sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Lula vai a Manaus para a campanha da comunista Vanessa Grazziotin




Lula vai a Manaus para a campanha da comunista Vanessa Grazziotin

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai a Manaus (AM) para participar da campanha da candidata Vanessa Grazziotin (PCdoB) à prefeitura da capital amazonense. A informação é do secretário nacional de organização do Partido dos Trabalhadores (PT), Paulo Frateschi. A agenda de Lula começou a ser definida nesta quinta-feira (9), em reunião entre o ex-presidente e os assessores dele, no Instituto Lula, em São Paulo. 


Paulo Frateschi lembrou que, em Manaus, o partido apoia a candidatura de Vanessa Grazziotin. A senadora tem como vice o petista Vital Melo. “Além da candidata, que insiste para Lula ir lá, o governador (Omar Aziz, do PSD) que faz parte da nossa frente, também pediu”, disse o secretário.

Lula deverá visitar dez capitais - além de São Paulo, em apoio às candidaturas do PT e de aliados antes do primeiro turno das eleições de outubro. O partido disputa prefeituras, como cabeça de chapa, em 18 capitais. A maratona de viagens tem início no final deste mês e se estenderá até setembro. 

Na próxima semana, o ex-presidente vai se dedicar às gravações para o programa eleitoral dos candidatos.

“Ele está doido para viajar e quer ir para todos os lugares. Temos de planejar com cuidado para aproveitar a presença dele ao máximo”, disse Frateschi. O desafio, segundo ele, será compatibilizar a agenda dele com a dos candidatos. 

Além de Manaus, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Recife estão entre os primeiros destinos. A capital de Pernambuco transformou-se em desafio para o PT, depois que o governador e aliado Eduardo Campos (PSB) decidiu lançar candidatura própria alegando demora na definição do nome petista.

O ex-presidente vê-se na obrigação de apoiar o candidato dele, o ex-ministro Humberto Costa, mesmo causando desagrado a Campos. “Temos de colocar o Lula lá com urgência para dar mais corpo à campanha do Humberto”, disse Frateschi.

No Nordeste, está definido que Lula vai também a Fortaleza (CE) e Salvador (BA). Se houver tempo, vai a outras capitais. A disputa na capital mineira também preocupa Lula, segundo o secretário. “Tínhamos um acordo com o PSB, mas eles romperam. O ex-presidente vai estar ao lado do nosso candidato, Patrus Ananias.”

No Rio, o Estado em que a aliança entre o PT e o PMDB mais deu resultado, Lula vai apoiar a reeleição do prefeito Eduardo Paes (PMDB), candidato do governador Sérgio Cabral (PMDB). “É um processo importante que estamos consolidando e o ex-presidente faz questão de estar lá,” disse Paulo Frateschi

Fonte: acrítica.uol.com.br

Remunerado por traficantes, Arnaldo Jabor defende a livre iniciativa da bandidagem!



Remunerado por traficantes, Arnaldo Jabor defende a livre iniciativa da bandidagem!


Do Blog Bóia Quente  - Paulo Aguilera


QUEM REMUNERA O ARNALDO JABOR?
O boçal do JABOR, em seu comentário na Rádio CBN, mais uma vez demonstrou seu mau-caratismo.
A soldo da CIA e dos Narco-Governos da Colômbia e dos Golpistas do Paraguai, vomitou suas besteiras e imundícies.
O Calhorda, criticou a iniciativa do Governo Uruguaio de debater sem hipocrisia a questão da legalização da maconha.
O Velhaco resolveu ditar regras, defendendo os traficantes que lhe remuneram.
Pior de tudo, que as madames burras, que lhe dão ouvido, batem palma para o mercenário, enquanto seus filhinhos correm riscos de morte nas relações com traficantes.
Em sua ensandecida defesa do cadáver do neo-liberalismo, crê o decrépito, que a livre iniciativa, os traficantes, devem continuar dominando o mercado das drogas e por conseguinte as mentes, corações e vidas humanas vitimadas pela dependência.
Considera o larápio, que o "mercado" deve regular e controlar a produção e distribuição das drogas para nossas crianças, jovens e demais dependentes.
Remunerado pelos Cartéis do Tráfico, o asqueroso, possivelmente "embalado" pela Cocaína, defendeu feito cão-irado a manutenção das Cracolândias e Bocas de Fumo nas mãos das Quadrilhas Organizadas, sem interferências.
Este é o ARNALDO JABOR revelando-se.
Batam palmas madames, enquanto seus filhinhos "vão pra fita".

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

O “mensalão”, o medo da “rua” e a “tática do jagunço”

O “mensalão”, o medo da “rua” e a “tática do jagunço”  


José Carlos Ruy

Muita gente pensa que a história do chamado “mensalão” começou em 14 de maio de 2004, quando a TV Globo mostrou uma reportagem com um diretor da Empresa Brasileira dos Correios e Telégrafos (ECT), Maurício Marinho, recebendo propina de uma pessoa apresentada como um empresário.

Outros pensam que foi quando o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) deu a bombástica e fantasiosa entrevista à Folha de S. Paulo, em 6 de junho de 2005, que logo repercutiu pela imprensa, tornando-se capa nos maiores jornais do país. Foi nela que o então deputado criou o neologismo “mensalão”.

Entretanto, estes acontecimentos expõem apenas a superfície da luta política que há por trás do chamado “mensalão”. Sua história mais profunda só pode ser entendida no quadro mais largo da luta política no Brasil. Ela começou muito antes, mesmo deixando de lado considerações sobre o ”mensalão tucano”, que irrigou a campanha eleitoral de 1998, beneficiando o candidato do PSDB em Minas Gerais Eduardo Azeredo e, também, a candidatura de Fernando Henrique Cardoso à reeleição para a presidência da República (“O valerioduto abasteceu Gilmar”. Carta Capital, nº 708, 27 de julho de 2012).

Um dos marcos dessa história foi a eleição de Fernando Henrique Cardoso em 1994, quando a coalizão tucano-pefelista imaginou iniciar um projeto de poder que, como acreditava o mentor de FHC, o ex-ministro das Comunicações Sérgio Mota, deveria durar 30 anos!

De “principe dos sociólogos” a “monarca dos políticos”

Não durou tanto. A eleição de Fernando Henrique Cardoso e seu vice do PFL (atual DEM) Marco Maciel foi impulsionada pelo lançamento do Plano Real que, em 2 de julho de 1994, introduziu o real como padrão monetário.

A promessa de fim da inflação e de uma moeda forte (de “primeiro mundo”) sensibilizou o eleitorado e transformou o então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, no ansiado (pela classe dominante) anti-Lula: o candidato com apelo popular suficientemente forte para derrotar o líder operário que, em 1989, quase chegou à presidência e deixou a classe dominante em pânico.

Fernando Henrique Cardoso era, aliás, um anti-Lula conveniente para a classe dominante. Ancorado em seu passado de oposicionista à ditadura militar, sua candidatura navegou no clamor pela ética na política que os brasileiros passaram a ver como uma verdadeira bandeira programática depois do impeachment de Fernando Collor de Mello em 1992, acusado justamente de corrupção.

Coube ao governo tucano implantar o programa de Collor: o programa de privatizações, reformas neoliberais, desregulamentação das relações trabalhistas, redução dos direitos sociais e submissão às imposições do imperialismo, que Collor iniciou sem poder levar até o final.

Mas a ilusão popular com Fernando Henrique Cardoso durou pouco e diminuiu drasticamente durante seu primeiro mandato. Para assegurar a aplicação daquele programa antinacional e antipopular, o então presidente usou de todos os meios, sob uma chuva de acusações de ter comprado votos de parlamentares para mudar a Constituição e permitir, para si próprio, a reeleição para mais um mandato como presidente da República. O cientista político Bolivar Lamounier comentou com ironia, na semana daquela votação, que Fernando Henrique Cardoso – antes considerado o “príncipe dos sociólogos” brasileiros – com a reeleição podia se tornar “o monarca dos políticos” (Veja, 5 de fevereiro de 1997).

Ele tinha razão: a soberba fez o presidente governar de forma imperial, de olhos fechados para o povo e para as ruas, e de joelhos perante a classe dominante, o capital financeiro e o imperialismo, principalmente dos EUA.

Veja: “A euforia inicial pode azedar”

Estava pavimentado o caminho para o desastre. Fernando Henrique Cardoso esperou a campanha eleitoral passar e o evento de sua própria posse, em janeiro de 1999, para revelar a gravidade da crise econômica na qual sua política econômica encalacrou o país.

As medidas por ele anunciadas agravaram a crise, dificultando a vida das empresas e dos trabalhadores, com o aumento do desemprego, que já era alto.

Seu governo mudou o câmbio, desatrelando o real do dólar, desmanchando assim a chamada “âncora cambial”. Em consequência, a cotação da moeda norte-americana disparou de R$ 1,20 em novembro de 1998 para R$ 2,07 no final de janeiro de 1999, representando um golpe rude e inesperado nas finanças das empresas que, estimuladas pelo própio governo, haviam contraído empréstimos externos: em poucas semanas elas viram o valor em reais de suas dívidas quase dobrar. As matérias da revista Veja refletiram a gravidade da crise e o sentimento de traição de grande parte dos empresários. Uma delas tinha um título significativo: “A âncora virou anzol”; outra dizia: “A euforia inicial pode azedar” (Veja, 20 de janeiro de 1999). Contra a crise, o governo pensou na receita conservadora de sempre e, num artigo elogioso sobre o ministro da Fazenda Pedro Malan, a revista assegurou que o governo estudava a venda imediata da Petrobras (Veja, 3 de fevereiro de 1999).

A popularidade do presidente foi ladeira abaixo. Em dezembro de 1998 ele ainda ostentava 58% de aprovação nas pesquisas de opinião; em março de 1999, caiu para 35% e em julho ainda mais: 26%. A desaprovação crescia no mesmo sentido, passando de 37% em dezembro de 1998 para 56% em março de 1999 e para 66% em julho.

Se a queda do prestígio de Fernando Henrique Cardoso era nítida, crescia a percepção de que a eleição de 2002 para sua sucessão seria vencida pelo temido Luís Inácio Lula da Silva.

Um mandato é suficiente para Lula

Os setores conservadores da política e da mídia, articulados na coalizão PSDB-PFL, alimentaram o sonho de que bastaria um mandato para Lula como presidente. E que logo o controle do Palácio do Planalto voltaria às mesmas forças políticas que sempre estiveram à frente dele: os derrotados de 2002. Apostaram que o novo governo se esboroaria em um imaginado desastre político- administrativo, que o prestígio popular do líder operário logo se diluiria, e que isso favoreceria o retorno do projeto neoliberal e seus paladinos ao governo.

Mas a realidade não saiu como seus planos e, ante a realidade adversa, tentaram construir este cenário apelando para a velha e esfarrapada banderia da corrução, já aplicada contra Getúlio Vargas (1954, levando ao suicídio do presidente), Juscelino Kubtischek (1955 a 1961) e João Goulart (1961 a 1964, resultando na deposição do presidente).

As acusações contra Lula se multiplicaram desde 2004 quando os sonhos de esboroamento do governo se desfizeram, principalmente depois do bom desempenho de candidatos apoiados por Lula na eleição municipal daquele ano.

Ao contrário das esperanças conservadoras, a popularidade do governo Lula não cedia. Se o grau de aprovação do governo caiu, em 2004, chegando a 29% (fruto dos problemas que o governo enfrentava devido à “herança maldita” de FHC e também das acusações feitas através da mídia conservadora), o grau de confiança popular no presidente permanecia: 54% (Jornal do Brasil, 29 de junho de 2004).

Os brasileiros começavam a notar a diferença entre a nova era que se iniciava sob Lula e o período de retrocesso e empobrecimento vivido sob Fernando Henrique Cardoso. De um lado, essa diferença se manifestava na retomada da economia e do emprego. Em 2004, informa o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho e do Emprego) foram criados 1,8 milhão de empregos formais, muito acima do milhão de novos empregos do último ano do governo de Fernando Henrique Cardoso.

Outro sinal importante de mudança - e inquietante para os conservadores e neoliberais - foi o anúncio feito pelo governo, em março de 2005, de que não renovaria o acordo com o Fundo Monetário Inrternacional (FMI) assinado por Fernando Henrique Cardoso em 2002 e que reforçou a submissão do Brasil às autoridades financeiras daquele organismo e do imperialismo. Aquele anúncio apontava para o fortalecimento da soberania nacional e para a recuperação da autonomia do país em matéria de política econômica, o que é inaceitável para a direita neoliberal.
Fernando Henrique Cardoso defende a “ruptura institucional”

Neste quadro, a tática que sobrava para a direita e para os conservadores era investir numa cruzada moralista para abalar o governo do presidente Lula. Paralelamente ao espetáculo midiático protagonizado por Roberto Jefferson e personagens de seu quilate, Fernando Henrique Cardoso repercutia em artigos e discursos aquelas acusações usando-as como base para orientar seus prosélitos do campo conservador e direitista.

No auge daquela campanha midiática, o ex-presidente tucano repetiu em sua coluna nos jornais O Estado de S. Paulo e O Globo afirmações de que “o partido do presidente e seu governo estão envoltos num tsunami de suspeitas de corrupção” (publicada em 8 de agosto de 2005). Mas fazia uma ressalva dizendo-se cheio “de cuidados para não atribuir ao presidente culpas específicas em função de suas responsabilidades gerais”, embora afirmasse que o presidente não assumia essas responsabilidades deixando de fazer “o que o País espera: governar”. Mas pedia pressa: “Nesse processo, entretanto, ruma-se contra o tempo. O país perderá se deixarmos passar a hora”, insinuando (claramente) a tomada de medidas contra o presidente - o impeachment.

Em artigo publicado em abril de 2005, naquela coluna, Fernando Henrique Cardoso teve a desfaçatez de propor que, ante as acusações contra o governo, a oposição (isto é, o conluio direitista e conservador) devia estar preparada para tudo, inclusive para uma ruptura institucional! Isto é, para o golpe. Esta ambição recuou logo para o objetivo de impor ao presidente Lula o compromisso de não se candidatar à reeleição em 2006.

Em 5 de julho de 2005 Fernando Henrique Cardoso voltou à carga apelidando as acusações como “inéditas em nossa história”, mantendo a ressalva de que “até agora nada indica que o presidente Lula tenha diretamente algo a ver com tudo isso”.

Mas insistia na tese de que “Lula deveria anunciar que não é mais candidato à reeleição” (entrevista à revista Exame,1º de setembro de 2005). E tentava explicar a chantagem: isso “poderia aliviar a crise e permitir que [Lula] volte a ser candidato se as coisas andarem bem”.

Deixava claro o objetivo político da cruzada moralizante da mídia conservadora e da oposição neoliberal e de direita: abrir caminho para sua volta à presidência da República com o afastamento de Lula e da esquerda da disputa eleitoral de 2006.
Lula rejeitou prontamente a chantagem. Como mostraram os repórteres Cristiano Romero e Raymundo Costa (“Como Lula deu a volta por cima”, Valor Econômico, 21 de maio de 2010), sua reação foi forte e embutia uma ameaça da qual a direita e os conservadores fugiam como o diabo da cruz: "Se eles estão pensando que vão me tirar daqui no tapetão, nem pensar! Vou pra rua", disse ele numa reunião.

Impeachment

Se o presidente não aceitava as pressões para desistir da disputa, era preciso tirá-lo - esta foi a tese que começou a crescer no campo da oposição conservadora e de direita. Fernando Henrique Cardoso, o principal dirigente da oposição conservadora e neoliberal, defendeu a tese em seu costumeiro estilo sinuoso e aparentemente indireto. Em julho de 2005, numa coluna em O Estado de S. Paulo, referiu-se ao impeachment de Collor num claro paralelo à crise criada em torno do presidente Lula. “Os fatos foram mais fortes do que tudo e nos curvamos a eles e à necessidade da depuração”, escreveu, concluindo com uma espécie de “garantia” ao dizer que “a democracia resistiu galhardamente” (O Estado de S. Paulo, 5 de julho de 2005).

O subtexto era claro: em sua opinião o afastamento de Lula poderia não significar riscos à democracia na forma como um conservador como Fernando Henrique Cardoso a compreende.

Em agosto ele voltou à carga. Insistindo na acusação de que nunca teria ocorrido, “na História do Brasil, uma sequência de desvios de conduta tão deprimente como a que foi montada no País sob os auspícios de um partido, o PT” (ele deixava de considerar, é óbvio, a pilhagem do patrimônio público ocorrida em seu governo, entre 1995 e 2002), e pedia que as responsabilidades recaíssem “sobre cada indivíduo na proporção dos erros cometidos. Seja qual for o resultado das investigações, o importante é que, em seguida, haja as punições de acordo com as leis”. Sem reservas: “se crime de responsabilidade houver ou quebra de decoro parlamentar, sigam-se as regras estabelecidas na Constituição com todas as consequências”. O alvo da expressão “crime de responsabilidade “não podia ser outro senão o presidente Lula, não deixando dúvida de que a pena constitucional defendida naquele texto só podia ser seu impeachment (O Estado de S. Paulo, 8 de agosto de 2005).

O auge da crise ocorreu na ocasião do depoimento do publicitário Duda Mendonça à CPI dos Correios, em 11 de agosto de 2005. Orientado pelo senador Antônio Carlos Magalhães, um dos principais líderes da direita brasileira desde a década de 1950, seu depoimento associou a campanha presidencial de 2002 a irregularidades eleitorais referentes ao financiamento da campanha; elas dariam o pretexto para o pedido de anulação judicial da vitória de Lula em 2002 - podendo passar a presidência da República ao segundo colocado, José Serra!

Lula: “esses caras não conhecem minha ligação com o povo”

“O governo Lula balançou” naquele dia, dizem os repórteres Cristiano Romero e Raymundo Costa e, no dia seguinte, a cúpula do Palácio do Planalto fez um exame detalhado da situação, encarando “o impeachment como uma ameaça concreta”, afirmam aqueles repórteres. Lula revelou que um auxiliar havia proposto, dias antes, que renunciasse à reeleição em 2006, aceitando os acenos de trégua feitos por Fernando Henrique Cardoso. “Esses caras são gozados”, respondeu Lula, reafirmando a disposição de continuar no páreo. “Eles não conhecem a minha ligação com o povo. Isso não vai acontecer! Vou ganhar a eleição desses filhos da mãe!". Desenhava-se, cada vez com mais força, a reação que faria os conservadores e a direita recuar: o apelo à rua (Valor Econômico, 21 de maio de 2010).

Mas foi exatamente o temor dessa ligação do presidente com o povo que intimidou a direita e os conservadores. A pretensão de levar o presidente ao impeachment começou a perder força quando os dirigentes da oposição avaliaram, numa reunião realizadas na segunda feira seguinte ao depoimento de Duda Mendonça, não terem votos no Congresso Nacional nem apoio popular para tirar o presidente. "Não há clima político para o impedimento e o pedido, se houver, tem de vir da sociedade", disse o senador tucano Arthur Virgílio, depois da reunião (Valor Econômico, 21 de maio de 2010).

À sua maneira, o então senador tucano Arthur Virgílio manifestou os temores da direita e dos conservadores: o medo da reação popular. Isto é, da “rua”.

No passado, a “rua” já se manifestara contra a mesma linha política representada pela coalizão tucano-pefelista: em 1954 quando, após o suicídio de Getúlio Vargas, a população apedrejou instalações de empresas norte-americanas e redações de jornais que participaram da campanha contra o presidente em capitais como Rio de Janeiro, São Paulo ou Porto Alegre. A manifestação teve força suficiente para barrar o golpe em andamento, que ficou “adiado” por uma década. Em 1964, a direita conquistou a “rua”, mas sem mobilizar os trabalhadores a seu favor: as passeatas contra Goulart foram frequentadas pela classe média carola e anticomunista que deu um ar de apoio popular ao golpe de Estado.

A direita perdeu a “rua

As mais recentes manifestações da “rua” não foram exatamente a favor do programa da direita e dos conservadores. Em 1984, multidões exigiram as Diretas Já, apressando o fim da ditadura militar. Em 1992, ergueram-se novamente contra o programa neoliberal de privatizações e cortes de direitos sociais do presidente Fernando Collor de Mello.

Em 2005 havia, de fato, um risco para a direita e seus dirigentes estiveram à beira do pânico quando, em julho, estudantes que participavam do 49º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE) em Goiânia, juntamente com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a Central Única dos Trabalhadores (CUT) colocaram 20 mil pessoas nas ruas da capital goiana contra o golpe em andamento, em apoio ao presidente Lula e à ordem constitucional e em defesa das reivindicações contidas na Carta ao Povo Brasileiro, que fora entregue ao presidente em junho, assinada por 42 entidades do movimento social. Ela convocava manifestações populares contra a campanha da direita e por mudanças no rumo do governo.

Lula reconheceu o significado daquela iniciativa ao receber a Carta dizendo: "essa é a diferença dos amigos e dos companheiros como vocês em relação aos que apareceram no meu caminho nos últimos anos. É bom contar com vocês nessa hora" (Folha de S. Paulo, 22 de junho de 2005).

A direita perdera a “rua” e se consolava com um discurso conveniente, para eles, de que o povo teria sido “comprado” pelos programas sociais (como o Bolsa Família) e pelas melhorias econômicas trazidas pelo governo Lula.

Ilusões desfeitas no moinho da política

Na entrevista para a revista Exame (1º de julho de 2005) Fernando Henrique Cardoso ainda mantinha a ilusão de obter apoio popular para a campanha que liderava contra o presidente Lula. Fora assim no passado - em 1954 ou 1964, por exemplo; porque seria diferente agora? Para explicar a popularidade de Lula, apesar dos ataques que sofria, ele usou um sofisma. “A opinião pública reage lentamente”, disse, acrescentando um preconceito elitista, de classe, ao argumento: “A opinião mais esclarecida já perdeu a confiança, o povo não. É um movimento que aos poucos vai se espalhando”. “Opinião mais esclarecida”, aqui, é uma expressão que se refere aos setores conservadores que aderiram à campanha anti-Lula; ele esperava que estes setores, tradicionalmente formadores de opinião, repercutissem as teses da campanha conservadora, obtendo a adesão dos trabalhadores e do povo. Mas o país já tinha mudado, e muito - e o que se viu, nos meses seguintes, foi a falência destes formadores de opinião, que perderam cada vez mais a capacidade de influir sobre as decisões dos demais. Basta lembrar o fracasso do pífio Cansei! que a direita tentou convocar em 2007, e que deu em nada.

Sem perceber, ou admitir, que a questão não é de moralidade ou ética, esta ilusão conservadora se juntava a outras desfeitas no moinho da política e da luta de classes.

O velho e persistente conflito entre desenvolvimentistas e neoliberais - que, desde os primórdios da República, manifestou-se no confronto entre industrialistas e os dogmáticos da “vocação agrícola” do Brasil - foi reposto com força no final da ditadura de 1964. Os interesses do capital financeiro e do imperialismo confluíram no programa neoliberal imposto pelo Consenso de Washington reforçando a posição subordinada do Brasil na divisão internacional do trabalho.

Num país como o Brasil, onde a divisão de classes atingiu alto grau de complexidade, a luta de classes em torno do projeto neoliberal envolveu inclusive setores das classes dominantes que discordavam de alguns aspectos parciais, como destacou o professor Décio Saes num artigo publicado na revista Princípios, em 1996.

Embora praticamente toda a classe dominante fosse favorável à desregulação das relações de trabalho e ao programa de privatizações, cada uma de suas facções tinha lá seu próprio neoliberalismo. Os grandes bancos brasileiros, por exemplo, não queriam a abertura do sistema financeiro aos estrangeiros. A grande burguesia industrial, representada pela Fiesp e pela CNI, queria a liquidação dos direitos sociais e trabalhistas, mas resistia à abertura do mercado ao capital estrangeiro e, sobretudo, à enxurrada de importações representada pela abertura econômica que ameaçava, inclusive, o “desaparecimento do empresariado industrial e a conversão dos antigos industriais em importadores de similares estrangeiros” (Décio Saes, “O governo de FHC e o campo político conservador”. Princípios Nº 40, fevereiro/março/abril de 1996).

Aldo Rebelo: “A rua não tem regimento interno”
Lula manifestou uma notável percepção deste dissenso. Se há uma contradição de classe mais geral, que opõe o proletariado à burguesia, ou os trabalhadores às classes dominantes, os conflitos dentro da própria classe dominante têm também uma expressão política que se manifesta na oposição entre programas para o país - e o neoliberalismo de Collor e Fernando Henrique Cardoso atendia sobretudo aos interesses da oligarquia financeira aliada do imperialismo.

Naquela conjuntura, cresceram os acenos do presidente em direção aos sindicalistas, trabalhadores e ao movimento social. Em 12 de julho de 2005 - em plena crise - ele colocou no Ministério do Trabalho e do Emprego o ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e ex-presidente da CUT, Luiz Marinho. Era uma sinalização importante, reforçada pela aceleração do processo de recuperação do valor do salário mínimo.

A disposição de “ir pra rua” acompanhava estas mudanças. Na reunião ocorrida no Palácio do Planalto no dia seguinte ao depoimento de Duda Mendonça, Lula reafirmou esta disposição: "Nós vamos pra rua defender o mandato que o povo nos deu", disse Lula (Valor Econômico, 21 de maio de 2010).

A “rua” - este era o fantasma dos pesadelos conservadores e da direita. Temor ressaltado pelo deputado comunista Aldo Rebelo ao final de uma reunião com Fernando Henrique Cardoso, em São Paulo, que teve a participação dos então ministros Márcio Thomaz Bastos e Antônio Palocci. O tema da conversa, ocorrida depois do depoimento de Duda Mendonça, foi a questão do impeachment, e os ministros manifestavam preocupação com a agressividade da oposição.

A oposição temia, dizem os repórteres Cristiano Romero e Raymundo Costa (Valor Econômico, 21 de maio de 2010), que a reação de Lula a um processo de impeachment pudesse ser um apelo ao instinto de classe dos trabalhadores: "o primeiro trabalhador a chegar à Presidência da República ia ser degolado pela elite", seguido de um inevitável aprofundamento das contradições políticas no país. Temor acentuado quando Aldo Rebelo advertiu o ex-presidente: "Rua não tem regimento interno". Isto é, seu desenvolvimento pode ser imprevisível, ao contrário dos embates no âmbito do parlamento, onde existe um regimento interno que estabelece as regras para o confronto.

Tudo indica que a frase de Aldo Rebelo repercutiu no ânimo da liderança tucana. "O problema é o seguinte: temos força?" [para o impeachment], perguntou o ex-presidente aos senadores tucanos Arthur Virgílio e Tasso Jereissati, que era presidente do PSDB. Virgílio já havia concluído, antes, que não tinham. E o próprio Fernando Henrique chegou a essa conclusão na conversa finalizada com a advertência de Aldo Rebelo. “O impeachment é um ato político, o jurídico é outra coisa. Você vai para o tribunal. O ato político você tem que ter força para ganhar, não é ter a razão", disse aos ministros e ao deputado que foram conversar com ele. E a oposição de direita e conservadora reconhecia não ter força para ganhar.
A “tática do jagunço”: sangrar o adversário até que morra

A consequência foi uma mudança na tática da oposição. Se Lula não aceitou desistir da reeleição, se o impeachment era inviável pela falta de força da direita, o caminho escolhido por ela e pelos conservadores foi aquilo que pode se chamar de “tática do jagunço”: sangrar o adversário até a morte. Investir contra ele, de todas as formas imagináveis, com o objetivo de desmoralizá-lo e erodir a alta aprovação popular, levando-o à derrota na eleição de 2006.

Isto intensificou a campanha moralista da oposição, que passava a apostar no desdobramento das CPIs e em sua repercussão na imprensa conservadora. A “tática do jagunço” mobilizou os cardeais tucanos e pefelistas, de Tasso Jereissati a Jorge Bornhausen, José Serra e Aécio Neves (Valor Econômico, 21 de maio de 2010). Os meses seguintes e a campanha eleitoral de 2006 foram marcados por ela e pelas acusações mais inverossímeis, caluniosas e irresponsáveis que o país assistiu até a véspera da eleição de 2006. Foi, contudo, um vale-tudo inútil cujo resultado é conhecido: a direita e os conservadores perderam.

Os propagandistas do chamado “mensalão” alardeiam tratar-se do “maior escândalo de corrupção da história da República”. Esquecem do mar de lama constituído pela privataria tucana e pela entrega de patrimônio público a empresas privadas (muitas delas multinacionais), a preços aviltados. Esquecem do esquema de financiamento das campanhas de 1998, envolvendo o candidato tucano em Minas Gerais (Eduardo Azeredo) e também Fernando Henrique Cardoso. Ele e a cúpula de seu governo não esqueceram, e uma das últimas medidas do então presidente da República foi aprovar uma lei, no final de seu governo (em 24 de dezembro de 2002) garantindo foro privilegiado a ex-presidentes, ex-ministros, ex-governadores, ex-secretários de Estado e ex-prefeitos e por aí vai, subtraindo o julgamento de suas ações à justiça comum. Medida que indica o temor de precisar comparecer perante os tribunais para responder por aquilo que fez na presidência da República.

Ganhar no tapetão

O processo continuou na justiça. Com base nas apurações feitas pelas CPIs em agosto de 2007 o Supremo Tribunal Federal (STF) aceitou a denúncia apresentada em abril de 2006 pelo Procurador Geral da República, iniciando o processo contra os acusados pelo chamado “mensalão”. É o processo cujo julgamento entrou em sua fase final no dia 2 de agosto.

As alegações deste processo, baseadas em argumentação frágil, reiteram o caráter político de seu desdobramento e acentuam o objetivo de condenar o governo de Luís Inácio Lula da Silva e a esquerda em geral, acusados de imersos no apelidado “maior escândalo de corrupção” da República.

Mas não há provas e este é o problema para a oposição. Inexistência de provas reforçada inclusive pelas alegações do autor da farsa do “mensalão” - Roberto Jefferson - ao STF, em setembro de 2011, como revelou a colunista Hildegard Angel (Portal R7, 15 de setembro de 2011). Em sua defesa, o denunciante afirma que o "Mensalão nunca existiu. Não foi fato. Foi retórica”.

O caráter político do julgamento do chamado “mensalão” revela-se nessa fragilidade. A mídia conservadora e a direita neoliberal condenaram antecipadamente aqueles a quem acusaram pelo crime do “mensalão”. E agora colocam uma faca no pescoço do STF, exigindo que ratifique esta condenação “extrajudicial”. Este é o grande problema da direita e dos conservadores. Que mesmo assim não deixam de usar aquelas acusações e o julgamento como ferramenta política contra o ex-presidente Lula e a esquerda (“Com a faca no pescoço. Ou sem a faca?”. Retrato do Brasil, edição nº 55, fevereiro de 2012).

Uso, agora, defensivo: em meio às graves dificuldades eleitorais que vai ceifando, eleição a eleição, os quadros mais notáveis do conluio tucano-pefelista, esperam agitar as sessões do STF no mesmo espírito da “tática do jagunço”: sangrar o adversário para pelo menos reduzir sua força na eleição deste ano e criar algumas dificuldades para a disputa de 2014.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Os crimes de FHC serão punidos?

Os crimes de FHC serão punidos?

Do Blog do Miro
No grande circo armado pela mídia para o "julgamento do século" do chamado "mensalão do PT", até o ex-presidente FHC foi ressuscitado. Ontem (6), na abertura da 32ª Convenção do Atacadista Distribuidor, no Riocentro, ele reforçou o linchamento midiático exigindo a imediata punição dos réus. Na maior caradura, ele esbravejou: "Depois que eu ouvi do procurador-geral da República, houve crime. Crime tem que ser punido... Tenho confiança de que eles [STF] julgarão com serenidade, mas também com Justiça".
FHC já pediu para esquecer o que ele escreveu. Mas não dá para esquecer as denúncias de corrupção que mancharam o seu triste reinado. O ex-presidente não tem moral para exigir punição de qualquer suspeito de irregularidades. Desde que foi desalojado do Palácio do Planalto, o rejeitado ex-presidente tenta se travestir de paladino da ética com objetivos meramente políticos e eleitoreiros. Ela agora explora oportunisticamente o julgamento no STF para impulsionar e animar as campanhas dos demotucanos às eleições de outubro.
A lista dos crimes tucanos
Se um dia houver, de fato, Justiça no país, FHC é que será julgado e punido por seus crimes. Listo abaixo alguns que merecem rigoroso julgamento da história:
*****

Denúncias abafadas:

Já no início do seu primeiro mandato, em 19 de janeiro de 1995, FHC fincou o marco que mostraria a sua conivência com a corrupção. Ele extinguiu, por decreto, a Comissão Especial de Investigação, criada por Itamar Franco e formada por representantes da sociedade civil, que visava combater o desvio de recursos públicos. Em 2001, fustigado pela ameaça de uma CPI da Corrupção, ele criou a Controladoria-Geral da União, mas este órgão se notabilizou exatamente por abafar denúncias.

Caso Sivam

Também no início do seu primeiro mandato, surgiram denúncias de tráfico de influência e corrupção no contrato de execução do Sistema de Vigilância e Proteção da Amazônia (Sivam/Sipam). O escândalo derrubou o brigadeiro Mauro Gandra e serviu para FHC “punir” o embaixador Júlio César dos Santos com uma promoção. Ele foi nomeado embaixador junto à FAO, em Roma, “um exílio dourado”. A empresa ESCA, encarregada de incorporar a tecnologia da estadunidense Raytheon, foi extinta por fraude comprovada contra a Previdência. Não houve CPI sobre o assunto. FHC bloqueou.

Pasta Rosa

Em fevereiro de 1996, a Procuradoria-Geral da República resolveu arquivar definitivamente os processos da pasta rosa. Era uma alusão à pasta com documentos citando doações ilegais de banqueiros para campanhas eleitorais de políticos da base de sustentação do governo. Naquele tempo, o procurador-geral, Geraldo Brindeiro, ficou conhecido pela alcunha de “engavetador-geral da República”.

Compra de votos

A reeleição de FHC custou caro ao país. Para mudar a Constituição, houve um pesado esquema para a compra de voto, conforme inúmeras denúncias feitas à época. Gravações revelaram que os deputados Ronivon Santiago e João Maia, do PFL do Acre, ganharam R$ 200 mil para votar a favor do projeto. Eles foram expulsos do partido e renunciaram aos mandatos. Outros três deputados acusados de vender o voto, Chicão Brígido, Osmir Lima e Zila Bezerra, foram absolvidos pelo plenário da Câmara. Como sempre, FHC resolveu o problema abafando-o e impedido a constituição de uma CPI.

Vale do Rio Doce

Apesar da mobilização da sociedade em defesa da CVRD, a empresa foi vendida num leilão por apenas R$ 3,3 bilhões, enquanto especialistas estimavam seu preço em ao menos R$ 30 bilhões. Foi um crime de lesa-pátria, pois a empresa era lucrativa e estratégica para os interesses nacionais. Ela detinha, além de enormes jazidas, uma gigantesca infra-estrutura acumulada ao longo de mais de 50 anos, com navios, portos e ferrovias. Um ano depois da privatização, seus novos donos anunciaram um lucro de R$ 1 bilhão. O preço pago pela empresa equivale hoje ao lucro trimestral da CVRD.

Privatização da Telebras

O jogo de cartas marcadas da privatização do sistema de telecomunicações envolveu diretamente o nome de FHC, citado em inúmeras gravações divulgadas pela imprensa. Vários “grampos” comprovaram o envolvimento de lobistas com autoridades tucanas. As fitas mostraram que informações privilegiadas foram repassadas aos “queridinhos” de FHC. O mais grave foi o preço que as empresas privadas pagaram pelo sistema Telebrás, cerca de R$ 22 bilhões. O detalhe é que nos dois anos e meio anteriores à “venda”, o governo investiu na infra-estrutura do setor mais de R$ 21 bilhões. Pior ainda, o BNDES ainda financiou metade dos R$ 8 bilhões dados como entrada neste meganegócio. Uma verdadeira rapinagem contra o Brasil e que o governo FHC impediu que fosse investigada.

Ex-caixa de FHC

A privatização do sistema Telebrás foi marcada pela suspeição. Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-caixa das campanhas de FHC e do senador José Serra e ex-diretor do Banco do Brasil, foi acusado de cobrar R$ 90 milhões para ajudar na montagem do consórcio Telemar. Grampos do BNDES também flagraram conversas de Luiz Carlos Mendonça de Barros, então ministro das Comunicações, e André Lara Resende, então presidente do banco, articulando o apoio da Previ para beneficiar o consórcio do Opportunity, que tinha como um dos donos o economista Pérsio Arida, amigo de Mendonça de Barros e de Lara Resende. Até FHC entrou na história, autorizando o uso de seu nome para pressionar o fundo de pensão. Além de “vender” o patrimônio público, o BNDES destinou cerca de 10 bilhões de reais para socorrer empresas que assumiram o controle das estatais privatizadas. Em uma das diversas operações, ele injetou 686,8 milhões de reais na Telemar, assumindo 25% do controle acionário da empresa.

Juiz Lalau

A escandalosa construção do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo levou para o ralo R$ 169 milhões. O caso surgiu em 1998, mas os nomes dos envolvidos só apareceram em 2000. A CPI do Judiciário contribuiu para levar à cadeia o juiz Nicolau dos Santos Neto, ex-presidente do TRT, e para cassar o mandato do senador Luiz Estevão, dois dos principais envolvidos no caso. Num dos maiores escândalos da era FHC, vários nomes ligados ao governo surgiram no emaranhado das denúncias. O pior é que FHC, ao ser questionado por que liberara as verbas para uma obra que o Tribunal de Contas já alertara que tinha irregularidades, respondeu de forma irresponsável: “assinei sem ver”.

Farra do Proer

O Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Sistema Financeiro Nacional (Proer) demonstrou, já em sua gênese, no final de 1995, como seriam as relações do governo FHC com o sistema financeiro. Para ele, o custo do programa ao Tesouro Nacional foi de 1% do PIB. Para os ex-presidentes do BC, Gustavo Loyola e Gustavo Franco, atingiu 3% do PIB. Mas para economistas da Cepal, os gastos chegaram a 12,3% do PIB, ou R$ 111,3 bilhões, incluindo a recapitalização do Banco do Brasil, da CEF e o socorro aos bancos estaduais. Vale lembrar que um dos socorridos foi o Banco Nacional, da família Magalhães Pinto, a qual tinha como agregado um dos filhos de FHC.

Desvalorização do real

De forma eleitoreira, FHC segurou a paridade entre o real e o dólar apenas para assegurar a sua reeleição em 1998, mesmo às custas da queima de bilhões de dólares das reservas do país. Comprovou-se o vazamento de informações do Banco Central. O PT divulgou uma lista com o nome de 24 bancos que lucraram com a mudança e de outros quatro que registraram movimentação especulativa suspeita às vésperas do anúncio das medidas. Há indícios da existência de um esquema dentro do BC para a venda de informações privilegiadas sobre câmbio e juros a determinados bancos ligados à turma de FHC. No bojo da desvalorização cambial, surgiu o escandaloso caso dos bancos Marka e FonteCindam, “graciosamente” socorridos pelo Banco Central com 1,6 bilhão de reais. Houve favorecimento descarado, com empréstimos em dólar a preços mais baixos do que os praticados pelo mercado.

Sudam e Sudene

De 1994 a 1999, houve uma orgia de fraudes na Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), ultrapassando R$ 2 bilhões. Ao invés de desbaratar a corrupção e pôr os culpados na cadeia, FHC extinguiu o órgão. Já na Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), a farra também foi grande, com a apuração de desvios de R$ 1,4 bilhão. A prática consistia na emissão de notas fiscais frias para a comprovação de que os recursos do Fundo de Investimentos do Nordeste foram aplicados. Como fez com a Sudam, FHC extinguiu a Sudene, em vez de colocar os culpados na cadeia.

Manuela: Não é justo me punir por dedicar minha juventude à política










Manuela: Não é justo me punir por dedicar minha juventude à política


Com dados, números e relatórios na ponta da língua, a deputada federal Manuela D'Ávila, diz que se prepara há 4 anos para se tornar prefeita de Porto Alegre. E para isso, a candidata do PCdoB não mede esforços e nem recusa apoios. 


Além da agenda apertada, que a força comer "marmitas" no carro enquanto enfrenta o trânsito da capital gaúcha, ela construiu alianças nada ortodoxas para os padrões do seu partido, sustentando o apoio, por exemplo, da senadora progressista Ana Amélia Lemos. "Acho incomparável o PP da senadora Ana Amélia com o PP do Paulo Maluf", disse ao criticar a aliança do petista Fernando Haddad com o polêmico ex-prefeito em São Paulo. 

Aos 30 anos, a deputada tenta afastar a sombra da "inexperiência", talvez seu maior obstáculo para conquistar o eleitorado porto-alegrense. Para superar esse desafio, estuda cada detalhe da situação da cidade e usa a arma de criticar o principal adversário, o prefeito José Fortunati (PDT), sempre que tem oportunidade.

Caso seja eleita, Manuela pretende colocar técnicos para gerir os órgãos mais importantes, sem fazer loteamento de cargos. Também disse querer criar subprefeituras para controlar a eficiência dos serviços públicos nos bairros. "É uma ideia criativa para fazer com que a participação popular seja absorvida pela gestão e que os serviços sejam descentralizados", afirmou.

O Terra inicia nesta segunda-feira (6) a série de entrevistas com os candidatos a prefeito em Porto Alegre. Foram convidados os pretendentes ao cargo que obtiveram pelo menos 1% na pesquisa Datafolha, divulgada no dia 21 de julho. Confira os principais trechos da primeira entrevista:

Terra - A falta de experiência é a principal barreira na sua campanha?
Manuela D'Ávila - Eu acredito que nós já superamos majoritariamente isso, e as pesquisas indicam isso também. As pessoas vinculam a inexperiência a minha pouca idade, mas não posso pagar o preço por ter dedicado a minha juventude a fazer política. Enquanto meus colegas estavam na noite, estavam se qualificando profissionalmente, fazendo seu mestrado, seu doutorado, eu fiz a opção pela vida pública. Estou no meu terceiro mandato e veja só, ninguém questiona os outros candidatos sobre a experiência deles. Dentre nós, a única com dois mandatos federais sou eu. Então eu já adquiri experiência nos mandatos que tive, nos espaços que ocupei com esses mandatos, convivi com muitas pessoas que me ajudaram, adquiri experiência ouvindo pessoas que sabem mais que eu. Todos nós somos políticos e talvez eu seja a que mais amparada esteja na minha volta. A experiência que eu tenho e de ter construído a minha vida pública junto aos porto-alegrenses.

Terra - É possível passar essa experiência para o eleitor?
Manuela - Acho que é possível sim. E tem outras experiências que eu não tenho e não quero ter. Não tenho experiência da política tradicional e não quero ter, da compra de apoios com cargos públicos, a experiência da má política. Eu tenho experiência de ter convicções e trabalhar por elas. Não tenho experiência das máquinas eleitorais, dos padrinhos políticos. Tenho orgulho de ter construído a minha trajetória com as minhas pernas e com o apoio da população de Porto Alegre. Foi essa pessoa que a população de Porto Alegre elegeu deputada federal duas vezes e vereadora. Não tenho vergonha disso e repito: não acho justo que o preço que eu pague por ter dedicado dos meus 15 aos meus 31 anos a fazer política seja ser atacada de inexperiente, ou seja, começar cedo vai fazer que isso seja ponto fraco. Não é.

Terra - Qual a diferença entre a Manuela que concorreu à prefeitura nas eleições de 2010 para a Manuela de agora. E que erros a senhora cometeu que não podem ser repetidos?Manuela - Tem muitas diferenças. Acho que todos nós mudamos sempre. Eu tive uma trajetória recheada de muitas vitórias, fui eleita a mais jovem (vereadora) em 2004, mais votada (deputada federal) em 2006, bati o meu próprio recorde em 2010, e 2008 foi um ano simbólico porque eu fui derrotada. Eu não sou daquela turma que acha que o povo acerta quando vota em mim. Aquele foi um ano de reflexão, de parar para pensar quais as lições que essa população que me deu tantas alegrias quis me dar com a derrota. Eu saí dali primeiro muito feliz porque foi uma campanha muito bonita. Eu não julgo que eu tinha erros, a política não é só erros e acertos. A população não disse que desgostava de mim ao não ter votado. Acho que ela me deu um sinal amarelo: não é a tua hora. Por isso que a gente brinca que agora chegou a hora porque eu dediquei esses quatro anos a estudar muito. O meu mandato foi de muita responsabilidade, eu voltei para Brasília muito compenetrada no meu trabalho, dar a volta por cima, me dedicar. Ainda bem que eu não tenho como me comparar. O tempo vai passando e nos deixando marcas, eu sempre tento transformar as cicatrizes em coisas boas. Perder não é bom para ninguém, mas eu aprendi muito com a derrota.

Terra - Em São Paulo o PCdoB é vice na chapa do petista Fernando Haddad, que conta com o apoio do PP de Paulo Maluf. Em Porto Alegre, a senhora tentou uma aliança com o mesmo PP. Qual a sua avaliação sobre essas alianças?
Manuela - Um tema muito importante a ser respondido é a aliança com o Maluf, que eu julguei errada. E para responder usando do mesmo artifício, a minha aliança em Porto Alegre tem o mesmo PSB da deputada Luiza Erundina, que rejeitou essa aliança. Se tem um, tem outro. Em segundo lugar, acho incomparável o PP da senadora Ana Amélia com o PP do Paulo Maluf. Acho que qualquer pessoa que ver essa entrevista concorda comigo porque as figuras são incomparáveis. Infelizmente a política brasileira é uma política em que as personalidades são muito sólidas. Eu julguei errado o movimento do Maluf, não por se aproximar do PP, porque eu julgo que alianças devem ser feitas em cima de programas para a cidade. Acredito que o Haddad tem um belo programa para São Paulo junto com a Nádia Campeão, como eu e a Ana Amélia, que segue me apoiando, temos um programa para a cidade de Porto Alegre. Eu julgo errado a aliança em São Paulo porque acredito que não seja educativo trabalhar com uma pessoa que é símbolo de corrupção no nosso País. São coisas distintas: uma coisa é uma aliança programática, que eu acho que é o adequado porque existem problemas e nós temos que pactuar o enfrentamento desses problemas. É ideológico o tema da informatização da saúde em Porto Alegre? Não, não é. É ideológico termos o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) inferior à média nacional? Não, não é. Precisamos enfrentar esses problemas, mas aquele gesto individualmente eu julguei errado.

Terra - O apoio da senadora Ana Amélia à sua candidatura tem alguma relação com as eleições ao governo do Estado em 2014?Manuela - Quando em 2010 nós retiramos a candidatura do deputado Beto Albuquerque (PSB) para apoiar o governador Tarso Genro (PT) no primeiro turno, muitos jornalistas disseram que eu tinha uma conversa secreta com o governador e que ele tinha me prometido o apoio para 2012. Eu disse que não tinha e alguns achavam que isso era jogo de cena meu porque sempre há uma tendência de não se acreditar nos políticos. Falando em futuro é sempre difícil de acreditar, então eu vou te responder com o meu passado: assim como eu não apoiei o Tarso com garantia de apoio em 2012, porque não é do meu feitio apoiar alguém com promessa de apoio, eu também não recebo apoio prometendo apoio. E a Ana Amélia não agiria assim.

Terra - Em que tipo de ideais Ana Amélia e Manuela vão de encontro?
Manuela - Nosso programa para a cidade, por exemplo. Porto Alegre tem uma crise na saúde e eu sou a única candidata que disputou as eleições de 2008. Naquele ano eu debatia os mesmos temas que eu debato agora. Só para ter uma ideia, em quatro anos de administração, as equipes do PSF (Programa Saúde da Família) aumentaram apenas duas, de 93 para 95. Já nos últimos quatro meses foi aumentado de 95 para 124, quer dizer, uma manobra eleitoreira. Destas, 45 não têm sequer médico. Nós temos uma ideia comum de criar 300 equipes para enfrentar o tema da prevenção em saúde. Nós temos como fazer isso porque há previsão no Ministério da Saúde, o teto de Porto Alegre é de acima de 500 equipes. Nós queremos garantir quatro unidades de pronto-atendimento 24 horas, queremos garantir que as quatro existentes tenham esse padrão de pronto-atendimento. (...) Eu e a Ana Amélia concordamos com isso, são ideias para a cidade de uma prefeitura com mais ação, empreendedora, não de um gestor que fica sentado esperando o mundo vir ao seu encontro, mas de um gestor que vai ao encontro do mundo e que busca desbravar oportunidades para a sua cidade.

Terra - A senhora já afirmou que o governador Tarso Genro foi derrotado dentro do PT quando o partido decidiu pela candidatura própria. Espera contar com o apoio dele na campanha, quem sabe em um segundo turno?Manuela - Eu tenho muito orgulho de ter contado publicamente com o apoio do governador Tarso Genro na construção da minha pré-candidatura. Essa era a vontade dele, foi ele que declarou que foi derrotado num processo interno do seu partido. Agora não vou debater segundo turno. O PT tem uma candidatura própria, que é legítima e representa tudo o que o PT construiu. O Villaverde é deputado, é meu companheiro, eu respeito. Tenho convicção de que nós estaremos juntos no futuro, seja no segundo turno, seja num governo meu porque as nossas diferenças são muito pequenas, pontuais. Acho que o Villa já representa um avanço no PT. Nós estaremos juntos, acho que ninguém tem dúvidas de que eu governarei com o PT quando eu for prefeita de Porto Alegre.

Terra - Saúde é uma prioridade máxima no seu programa de governo?
Manuela - Sim. Eu acho que temos quatro problemas básicos em Porto Alegre, mas as pessoas que têm problemas de falta de atendimento de saúde não têm condições de questionar a segurança. Uma mãe que tem o filho doente não está preocupada com o volume de gente dentro do ônibus. Não é que seja a exclusividade, mas na saúde o tratamento indigno das pessoas é revoltante. Eu vivo em 2012 e tem fila no posto de saúde de madrugada. Ninguém vai me convencer de que isso é necessário, de que é idealismo não ter fila. Poxa, não estou falando de padrão de hospital privado, mas na fila de madrugada em um Estado que faz frio. Essa situação é revoltante, indigna. Em segundo lugar, Porto Alegre tem uma capacidade instalada na área da saúde muito boa. O prefeito gosta de falar que somos a quarta cidade em infraestrutura. Mais uma prova de que o meu discurso é o certo. Como somos a quarta em infraestrutura e a 18ª em saúde da família? Quarta em infraestrutura e 23ª em Papa Nicolau. Quarta em infraestrutura e fecha posto de saúde em dia com temperatura de -2ºC?

Terra - O candidato à reeleição, José Fortunati (PDT), deve vir para a campanha como o prefeito da Copa do Mundo. A Manuela vai entrar em campo nesse sentido também?Manuela - Eu vou trabalhar para garantir as obras que ele está atrasando. Acho que a pauta da continuidade é uma pauta infantil, eu amo a minha cidade e é evidente que eu vou continuar as obras. Foi se o tempo em que se ganhava eleição dizendo para a população que quando esse ganhar vai parar tudo o que eu estou fazendo. Continuar as obras é o óbvio, eu quero garantir qualidade na educação, acabar com as filas em postos de saúde, porque a Copa passa e os problemas das pessoas não podem mais permanecer. Eu disputei a eleição de 2008 e a pauta é a mesma. A gente vai avançar quando? Vou ser prefeita da Copa e vou garantir que a nossa população tenha um bom cotidiano todos os dias. Ser uma boa sede é ser um bom lugar para as pessoas morarem. A gente viaja o mundo e vê como as pessoas dos lugares vivem. Paris é linda o ano inteiro, Nova York tem metrô o ano inteiro. Para Porto Alegre ser boa na Copa precisa ser boa todos os dias, e esse é o meu objetivo.

Terra - O que falta para a cidade ser boa para a Copa?
Manuela - Falta muita coisa. Hoje o secretário de Gestão é secretário dos Animais e secretário da Copa, como vai haver eficiência? Nós não temos um banco de projetos, não temos planejamento, chega a ser uma piada. Disputamos investimentos com um projeto e quando o recurso vai ser liberado apresentamos outro projeto. Somos a capital com o sinal amarelo piscando, já perdemos a Copa das Confederações e precisamos desses investimentos para resolver o nosso trânsito, por exemplo.

Terra - No seu plano de governo a senhora cita a necessidade de se reduzir os cargos de confiança (CCs) e ampliando o número de técnicos. A senhora pretende fazer concurso público para substituir esses CCs?Manuela - Isso passa sim pela valorização dos profissionais de carreira e também precisamos que o critério técnico seja preenchido pelos partidos. Eu não faço discurso contra os partidos, acho que tem pessoas muito boas, o problema é que parece que escolhem sempre os ruins. Os partidos têm técnicos, têm médicos, engenheiros, essas pessoas precisam ser aproveitadas. São duas questões: a convicção e que o funcionalismo público deve ser aproveitado, mas também pela indicação técnica nos partidos.

Terra - Mas a senhora vai reduzir o número de CCs?
Manuela - Penso em reduzir em algumas áreas. Porto Alegre não é uma cidade muito transparente, temos o número oficial de 700 CCs, temos empresas como a Carris que podemos reduzir de 53 para 10 porque era o número que tinha anteriormente. Temos empresas como a Procempa em que existem denúncias de beneficiamento múltiplo de familiares em cargos de confiança, que podem ser reduzidos.

Terra - A senhora já tem uma margem desse corte?
Manuela - Não. Nos protocolamos um pedido de informações na prefeitura, depois de quatro tentativas, para saber a distribuição desses CCs. Temos informações sobre a Carris, da Procempa, dos Cars (Centros Administrativos Regionais), que eu pretendo transformar em subprefeituras para garantir que os serviços sejam executados nos bairros. Então em alguns lugares eu tenho a previsão de quantas vagas cortarei, em outros não, porque não tenho detalhamento.

Terra - Quantas subprefeituras a senhora pretende criar?
Manuela - Nós vamos transformar os Centros Administrativos Regionais existentes em sub-prefeituras. Esses Cars acompanham as regiões do Orçamento Participativo (OP).

Terra - Os sub-prefeitos terão cargos de secretários?
Manuela - Eles terão status de secretário nas reuniões de secretariado. Na realidade o que interessa é qual papel que eles vão cumprir. A nossa ideia é construir isso junto com os conselheiros do Orçamento Participativo porque vão elevar a participação popular a outro patamar. Quanto o OP foi criado, ele era dividido em duas partes: os investimentos das plenárias e o fórum de serviços, que acompanhava a qualidade dos serviços da cidade, como ônibus, creche, saúde, buraco na rua, poda de árvores. Esse fórum foi perdendo importância ao longo dos anos e nós prevemos uma estrutura de gestão que passa pelo resgate do fórum de serviços no ambiente administrativo regional. Como conseguimos fazer que a pessoa que está ali se sinta empoderada para fazer isso: sendo um subprefeito. Estamos pactuando que os conselheiros do OP façam uma lista tríplice para indicar o subprefeito. Vai ser indicado pela população e o prefeito escolhe. É uma ideia criativa para fazer com que a participação popular seja absorvida pela gestão e que os serviços sejam descentralizados.

Terra - E se esse sub-prefeito escolhido for da oposição?
Manuela - Por isso que é uma lista tríplice, é uma forma de combinar. Como prefeita, eu vou ser responsável por tudo que acontece em porto alegre. Não vou ser como esse pessoal agora que só é responsável por coisa boa. A lista tríplice é porque acredito na participação popular, vem dos conselheiros do OP, que têm maturidade e certamente não cometerão infantilidades a ponto de indicar alguém da oposição. Eu escolherei porque serei responsável pelo trabalho deles.

Terra - Ser prefeita de Porto Alegre é o auge da sua carreira política?
Manuela - É o meu maior sonho. Eu disputei muitas eleições, sempre entendo o mandato como uma missão. Nunca pensei que eu seria política, minha ida universitária foi feita para ser professora, era o que eu queria ser, professora universitária. Eu fui eleita muito pelas circunstâncias, pela minha militância estudantil, depois pelo mandato de vereadora, então a eleição para a prefeitura para mim é diferente. Depois que eu disputei a eleição e 2008 eu me apaixonei pela ideia de ser prefeita de Porto Alegre. Não sei nada do futuro, talvez seja a última eleição que eu dispute, não me vejo política a vida inteira, não acho que política tenha que ser algo para a vida inteira. Agora ser prefeita é o que eu mais quero ser sim. 

Fonte: Terra


Veja a íntegra da entrevista em vídeo aqui.

http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=190402&id_secao=1