sexta-feira, 19 de setembro de 2014

FHC desesperado: “Eu apelo mesmo”!


Por Altamiro Borges

O ex-presidente FHC, um dos políticos mais rejeitados da história do país – rifado até por Aécio Neves nos seus programas de televisão –, está desesperado. Pelo jeito, ele também já antevê o fim melancólico do PSDB – como previram nestes dias o filósofo tucano José Arthur Gianotti e o deputado Walter Feldman, o ex-tucano que abandonou o ninho e hoje dirige a campanha de Marina Silva. Nesta semana, num jantar oferecido pelo empresário João Doria Jr., aquele mesmo do movimento golpista “Cansei”, FHC radicalizou seu discurso e confessou: “Estamos aqui para apelar. E eu apelo mesmo”. Vale conferir o relato de Mônica Bergamo, publicado na Folha desta quarta-feira (17):

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“Todo brasileiro tem orgulho de lembrar que um dia teve no poder um presidente como Fernando Henrique Cardoso. Ainda mais diante dos desmandos, das falcatruas, das mentiras, dos equívocos de um governo [o da presidente Dilma Rousseff] que não governa, desgoverna”, disparou o empresário João Doria Jr., anteontem, em sua casa, nos Jardins, ao anunciar que FHC falaria à plateia de empresários que se reuniram para homenagear o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.

O ex-presidente, que dividia a mesa com empresários como Pedro Passos, da Natura, Luiz Carlos Trabuco, do Bradesco, e Marcelo Odebrecht, se dirigiu ao microfone. "Com um apresentador como o João Doria, não há como não receber palmas no palco", brincou.

E logo subiu o tom, até um pouco acima do que costuma adotar nessas ocasiões. "Eu acordei há alguns dias e li as revistas [semanais de informação]. Eu sou uma pessoa de energia. Mas confesso a vocês que fiquei golpeado [ao ler reportagens sobre supostos desvios na Petrobras]."

"Até que ponto vão abusar da nossa paciência?", disse FHC, elevando a voz. "Estamos numa situação calamitosa no Brasil, que causa repulsa e indignação."

Em seguida, Fernando Henrique deu declarações que foram consideradas por muitos dos presentes como indiretas à candidata Marina Silva. "Não é com convicções arraigadas mas equivocadas que se muda o país. Não é só com boa vontade que as coisas mudam."

O ex-presidente encerrou o seu discurso: "Vamos ser francos: eleição se ganha no dia. Estamos aqui para apelar. E eu apelo mesmo. Minhas palavras não são de desespero, mas de convicção. E também não sou ingênuo. Com fé e convicção, vamos mudar esse país".


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O ex-presidente pode até afirmar que “minhas palavras não são de desespero”. Mas nem os ricaços presentes ao convescote acreditam na bravata. FHC teme uma quarta vitória das forças que elegeram Lula em outubro de 2002. Pior ainda: teme que Lula retorne ao Palácio do Planalto em 2018. Ele sabe que o PSDB – um partido fisiológico, sem propostas e sem novos líderes – não aguentaria tanto tempo fora do poder. O seu temor é que os tucanos tenham o mesmo destino dos demos, que rumam celeremente para o inferno – se o diabo deixar. Como teorizou o “tucanóide” José Arthur Gianotti, em entrevista ao Estadão, a tendência é que a sigla acabe. “Restará um partido estilhaçado”.

Não é para menos que FHC se movimenta tanto nos bastidores – em público ele evita aparecer porque espanta eleitores, conforme detectou recente pesquisa do Ibope. Em surdina, o ex-presidente não hesitaria inclusive em apunhalar seu cambaleante pupilo, Aécio Neves, para derrotar Dilma. Há especulações de que ele já teria se articulado com o amigo Walter Feldman, coordenador da campanha de Marina Silva, e não apenas para um apoio no segundo turno. FHC também tem pregado que o PSDB não deve atacar a ex-verde, que o objetivo principal é derrotar o temido “lulopetismo”. “O chumbo grosso deve se concentrar no PT e, portanto, na Dilma”, afirmou nesta semana.

Não dá para esconder. O grão-tucano está desesperado e disposto a “apelar”!

Um comentário:

  1. O ex-presidente pode até afirmar que “minhas palavras não são de desespero”. Mas nem os ricaços presentes ao convescote acreditam na bravata. FHC teme uma quarta vitória das forças que elegeram Lula em outubro de 2002. Pior ainda: teme que Lula retorne ao Palácio do Planalto em 2018.

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