânia. Geisel reagiu dizendo que lutava contra os comunistas e contra os que combatiam o comunismo. Um acontecimento inaudito, porém, apanhou a contenda no meio do caminho. Quando Geisel dava por realizada a tarefa de combater a “subversão”, em outubro de 1975 o jornalista Wladimir Herzog morreu sob torturas nas dependências do DOI-Codi paulista.
Preso no dia 25 por volta das oito horas da manhã, no final da tarde estava morto. A versão oficial dizia que ele havia se enforcado com o cinto do macacão de presidiário. Herzog recebera uma intimação para que se apresentasse e esclarecesse o envolvimento com o PCB. O pretexto foi uma produção da BBC de Londres levada ao ar no telejornal do meio dia da TV Cultura, da qual ele era diretor de jornalismo, sobre a vida do líder comunista vietnamita Ho Chi Min. Fosse ao DOI-Codi explicar o caso, como fizeram outros jornalistas da emissora que também foram recepcionado com torturas. Saiu de lá morto.
Geisel atribuiu a morte de Herzog ao Estado Maior do II Exército. Ednardo D’Ávila descentralizou o comando e deixou o pessoal subordinado agir, enquanto se dedicava às relações sociais. Nos fins de semana, saía da cidade para desfrutar da vida campestre oferecida por amigos. Aí os “elementos radicais” agiam. Na tramitação do inquérito, o presidente notou resistência de Ednardo D’Ávila em apurar o caso. Mas contemporizou.
O episódio comoveu o país e representou um divisor de águas — catalisou ações vigorosas para iniciar o processo de redemocratização. A pedido da família e do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo, um culto ecumênico na Catedral da Sé, co-celebrado pelo cardeal dom Paulo Evaristo Arns, pelo reverendo Jaime Wrigth e pelo rabino Henry Sobel, homenageou Herzog.
Mais de oito mil pessoas ouviram o rabino dizer que “Wladimir Herzog era um homem de visão, de percepção e dedicação”. O reverendo Wrigth afirmou: “Quando cai a noite, o pastor não vai para casa e jamais abandona suas ovelhas. Quando a noite vem, o perigo é maior. É durante a noite que elas precisam mais deles.” E o cardeal Arns disse que “ninguém mata um homem e fica impune”. Mas os mesmos que mataram o jornalista logo matariam outro homem. Foi no dia 17 de janeiro de 1976, um sábado.
***
Manoel Fiel Filho trabalhava havia dezenove anos na fábrica Metal Arte, no bairro paulistano da Mooca. Na sexta-feira, não mostrou nenhuma preocupação quando dois homens lhe disseram que ele precisava ir ao DOPS “para fazer um reconhecimento”. No dia seguinte, sábado, um táxi parou em frente è residência número 155 da Rua Coronel Rodrigues, no bairro de Sapopemba. Um homem desceu, jogou no quintal um saco de lixo e um envelope, e berrou: O seu Manoel tentou o suicídio! No saco azul de vinte litros, com o emblema da Lixeira Ideal, estavam a calça e a camisa de brim, o cinto e um par de sapatos. No envelope, com o timbre do Exército, os documentos de Manoel. O corpo apresentava sinais evidentes de torturas, em especial hematomas generalizados, principalmente na região da testa, pulsos e pescoço.
Ao receber a notícia, Geisel tomou a decisão de demitir Ednardo D’Ávila. A demissão desagradou profundamente os generais da linha dura. O ditador relata ter falado grosso com Frota, determinando que demitisse também o chefe do Centro de Informações do Exército (CIE), general-de-brigada Confúcio Danton de Paula Avelino. Deveria saber o que estava acontecendo em São Paulo. Informasse o ministro do Exército, que informasse Geisel. Como não fez, fosse substituído. Ednardo D’Ávila estava fora irremediavelmente — sua atração pelo society, seduzido pelos magnatas para doces week-endnas fazendas, sítios e chácaras, deixava o Exército, segundo o ditador, “à matroca” (ao acaso, à toa) nos finais de semana e a linha dura de mãos livres. Sobrou até para o ministro Frota, também demitido.
Geisel passou a caminhar na corda bamba. De um lado, a oposição ganhava impulso e exigia velocidade na abertura. De outro, a linha dura lutava para sobreviver — o gesto tresloucado de Frota, no episódio da tentativa de golpe, foi um típico ato de sobrevivência. Hábil, o ditador recompôs o seu poder e saiu fortalecido. Quando a operação da chacina da Lapa começou a ser montada, ele demonstrou que a abertura estava rigorosamente limitada aos seus ditames.
Geisel apoiou o plano do general Dilermando Gomes Monteiro, que assumira o II Exército no lugar de Ednardo D’Ávila, em conluio com o I Exército, do Rio de Janeiro. A “grande reunião dos chefes comunistas”, disse o presidente, não representava mais a força de antes mas poderia ser o inaceitável “recrudescimento do comunismo”. No comando do trabalho do II Exército, estava o chefe do DOI-Codi paulista, o tenente-coronel Rufino Ferreira Neves.
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O outro braço da repressão em São Paulo era liderado pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury, diretor da Divisão de Ordem Social do DOPS, famoso por suas ações bandoleiras. Conhecido como Esquadrão da Morte, o grupo desse delegado apresentava uma extensa folha corrida. Não foram poucas as vezes em que Fleury se viu na condição de réu, mesmo sendo fiel serviçal do regime e submetido às leis frouxas para quem era do mundo da repressão. A partir de 1974, ganhou mais um protetor, vindo das hostes militares — o coronel Erasmo Dias, que assumiu o comando da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo.
A indicação decorria de um acordo do governo federal com o governador do estado, Laudo Natel. A operação envolveu autoridades militares e até o então ministro do Exército, general Dale Coutinho, que antecedeu Silvio Frota. Havia choques entre as esferas militar e civil; a presença de Erasmo Dias na Secretaria de Segurança seria uma tentativa de encontrar um ponto de equilíbrio. Foi bem na função. Tanto que se manteve no cargo quando Paulo Egydio Martins substituiu Laudo Natel.
Comprometido com o regime até a medula, quando comentava assuntos daquele período Erasmo Dias se exaltava, fazia caretas, gritava, exasperava e oscilava bruscamente o tom de voz. Discordava da linha dura, apesar de ter participado de ações terroristas em nome do Estado, mas nutria admiração confessa pelas atrocidades cometidas pelo bando de Fleury. As farsas montadas para divulgar as mortes no DOI-Codi também precisavam de autorizadas mãos civis — como demonstraria o desdobramento do massacre da Lapa. Os inquéritos derivados da Lei de Segurança Nacional eram atribuição do DOPS.
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A operação que resultaria no fuzilamento de Pedro Pomar e Ângelo Arroyo foi montada com a técnica desse arranjo repressivo de São Paulo. Quando os caminhos da ação já estavam traçados, com todos os detalhes mapeados, o chefe do Estado Maior do II Exército, general-de-brigada Carlos Xavier de Miranda, enviou um ofício para Erasmo Dias informando “que o comandante do II Exército tomou conhecimento de que estaria havendo reuniões clandestinas na área com o comparecimento de elementos ligados à subversão”. A operação de informação “em curso das investigações” levantou “atividades subversivas de elementos sobejamente conhecidos por suas ações junto ao PCdoB”, entre eles citou Pedro Pomar.
No mesmo dia, o delegado Fleury baixou uma portaria instaurando “autos de investigação policial, de caráter confidencial, para o devido acompanhamento das diligências que estão em andamento, uma vez que o ofício foi despachado para esta Divisão”. Carlos Xavier de Miranda, o general-de-brigada que chefiava o Estado Maior do II Exército, voltou a falar com Erasmo Dias, quatro dias depois. Dilermando Monteiro pediu-lhe que comunicasse detalhes da operação que seria realizada em 16 de dezembro na casa 767. Faltavam dois dias.
O ofício pedia ao secretário da Segurança Pública que a partir das seis horas da manhã fosse montado um esquema, “com a finalidade de tranquilizar os moradores vizinhos da citada residência e os transeuntes, bem como seja o trânsito desviado das proximidades do local onde será realizada a operação”. Erasmo Dias despachou o ofício ao DOPS, “para as providências”, e Fleury providenciou, no mesmo dia, sua incorporação à portaria por ele instaurada quatro dias antes.
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Enquanto os papéis transitavam de mão em mão, Dilermando Monteiro discursava para oficiais que chefiavam as principais unidades do II Exército em uma confraternização de Natal. Ele se preparava para as férias, que começariam dia 27. O Jornal do Brasil reproduziu, em 15 de dezembro, trechos do discurso. “Qualquer um de nós, que praticamos a doutrina cristã, também saberá vibrar o chicote contra aqueles que são os vendilhões da pátria e expulsá-los do templo cívico de nossa nação”, ameaçou.
O general estava com o espírito bélico aflorado. “Não se deve confundir, portanto, amizade, camaradagem e boa vontade com fraqueza ou medo de agir. É preciso não confundir, como muitos fazem, a serenidade com medo, o bom humor com falta de agressividade, a alegria com tibieza, porque o próprio Jesus nos deu um exemplo quando expulsou dos templos aqueles que perturbavam o ambiente com ideias malsãs, de fundo materialista (...). Ainda permanece válido o se vis pacem para bellum (se queres a paz, prepara a guerra)”, disse.
O tom profético era entremeado por recados que denotavam advertência aos vacilantes e cumplicidade dos altos escalões do governo com a chacina que se avizinhava. “Ainda temos de estar preparados para enfrentar os ambiciosos, os desejosos de poder que querem infiltração para dominar e subjugar. Enquanto isso permanecer, temos de estar prontos para a luta, para empunhar o chicote. Por isso, estamos unidos em torno de nossos chefes, porque eles sabem o terreno em que estão pisando, conhecem o modo de enfrentar os obstáculos e de vencê-los. Sabem nos levar ao melhor destino”, discursou.
Aos sessenta e três anos, a hora de Pedro Pomar estava chegando. Sua voz seria silenciada para sempre e sua história impedida de começar a ser contada até que os primeiros raios de luz fulminassem as trevas da noite de terror que se abateu sobre o país entre os dias 31 de março e 1º de abril de 1964. Caiu, literalmente, quando fazia sua última defesa do Partido Comunista do Brasil, caminhando em direção aos papéis que registravam opiniões de dirigentes comunistas em debates intensos sobre rumos para conduzir o Brasil à democracia e à justiça social. A pátria perdia um de seus filhos que jamais fugira à luta. Faltavam nove dias para o Natal.

Pedro Pomar

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

CAMPANHA, TODOS CONTRA O FASCISMO: " Já rasgou sua Veja hoje? "


Já rasgou sua Veja hoje?

CAMPANHA: " TODOS CONTRA O LIXO NAZI-FASCISTÓIDE , VULGO REVISTA VEJA"

Participem!!!




O jornalismo mequetrefe de Veja


O jornalismo mequetrefe de Veja


A Editora Abril e seu carro-chefe, o panfleto semanal intitulado Veja, reforçaram, neste final de semana (set./2012), a inovação jornalística que pretendem ter inaugurado: o jornalismo com base no “ouvir dizer”, em fontes e entrevistas inexistentes, fundado na mentira e na calúnia. 

Não é uma prática nova na imprensa de direita no Brasil. Já na década de 1950 a revista O Cruzeiro, que era o grande panfleto da direita na época, era notável por esse mesmo jornalismo mequetrefe, apelidado “de dentro pra fora” – isto é, feito a partir de fatos inventados na redação. 

Da mesmo forma como hoje Veja se esmera em destruir a imagem do presidente Luís Inácio Lula da Silva e das forças progressistas e de esquerda, naqueles anos O Cruzeiro investia contra o presidente Getúlio Vargas e pagou um preço alto por sua miopia histórica e política. A confiança dos leitores caiu aceleradamente, a circulação começou a minguar e, em poucos anos, O Cruzeiro perdeu a importância que tivera e naufragou melancolicamente.

E qual é a estrutura dessa mentira? Ela é revelada pela própria matéria assinada pelo repórter Rodrigo Rangel, e pela “Carta ao Leitor” do diretor da revista. Não havendo declarações diretas e insofismáveis do empresário Marcos Valério, ele confessam, no próprio texto, que a mentira ali contada tem “base em revelações de parentes, amigos e associados”. Esta é a essência do jornalismo mequetrefe de Veja: a mentira e a calúnia.

Mentira e calúnia cujo objetivo é evidente. A direita e os conservadores alinhados com o PSDB e com o DEM estavam alvoroçados com a esperança de que o julgamento do chamado “mensalão” teria um efeito arrasador na eleição municipal deste ano, dificultando o desempenho dos candidatos do campo progressista e alavancando a preferência popular pelos candidatos da direita. 

Mas isso não aconteceu e nada indica que o embate eleitoral municipal vá trazer vitórias aos tucanos e seus aliados. O quadro revelado pelas pesquisas de opinião é desanimador para a nova direita, representada pela aliança PSDB/DEM; mostra que ela envelheceu, sendo crescentemente rejeitada pelo eleitor que antecipa a sensação de outra derrota estratégica para o conservadorismo neoliberal em 2014, na sucessão da presidenta Dilma Rousseff.

A direita neoliberal vive dias difíceis no parlamento, no campo eleitoral e também na confiança do leitor em suas publicações, cujas mentiras, conhecidas e rejeitadas, já não repercutem como antes. As sucessivas tentativas do panfleto de propriedade da família Civita pretendem tumultuar o processo político e eleitoral, em busca de saídas à margem da lei para garantir o poder e os privilégios dos setores mais conservadores das classes dominantes. Contra elas, o Brasil e o povo brasileiro seguem adiante, em busca de novas e maiores conquistas democráticas e sociais. E a recordação da rota rumo ao abismo vivida no passado por O Cruzeiro permite entrever semelhante destino para uma publicação que, hoje, ainda posa de poderosa e influente e seu jornalismo mequetrefe e mentiroso. 


http://www.vermelho.org.br/editorial.php?id_editorial=1116&id_secao=16



Cuba: Fidel é indicado candidato a deputado federal




Cuba: Fidel é indicado candidato a deputado federal


 O ex-presidente Fidel Castro, de 86 anos, foi indicado candidato a deputado federal. A indicação será definida hoje (17) por 168 assembleias regionais, que determinarão os nomes a serem levados às urnas em fevereiro. As assembleias definirão os candidatos para o Parlamento e também para as assembleias provinciais. As eleições serão em 3 de fevereiro de 2013.


Fidel Castro

Além de Fidel, mais 24 pessoas tiveram os nomes indicados, inclusive Raúl Castro, irmão do ex-presidente. A previsão é que 8,6 milhões de eleitores votem nas eleições de fevereiro.

De acordo com as autoridades eleitorais de Cuba, os candidatos atendem às exigências da legislação, como gênero, raça, idade, ocupação e nível de escolaridade.

Fidel foi o primeiro presidente de Cuba e deixou o poder em 2006, por problemas de saúde. No cargo, assumiu o atual presidente Raúl Castro. O ex-presidente, contudo, se recuperou e se mantém ativo, participando do conselho de governo e de atividades políticas.



http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_secao=7&id_noticia=201556







Com Agência Brasil

domingo, 16 de dezembro de 2012

A elite e a criminalização da política


A elite e a criminalização da política

Por Valdemar Figueredo Filho, na revista Fórum:



No final do ano de 2002, em pleno período eleitoral, eu passeava pelos corredores de um supermercado na ensolarada cidade do Rio de Janeiro. As pessoas conversavam sobre as eleições e a vitória do Lula parecia uma possibilidade próxima. Lembro-me que um senhor com cara de poucos amigos empurrava o seu carrinho querendo sair daquele corredor festivo. Disse para ninguém, mas falou alto para que todos ouvissem: Vou votar no Lula para ficar livre dele para sempre.

A lógica daquela retórica furiosa era a aposta de que uma vez diplomado pelo Tribunal Superior Eleitoral, no dia 1º de janeiro de 2003, Lula deixaria de ser a esperança do Brasil. O sindicalista bom de voto seria eficiente na gestão? O torneiro mecânico tinha condições de assumir o papel de chefe de Estado da República Federativa do Brasil? O senhor mal-humorado via naquele corredor uma amostragem do Brasil: gente crédula que se decepcionaria rápido.

Entre 1º de janeiro de 2003 e 1º de janeiro de 2011 alguns termos foram acionados com frequência pela “grande” imprensa para interpretar o governo Lula: messianismo, populismo e lulismo.

Em termos de política externa, o Brasil deixou de ser levado pelos “ventos do mundo” que sopravam preferencialmente para a América do Norte. Diziam os críticos que os camaradas Celso Amorim, Marco Aurélio Garcia e Samuel Pinheiro Guimarães estavam aparelhando o Ministério das Relações Exteriores com ideologias esquerdistas.

Importante lembrar que a retórica furiosa usava a estabilidade da moeda como o grande trunfo. O Real tinha que continuar dando certo. Quem teria melhores chances de administrar a economia brasileira, os feitores ou os críticos do Real? Durante a gestão tucana, a economia foi blindada da política. Para os consumidores do supermercado, FHC soube com maestria reformar o Estado e reformar a economia sem misturar os corredores. Numa simplória formulação do supermercado desinfetado pelo sopro liberal: deixem os técnicos cuidarem da economia e convém aos bons políticos conterem os ímpetos do Estado.

O fato é que Lula se reelegeu. Findo o seu conturbado segundo mandato, ainda dispunha de capital político para eleger a sua candidata Dilma Rousseff. Nem o mais otimista com a teoria do caos poderia imaginar tamanha importunação. O pessoal da tucanagem fotogênica preferiu não comparar os oito anos de FHC com os oito anos de Lula. Quando na disputa eleitoral em 2010, José Serra, que é bom com os números, preferiu falar do futuro. Ele queria que os eleitores comparassem o currículo dele com o de Dilma Rousseff. Com todas as letras, Serra disse que aquela não era uma eleição polarizada entre FHC e Lula.

Quem tem boa memória há de lembrar-se que o acanhamento do candidato tucano trouxe ressentimentos e críticas dos seus pares partidários. Como assim? Por que o Serra escondeu o passado? Aonde o Serra escondeu o FHC?

Quem tem boa memória há de lembrar-se da estratégia do senhor do supermercado. Deu errado! Não a administração do governo Lula, mas a previsão do caos. A gestão do Lula não foi perfeita, mas foi bem melhor do que os oito anos de FHC.

Ficou difícil comparar politicamente os resultados da gestão de FHC com a gestão de Lula. Tal dificuldade apresenta impactos eleitorais concretos. Ou seja, para não sermos exaustivos, não deu para livrar-se do Lula depois dos seus dois mandatos. Não foi uma gestão que cobriu todas as necessidades nacionais, mas, foi muito melhor do que o seu antecessor. É só perguntar para o José Serra que ele apresenta dados concretos.

Diante do quadro político tão ameaçador para as elites deste país em que as representações políticas, através do finado PFL e do perplexo PSDB, se mostraram frágeis, a disputa foi deslocada. A criminalização do governo Lula é a última cartada? Desloca-se a política das praças enquanto expressão popular e das câmaras legislativas enquanto expressão da democracia representativa. A política é posta sob juízo dos Tribunais de Justiça e principalmente sob o arbítrio da tão aclamada “liberdade de imprensa”.

A ideia fixa de um amplo movimento político brasileiro: Lula. Estamos assistindo a uma campanha sistemática de desconstrução da imagem do ex-presidente. A crença da retórica raivosa é que ao descascar a cebola da corrupção se chegará ao núcleo pobre: Lula e os seus mais chegados. Como já disse, os opositores abdicaram do campo político. Escolheram outro campo para o duelo: partidarização do Judiciário. A criminalização da política neste cenário é o mesmo que pancadaria contra o ex-presidente que continua merecendo dos brasileiros um alto grau de popularidade.

Pois é, o Lula virou ideia fixa da elite raivosa que gostaria de esquecê-lo para sempre.

Em 2002, o homem do mercado não podia prever que, para ficar livre do Lula, a arena política não era o meio mais apropriado. Não seria a voz das urnas a calar a figura grotesca com voz rouca. Em recente pronunciamento, FHC disse que Dilma Rousseff recebeu uma herança maldita. Ele se referia à criminalização da política. Ou seja, fala do campo jurídico e não do político.

Uma das versões da confusão na final da Sul-Americana é que o Tigres pipocou frente a superioridade do São Paulo. O tricolor paulista era tão superior que na bola a equipe argentina não ganharia. Numa tentativa desesperada simularam ou hiperdimensionaram os exageros do São Paulo Futebol Clube afim de ganharem no tapetão. Criminalização do futebol. Os jogadores saem de campo e os advogados entram com recursos nos tribunais.

Acho que os portadores da retórica política raivosa pipocaram. Querem levar a disputa para o campo jurídico criminalizando a política. A esperança é desmanchar os resultados eleitorais e desmoralizar os partidos.

Adoraria ouvir em 2014 que o Lula é candidato. Confusão no hipermercado e obrigação de Aécio Neves e cia saírem dos vestiários e entrarem no campo político. A comparação é ótima para a democracia. Talvez a pancadaria contra o ex-presidente Lula faça dele candidato nas próximas eleições.

http://altamiroborges.blogspot.com.br/2012/12/a-elite-e-criminalizacao-da-politica.html#more

Postado Por Carlos Maia

Manfredini: Soldado não tem medo da chuva


Soldado não tem medo da chuva


Luiz Manfredini

Nos anos em que passei no Colégio Militar de Curitiba – quando os colégios militares eram escolas e quartéis a um só tempo – entre o ginásio e o começo do científico (hoje segundo grau), ouvia de sargentos e oficiais uma frase recorrente: “Soldado não tem medo de chuva”. Referia-se, a sentença, ao fato de não podermos usar guarda-chuvas, mesmo que o céu desabasse em aguaceiros. Devíamos enfrentar as chuvas – dos temporais de verão às entendidas chuvaradas de inverno – apenas envolvendo os quepes com um plástico apropriado, parte do uniforme.

Mas sargentos, oficiais e mesmo professores iam além. A coragem do soldado não se restringia às chuvas, aplicava-se aos demais fenômenos atmosféricos e a tudo o que fosse na vida. Coragem, atributo visceral do soldado, coragem física, moral, intelectual. E assim nos formamos entre aulas, marchas e desfiles.

Acontecimentos recentes, no entanto, me inculcam dúvidas. Parece-me que o soldado, se ainda não teme a chuva – não vejo nenhum militar, entre os poucos que hoje em dia usam farda fora dos quartéis, valendo-se de guarda-chuvas – passou a temer a verdade. É o que se depreende das reações dos clubes militares às declarações das ministras Maria do Rosário e Eleonora Menicucci, que defenderam investigações sobre torturas cometidas durante a ditadura implantada em 1964. A nota emitida pelos clubes, e veiculada pela Internet no dia 16 de fevereiro, também criticou a presidente Dilma Roussef por não ter reagido àquelas declarações.

O governo reagiu hierarquicamente. Afinal, a presidente é a comandante-em-chefe das Forças Armadas e esse pessoal que se reúne nos clubes do exército, aeronáutica e marinha, mesmo sendo da reserva, está submetido ao Estatuto Militar, sendo-lhe, portanto, vedado confrontar a autoridade. Diante disso, os presidentes dos clubes desautorizaram o texto que eles próprios haviam confeccionado.

Mas a insubordinação não cessou. Dias depois, sob o agressivo título – quase uma declaração de guerra - Eles que venham, por que não passarão, novo manifesto confirmou a nota inicial dos presidentes dos clubes, agregando mais assinaturas. Eram cerca de 400 oficiais superiores signatários, fora os subalternos, no último dia cinco, número que provavelmente cresceu. Esses clubes, embora congreguem oficiais da reserva, também vocalizam sentimentos da caserna.

A segunda nota foi veiculada num sítio mantido pela mulher do coronel reformado do exército Carlos Alberto Brilhante Ustra, o tenebroso chefe do Doi-Codi paulista nos anos 70, onde torturou presos políticos, segundo acusações c que lhe são feitas.

Todo esse alvoroço tem um motivo: a Comissão da Verdade, que começará a funcionar logo, levantando – embora sem poder julgá-los - os crimes da ditadura militar. Para os militares insubordinados, a comissão é “ato inconsequente de revanchismo explícito e de afronta à Lei da Anistia com o beneplácito, inaceitável, do atual governo". Em outras palavras: esses militares não querem sequer tocar no assunto. Negam-se, terminantemente, a assumir suas responsabilidades perante o País, a irrecusável responsabilidade de ter deposto um governo constitucional em março de 1964 e instalado em seu lugar uma ditadura que perseguiu, prendeu, torturou e matou. Argumentam com base numa lei de anistia concedida por eles próprios, numa conjuntura em que ainda dispunham de certo poder de fogo, justamente para isentar-se da punição pelos crimes que cometeram. Essa lei deve ser revista, como o fizeram, corajosamente, os argentinos.

A covardia desses setores beira à insanidade em sua terminante negativa do passado. Recentemente, em entrevista, o general da reserva Luiz Eduardo Rocha Paiva simplesmente negou que o jornalista Vladimir Herzog tenha sido trucidado na tortura, o mesmo ocorrendo em relação à atual presidente Dilma Roussef, para citar apenas dois casos mais emblemáticos em que esses militares fazem de conta que não aconteceu nada.

A Comissão da Verdade, logo que comece a funcionar, vai enfrentar essa resistência insana dos covardes. É preciso reagir a isso. A sociedade brasileira, que aspira conhecer seu passado, colocá-lo em pratos limpos para seguir em paz sua rota de desenvolvimento, democracia e progresso social, precisa se manifestar, cercar e neutralizar essas ilhas de reação e obscurantismo. É luta política de largo alcance. Mas irrecusável.

As forças armadas – indispensáveis, é bom que se diga, em qualquer nação soberana – só se desgastam com tal espetáculo de fuga à responsabilidade, de acabrunhante ausência de bravura. Afinal, o soldado não deve ser corajoso apenas em relação à chuva. Deve sê-lo, sobretudo, diante da história e da sociedade da qual é fruto e à qual deve servir.

http://www.blogmanfredini.blogspot.com.br/

Postado por Carlos Maia as 20:28

CERCO SE FECHA CONTRA LULA. E AGORA?


CERCO SE FECHA CONTRA LULA.
E AGORA?

As forças de esquerda, especialmente o PT, precisam reavaliar o cenário. Não podem ficar acuadas. O momento exige partir para a ofensiva. Antes que seja tarde!


 Blog do Miro:


CERCO SE FECHA CONTRA LULA. E AGORA?



Por Altamiro Borges

Reportagem do Estadão confirma, até para os mais ingênuos, que a direita midiática e partidária não vai recuar um milímetro na sua ofensiva para desconstruir a imagem de Lula – e para, logo na sequência, bombardear a presidenta Dilma. Ela teve como base um depoimento prestado por Marcos Valério, em 24 de setembro último, à Procuradoria-Geral da República, que “vazou” no jornal da famiglia Mesquita. Nela o publicitário afirma que pagou “despesas pessoais” do ex-presidente Lula e que sofreu “ameaças de morte”.

Ainda segundo o sinistro depoimento, prestado após o empresário ser condenado a 40 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal, Lula teria dado aval aos empréstimos que irrigaram o “mensalão” que comprou deputados da base aliada do seu governo. Marcos Valério fez as novas denúncias às procuradoras Raquel Branquinho e Cláudia Sampaio – esta última mulher de Roberto Gurgel, procurador-geral da República. Com isto, ele tentou ser incluído no programa de proteção a testemunhas para reduzir a sua pena.

Direita em plena ofensiva

O depoimento “vazado” deu novo fôlego à oposição midiática e partidária. Em plena ofensiva, ela atua em várias frentes. Explora ao máximo o midiático julgamento do “mensalão do PT”, que já estava nos seus estertores e agora ganha nova dinâmica, e ainda abusa das baixarias, inclusive moralistas, no caso Rosemary Noronha, ex-chefe do gabinete da Presidência da República em São Paulo. Tudo é calculado para fustigar a popularidade do ex-presidente Lula e, de quebra, para fragilizar o governo da sua sucessora.

Neste esforço, o que há de mais reacionário na política nativa se une. Logo após o factóide do Estadão, o PSDB anunciou que pedirá a imediata convocação de Marcos Valério para depor no Congresso Nacional. “Queremos ouvi-lo para que ele diga ao país o que disse ao procurador. O que se sabe são vazamentos. É oportuna a presença dele para confirmar o que saiu na imprensa”, justificou o exótico Álvaro Dias, líder tucano no Senado. Os demos, mais sujos do que pau de galinheiro, também pedem a convocação.

Aécio Neves bebeu novamente?

Já o cambaleante presidenciável do PSDB, Aécio Neves, disse que “o PT e o governo deveriam terminar este ano de luto”. Será que ele bebeu novamente? Será que ele já se esqueceu dos péssimos resultados das eleições municipais? Para o senador mineiro, as denúncias de Marcos Valério confirmam que “o nível das relações íntimas do governo federal nos tráficos de influência que lesaram o erário público… O mensalão está aí na sua fase final e já temos outras denúncias que justificam a investigação da Procuradoria-Geral”.

Outras lideranças políticas, de legitimidade próxima à nulidade, também ficaram excitadas com a denúncia do Estadão. Roberto Freire, o chefão do PPS, novamente tentou se colocar como o capacho da direita. Já o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), que andava meio na moita por puro oportunismo eleitoral, voltou a esbravejar que “o PT se transformou num verdadeiro carrasco da ética” e que o governo Dilma é “incompetente”. Alguns “viúvos do Demóstenes”, que se travestem de esquerda, também já se ouriçaram.

Reação tímida dos atingidos

Diante deste verdadeiro linchamento, amplificado pela mídia, a reação das vítimas desta nova ofensiva da direita ainda é muito tímida. Na França, onde participa de um seminário internacional, Lula disse apenas que o depoimento de Marcos Valério “é uma mentira e eu não posso acreditar em mentiras”. Já a presidenta Dilma Rousseff, também presente ao evento em Paris, lamentou “estas tentativas de desgastar a imagem de Lula. Repudio todas as tentativas de destituir Lula de sua imensa carga de respeito pelo povo brasileiro”.

O PT divulgou hoje à tarde uma nota, assinada pelo presidente da sigla, Ruy Falcão, em repúdio às acusações. “A direção nacional do PT lamenta o espaço dado pela imprensa para as supostas denúncias assacadas pelo empresário Marcos Valério contra o partido e contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Caso essas declarações efetivamente tenham sito feitas em uma tentativa de ‘delação premiada’, deveriam ser tratadas com a cautela que se exige nesse tipo de caso. Infelizmente, isso não aconteceu”.


Superar o pragmatismo e a conciliação

Ainda segundo a nota, “as supostas afirmações desse senhor ao Ministério Público Federal, vazadas de modo inexplicável por quem teria a responsabilidade legal de resguardá-las, refletem apenas uma tentativa desesperada de tentar diminuir a pena de prisão que Marcos Valério recebeu do STF. Trata-se de uma sucessão de mentiras envelhecidas, todas já claramente desmentidas. É lamentável que denúncias sem nenhuma base na realidade sejam tratadas com seriedade”.

Os pronunciamentos e notas, porém, não são suficientes para conter a fúria da direita midiática e partidária. A conjuntura política fica cada vez mais delicada, com forte tendência à radicalização. Os demotucanos, sempre pautados pela mídia, já decidiram “endurecer” e precipitar a sucessão presidencial de 2014. As forças de esquerda, especialmente o PT, precisam reavaliar o cenário. Não podem ficar acuadas em função das visões pragmáticas e conciliadoras. O momento exige partir para a ofensiva. Antes que seja tarde!
http://www.conversaafiada.com.br/pig/2012/12/12/cerco-se-fecha-contra-lula-e-agora/