Datafolha e a recuperação de Dilma
Datafolha e a recuperação de Dilma
Por Ricardo Kotscho, no blog Balaio do Kotscho:
Como antecipei ao longo desta semana aqui no blog e nos meus comentários no Jornal da Record News, o inferno astral que abalou o governo da presidente Dilma Rousseff, após os protestos de junho e as más notícias na economia, mudou de lado nos últimos dias, e atingiu em cheio a oposição tucana, agora às voltas com o Metrôgate. Contrariando todas as previsões apocalípticas de analistas e colunistas, o governo não acabou.
Ao contrário, a nova pesquisa Datafolha deste sábado mostra a recuperação parcial da popularidade da presidente, que subiu de 30% para 36%, e a volta do otimismo quanto aos rumos da economia, com a maioria da população esperando melhoras quanto às expectativas de inflação, emprego e salários, que é o que realmente pesa na balança.
A principal razão para esta virada no astral da população em relação ao governo é a queda na inflação, que chegou em julho ao seu índice mais baixo nos últimos tempos, batendo em míseros 0,03%, ao mesmo tempo em que a cesta básica também atingia o menor valor em três anos.
Esta constatação contraria as análises que atribuíam a abrupta queda de popularidade de Dilma registrada nas pesquisas anteriores unicamente às manifestações de protesto que tomaram conta do país no mês anterior.
As notícias alarmistas sobre descontrole da inflação - em alguns casos pontuais houve, de fato, aumento de preços - e o carnaval que alguns porta-vozes do Instituto Millenium fizeram em torno da alta do tomate, colocando até colares do dito cujo no pescoço, é que, a meu ver, fomentaram um clima generalizado de mal estar na onda dos protestos "contra tudo e contra todos", que acabaram atingindo também o governo federal.
As propostas lançadas por Dilma após o tsunami de junho - consulta popular sobre a reforma política e o programa "mais médicos", entre outras -, bastante combatidas na grande imprensa tiveram, no entanto, amplo apoio da população, o que também pode explicar sua recuperação parcial na pesquisa Datafolha.
"Esta semana o governo saiu das cordas", eu respondi ao Heródoto Barbeiro no JRN quando ele me perguntou o que havia mudado no cenário político. Além da queda na inflação e no valor da cesta básica, também o anúncio da safra recorde de grãos serviu para dar um novo fôlego ao governo, ao mesmo tempo em que as revelações sobre os cartéis e as fraudes no Metrô paulistano jogavam os tucanos na defensiva.
Se a economia dava seus primeiros sinais positivos depois de muito tempo, também no campo político a presidente retomou a iniciativa ao promover um festival de reuniões com líderes de partidos da base aliada. Se até agora nada de muito positivo resultou destes colóquios, o fato é que Dilma retomou o diálogo com os parlamentares, que andava engasgado desde o início do ano.
Como casais em crise, Executivo e Legislativo pelo menos já estão conversando. E Dilma teve motivos para comemorar: "A queda da inflação é uma maravilha!". Quando os repórteres tentaram mudar de assunto, perguntando sobre se o tal do trem-bala sai ou não sai, ela desconversou: "A cesta básica é mais importante".
E é mesmo. Trem-bala, a esta altura do campeonato, em que as cidades exigem mais e urgentes investimentos em serviços de transporte público, é uma rematada bobagem. Melhor mesmo esquecer este assunto de uma vez por todas.
Com esta oposição, e se não errar muito, o governo Dilma pode confirmar as previsões do mago João Santana, que de vez em quando acerta, e até o final do ano voltar a índices de popularidade mais próximos aos do primeiro semestre, em que chegou a bater o recorde de 65% de aprovação. De quebra, afastaria de vez a onda em torno do "volta Lula".
Nesta sexta-feira, em viagem ao Rio Grande do Sul, Dilma parecia já saber das boas novidades da pesquisa e mostrou-se bastante animada com sua campanha pela reeleição, embora a negue: "Eu não faço campanha. Sabe por quê? Todo o resto tem que fazer campanha porque quer o meu lugar. Eu estou exercendo o governo. A troco de que eu vou fazer campanha? Eu vou é governar". É isto mesmo que ela deve fazer. O resto é consequência.
Metrôgate
A melhor definição da semana sobre o imbróglio em que os tucanos se meteram nos trens e trilhos do metrô paulistano foi dada hoje por um leitor da "Folha", Cristiano Rezende Penha, de Campinas, SP:
"De duas uma: ou o governo do PSDB é muito incompetente por não perceber que milhões de reais eram desviados há anos dos contratos do Metrô, ou o governo do PSDB é muito "competente" por desviar milhões de reais dos contratos do Metrô há anos e sem ninguém perceber".
Bom final de semana a todos.
Como antecipei ao longo desta semana aqui no blog e nos meus comentários no Jornal da Record News, o inferno astral que abalou o governo da presidente Dilma Rousseff, após os protestos de junho e as más notícias na economia, mudou de lado nos últimos dias, e atingiu em cheio a oposição tucana, agora às voltas com o Metrôgate. Contrariando todas as previsões apocalípticas de analistas e colunistas, o governo não acabou.
Ao contrário, a nova pesquisa Datafolha deste sábado mostra a recuperação parcial da popularidade da presidente, que subiu de 30% para 36%, e a volta do otimismo quanto aos rumos da economia, com a maioria da população esperando melhoras quanto às expectativas de inflação, emprego e salários, que é o que realmente pesa na balança.
A principal razão para esta virada no astral da população em relação ao governo é a queda na inflação, que chegou em julho ao seu índice mais baixo nos últimos tempos, batendo em míseros 0,03%, ao mesmo tempo em que a cesta básica também atingia o menor valor em três anos.
Esta constatação contraria as análises que atribuíam a abrupta queda de popularidade de Dilma registrada nas pesquisas anteriores unicamente às manifestações de protesto que tomaram conta do país no mês anterior.
As notícias alarmistas sobre descontrole da inflação - em alguns casos pontuais houve, de fato, aumento de preços - e o carnaval que alguns porta-vozes do Instituto Millenium fizeram em torno da alta do tomate, colocando até colares do dito cujo no pescoço, é que, a meu ver, fomentaram um clima generalizado de mal estar na onda dos protestos "contra tudo e contra todos", que acabaram atingindo também o governo federal.
As propostas lançadas por Dilma após o tsunami de junho - consulta popular sobre a reforma política e o programa "mais médicos", entre outras -, bastante combatidas na grande imprensa tiveram, no entanto, amplo apoio da população, o que também pode explicar sua recuperação parcial na pesquisa Datafolha.
"Esta semana o governo saiu das cordas", eu respondi ao Heródoto Barbeiro no JRN quando ele me perguntou o que havia mudado no cenário político. Além da queda na inflação e no valor da cesta básica, também o anúncio da safra recorde de grãos serviu para dar um novo fôlego ao governo, ao mesmo tempo em que as revelações sobre os cartéis e as fraudes no Metrô paulistano jogavam os tucanos na defensiva.
Se a economia dava seus primeiros sinais positivos depois de muito tempo, também no campo político a presidente retomou a iniciativa ao promover um festival de reuniões com líderes de partidos da base aliada. Se até agora nada de muito positivo resultou destes colóquios, o fato é que Dilma retomou o diálogo com os parlamentares, que andava engasgado desde o início do ano.
Como casais em crise, Executivo e Legislativo pelo menos já estão conversando. E Dilma teve motivos para comemorar: "A queda da inflação é uma maravilha!". Quando os repórteres tentaram mudar de assunto, perguntando sobre se o tal do trem-bala sai ou não sai, ela desconversou: "A cesta básica é mais importante".
E é mesmo. Trem-bala, a esta altura do campeonato, em que as cidades exigem mais e urgentes investimentos em serviços de transporte público, é uma rematada bobagem. Melhor mesmo esquecer este assunto de uma vez por todas.
Com esta oposição, e se não errar muito, o governo Dilma pode confirmar as previsões do mago João Santana, que de vez em quando acerta, e até o final do ano voltar a índices de popularidade mais próximos aos do primeiro semestre, em que chegou a bater o recorde de 65% de aprovação. De quebra, afastaria de vez a onda em torno do "volta Lula".
Nesta sexta-feira, em viagem ao Rio Grande do Sul, Dilma parecia já saber das boas novidades da pesquisa e mostrou-se bastante animada com sua campanha pela reeleição, embora a negue: "Eu não faço campanha. Sabe por quê? Todo o resto tem que fazer campanha porque quer o meu lugar. Eu estou exercendo o governo. A troco de que eu vou fazer campanha? Eu vou é governar". É isto mesmo que ela deve fazer. O resto é consequência.
Metrôgate
A melhor definição da semana sobre o imbróglio em que os tucanos se meteram nos trens e trilhos do metrô paulistano foi dada hoje por um leitor da "Folha", Cristiano Rezende Penha, de Campinas, SP:
"De duas uma: ou o governo do PSDB é muito incompetente por não perceber que milhões de reais eram desviados há anos dos contratos do Metrô, ou o governo do PSDB é muito "competente" por desviar milhões de reais dos contratos do Metrô há anos e sem ninguém perceber".
Bom final de semana a todos.
A principal razão para esta virada no astral da população em relação ao governo é a queda na inflação, que chegou em julho ao seu índice mais baixo nos últimos tempos, batendo em míseros 0,03%, ao mesmo tempo em que a cesta básica também atingia o menor valor em três anos.
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