Veja acusa internauta carioca de ser robô do Twitter, pago pelo governo



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Veja acusa internauta carioca de ser robô do Twitter, pago pelo governo

Além de se envolver com o bicheiro Carlos Augusto Ramos, oCarlinhos Cachoeira, e estar prestes a ter seus principais executivos convocados para depor perante a Comissão Parlamentar Mista de Investigação (CPMI) que investiga crimes cometidos por altas patentes da República, a revistasemanal de ultradireita Veja tenta convencer aos seus leitores que é vítima de robôs mal intencionados, capazes de destruir o que ainda sobrou de sua reputação. Alvo de um tuitaço, quando milhões de internautas passaram a publicar, nas últimas 48 horas, a hashtag #VejaTemMEDO no Twitter, uma rede de microblogs, o colunista de Veja Reinaldo Azevedo acusou uma internauta, que havia participado da campanha contra o ‘jornalismo de esgoto’ praticado pela publicação – como a caracterizam os principais jornalistas brasileiros –, de ser um robô programado pelo governo para atingir alvos políticos. O colunista também censurou o comentário da acusada, no qual ela rebate a denúncia.
Em Como Fraudar a Internet, matéria publicada na última edição darevista, Reinaldo Azevedo afirma que o perfil @lucy_in_sky_ “foi programado para identificar mensagens de outros usuários que contivessem os termos-chave dos tuitaços, replicando-as”. Seria perfeito para explicar mais um protesto contra a revista, se a dona do perfil não fosse uma pacata carioca de 59 anos, estudiosa do comportamento humano, amante dos animais e profissional da saúde.
– Foi como tomar um tapa na cara – relatou.
Lucy (sua identidade será preservada), soube por amigos, neste sábado, que seu perfil no Twitter foi acusado de operar um esquema fraudulento para atacar a revista Veja com hashtags como #VejaTemMedo #VejaBandida.
– Trabalho e estudo. Não tenho muito para dar minha opinião, mas acho importante fazê-la. Por isso tantos retuítes.
O perfil de Lucy tem exatos 3 anos.
– Entrei no Twitter, a princípio, por curiosidade, mas depois percebi todo o alcance social e político. Procuro participar de vários tuitaços que mostrem minha opinião política. Participei do #ForçaLula e sempre que posso faço campanha contra crueldade com animais – afirmou.
A conta de Reinaldo Azevedo é simples, mas não fecha. Ele usa o exemplo da China, que recruta jovens com tempo disponível para lançar mensagens de apoio ao governo na internet. Na cabeça da Veja, o regime chinês é muito parecido com o brasileiro. Nada faria mais sentido se o governo também pagasse militantes para detonar inimigos políticos.
Afinal, quem fica na frente de um computador, num final de semana, sem ser pago? Só para fazer política?
– Quando eu vejo algum tweet que expresse minhas opiniões e posições, euretuíto – afirmou.
Diante de tantos RTs contra Veja, Reinaldo Azevedo criou uma fantasia:Lucy era um programa criado por petistas com a única intenção de detonarVeja. Mais de 1 milhão de internautas reproduziram as mensagens de protesto contra a linha editorial da revista.
– O que me impressionou na reportagem da Veja foi a história detalhada que eles inventaram, dizendo como é que eu “funcionava” como robô. Teve até infográfico – impressiona-se.
Na noite passada, Lucy acessou o blog de Reinaldo Azevedo e deixou uma mensagem, afirmando ser dona do perfil acusado de ser robô. Seu comentário foi censurado e Azevedo continua afirmando que Lucy não passa de uma ficção virtual.
No Twitter, para o perfil @pagina2, Lucy comentou a atitude da revista. Ao ser perguntada se ela como reagiu quando viu seu perfil na Veja, Lucy comentou:
– Foi muito ruim ver na Veja meu perfil exposto daquela maneira, e ainda mais, “provando” que sou um robô. Foi um tapa na cara.
– Quem é você, o que gosta de fazer?
– Sou profissional da saúde e que tenho 59 anos. Adoro ler, ir ao cinema (recentemente vi “Medianeras”, um filme argentino sobre a nossa contemporaneidade virtual). Não tenho filhos, não gosto de futebol. Faço caminhadas no calçadão, sempre que tenho tempo.
– Como usa o Twitter?
– Interesso-me, muito, por tudo o que diga respeito ao nosso mal-estar contemporâneo, que faz, muitas vezes, que só possamos fazer política pela internet. Sou partidária dos direitos humanos e também dos animais, não suporto injustiça contra os mais fracos.

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