segunda-feira, 18 de junho de 2012

"Nem guerra entre as torcidas, nem paz entre as classes" (ParteII)

"Nem guerra entre as torcidas, nem paz entre as classes" (ParteII)

PERSEGUIÇÃO

 Formada por quinze integrantes, entre marxistas e anarquistas, a Ultras sofreu perseguição durante o Campeonato Cearense de 2006. Segundo os integrantes da torcida, num episódio específico – contra o Fortaleza, no dia 22 de janeiro – a bandeira de um torcedor com a “foice e o martelo” (símbolos do socialismo) foi rasgada por um policial da Tropa de Choque da Polícia Militar.
Inclusive, nesse mesmo dia e em várias outras ocasiões, a faixa da torcida com os dizeres “Nem guerra entre torcidas, nem paz entre classes” foi impedida de ser exposta pela PM-CE sem nenhum argumento convincente. O comandante da Tropa só avisou que não permitiria mais referências ao comunismo nas laterais de campo.
Devido a esse acontecimento, a torcida realizou uma campanha nacional de repúdio à ação da PM e ao menos neste ano já não teve incidentes do tipo.
 MANIFESTO – A torcida tem em seu site (www.resistenciacoral.rg3.net) um manifesto no qual explica a sua atuação, especialmente contra todas as mazelas do capitalismo, sejam elas dentro ou fora dos estádios.
A exemplo das torcidas antifascistas européias, a Ultras combate intransigentemente a homofobia, o racismo e o nacionalismo. Segundo o manifesto, o patriotismo “serve à política de ‘ópio’, onde se tenta incutir um nacionalismo ufanista, explorando uma paixão popular, o futebol”. Seria imbuído pela burguesia para que os trabalhadores defendam os interesses dela.
Além disso, convida outras torcidas para a união, por não entenderem os torcedores de outros times como potenciais inimigos, já que a composição social das torcidas no Brasil é principalmente de trabalhadore(a)s ou jovens filho(a)s de trabalhadore(a)s. Sobre isto, afirmam: “Queremos a paz entre nós, proletário(a)s e a guerra aos burgueses”.
No site, há espaço para torcidas que concordam e assinam o manifesto. Dentre elas, estão algumas torcidas européias e algumas brasileiras que estão em processo de construção, como é o caso da torcida do Ceará, a Brigada Alvinegra. Segundo os integrantes da Ultras, as torcidas estão numa fase embrionária e o surgimento da URC acabou por inspirar a criação de torcidas organizadas de esquerda no Brasil – caso da Leões da Falange, do Adap/PR –, incentivando a mescla da militância política socialista/anarquista com a paixão clubista.

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