quarta-feira, 29 de julho de 2020

Dimitrov: "conteúdo e formas da Frente Única"

"A criação de órgãos de classe à margem dos partidos é a melhor forma de realizar, ampliar e fortalecer a frente única na mesma base das amplíssimas massas. Estes órgãos serão também o melhor baluarte contra todas as tentativas dos adversários da frente única para romper a unidade de ação alcançada pela classe operária."


Georgi Dimitrov


Qual é e qual deve ser o conteúdo principal da frente
única na etapa atual?

A defesa dos interesses econômicos e políticos imediatos
da classe operária, sua defesa contra o fascismo, há de ser
o ponto de partida e o conteúdo principal da frente única em

todos os países capitalistas.
Não nos devemos limitar a lançar simples apelos à luta pela 


Devemos indicar às massas o que hão de fazer hoje para 
defender-se da exploração capitalista e da barbárie fascista.

Devemos conseguir que se estabeleça a frente única mais 
ampla por meio de ações conjuntas das organizações
 operárias das diversas tendências, para defender os 
interesses vitais das massas trabalhadoras.

Isto significa, em primeiro lugar, a luta conjunta por
 descarregar de um modo efetivo as consequências da
 crise sobre os ombros das classes dominantes; numa
 palavra, sobre os ombros dos ricos.

Significa, em segundo lugar, a luta conjunta contra todas
 as formas da ofensiva fascista, pela defesa das conquistas 
e diretos dos trabalhadores, contra a liquidação das liberdades
 democrático-burguesas.

Significa, em terceiro lugar, a luta conjunta contra o perigo cada
 vez mais iminente da guerra imperialista, luta que dificultaria 
a preparação desta guerra.

Devemos preparar sem descanso a classe operária para as 
mudanças rápidas de formas e métodos de luta, ao variarem 
circunstâncias. A medida que cresça o movimento se fortaleça
a unidade da classe operária, teremos que ir mais longe e
 preparar a passagem da defensiva à ofensiva contra o capital,
 dirigindo-nos para a organização da greve política de massas.
 Condição obrigatória desta greve é que nela tomem parte os
sindicatos principais de cada país.

Naturalmente, os comunistas não podem nem devem renunciar 
um só minuto à sua tarefa própria e independente de educação
comunista, de organização e mobilização das massas. Não obstante, 
para assegurar aos operários o caminho para a unidade de ação, 
é preciso conseguir aos mesmo tempo firmar acordos a curto e a
longo prazo sobre ações comuns com os partidos social-democratas,
os sindicatos reformistas e as demais organizações dos trabalhadores
contra o inimigo de classe do proletariado. Nesses pactos, a atenção
 principal deve encaminhar-se para o desencadeamento de ações de 
massas nos diversos lugares, que deveria ser realizada pelas
 organizações de base mediante resoluções locais. Ao mesmo
 tempo que cumprirmos lealmente as condições de todos os
 acordos firmados com elas, desmascararemos implacavelmente
qualquer sabotagem cometida contra as atividades conjuntas
por
pessoas ou organizações que tomem parte na frente única. A
quantas tentativas se façam para frustrar os acordos firmados –
e estas tentativas possivelmente se farão – responderemos
 apelando para as massas e continuando infatigavelmente a
 luta pelo restabelecimento da unidade de ação violada.

Resta dizer que a realização concreta da frente única nos 
diversos países se efetuará de diferentes modos e revestirá
 diferentes formas, segundo o estado e o caráter das organizações
 operárias, seu nível político, a situação concreta do país de que
 se trate, segundo as mudanças operadas no movimento operário
 internacional, etc.

Estas formas podem ser, por exemplo: atividades conjuntas dos
operários, coordenadas para casos determinados e por motivos
concretos, por reivindicações isoladas ou sobre a base de uma 
plataforma geral; ações coordenadas em determinadas empresas
 ou ramos industriais; ações coordenadas sobre um plano local,
 regional, nacional ou internacional; ações coordenadas para as
organizações de lutas econômicas dos operários, para a realização
 de movimentos políticos de massas, para a organização da 
autodefesa comum contra os assaltos fascistas; ações coordenadas
 para ajudar os presos e suas famílias, para lutar contra a reação 
; ações conjuntas para a defesa dos interesses da juventude e das 
mulheres; na defesa das cooperativas, da cultura, do esporte, etc.

Não obstante, seria ilusão dar-se por satisfeitos com o firmar 
de um pacto sobre atividades conjuntas e criar comitês de ligação
dos partidos e organizações envolvidas na frente única, como acontece,
 por exemplo, na França. Isto é apenas o primeiro passo.
pactos são meios auxiliares para a realização de ações conjuntas,
mas não são ainda a frente única. Os comitês de ligação entre as
 direções dos Partidos Comunistas e Socialistas são necessários
para facilitar a realização de atividades conjuntas, mas estão muito
 star as amplas massas à luta contra o fascismo.

Os comunistas e todos os operários revolucionários devem esforçar-se
 por criar órgãos de classe de frente única à margem dos partidos,
eleitos (nos países de ditadura fascista, escolhidos entre as pessoas 
prestigiadas no movimento de frente única) nas empresas, entre os
desempregados, nos bairros operários, entre a gente modesta da
cidade e do campo. Só estes órgãos podem abranger, no movimento
 de frente única, as enormes massas não organizadas dos trabalhadores,
contribuir para desenvolver a iniciativa das massas na luta contra a ofensiva
do capital, contra o fascismo e a reação, para criar sobre esta
base o extenso corpo de ativistas operários da frente única, que
 é indispensável, e formar nos países capitalistas centenas e milhares
 de bolcheviques sem partido.

As atividades conjuntas dos operários organizados são o começo, 
a base. Mas não podemos perder de vista que a esmagadora 
maioria dos operários é constituída pelas massas não organizadas.
 Assim, na França, o total dos operários organizados, comunistas, 
socialistas e filiados aos sindicatos de diferentes tendências, é ao total, 
aproximadamente, de um milhão e a estatística total de operários atinge
 11 milhões. Na Inglaterra, pertencem aos sindicatos e aos partidos 
de todas as tendências uns cinco milhões de operários organizados,
 mas o total de operários é de 14 milhões. Nos Estados Unidos 
da América há, aproximadamente, cinco milhões de operários 
, mas o total de operários na América do Norte é de 38 milhões;
E a mesma relação existe, pouco mais ou menos, em outra série
de países. Em tempos “normais” esta massa permanece,
substancialmente, à margem da vida política. Mas na atualidade, 
esta massa gigantesca se põe cada vez mais em movimento, 
incorpora-se à vida política, chega à discussão política.

A criação de órgãos de classe à margem dos partidos é a 
melhor forma de realizar, ampliar e fortalecer a frente única
 na mesma base das amplíssimas massas. Estes órgãos
serão também o melhor baluarte contra todas as tentativas
 dos adversários 
frente única para romper a unidade de ação alcançada pela
classe operária.

Trecho retirado de “A Unidade Operária Contra o Fascismo”, discurso proferido
no VII Congresso Mundial da Internacional Comunista a 2 de agosto de 1935.







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