Os comunistas russos e as manifestações contra Putin




O Partido Comunista russo reuniu milhares de pessoas neste domingo (18)em Moscou para protestar contra os resultados das eleições legislativas, que deram ao partido do primeiro-ministro Vladimir Putin, maioria no parlamento. 


Na última segunda-feira (26), realizou-se a reunião do Secretariado do Comitê Central do Partido Comunista da Federação Russa (PCFR), presidida por Guenadin Zyuganov. Na sua intervenção, o líder dos comunistas russos fez uma avaliação sobre as manifestações ocorridas contra as fraudes eleitorais em Moscou.


A Duma do Estado não estará em condições de reoslver muitas coisas se o PCFR perder influência sobre os processos, que simbolicamente foram representados nas manifestações realizadas – destacou Zyuganov. A característica do processo que se está desenvolvendo no país, as tentativas dos “laranjas” de assumir o controle dos protestos, recordam muito o que aconteceu em 1991. É um dado real que naquela época junto a Yeltsin compareceram também os “yeltsianos”, nas pessoas de Kasyanov, Nemtsov e outros”.

“Neste fim de semana, em 24 e 25 de dezembro, como antes, em 18 de dezembro, nós tínhamos realizado nossas ações de protesto em todo o país. Em apenas duas cidades – Moscou e São Petesburgo – os “laranjas” e seus assemelhados estiveram em condições de impor a agenda e os que falariam no palanque. Em todas as capitais regionais as ações de protesto, cerca de 20, foram dirigidas pelos comunistas”, disse Zyuganov.

“Os dirigentes dos ‘laranjas’ de Moscou prepararam com muito cuidado as suas ações. Uma potente acústica permitiu a Sobchak ou a Kudrin encobrir a indignação de quem estava concentrado na praça, apesar dos assobios e gritos de milhares de manifestantes. Esses ‘laranjas’ e outras figuras proeminentes na concentração anti-Putin, vão deixando claro quem está por trás deles, quem lhes paga e que coisa realmente propõem: substituir uns fraudadores e ladrões por outros”, sublinhou o líder do PCFR.

“É algo para o que gostaria de chamar a atenção”, prosseguiu Zyuganov. Mudou o tom das reações a estes acontecimentos e iniciativas por parte do Krêmlin, do governo e dos meios de comunicação. Nos canais de TV federais chegaram mesmo a mostrar os cartazes mais ofensivos a Putin. Sem, contudo, dar cobertura ao evento da oposição. O tom da cobertura midiática de todos os meios de comunicação do regime foi quase idêntico. Como haviam agido de modo coordenado para obter o resultado desejado pela “Rússia Unida”, em coro e com uma abordagem relativamente favorável, foram comentadas em todos os canais de TV as ações anti-Putin. Mas anteriormente tinha sido dada cobertura à iniciativa da oposição. O que isto significa, teremos como verificar em breve”.

O presidente do PCFR pôs ainda em evidência algumas novidades no desenvolvimento do procersso político. “Muitas figuras de relevo que ontem apareciam ao lado de Putin e apoiavam a sua “Rússia Unida”, repentinamente mudaram sua posição do ponto de vista ideológico e começaram a exprimir opiniões muito lisongeiras sobre os protestos em curso – prosseguiu Zyuganov. Por exemplo, o ideólogo do Krêmlin, o senhor Surkov, no jornal Izvestia começou a comentar o protesto com tons entusiásticos. Isto não ocorre por acaso. Também outra figura do Krêmlin, o senhor Fiodotov, passou quase toda a noite em um encontro com o presidente do Conselho dos direitos humanos, no curso do qual se adotou unanimemente a exigência – sobre a qual tinham insistido os comunistas e os participantes das manifestações – de demissão do chefe da Comissão eleitoral federal, Churov. Fiodotov exigiu ainda a Churov que apresentasse ele próprio o mais brevemente possível o pedido de demissão, uma vez que, a seu parecer, não tem autoridade moral para ocupar tal cargo e gerir a eleição presidencial. Malgrado isso, é evidente que ainda não têm a intenção de atender a nossa exigência de demissão de todo o staff da Comissão eleitoral”.

“Estas oscilações e manifestações de mudanças de campo significam que entre a classe dirigente está em curso uma evidente divisão. Podemos afirmar que a chamada elite está dividindo-se cada vez mais entre a burguesia nacional e a ocidentalista-liberal. E que tal divisão certamente continuará ampliando-se”, observa Zyuganov.

“A falta de unidade nesse campo poderia ter consequências no resultado eleitoral. Pode-se considerar que para o time de Putin obter o resultado previsto nas eleições presidenciais será mais complicado do que para as eleições à Duma. Nesse contexto, a nossa tarefa é mobilizar ao máximo as nossas forças e buscar traduzir na prática todas as propostas programáticas no sentido do desenvolvimento do movimento de protesto, da criação de grupos de ação social direta, das iniciativas nos dindicatos e nos coletivos de trabalho, que foram formuladas no nosso congresso e no pleno do Comitê Central”, resumiu o líder do PCFR.

Fonte: Associação Marx XXI da Itália

http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=172079&id_secao=9

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