Do Lixo ao Lixo? Valesca Popozuda vira "tese" de mestrado (sic): Um exemplo da ignorância midiática
Por Cristiano Bodart
Do site Café com Sociologia
Mariana Gomes
Gomes, apresentando e
aprovado na Universidade Federal
Fluminsense,
aprovado na Universidade Federal
Fluminsense,
tem sido divulgado pela
mídia de forma, no mínimo, ignorante.
mídia de forma, no mínimo, ignorante.
Título do projeto de dissertação: My
pussy
pussy
é poder – A representação feminina
através do funk no Rio de Janeiro: Identidade,
feminismo e indústria cultural.
através do funk no Rio de Janeiro: Identidade,
feminismo e indústria cultural.
Curso: Mestrado em Cultura e Territorialidades da Universidade Federal Fluminense
(UFF)
(UFF)
A ignorância é notória já no título das matérias, indicando que não sabem a diferença
entre projeto, tese e dissertação. Se não há um entendimento de tais diferenças,
o que esperar da compreensão de "delimitação de objeto", "problematização",
"hipótese", "teorização" e "metodologia"?
entre projeto, tese e dissertação. Se não há um entendimento de tais diferenças,
o que esperar da compreensão de "delimitação de objeto", "problematização",
"hipótese", "teorização" e "metodologia"?
A Jornalista Rachel Sheherazade com sua típica espontaneidade esboçou bem o que,
infelizmente, pensam muitas pessoas a respeito dessa questão. Sua críticas muitas
vezes são pertinentes, mas desta vez lamentável (ver o comentário aqui). Lamentável
por tecer crítica a algo que não leu e nem sabe direito do que se trata, fazendo
afirmações que são apenas uma das hipóteses iniciais da autora do projeto
de dissertação. Certamente desconhece o que envolve uma hipótese em dissertação ou tese.
infelizmente, pensam muitas pessoas a respeito dessa questão. Sua críticas muitas
vezes são pertinentes, mas desta vez lamentável (ver o comentário aqui). Lamentável
por tecer crítica a algo que não leu e nem sabe direito do que se trata, fazendo
afirmações que são apenas uma das hipóteses iniciais da autora do projeto
de dissertação. Certamente desconhece o que envolve uma hipótese em dissertação ou tese.
Resolvi tecer comentários, ainda que breves, sobre essa questão, não devido
ao comentário infeliz da jornalista, mas por ver que muitos estudantes de
Ciências Sociais/Sociologia compartilharam em seus perfis do Facebook
tal matéria como se algo “diferente, curioso, improvável, etc,” estivesse ocorrendo.
ao comentário infeliz da jornalista, mas por ver que muitos estudantes de
Ciências Sociais/Sociologia compartilharam em seus perfis do Facebook
tal matéria como se algo “diferente, curioso, improvável, etc,” estivesse ocorrendo.
Gostaria de pontuar algumas questões para mostrar que não há nada de
excepcional em um tema de dissertação (não é tese!) de mestrado sobre o “lugar”
de algumas personagens supostamente representantes do feminismo. Assim como
indicar que tal projeto de
excepcional em um tema de dissertação (não é tese!) de mestrado sobre o “lugar”
de algumas personagens supostamente representantes do feminismo. Assim como
indicar que tal projeto de
“Valesca Popozuda” ou outra cantora do Funk carioca.
Primeiramente, o que torna um tema profundo, senhorita Sheherazade, não é o tema
em si, mas a teoria que a ilumina. Sem esta, todos os temas são sem profundidade.
Um olhar etnocêntrico não ajuda muito a compreender isso.
em si, mas a teoria que a ilumina. Sem esta, todos os temas são sem profundidade.
Um olhar etnocêntrico não ajuda muito a compreender isso.
Outro ponto: o que torna um tema interessante para a academia não é sua
popularidade, como ocorre no caso de seu jornal, mas a problematização
que o envolve: a forma de olhar/pensar o objeto de estudo em seus problemas,
potencialidades, limitações, etc.
popularidade, como ocorre no caso de seu jornal, mas a problematização
que o envolve: a forma de olhar/pensar o objeto de estudo em seus problemas,
potencialidades, limitações, etc.
Ainda: o que torna uma pesquisa criativa não é o objeto em si, mas a forma de pensá-lo,
de problematizá-lo. Para o jornalismo - certamente - o que mais chamou a atenção foi
a inclusão de “Valesca Popozuda” e de “Tati Quebra Barraco” na pesquisa. O
olhar dos avaliadores da banca de seleção, com toda certeza, não se ateve aos
personagens, mas o que eles representam, onde estão inseridos e quais marcas
simbólicas existem neles que ajudam a clarificar uma complexa realidade social
que precisa ser estudada.
de problematizá-lo. Para o jornalismo - certamente - o que mais chamou a atenção foi
a inclusão de “Valesca Popozuda” e de “Tati Quebra Barraco” na pesquisa. O
olhar dos avaliadores da banca de seleção, com toda certeza, não se ateve aos
personagens, mas o que eles representam, onde estão inseridos e quais marcas
simbólicas existem neles que ajudam a clarificar uma complexa realidade social
que precisa ser estudada.
diversas perspectivas teóricas e estudos empíricos, para além do que você define
como “luxo" ou "lixo".
Leia mais sobre a apresentadora reacionária :
Primeiramente, o que torna um tema profundo, senhorita Sheherazade, não é o tema
ResponderExcluirem si, mas a teoria que a ilumina. Sem esta, todos os temas são sem profundidade.
Um olhar etnocêntrico não ajuda muito a compreender isso.