quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Leonardo Boff: A persistência do ódio no Brasil


Por Leonardo Boff, noJornal do Brasil:

É fato inegável: há muito ódio, raiva, rancor, discriminação e repulsa na sociedade brasileira. Ela sempre existiu de alguma forma. Ou alguém acha que os milhões de escravos humilhados e feitos “peças” e as mulheres à disposição da volúpia sexual dos patrões e de seus filhos, não provocava surdo rancor e profundo ódio? É o que explica os centenas e centenas de quilombos por todas as partes no Brasil. E o ódio dos patrões que com o chibata castigavam seus escravos desobedientes no pelourinho?

O ódio pertence à zona do de mistério. A própria Bíblia não sabe explica-lo e o vê já presente desde o começo, no jardim do Éden; o primeiro crime ocorreu com Caim que por inveja, que produz ódio, matou a seu irmão Abel. O mandamento era claro: ”Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo”(Levítico 19,18; Mateus 5,43). O ódio é inimigo dos homens e de Deus e ele semeia a cizânia na terra (Mt 13,19).

Mas eis que vem Jesus e reverte a lógica do ódio: ”Amai vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem”(Mt 5, 44). Ele mesmo sucumbiu ao ódio de seus inimigos mas, aceitando livremente a morte, “venceu a morte pela morte” e assim derrubou “o muro da inimizade que dividia a humanidade”(Ef 2,14-16). Prega e vive o amor incondicional para amigos e inimigos. Inaugurou assim uma nova etapa de nossa humanização.

Mas esse ideal nunca se transformou em cultura nos países cristianizados. Estamos ainda no Velho Testamento do “olho por olho, dente por dente”.

No Brasil a raiva e o rancor histórico foi acrescido depois das eleições de 2014. Houve quem não aceitou a derrota e deslanchou um torrente de raiva e de ódio que contaminou não apenas o partido vencedor, mas toda a sociedade. Inegavelmente criou-se um consenso ideológico-político de alguns meios de comunicação que, com total desfaçatez, difundem esse sentimento. O que leva um radialista da Rádio Atlântica FM, ligada à RBS gaúcha, conclamar a população a “cuspir na cara do ex-Presidente Lula” senão um ódio explícito e incontido?

A verdadeira perseguição judicial que Lula está sofrendo, tentando enquadrá-lo em algum crime, é movida não tanto pela fome e sede de justiça, mas pela vontade de punir, de desfigurar seu carisma e liquidar sua liderança. Grassa um maniqueísmo avassalador que amargura toda a vida social. Bem dizia Bernard Shaw:”o ódio é a vingança dos covardes”.

Mas tentando ir um pouco mais a fundo na questão do ódio, precisamos reconhecer que ele se enraíza em nossa própria condição humana, um feixe de contradições. Somos, por natureza, e não por desvio de construção, seres contraditórios, compostos de ódios e de amores, de abraços e de rejeições. É a escolha que fizermos que irá dar rumo à nossa vida: ou a benquerença ou a aversão. Mesmo escolhendo o amor, o ódio nos acompanha como uma sombra sinistra. Se não cuidamos dele, ele invade nossa consciência e produz sua obra nefasta.

Esse realismo o encontramos na Bíblia. Mas também num pensador como Bertrand Russel que observou com acerto: ”o coração humano tal como a civilização moderna o modelou, está mais inclinado para o ódio do que pra a fraternidade”. Lógico, se ela colocou como eixo estruturador a concorrência e não a colaboração e a luta de todos contra todos em vista da acumulação privada, entende-se que predomine a tensão, a raiva, a inveja a ponto de o lema de Wall Street ser :”greed is good”: a cobiça é boa.

Mas há um ponto que precisa ser referido, observado já por F. Engels quando escreveu uma introdução ao livro de Marx sobre “A luta de classes na França”: ”Se houver alguma possibilidade de as massas trabalhadoras chegarem ao poder, a burguesia não admitirá a democracia sendo até capaz de golpeá-la”. Ora, através de Lula, o PT e seus aliados, vindo das massas trabalhadoras, chegaram ao poder. Isso é inadmissível pelos “donos do poder”(R. Faoro). Estes procuram inviabilizar o governo de cunho popular, desconsiderando o bem comum.

Aqui valem as palavras sábias do velho do Restelo de Camões: “Ó glória de mandar, o vã cobiça/Desta vaidade a quem chamamos fama./Ó fraudulento gosto, que se atiça/Com uma aura popular que honra se chama” (Cântico IV, versos 94- 95). Por detrás da busca ”da glória de mandar” e do poder, revestido de raiva e de ódio, se esconde, atualmente, a vontade daqueles que sempre o detiveram e que agora o perderam e fazem de tudo para recuperá-lo por todos os meios possíveis.

Fascista mirim do MBL quer ser vereador


Por Altamiro Borges

Os grupelhos golpistas que organizaram quatro marchas pelo impeachment de Dilma no ano passado iludiram muita gente com o discurso da negação dos partidos e da política. Os inocentes inúteis - os tais midiotas - acreditaram nesta demagogia barata. Com a proximidade das eleições municipais, porém, a fantasia dos apartidários vai sendo rasgada. O Movimento Brasil Livre (MBL), organização liderada pelo fascista mirim Kim Kataguiri - também batizado de Kimta Katiguria - já anunciou que pretende lançar mais de duzentos candidatos à vereança. Os partidos escolhidos para registrar as candidaturas são os mais "éticos" possíveis - o PSDB da "privataria tucana" e da fraude da merenda escolar e o DEM do ex-senador Demóstenes Torres e do ex-governador José Roberto Arruda. Haja honestidade!

Na capital paulista, o MBL já aprovou, "democraticamente", a pré-candidatura de Fernando Holiday, um dos mais estridentes oradores das marchas golpistas. Segundo reportagem da Folha tucana, que dá guarita a estas seitas fascistas, "os movimentos sociais [sic] que se notabilizaram pela militância anti-Dilma terão um de seus líderes como candidato em outubro. Fernando Silva, conhecido como Fernando Holiday, um dos coordenadores do MBL, tentará se eleger vereador de São Paulo na disputa deste ano. O ativista completará 20 anos de idade em setembro, um mês antes do pleito, e está negociando sua entrada em diversos partidos de oposição. As conversas estão mais adiantadas com o DEM, mas também há possibilidade de filiação a outras siglas, como PSDB ou PSC".

"O DEM é o partido que mais tem se aberto para essa nova política e o que mais se abriu para que eu possa defender livremente as ideias liberais do MBL", justifica o fedelho no maior cinismo. Ele até fez críticas à sigla, que não realiza "uma oposição muito contundente" ao prefeito Fernando Haddad (PT) em São Paulo. Mas sinalizou que será um "novo" demo! "A única forma de chegar às Câmaras e às Assembleias é utilizando esses partidos, infelizmente", argumentou. Ainda segundo a reportagem, "o MBL pretende levar às urnas mais de 200 candidatos em 15 Estados do Brasil. Eles estarão pulverizados em diversas siglas de oposição ao PT e, caso eleitos, formarão uma bancada liberal suprapartidária. Nas campanhas, o selo do movimento será enfatizado no lugar do logo partidário".

Até hoje o MBL não teve qualquer transparência para explicar a origem dos recursos financeiros que viabilizaram os seus atos golpistas, com caminhões de som, viagens e outros gastos. Há quem afirme que o grupo ultraliberal recebe dinheiro do exterior. Mesmo assim, a Folha tenta apresentar a seita como sendo formada por santos. "A campanha aceitará doações de pessoas físicas e divulgará as contas na internet. A intenção é fazer uma campanha barata e prioritariamente on-line", descreve a "inocente" reportagem. "Não pretendo ficar comprando santinhos e cartazes, sujando a cidade, poluindo o ambiente, isso é coisa do passado", garante o jovem "santinho" e "apartidário" do MBL.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

João Doria: Como financiar um almofadinha


Da revista CartaCapital:

João Doria Jr. é o típico liberal brasileiro. Exalta as virtudes da concorrência, da livre iniciativa, do empreendimento privado... Desde que aplicadas aos outros.

Entende-se: sem o apoio estatal seria impossível manter o estoque de gravatas amarelas, os pulôveres cuidadosamente repousados nos ombros, as impecáveis camisas Lacoste e os mocassins sempre lustrados. Visual coxinha by Estado.

São fartas as informações a respeito do avanço do self-made man sobre o dinheiro público: os vultosos anúncios do governo paulista em suas obscuras revistas, a constante mendicância de sua mulher, Bia, dita artista plástica, por subsídios via Lei Rouanet, a pressão por cotas de patrocínios federais a convescotes irrelevantes (um deles reuniu brasileiros em Miami para promover o Brasil).

Acrescentem-se à lista os “investimentos” ao longo do ano passado da Apex, agência de incentivo à exportação ligada ao Ministério do Desenvolvimento, no valor de 950 mil reais.

David Barioni, presidente da agência, é amigo de Doria. Um dos eventos apoiados pela Apex, realizado em Nova York, tinha o objetivo de bajular o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e falar mal do Brasil. Faz sentido.

Pré-candidato à prefeitura de São Paulo pelo PSDB, Doria é entusiasta da extinção do PT e da prisão do ex-presidente Lula. Esse viés nunca impediu governos petistas de engordar os cofres e cevar o prestígio do organizador de eventos.

Ministros de Lula e Dilma eram entusiasmados frequentadores do famoso fórum de Comandatuba, o que atraía lobistas de todos os tipos. Não era raro encontrar uma ou mais estatais entre os patrocinadores. Trata-se de um velho complexo petista.

Apesar de a realidade diariamente provar o contrário, os dirigentes do partido mantêm a esperança de serem aceitos pela casa-grande. Doria fatura alto com a baixa autoestima do PT. Não é o único.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Justiça acata ação de Lula contra família Marinho por mentir sobre triplex

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva


Do Correio do Brasil

Apesar da ação em curso,

 o diário carioca seguiu na publicação de outras matérias sobre o imóvel de Guarujá, o que valeu um novo desmentido, no último sábado

Por Redação, com ACSs – de São Paulo
A Justiça do Estado de São Paulo acatou o processo proposto por advogados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra os proprietários do diário conservador carioca O Globo. Os irmãos Marinho, filhos do falecido empresário Roberto Marinho, respondem agora à ação civil por danos morais, após publicar matéria no jornal, intitulada Dinheiro liga doleiro da Lava-Jato à obra de prédio de Lula.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu um processo contra a família Marinho
Nos autos do processo, agora registrado em cartório na capital paulista, os advogados de Lula anexaram a matéria publicada no dia 12 de agosto do ano passado, na qual o diário que apoiava a ditadura militar afirma que o ex-presidente seria dono de um apartamento triplex no Edifício Solaris, no Guarujá (SP), e que o empreendimento estaria ligado, de alguma forma, ao doleiro Alberto Youssef.
Antes da publicação do artigo, o Instituto Lula esclareceu ao jornalista que Marisa Letícia, mulher do ex-presidente, adquiriu a prestações, uma cota no empreendimento e que a família do ex-presidente não tem nenhum apartamento, quanto menos um tríplex. “Não foi a primeira vez que isso foi esclarecido a este repórter e o jornal carioca optou por dar continuidade à mentira que vem repetindo desde dezembro do ano passado”, disse o Instituto Lula, em nota.

Resposta de Lula

“O autor da matéria insistiu na versão mentirosa, com amplo destaque tanto na versão impressa do jornal, quanto na internet.  O Instituto Lula respondeu ao Globo, em nota, no dia 14: ‘Lula não tem apartamento no Guarujá. E se tivesse?’ Em sua edição de sábado (15 de agosto), o jornal tentou justificar a atribuição da propriedade do imóvel pelo ex-presidente por informações passadas pela ‘vizinhança’, ou seja, fez um jornalismo baseado em fofocas de corredor de prédio”, acrescenta a nota do Instituto.
Ainda no documento, Lula afirma, por meio de sua assessoria, que “a ação demonstra que a matéria teve claro caráter difamatório e o mero registro burocrático do outro lado não compensa os danos morais causados pela veiculação de graves mentiras. Que foram criadas relações que não existem entre uma cota de empreendimento adquirida a prestações pela família do ex-presidente e Alberto Youssef, criminoso reincidente”.
Apesar da ação em curso, o diário carioca seguiu na publicação de outras matérias sobre o imóvel de Guarujá, o que valeu um novo desmentido, no último sábado que, segundo advogados do ex-presidente, será anexado ao processo contra a família Marinho, como demonstração do caráter persecutório dos meios de comunicação de propriedade das Organizações Globo.
Na nota da semana passada, o Instituto Lula demonstra, com uma série de documentos, “como os adversários de Lula e sua imprensa tentam criar um escândalo a partir de invencionices”.

Seu merda....um leitor de Veja