O que aprendi sendo xingado na internet
Do Portal Vermelho
Em um país dividido, polarizado e com os ânimos exaltados, o uso da internet como plataforma de debate e ferramenta para expor as opiniões políticas pode ser uma faca com duas lâminas: de um lado, aproxima; de outro, afasta. Usar as redes sociais, em um momento de posicionamentos radicais e debate acirrado é uma tarefa desafiadora e até perigosa.
Para Sakamoto, a comunicação cara a cara está sendo preterida em detrimento do diálogo virtual e, com isso, "a internet pode se tornar um púlpito de onde se fala, mas não se ouve".
Sem as interferências e complexidades do diálogo real, a tela de um computador ou de um tablet serve como anteparo e escudo protetor para que o interlocutor emita qualquer tipo de opinião, com uma segurança garantida e sem ter que "sentir" o outro e, quem sabe, ser convencido a mudar de opinião - como, muitas vezes, acontece quando se fala cara a cara.
Dividido por temas, como "somos educados a tomar partido", "boatos são eternos", "falta Lexotan na água desse povo" e "odiar é fácil. Difícil é dialogar", Sakamoto abrange, de forma direta e simples, os principais sintomas de um período conturbado.
"Se a internet é uma selva, você tem aqui o seu guia de sobrevivência. Minha geração cresceu com uma ferramenta preciosa nas mãos sem entender para o que ela serve", escreve o ator e escritor Gregório Duvivier, que assina a orelha da obra.
Sem pretensões literárias ou aprofundamento teórico e acadêmico, Sakamoto mostra como, por exemplo, o Facebook pode ser usado para conquistar votos e analisa como vivemos em uma 'lógica binária, como ele define: "é de esquerda? Tem que fazer voto de pobreza. É de direita? Chicoteia os empregados". Com a intenção de ser um guia, O que aprendi sendo xingado na internet é mais do que isso: é uma radiografia dos tempos radicais e intolerantes em que estamos mergulhados.
Sobre o autor
Leonardo Sakamoto é paulistano. Jornalista e doutor em ciência política pela Universidade de São Paulo, cobriu conflitos armados em diversos países e o desrespeito aos direitos humanos no Brasil.
Professor de jornalismo na PUC-SP e pesquisador visitante do Departamento de Política da New School, em Nova York, é também conselheiro do Fundo das Nações Unidas para Formas Contemporâneas de Escravidão e diretor da ONG Repórter Brasil. É blogueiro no portal UOL, escrevendo diariamente sobre direitos humanos.
De Brasília, com agências
Sakamoto usa seu conhecimento e experiência para traçar um diagnóstico e fazer uma reflexão sobre o ódio e a intolerância que por vezes dominam as redes sociais, construindo ao mesmo tempo uma espécie de guia para não nos tornarmos massa de manobra nas mãos de grupos e pessoas com más intenções.
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