sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

O contra-ataque dos igrejeiros


 Do portal vermelho

Carlos Pompe *

 



Religiosos temem perder suas ovelhas
 “Difícil encontrar espaço na sociedade laica, num país laico, para ser ateu ou agnóstico”. O desabafo, feito por Cláudia Rodrigues, em seu blog, reflete uma realidade que está longe de ser modificada. Pelo contrário, com os ateus “saindo do armário” e buscando apresentar suas posições abertamente, líderes e adeptos religiosos invadem ainda mais os espaços institucionais e os meios de comunicação para propagar suas seitas.

O professor doutor da Universidade de Brasília (UnB) e ex-consultor-geral da República, Ronaldo Rebello de Britto Poletti, escreveu uma série de artigos defendendo o Acordo Brasil-Santa Sé, que está tendo sua constitucionalidade questionada no Supremo Tribunal Federal. Em estilo tronítuo ele desqualifica os autores da ação judicial no STF: “Ateus, agnósticos, materialistas, ideólogos (não se sabe bem do quê), anticristãos, adversários de todas as religiões, no fundo censores, avessos às tradições brasileiras, como às do Ocidente Cultural, esses falsos intelectuais têm se agitado para (...) disseminar a ideia da antirreligião”. Ufa! Será que é esse conteúdo que ele ministra aos alunos na UnB?

Já o bispo Robinson Cavalcanti, da Diocese Anglicana do Recife, vê “uma ameaça à liberdade religiosa no espaço euro-ocidental”. Ele acredita que “o secularismo vem agindo com força no aparelho do Estado brasileiro, nos três poderes e em todos os níveis, além da academia, das artes e dos meios de comunicação” (deus te ouça, pensei eu). Ele faz um chamamento – “Os protestantes devem se preparar para dar uma resposta à altura a essa questão”–, para depois abastardar o tema dizendo que “não se pode permitir que se promova a implosão do Cristo Redentor ou que mudem os nomes dos estados do Espírito Santo e de São Paulo. Se os ateus quiserem trabalhar na Sexta-Feira da Paixão, peçam a chave da empresa aos seus chefes e façam hora extra”. Arre, só faltou chamar os comunistas de pedófilos (comem as criancinhas) e condenar ao Inferno os que não rezam pela sua cartilha...

Já o pastor e deputado federal João Campos (PSDB-GO), presidente da Frente Parlamentar Evangélica, é um dos que lidera a reação aos projetos de lei que criminalizam a homofobia, a descriminalização do aborto e criam o Plano Nacional dos Direitos Humanos. Propositadamente confundindo a laicidade do Estado com a perseguição religiosa ou proibição dos vários cultos, ele vocifera: “O Estado laico é aquele que protege a expressão de todas as religiões, e nenhuma em particular”, e logo em seguida puxa a sardinha para o lado de sua comunidade: “o Estado é laico, mas a sociedade, cristã”. Arrepiem-se daqui, ubandistas, budistas, judeus, islâmicos e crentes de todos os outros sistemas.

Os interessados em ler o belo texto de Cláudia Ribeiro a respeito da busca de uma escola laica para a filha, acesse aqui: http://sul21.com.br/jornal/2011/07/ateus-e-agnosticos-esses-seres-esquisitos/ 

Enfrentemos os demônios também no twitter: @Carlopo



* Jornalista e curioso do mundo




www.blogdocarlosmaia.blogspot.com  Carlos Maia

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