quarta-feira, 16 de março de 2016

Luiz Manfredini:A ira dos endinheirados

Do Portal Vermelho



A ira dos endinheirados

Luiz Manfredini *

As manifestações do último domingo apenas confirmaram o caráter nitidamente classista – de classe média, média para alta – desse movimento de oposição que se avolumou depois que a direita perdeu as eleições de outubro de 2014 e não se conformou com isso.


A própria “Folha de S. Paulo” constatou, mencionando a manifestação na Avenida Paulista: “manifestante mantém perfil de alta renda”. De fato, os manifestantes de São Paulo, como indica pesquisa do Datafolha, tinham renda e escolaridade muito superiores à média da população. Ou seja, o povão não entrou nessa onda anti-Dilma, anti-Lula, anti-PT. Há uma foto emblemática disso, que circulou pelas redes sociais, mostrando populares esperando passar a manifestação para poder atravessar a Avenida Paulista. Vê-se, pelos dados da pesquisa, que também a presença da juventude foi rarefeita (apenas 5% em idade entre 21 e 25 anos), o que questiona a liderança de Kim Kitaguiri, designado pelas elites golpistas como o novo líder juvenil.

Esse caráter de classe das manifestações, aliás, é o que destaca a mídia internacional, não comprometida com o partidarismo golpista das emissoras
de TV, revistas e jornais brasileiros.

Ainda assim, a classe média dominante nas manifestações de domingo julga- se porta-voz do povo. É comum ouvir-se frases como "a vontade do povo", "o povo foi às ruas", "o gigante acordou". Tanto as pesquisas mostram o contrário, quando é cada vez mais evidente que o ódio dessa gente elegante não é exatamente a corrupção. Fosse assim, veríamos faixas, cartazes, palavras de ordem e discursos também sobre a merenda escolar na São Paulo tucana, sobre Furnas, o aeroporto de Cláudio, o helicóptero abarrotado de cocaína. Mas, quanto a isso, corrupções óbvias, nada. A indignação dos endinheirados é seletiva, volta-se contra a presidente Dilma, contra Lula e o PT. E ficam por aí.

O que também chama a atenção, o que assombra com o potencial de nuvens negras que contém, é a descrença geral na política, inclusive, em certa medida, com sua criminalização. Essa tendência é global e faz parte do discurso neoliberal de supremacia do mercado. As elites, sobretudo calçadas na mídia, a vem construindo ao longo do tempo, daí surgindo soluções absurdas em torno do juiz Moro, louvado por todos, e até mesmo de Bolsonaro, que discursou na manifestação do Rio sem ser vaiado. O tenebroso é que, como o prova a história, esse tipo de descrença é o caldo de cultura do fascismo.

Obviamente, tais opiniões não desconsideram a dimensão das manifestações no cenário da atual crise política, cada vez mais complexas. Elas alimentaram os intentos golpistas, lançaram combustível a uma circunstância cujo desfecho é difícil de prever. Talvez esta semana seja decisiva.
* Jornalista a escritor paranaense, autor, entre outros livros, dos romances "As moças de Minas", "Memória e Neblina" e "Retrato no entardecer de agosto"

terça-feira, 15 de março de 2016

STJ mantém condenação de “Japonês da Federal” por corrupção passiva

Da revista Fórum
Acusado de fazer parte de uma quadrilha que facilitava o contrabando em Foz do Iguaçu, Newton Hidenori Ishii ficou conhecido por escoltar os presos da “Operação Lava Jato”
Da Redação
Foto: GGN
O ministro Felix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), negou um recurso especial e manteve a condenação de Newton Hidenori Ishii e outros dois policiais federais acusados de fazer parte de uma quadrilha que facilitava o contrabando via Foz do Iguaçu, cidade do Paraná que faz fronteira com o Paraguai e a Argentina.
Ishii ficou conhecido como o “Japonês da Federal” por ser visto constantemente na escolta dos presos da Operação Lava Jato. Ele é apontado como suspeito de ser um dos possíveis responsáveis por vazamentos sobre as investigações, depois que conversas entre o senador Delcídio Amaral (PT-MS) e assessores fizeram menção ao “japonês bonzinho”.
O agente, que atualmente goza da confiança do comando da Polícia Federal no Paraná, chegou a ser preso e expulso da corporação em razão dos processos que responde, fruto da Operação Sucuri, responsável pela prisão de outros 22 agentes da Polícia Federal, sete auditores da Receita Federal e três Policiais Rodoviários Federais suspeitos de participarem do esquema.
Além do inquérito criminal, Ishii responde um processo administrativo e outro por improbidade administrativa relacionados ao mesmo caso. Ele foi condenado em primeira instância em 2009 e, desde então, recorre aos tribunais da punição. No recurso, os réus questionavam a legalidade das provas obtidas via interceptação telefônica e a determinação da Justiça de perda dos cargos.
Cabe recurso da decisão à turma, já que a decisão foi monocrática, e também ao pleno do STJ. O caso corre em segredo de Justiça.

segunda-feira, 14 de março de 2016

Pesquisas confirmam imagens: Manifestantes são de alta renda e brancos


Como bem apontou o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), a oposição tirou “o gênio do fascismo da garrafa e agora não sabe como colocá-lo de volta”, jogando o país numa conflagração. A declaração do governador é reforçada pelo levantamento feito por diversos institutos de pesquisas que apontaram o perfil dos manifestantes presentes no ato realizado na Paulista, neste domingo (13).


André Tambucci
  
Pesquisa do Datafolha reafirma o que foi visto nas imagens dos atos convocados pela direita conservadora: o perfil dos manifestantes que foram à Avenida Paulista é, em sua maioria, o da elite brasileira.

Esse, aliás, é o mesmo perfil que foi derrotado nas urnas em 2014 e ocupou as ruas entre março de abril do ano passado em manifestações contra o governo de Dilma Rousseff.

Segundo levantamento do Datafolha, os manifestantes deste domingo tinham renda muito superior à média da população.

Metade dos entrevistados disse que está entre cinco e 20 salários mínimos, sendo que em média, o percentual nessa faixa é de 23%. Já 12% afirmaram que são empresários – em São Paulo a atividade é citada por apenas 2%.

Outro fato evidente nas fotos também foi reforçado pela pesquisa que aponta que 77% dos manifestantes declararam que são da cor branca.

A pesquisa também afirma que 94% não participam de nenhum grupo que promoveu o ato, ou seja, foram convocados pela mídia.

Em outra pesquisa divulgada pela revista Veja, que atua na defesa do golpismo, afirma que quase 80% dos manifestantes que foram à Avenida Paulista, em São Paulo, acreditam que a formação de um novo governo faria a situação do Brasil melhorar.

O levantamento feito pela Lean Survey afirma, no entanto, que 65% dos entrevistados acham que a oposição não cumpre papel relevante na resolução da crise, e 63% deles acreditam que PSDB e aliados não são capazes de tirar o Brasil da crise.

Apesar dos abusos e violações aos direitos e garantias individuais cometidos por setores da Polícia Federal, essa foi a instituição mais bem avaliada pelos entrevistados. Segundo a pesquisa, 51% avaliam que a instituição exerce o papel “mais positivo” na crise. Apenas 0,3% dos entrevistados acham o mesmo da oposição.

Outro instituto, o Paraná Pesquisas, também fez uma pesquisa com os manifestantes da Paulista para saber a intenção de voto à Presidência da República. De acordo com o levantamento, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) está encostado com os tucanos Aécio Neves, Geraldo Alckmin e José Serra entre os candidatos preferidos dos manifestantes. Bolsonaro fica em segundo lugar em três cenários possíveis enfrentando os tucanos.

Tucanos hostilizados pelos seus eleitores

Numa primeira hipótese de cenário construído pelo Instituto, que é ligado aos tucanos, Aécio tem 29%, Bolsonaro 16% e Marina 12%; noutra simulação, Alckmin tem 27%, Bolsonaro 15% e Marina 12%; no terceiro confronto com os tucanos, Serra tem 22%, Bolsonaro 16% e Marina 14%.

Os tucanos bem que tentaram surfar nas manifestações. O governador do estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o senador por Minas Gerais Aécio Neves, só conseguiram ficar por meia hora na manifestação da Paulista. Depois da chuva de vaias e gritos de “ladrão de merenda” e “corruptos”, tiveram que se retirar.

“O Brasil tem hoje uma classe dominante subversiva, que decidiu atear fogo às próprias vestes”, enfatizou o governador maranhense Flávio Dino. E completa: “E estes grupos decidiram jogar o Brasil numa conflagração que vai contra seus próprios interesses”.








Do Portal Vermelho

O grande perdedor deste domingo 13 foi Aécio.Por Paulo Nogueira

Nada vai cair no colo de Aécio, como aconteceu com Lacerda
Nada vai cair no colo de Aécio, como aconteceu com Lacerda
Outro dia fiz uma comparação entre Lacerda e Aécio.
Lacerda sempre conspirou contra a democracia, e acabou indo para a história com o apelido de Corvo, dado por Samuel Wainer.
Sugeri que Aécio passe para a história como o Abutre, pelo mal que ele vem fazendo à democracia. Ele é a prova dos riscos que maus perdedores trazem às instituições.
Desde o primeiro dia de sua derrota ele vive sabotando a democracia com argumentos esdrúxulos, substituídos sem cerimônia assim que se revelam risíveis.
O protesto deste domingo 13 de março trouxe mais um ponto de contato entre Lacerda e Aécio. Foi sem dúvida o ponto alto, se é que é possível usar tal expressão, na manifestação.
Aécio conseguiu ser vaiado na Paulista. Foi chamado de vagabundo, corrupto e oportunista. Um manifestante disse: “Se ele pensa que tudo vai cair no seu colo está enganado.”
Ora, ora, ora.
Também Lacerda imaginava que tudo iria cair no seu colo depois que os militares derrubaram Jango em 1964, com sua contribuição milionária.
Ele dava como certo vancer as eleições presidenciais pós-golpe. Como governador da Guanabara, era o único grande nome que estava no páreo. Juscelino fora cassado, Jânio estava desmoralizado: a presidência estava praticamente em suas mãos.
Praticamente.
Porque os militares gostaram. Lacerda se desesperou. Chegou a dizer que o general Castelo Branco era ainda mais feio por dentro do que por fora. Acabaria sendo cassado.
A presidência não caiu no seu colo.
As vaias a Aécio num protesto do qual ele pretendia ser um grande líder têm significado parecido. Sou obrigado aqui a repetir um manifestante citado acima. Se Aécio pensa que a presidência vai cair no seu colo, está enganado.
Aécio aprendeu hoje que ele é rejeitado, desprezado pelos que pedem o impeachment. Os ídolos são Moro e Bolsonaro.
É verdade que os manifestantes são tolos e manipulados em sua imensa maioria. Mas mesmo cegos uma hora enxergam a hipocrisia ululante de alguém que várias vezes citado em casos de corrupção, e com um passivo sinistro de delinquências, se atreve a liderar uma “marcha contra a corrupção”.
Pode-se dizer que este domingo representa um marco negativamente poderoso na carreira de Aécio. A pancada pode ter sido definitiva.
A classe média ignara que bate panelas e veste camisa da CBF em protestos não respeita Aécio. Os progressistas que se batem pela democracia o abominam.
Sobrou o que para ele?
O apoio da Globo, é verdade. Agora: o mesmo mal que se abate sobre Aécio alcança a Globo. Ela é, merecidamente, rejeitada pelos dois lados em que se divide a sociedade.
No fundo, o que ela quer, como Aécio agora e Lacerda no passado, é que tudo caia no seu colo. Um governo amigo – Aécio, por exemplo – representa a permanência dos privilégios e mamatas indecentes de que ela sempre viveu.
Publicidade bilionária a despeito de audiências cadentes, acesso ilimitado a bancos públicos – este tipo de coisa que Roberto Marinho chamava na época da ditadura de “favores especiais” a que julgava fazer jus por apoiar os generais.
O Brasil parece ter se cansado enfim da Globo.
Nem ela, com todas as mídias que possui e que usa acintosamente na defesa de seus interesses, será capaz de erguer o amigo Aécio, o Abutre.


Grito na Paulista “Fora Aécio, vagabundo”


Do blog Viomundo:

Antes, era um sorriso só dentro da van.

O presidente do PSDB, Aécio Neves, ao lado do governador Geraldo Alckmin, tendo como escudeiro o presidente do Solidariedade, Paulinho da Força, fiel aliado do presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Mais tarde eles se juntariam ao presidente do Democratas, Agripino Maia.

Só entre os que acabamos de citar há numerosos escândalos: lista de Furnas, Lava Jato, propina da OAS, do Detran do Rio Grande do Norte, escândalo da merenda…

Pouco depois da chegada ao destino, as feições rapidamente mudaram.



Numa avenida Paulista megalotada, logo surgiram cartazes contra Aécio, citado por vários delatores na Lava Jato.



Agripino Maia foi embora rapidamente, mas posou para foto “combatendo” a corrupção e postou no twitter - ele que é réu no Supremo Tribunal Federal acusado de corrupção.

O dia não foi de Agripino, nem dos tucanos: foi de “In Moro We Trust” e dos pregadores da antipolítica.

O juiz Sergio Moro se manifestou lisonjeado pelos elogios que recebeu nas ruas - num e-mail significativamente enviado para a GloboNews. O jurista Dalmo Dallari disse que o juiz que atua na Lava Jato está “deslumbrado”.

A extrema-direita também se deu bem nas ruas: Ronaldo Caiado (DEM-GO) e Jair Bolsonaro (PSC-RJ) discursaram para muitos aplausos.

Em sua fala, reproduzida parcialmente no Facebook, Bolsonaro disse que pretende implodir o prédio do Ministério da Educação e Cultura por supostamente doutrinar crianças nas escolas e apoiar a educação sexual fora de casa.

Ele disse que é preciso “um indivíduo forte para um Estado forte”, que fará do nióbio “a nossa Opep” e que apoia “uma arma de fogo para cada cidadão de bem”.

Bolsonaro se referiu ao ex-presidente Lula como “canalha” e “vagabundo” e disse que o ex-presidente, ao ser preso na Papuda, “não receberá visitas íntimas da Rosemary”.

O público vibrou.

Bolsonaro também chamou um dos dirigentes do MST, João Pedro Stédile, de “vagabundo” e sugeriu que os presentes apresentassem, como “cartão de visitas” ao MST, um fuzil 762.

Preta Gil: Só eu percebi que manifestantes nas ruas eram brancos?