A Mãe , de Máximo Gorki, o livro de minha vida



Todos os dias, a sereia da fábrica lançava no ar fumarento e oleoso, por sobre o bairro operário, o seu vibrante rugido. E das pequenas casas escuras, obedecendo ao chamamento, saíam à pressa, como baratas assustadas, pessoas taciturnas, cujos músculos o sono não conseguia revigorar. Na penumbra fria, caminhavam pela rua mal pavimentada para a grande gaiola de pedra da fábrica que, serena e indiferente, as esperava, vigiando o caminho lamacento com as suas dezenas de olhos quadrados e viscosos. A lama estalava sob os pés. Ouviam-se exclamações roucas de vozes ensonadas, pragas grosseiras cortavam o ar, e ao encontro das pessoas chegavam outros sons: o ruíodo pesado das máquinas, o grunhido do vapor. Sombrias e severas, as altas chaminés negras perfilavam-se sobre o bairro como grossos varapaus.


O primeiro parágrafo de A mãe, de Máximo Gorki, chega para compreender porque é que esta obra, de 1907, é considerada a primeira pedra da estética do realismo socialista. Mas temos de avançar mais algumas páginas na história da viúva Pelagueia Nilovna e do seu filho Pavel Vlassov para se perceber porque é este livro mudou a minha vida.
Não consigo lembrar-me de quem mo emprestou. Recordo perfeitamente a capa (que reproduzo) e sei que foi  livro da minha vida. Se algum dia alguém me fizer uma entrevista e perguntar qual foi para mim o livro mais marcante eu não hesitarei um segundo em responder: A mãe, de Gorki.

Comentários

  1. Se algum dia alguém me fizer uma entrevista e perguntar qual foi para mim o livro mais marcante eu não hesitarei um segundo em responder: A mãe, de Gorki.

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