segunda-feira, 6 de maio de 2019

Umberto Eco: 14 lições para identificar o fascismo

As 14 lições deixadas por Umberto Eco são de uma atualidade assustadora: 

Em junho de 1995, o escritor e filósofo Umberto Eco, autor dos clássicos “O Pêndulo de Foucault” e “O Nome da Rosa”, publicou um ensaio enumerando 14 características comuns do fascismo.


Do Portal Vermelho
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Divulgação
"Apesar da imprecisão do termo, acho que é possível fazer uma lista de elementos que são típicos do que eu gostaria de chamar de Fascismo Eterno"
Em seu texto, publicado no “New York Review of Books”, Umberto Eco escreve: “apesar da imprecisão do termo, acho que é possível fazer uma lista de elementos que são típicos do que eu gostaria de chamar de Fascismo Eterno. Esses elementos não podem ser organizados em um sistema; muitos deles contradizem uns aos outros, e também são típicos de outros tipos de despotismo ou fanatismo. Mas basta que um deles esteja presente para permitir que o fascismo se organize em torno dele”. 

Com a eleição de Jair Bolsonaro à presidência do Brasil, o mundo voltou os olhos para cá, preocupado com o crescimento deste fenômeno que acontece também em outros países: o fascismo respaldado pelas urnas. 

As 14 lições deixadas por Umberto Eco são de uma atualidade assustadora: 

1 — O culto à tradição. Basta olhar para o programa de todo movimento fascista para encontrar ali os maiores pensadores tradicionalistas.

2 — A rejeição ao modernismo. O Iluminismo, a Idade da Razão, é visto como o começo de toda a depravação moderna. O fascismo pode ser definido como irracionalismo.

3 — O culto à ação pela ação. A ação, sendo bela por si só, deve ser tomada antes, ou mesmo sem qualquer reflexão prévia. Pensar é uma forma de emasculação.

4 — Discordância é traição. O espírito crítico faz distinções, e isso é uma forma de modernismo. Na cultura moderna a comunidade científica elogia a discordância, como uma forma de aprimorar o conhecimento.

5 — Medo das diferenças. O primeiro apelo de um movimento fascista ou prematuramente fascista é contra os intrusos. Assim, o Fascismo Eterno é racista por definição.

6 — Apelo à frustração social. Um dos mais típicos traços do fascismo histórico foi o apelo a uma classe média frustrada, uma classe que sofre os efeitos de uma crise econômica ou abriga sentimentos de humilhação política, assustada pela pressão de grupos sociais subalternos.

7 — A obsessão por um enredo. Os seguidores devem se sentir sitiados. A forma mais fácil de resolver isso é apelando à sua xenofobia.

8 — O inimigo é ao mesmo tempo forte e fraco. Através de uma contínua oscilação no foco retórico, os inimigos são ao mesmo tempo fortes demais e excessivamente fracos.

9 — Pacifismo é se confraternizar com o inimigo. Para o Fascismo Eterno, não existe a luta pela vida: em vez disso, a vida é vivida para lutar.

10 — Desprezo pelos fracos. Elitismo é um aspecto típico de qualquer ideologia reacionária.
11 — Todos são educados para se transformarem em heróis. Na ideologia do Fascismo Eterno, heroísmo é a norma. Este culto ao heroísmo é estritamente ligado ao culto à morte.

12 — Machismo e armas. O Machismo implica ao mesmo tempo um desdém pelas mulheres e uma intolerância — e condenação — a hábitos sexuais fora do padrão, da castidade à homossexualidade.

13 — Populismo seletivo. No nosso futuro haverá o populismo de TV ou de Internet, no qual a resposta emocional de um seleto grupo de cidadãos pode ser apresentada e aceita como a Voz do Povo.

14 — O Fascismo Eterno fala a Novilíngua de Orwell. Todos os livros didáticos do Nazismo ou Fascismo faziam uso de um vocabulário pobre e de sintaxe elementar, a fim de limitar os instrumentos para um raciocínio complexo e crítico. 

Do Portal Vermelho, com Revista Bula

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