Para arcebispo espanhol, mulher que aborta merece ser estuprada


Para Javier Martínez, o aborto voluntário é mais grave do que os crimes provocados pelo nazismo



O arcebispo de Granada, na Espanha, Javier Martínez, causou polêmica neste último domingo
 (31/12), durante uma missa, ao afirmar que o estupro é válido em mulheres que já fizeram aborto voluntariamente.

Para Martínez, "matar uma criança indefesa, em um ato proferido pela própria mãe, dá ao homem a licença absoluta, sem limites, de abusar do corpo desta mulher, porque ela trouxe a tragédia para a própria vida". As informações são do jornal argentino Diario Registrado.

O religioso espanhol realizava sua homilia no último dia do ano e aproveitou para criticar a Lei do Aborto, na Espanha.

A lei, aprovada pelo regime socialista de José Luis Zapatero (2004-2011), aprovada no primeiro ano do antigo governo, legalizava o aborto para mulheres com até 14 semanas de gravidez, ou em 22, no caso de risco para gestante.

Entretanto,o dispositivo poderá ser revogado pelo recém-empossado governo do PP (Partido Popular), de tendência conservadora e ligado à Igreja Católica.

O arcebispo comparou a medida com o regime nazista de Adolf Hitler. Para ele, os crimes cometidos pelo regime alemão não eram tão repugnantes quanto o ato do aborto.

O aborto na Espanha

Em 2010, ano em que o Ministério da Saúde conduziu o último senso nacional do gênero, a Espanha registrou um total de pouco mais de 100 mil procedimentos abortivos em todo seu território. Desse montante, mais de 46% dos casos envolveram mulheres com idade entre 20 e 29 anos. Apenas 4% das pacientes abortaram naquele ano por conta de gravidez de risco, enquanto que quase 43% tomaram a decisão com base em vontade própria.

Entre 2001 e 2010, o aumento na quantidade de procedimentos abortivos em clínicas autorizadas foi gradual e constante. Em 10 anos, o crescimento desse número foi de aproximadamente 62%. A preferência massiva das mulheres foi por estabelecimentos privados.


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