Em artigo, a deputada federal comunista , Jandira Feghali fala da taxação sobre grandes fortunas


                               Deputada Jandira Feghalli PCdoB- RJ


No último dia 19, a Deputada Federal Jandira Feghali (PCdoB/RJ) escreveu um artigo no jornal O Globo, avaliando e esclarecendo a proposta de taxação sobre grandes fortunas para o financiamento do setor da saúde no Brasil.


Por que taxar as grandes fortunas (Por Jandira Feghali)

Somos mais de 190 milhões. O nosso país melhorou bastante socialmente, mas ainda convivemos com grandes disparidades de renda, patrimônio, escolaridade, acesso a bens e serviços públicos. Também desproporcional é a relação entre a capacidade econômica das pessoas e a tributação a que estão submetidas. Nosso sistema tributário não está voltado para diminuir as desigualdades. Segundo o Ipea, as famílias mais pobres, com renda de até dois salários mínimos, gastam 49% da renda com tributos; para as com renda superior a 30 mínimos, com maior capacidade econômica e patrimônio muito superior, a conta é quase a metade, 26%.

Nesse sistema injusto, 16,3 milhões estão obrigados a apresentar e pagar Imposto de Renda. Analisando dados da Secretaria da Receita, percebe-se o tamanho da concentração patrimonial. Na base da pirâmide, mais de 97% dos declarantes possuem apenas 49% do patrimônio declarado. No topo, 0,1%, cerca de 18 mil pessoas, concentram 26% do patrimônio do conjunto das pessoas físicas. Na tentativa de contribuir para um sistema tributário mais justo, tramita na Câmara o projeto de lei complementar 48/11, do deputado Dr. Aluízio (PV/RJ), que cria a Contribuição Social sobre Grandes Fortunas, do qual sou relatora, na Comissão de Seguridade Social e Família. O projeto tem vantagens sobre o Imposto sobre Grandes Fortunas previsto na Constituição há mais de 20 anos e não instituído até hoje: como contribuição social, as receitas arrecadadas podem ser direcionadas para a Saúde, faculdade impedida no caso dos impostos, que são desvinculados; e podem ser alcançadas fortunas sob as mais diversas formas patrimoniais, o que também enfrentaria óbices com o imposto. Nos termos do meu voto, a arrecadação da contribuição significará aporte adicional de R$14 bilhões para a Saúde. 
Somente serão tributadas pessoas com patrimônio líquido superior a R$4 milhões, depois de deduzidos, integral ou parcialmente, imóveis residenciais e outros bens relacionados ao trabalho (salas, consultórios e respectivos equipamentos). Pelos dados da Receita, há apenas 56 mil pessoas habilitadas nas faixas patrimoniais acima desse piso. O projeto determina tributação progressiva. Uma pessoa com patrimônio de R$5 milhões pagaria 0,4% sobre o que exceder a R$4 milhões. Desse modo contribuiria com R$4 mil. Com patrimônio de R$20 milhões, a alíquota seria de 0,8% e, depois de abatimentos e descontos, pagaria R$87 mil. Aqueles com patrimônio de R$100 milhões seriam tributados em R$1,04 milhão. Para melhor atender à justiça fiscal, 70% da arrecadação viriam de 900 indivíduos cujas fortunas ultrapassam R$115 milhões. Será, de fato, uma contribuição sobre grandes fortunas.

Vale ressaltar que, nas maiores faixas patrimoniais, acima de R$120 milhões e de R$150 milhões, as alíquotas seriam de 1,8% e 2,1%. Embora produzam efeito, são alíquotas diminutas frente à evolução patrimonial dessas pessoas. A Receita informa que, ao longo de 2009 – um ano de crise -, o patrimônio das pessoas que superam a casa dos R$100 milhões elevou-se de R$418 bilhões para R$542 bilhões, crescendo 30% num único ano. Nesse contexto, uma tributação adicional de 2% representa muito pouco para esse pequeniníssimo segmento social, mas representará um significativo aporte de recursos para a saúde pública que atende os 190 milhões de brasileiros.

http://www.vermelho.org.br/rj/noticia.php?id_noticia=171605&id_secao=101

Comentários

  1. A taxação de grandes fortunas constitui de fato uma central luta e conquista possível para 2012. Seja sob o ponto de vista arrecadatório, possibilitando recursos que possam ser efetivamente destinados as políticas públicas de saúde, educação ou redistributivas; seja enquanto mecanismo importante de monitoramento das fortunas ilícitas, a regulamentação deste dispositivo constitucional é uma luta de todos os democratas e socialistas, parabéns a deputada Jandira!!!

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  2. Sou o que quero ser, porque possuo apenas uma vida, sendo assim so tenho uma chanse de fazer o que quero, tenho felicidade o bastante para faze-la doce, dificuldades para faze-la forte tristeza para faze-la humana e esperança o suficiente para fazela feliz ao meu lado se vc me permitir .

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