terça-feira, 9 de setembro de 2014

Marina se faz de vítima. Fingida!


Por Altamiro Borges

Na disputa presidencial de 2010, Marina Silva, então ainda verde, cumpriu seu papel e quase não foi atacada. Ela nunca ameaçou o tucano José Serra e ainda o ajudou a chegar ao segundo turno. Agora, porém, ela atropelou o cambaleante Aécio Neves. Contou com o chamado recall da campanha anterior, com a comoção criada pela morte de Eduardo Campos e também com a escandalização da política patrocinada pela mídia. A reação foi imediata: o tucano apavorado passou a cutucá-la e um setor da mídia, arrependido do tiro no próprio no pé, também decidiu fustigá-la. Diante dos ataques, a agora competitiva Marina Silva – que talvez se ache fruto da “providência divina” – se faz de vítima. Mas é puro fingimento!

Neste domingo (7), em coletiva à imprensa, ela afirmou que “o PT e o PSDB estão irmanados na determinação de nos destruir, não importam os meios... É impressionante a mobilização de exércitos de propagadores de calúnias, mentiras e distorções nas redes sociais”. Só faltou fazer como o censor Aécio Neves e processar os ativistas digitais. Ela voltou a garantir que representa a “nova política” e que não fará “alianças com as velhas raposas”. Aproveitando a onda midiática, ela ainda disse que a Petrobras está sendo “destruída pelo apadrinhamento e a corrupção” – mas não aceitou a lembrança de que o nome de Eduardo Campos também surgiu na tal “delação premiada” de Paulo Roberto Costa, ex-diretor da estatal.

A "metamorfose ambulante"

Mas não adianta Marina Silva posar de santa e pura. Ela agora é vidraça e será alvo de críticas – algumas de baixo nível; outras bem consistentes. Ela precisará explicar, por exemplo, a sua postura volúvel. Por que num dia ela defende os direitos homossexuais e, no outro – a partir de quatro tuites do pastor Silas Malafaia –, ela muda de opinião? O motivo é meramente eleitoreiro, na caça dos votos evangélicos, ou é pelo mais tacanho fundamentalismo? Por que ela recuou na proposta de revisão da Lei da Anistia? Foi para acalmar os “milicos de pijama” saudosos da ditadura? Por que ela sinaliza que pode ceder às demandas dos barões do agronegócio? Esta “metamorfose ambulante” seria a marca da “nova política”?

Ela também deverá explicar porque encanta tanto os agiotas do capital financeiro. É por que ela tem no comando da sua campanha figuras com sólidos vínculos com os banqueiros – como Neca Setubal, herdeira do Itaú, Eduardo Giannetti e André Lara Resende? Ou é por que ela defende, abertamente, os interesses dos rentistas, como a autonomia do Banco Central e o receituário neoliberal dos juros altos, austeridade fiscal e total libertinagem cambial? Ou por ambos os motivos? O que mais Marina Silva prometeu aos especuladores do capital financeiro? E sobre a política externa? Ela já andou atacando o “bolivarianismo” na América Latina. Defenderá o “alinhamento automático” com os EUA, como fazia FHC?

O convívio com as "velhas raposas"

Além destas questões mais programáticas – tão distantes da pragmática candidata –, outras pedras aparecerão no seu caminho. Marina Silva se traveste de algo novo na política, mas já atua neste terreno há mais de 30 anos. Foi senadora, ministra do Meio Ambiente, candidata em 2010 e novamente agora. Neste período, ela já passou por quatro partidos – do PT para o PV, da tentativa frustrada de criação da Rede para a carona no PSB. Ela também diz que não tolera “velhas raposas da política”, mas está ao lado de Paulo Bornhausen e Heráclito Fortes, ex-demos convertidos ao “socialismo” do PSB. Agripino Maia, chefão do DEM e da campanha de Aécio Neves, inclusive já antecipou que vai apoiá-la no segundo turno.

Por último, Marina Silva também terá que enfrentar denúncias no campo da ética. Ela, que adora posar de moralista, não está imune a estas críticas. Até hoje, por exemplo, ela não deu qualquer explicação sobre o jatinho fantasma que servia à campanha do PSB – e no qual a candidata viajou várias vezes. Ela diz, inocente e pura, que não sabia de nada! Também não explicou a estranha hospedagem num imóvel cedido em São Paulo por um fazendeiro filiado ao DEM. Ainda não declarou quem foram as pessoas físicas e jurídicas que bancaram R$ 1,6 milhão em suas palestras. E nem comentou a recente denúncia de que o seu marido, Fábio Vaz, responde a um processo por improbidade administrativa.

Em 2010, Marina Silva era pedra e não assustava. Agora, ela é vidraça. E não adianta se fazer de vítima!

http://altamiroborges.blogspot.com.br/2014/09/marina-se-faz-de-vitima-fingida.html

Um comentário:

  1. Ela também deverá explicar porque encanta tanto os agiotas do capital financeiro. É por que ela tem no comando da sua campanha figuras com sólidos vínculos com os banqueiros – como Neca Setubal, herdeira do Itaú, Eduardo Giannetti e André Lara Resende? Ou é por que ela defende, abertamente, os interesses dos rentistas, como a autonomia do Banco Central e o receituário neoliberal dos juros altos, austeridade fiscal e total libertinagem cambial? Ou por ambos os motivos? O que mais Marina Silva prometeu aos especuladores do capital financeiro? E sobre a política externa? Ela já andou atacando o “bolivarianismo” na América Latina. Defenderá o “alinhamento automático” com os EUA, como fazia FHC?

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