sábado, 16 de março de 2013

Para cardeal sul-africano, pedofilia não é uma questão criminosa

O cardeal sul-africano, Wilfrid Napier, afirmou que os pedófilos devem ser tratados como "doentes" e não como criminosos, em um entrevista à BBC exibida neste sábado (16). "De acordo com a minha experiência, a pedofilia é realmente uma doença, não é uma questão criminosa, é uma doença", declarou o arcebispo de Durban, um dos participantes do conclave que elegeu na quarta-feira o Papa Francisco.



"É uma enfermidade psicológica. O que fazemos diante de uma doença? Temos que tentar curá-la. Se eu, como indivíduo normal, decido conscientemente violar a lei, devo ser castigado", acrescentou o arcebispo de 72 anos, conhecido por suas posições conservadoras.

No início de 2000, Napier foi muito criticado por sua passividade ante o escândalo de padres pedófilos e por se negar a expulsar os culpados da Igreja sul-africana. O cardeal indicou que conhecia dois sacerdotes, vítimas de abusos sexuais na infância, que se transformaram em pedófilos.

leia também:

O ataque à “esquerda anticlerical” e os silêncios do Vaticano

Papa Francisco é acusado de ter sido ‘cúmplice da ditadura’
Um papa homofóbico e reacionário


"Não me digam que essas pessoas são penalmente responsáveis da mesma forma que alguém que escolhe fazer isso", disse o arcebispo durante a entrevista. "Não acredito que se possa pensar que uma pessoa merece ser castigada, quando ela mesma foi ferida", acrescentou.

Barbara Dorries, estuprada em sua infância por um padre pedófilo e membro de um grupo de vítimas com sede nos Estados Unidos, respondeu aos comentários de Napier: "Que seja uma doença, mas também é um crime e os crimes devem ser castigados, os delinquentes devem responder por suas ações passadas e presentes".

"Os bispos e os cardeais encobriram estes crimes e permitiram que os pedófilos continuassem atuando, que não fossem presos, mantiveram esses atos como um segredo na Igreja", denunciou Dorries.


Fonte: Portal Terra



http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=208599&id_secao=10

O ataque à “esquerda anticlerical” e os silêncios do Vaticano

Jorge Bergoglio....que teria colaborado com a ditadura militar argentina que matou mais de 30 mil



A Santa Sé partiu para a ofensiva e, pela primeira vez desde que Jorge Bergoglio foi designado papa pelos cardeais, entrou na polêmica sobre a atitude do argentino durante os anos da ditadura. O afável porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, rebateu as suspeitas que pesam sobre a igreja e o Papa Francisco a propósito de sua atuação branda durante a última ditadura argentina.
Por Eduardo Febbro, da Cidade do Vaticano


 Lombardi disse em uma coletiva de imprensa que essas acusações contra Bergoglio “provém de uma esquerda anticlerical” cuja meta consiste em “atacar a Igreja”. Defendendo o Papa, Lombardi estendeu seu argumento ao resto da Igreja como se já não estivesse mais do que provada a implicação da hierarquia católica argentina e vaticana no ocultamento das violações dos direitos humanos e no conluio com os crimes da junta militar.

O porta-voz da Santa Sé disse em Roma que essas acusações derivadas das investigações do jornalista Horacio Verbitsky eram levadas a cabo “por uma publicação que lança, às vezes, notícias caluniosas e difamatórias. O caráter anticlerical desta campanha e de outras acusações contra Bergoglio é notório e evidente”. Ele estava se referindo ao jornal argentino Página12.

O porta-voz do Vaticano disse ainda que as suspeitas que recaem sobre o hoje Papa Francisco datam da época em que ele era superior da Companhia de Jesus na Argentina, em 1976. Neste período foram sequestrados dois missionários jesuítas, Orlando Yorio e Francisco Jalics. Ambos trabalhavam na comunidade portenha de Bajo Flores e foram torturados e liberados cinco meses mais tarde. Horavio Verbitsky realizou várias investigações a partir das quais estabeleceu uma conexão entre Bergoglio e o desaparecimento dos jesuítas: Yorio, já falecido, e Jalics, que mora na Alemanha desde 1978. Vários testemunhos recolhidos por Verbitsky deram conta de que Yorio nunca perdoou o papel que Bergoglio teria desempenhado no episódio, inclusive com a suspeita de que ele os teria delatado.

Federico Lombardi disse que “jamais houve uma acusação verossímil contra o Papa. A justiça argentina o interrogou, mas como pessoa informada de fatos e jamais foi acusado de algo. Ele negou de forma documentada as acusações”. O porta-voz se referiu ao texto publicado ontem por um dos envolvidos, Francisco Jalics, que rompeu o silêncio por meio da página dos jesuítas alemães na internet. Em uma declaração pessoal publicada nesta página, Jalics escreve: “Não posso me pronunciar sobre o papel do padre Bergoglio naqueles eventos”. Jalics conta que, tal como mencionou o porta-voz do vaticano em sua declaração, teve “a ocasião de falar sobre esse tema com o padre Bergoglio. (...) Estou reconciliado com os acontecimentos e considero que chegou a hora de dar esse caso por encerrado”, escreve o jesuíta.


leia também:
Para cardeal sul-africano, pedofilia não é uma questão criminosa
A edição digital do semanário Der Spiegel publicou, por sua vez, uma declaração do porta-voz jesuíta, Thomas Busch, que conta que, convidado pelo arcebispado de Buenos Aires, Jalics viajou a Argentina há vários anos (2000) e que, depois de falar com ele, “está em paz com Bergoglio”. Federico Lombardi argumentou que o Papa “fez muito para proteger as pessoas durante a ditadura”. Também assinalou que, uma vez nomeado arcebispo de Buenos Aires, “pediu perdão em nome da Igreja por não ter feito o suficiente durante o período da ditadura”. No entanto, o testemunho trazido por Francisco Jalics esclarece um pouco mais o jogo duplo da Igreja naqueles anos. Jalics diz que “a Junta Militar matou cerca de 30 mil pessoas em um dois anos, tanto guerrilheiros de esquerda como civis inocentes”. Os dois jesuítas sequestrados acabaram entrando nesta mistura: nem ele nem Yoro tinham contatos “nem com a junta nem com os guerrilheiros”.

No entanto, Jalics deixa claro em seu relato que “informações deliberadamente falsas” surgidas inclusive “a partir de dentro da Igreja” induziram a que se suspeitasse das supostas relações que Yoro e Jalics manteriam com os grupos armados. Essa foi a causa do sequestro. Na verdade, o testemunho de Jalics não diz grande coisa sobre a atitude de Bergoglio. Nem o desculpa, nem o acusa: só diz que se reconciliou com ele e que não pode se pronunciar sobre o papel que ele desempenhou.

O jornal Página12 não foi o único a se interessar no que Jorge Bergoglio podia ou não saber sobre fatos ocorridos a partir de 1976. A justiça francesa também colocou os olhos sobre ele. Em 2011, a magistrada francesa do Tribunal de Grande Instância de Paris, Sylvia Caillard, remeteu a Buenos Aires uma carta rogatória internacional para que o então cardeal Bergoglio prestasse depoimento na qualidade de “testemunha” no caso do assassinato do padre francês Gabriel Longueville. A advogada francesa Sopié Tono confirmou em Paris que as “autoridades argentinas nunca responderam positivamente à carta que pedia o depoimento de Bergoglio”.

O sacerdote francês trabalhava na Argentina para a Ordem das Missões da França. Na noite de 18 de julho de 1976, os padres Gabriel Longueville e Carlos Dios Murias foram sequestrados na localidade de Chamical, província de La Rioja, por civis armados que se identificaram como membros da Polícia Federal. No dia seguinte, seus corpos, com evidentes sinais de tortura, foram encontrados a 5 quilômetros de Chamical, atirados ao lado da estrada. As condições do sequestro e o assassinato de Murias e Longueville levaram outro religioso a investigar e pagar com sua vida essa intervenção. Trata-se do arcebispo de La Rioja, Monsenhor Angelelli, que realizou uma investigação para esclarecer o crime. Seu trabalho foi fatal para ele: no dia 4 de agosto de 1976, 17 dias depois do assassinato de Murias e Longueville, o Monsenhor Enrique Angelelli morreu em circunstâncias suspeitas. A primeira versão oficial estabeleceu que Angelelli faleceu em um acidente automobilístico. No entanto, as provas levantadas mais tarde confirmaram que se tratou de um atentado.

No dia da sua morte, o bispo de La Rioja regressava de Chamical, onde havia celebrado uma missa e pronunciado a homilia na qual denunciou o assassinato dos dois padres. No veículo que conduzia Angelelli havia uma testemunha, o padre Arturo Pinto, e um elemento central: um portfolio que continha as provas recolhidas por Angelelli sobre o assassinato de Murias e Longueville. Pinto contou que, assim que deixaram Chamical, outro automóvel começou a persegui-los. O bispo se deu conta, acelerou, mas à altura de Punta de los Llanos surgiu outro carro que o fechou até fazer tombar a caminhonete. O corpo de Angelelli foi encontrado com a nuca destroçada a golpes.

Em 2011, quando foi enviada a carta rogatória, a advogada Sophie Thonon julgou que o depoimento de Bergoglio como “testemunha” era necessário para que o então arcebispo de Buenos Aires fornecesse informações sobre a possível existência de arquivos ligados a este caso. Sophie Thonon disse que “seguramente este Papa não é uma grande figura da defesa dos direitos humanos. Ao contrário, pesa sobre ele a suspeita de não ter denunciado os crimes da ditadura, de não ter cobrado esses crimes e, por conseguinte, de ter encoberto esses atos com seu silêncio”. A instrução do caso do padre Longueville segue ativa na França, mas pode dar em nada devido às condenações já proferidas na Argentina contra os acusados pelo assassinato do religioso. Neste sentido, Sophie Thonon considerou que “a justiça argentina está fazendo um trabalho excepcional sobre os crimes cometidos na Argentina durante a ditadura”.

Federico Lombardi se referiu nesta sexta à questão do Papa Francisco sem fazer a menor menção ao já provado: a trama montada pela Igreja para sustentar a ditadura argentina. Uma menção, ainda que fosse de desculpas ou reconhecimento, ou o anúncio de alguma futura audiência com as Mães da Praça de Maio ou com os defensores dos Direitos Humanos, teria sido, sem dúvida, mais nobre e acertado: teria provado que a mudança nas esferas vaticanas começava ao menos por esse caminho. Mas a Igreja é tão hermética na hora de admitir seus pecados quanto o é para administrar os seus fundos através do Banco do Vaticano.

Fonte: Carta Maior


http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=208582&id_secao=7


O esquerdista fanático e o direitista visceral: dois perfeitos idiotas




Do site Pragmatismo Político


Direitista visceral e esquerdista fanático – os dois são perfeitos idiotas. O direitista padece da doença senil do capitalismo e o esquerdista, como afirmou Lênin, da doença infantil do comunismo

Nada mais parecido a um esquerdista fanático, desses que descobrem a nefasta presença do pensamento neoliberal até em mulheres que o repudiam, do que um direitista visceral, que identifica presença comunista inclusive em Chapeuzinho Vermelho.
Os dois padecem da síndrome de pânico conspiratório. O direitista, aquinhoado por uma conjuntura que lhe é favorável, envaidece-se com a claque endinheirada que o adula como um dono a seu cão farejador. O esquerdista, cercado de adversários por todos os lados, julga que a história resulta de sua vontade.
frei betto direita esquerda
Frei Betto: “Embora mineiro, não fico em cima do muro. Sou de esquerda, mas não esquerdista”.
O direitista jamais defende os pobres e, se eventualmente o faz, é para que não percebam quão insensível ele é. Mas nem pensar em vê-lo amigo de desempregados, agricultores sem terra ou crianças de rua. Ele olha os deserdados pelo binóculo de seu preconceito, enquanto o esquerdista prefere evitar o contato com o pobre e mergulhar na retórica contida nos livros de análises sociais.
O esquerdista enche a boca de categorias teóricas e prefere o aconchego de sua biblioteca a misturar-se com esse pobretariado que nunca chegará a ser vanguarda da história.

O direitista adora desfilar suas ideias nos salões, brindado a vinho da melhor safra e cercado por gente fina que enxerga a sua auréola de gênio. O esquerdista coopta adeptos, pois não suporta viver sem que um punhado de incautos o encarem como líder.
O direitista escreve, de preferência, para atacar aqueles que não reconhecem que ele e a verdade são duas entidades numa só natureza.
O esquerdista não se preocupa apenas em combater o sistema, também se desgasta em tentar minar políticos e empresários que, a seu ver, são a encarnação do mal.



O direitista posa de intelectual, empina o nariz ao ornar seus discursos com citações, como a buscar na autoridade alheia a muleta às suas secretas inseguranças. O esquerdista crê na palavra imutável dos mentores do marxismo e não admite outra hermenêutica que não a dele.
O direitista considera que, apesar da miséria circundante, o sistema tem melhorado. O esquerdista vê no progresso avanço imperialista e não admite que seu vizinho possa sorrir enquanto uma criança chora de fome na África.
O direitista é de uma subserviência abjeta diante dos áulicos do sistema, políticos poderosos e empresários de vulto, como se em sua cabeça residisse a teoria que sustenta todo o edifício de empreendimentos práticos que asseguram a supremacia do capital sobre a felicidade geral.
O esquerdista não suporta autoridade, exceto a própria, e quando abre a boca plagia a si mesmo, já que suas minguadas ideias o obrigam a ser repetitivo. O direitista é emotivo, prepotente, envaidecido. O esquerdista é frio, calculista e soberbo.
O direitista irrita-se aos berros se encontra no armário a gola da camisa mal passada. Dedicado às grandes causas, as pequenas coisas são o seu tendão de Aquiles.
O direitista detesta falar em direitos humanos, e é condescendente com a tortura. O esquerdista admite que, uma vez no poder, os torturados de hoje serão os torturadores de amanhã.
O direitista esbraveja por ver tantos esquerdistas sobreviverem a tudo que se fez para exterminá-los: ditaduras militares, fascismo, nazismo, queda do Muro de Berlim, dificuldade de acesso à mídia etc. O esquerdista considera o direitista um candidato ao fuzilamento.
Direitista e esquerdista – os dois são perfeitos idiotas. O direitista padece da doença senil do capitalismo e o esquerdista, como afirmou Lênin, da doença infantil do comunismo.
Embora mineiro, não fico em cima do muro. Sou de esquerda, mas não esquerdista. Quero todos com acesso a pão, paz e prazer, sem que os direitistas queiram reservar tais direitos a uma minoria, e sem que os esquerdistas queiram impedir os direitistas de acesso a todos os direitos – inclusive o de expressar suas delirantes fobias.
Frei Betto é escritor, autor do romance “Minas do Ouro” (Rocco), entre outros livros. http://www.freibetto.org

Nunca houve tanto ódio na mídia conservadora do Brasil





Os textos de Demétrio Magnoli, Ricardo Noblat, Merval Pereira, Reinaldo Azevedo, Augusto Nunes, Eliane Catanhede, entre outros, são fontes preciosas para as futuras gerações de jornalistas e estudiosos da comunicação entenderem o que Perseu Abramo chamou apropriadamente de “padrões de manipulação” na mídia brasileira

Jaime Amparo Alves*
Os brasileiros no exterior que acompanham o noticiário brasileiro pela internet têm a impressão de que o país nunca esteve tão mal. Explodem os casos de corrupção, a crise ronda a economia, a inflação está de volta, e o país vive imerso no caos moral. Isso é o que querem nos fazer crer as redações jornalísticas do eixo Rio – São Paulo. Com seus gatekeepers escolhidos a dedo, Folha de S. Paulo, Estadão, Veja e O Globo investem pesadamente no caos com duas intenções: inviabilizar o governo da presidenta Dilma Rousseff e destruir a imagem pública do ex-presidente Lula da Silva. Até aí nada novo.

Foto: Demétrio Magnoli, representante do Instituto Millenium (reprodução)
Tanto Lula quanto Dilma sabem que a mídia não lhes dará trégua, embora não tenham – nem terão – a coragem de uma Cristina Kirchner de levar a cabo uma nova legislação que democratize os meios de comunicação e redistribua as verbas para o setor. Pelo contrário, a Polícia Federal segue perseguindo as rádios comunitárias e os conglomerados de mídia Globo/Veja celebram os recordes de cotas de publicidade governamentais. O PT sofre da síndrome de Estocolmo (aquela na qual o sequestrado se apaixona pelo sequestrador) e o exemplo mais emblemático disso é a posição de Marta Suplicy como colunista de um jornal cuja marca tem sido o linchamento e a inviabilização política das duas administrações petistas em São Paulo.

leia também: 

Resposta a Demétrio Magnoli: preconceito, rancor e ódio de classe

O que chama a atenção na nova onda conservadora é o time de intelectuais e artistas com uma retórica que amedronta. Que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso use a gramática sociológica para confundir os menos atentos já era de se esperar, como é o caso das análises de Demétrio Magnoli, especialista sênior da imprensa em todas as áreas do conhecimento. Nunca alguém assumiu com tanta maestria e com tanta desenvoltura papel tão medíocre quanto Magnoli: especialista em políticas públicas, cotas raciais, sindicalismo, movimentos sociais, comunicação, direitos humanos, política internacional… Demétrio Magnoli é o porta-voz maior do que a direita brasileira tem de pior, ainda que seus artigos não resistam a uma análise crítica.

Agora, a nova cruzada moral recebe, além dos já conhecidos defensores dos “valores civilizatórios”, nomes como Ferreira Gullar e João Ubaldo Ribeiro. A raiva com que escrevem poderia ser canalizada para causas bem mais nobres se ambos não se deixassem cativar pelo canto da sereia. Eles assumiram a construção midiática do escândalo, e do que chamam de degenerescência moral, com o fato. E, porque estão convencidos de que o país está em perigo, de que o ex-presidente Lula é a encarnação do mal, e de que o PT deve ser extinguido para que o país sobreviva, reproduzem a retórica dos conglomerados de mídia com uma ingenuidade inconcebível para quem tanto nos inspirou com sua imaginação literária.
Ferreira Gullar e João Ubaldo Ribeiro fazem parte agora daquela intelligentsia nacional que dá legitimidade científica a uma insidiosa prática jornalística que tem na Veja sua maior expressão. Para além das divergências ideológicas com o projeto político do PT – as quais eu também tenho -, o discurso político que emana dos colunistas dos jornalões paulistanos/cariocas impressiona pela brutalidade. Os mais sofisticados sugerem que a exemplo de Getúlio Vargas, o ex-presidente Lula cometa suicídio; os menos cínicos celebraram o “câncer” como a única forma de imobilizá-lo. Os leitores de tais jornais, claro, celebram seus argumentos com comentários irreproduzíveis aqui.
Quais os limites da retórica de ódio contra o ex-presidente metalúrgico? Seria o ódio contra o seu papel político, a sua condição nordestina, o lugar que ocupa no imaginário das elites? Como figuras públicas tão preparadas para a leitura social do mundo se juntam ao coro de um discurso tão cruel e tão covarde já fartamente reproduzido pelos colunistas de sempre? Se a morte biológica do inimigo político já é celebrada abertamente – e a morte simbólica ritualizada cotidianamente nos discursos desumanizadores – estaríamos inaugurando uma nova etapa no jornalismo lombrosiano?
Para além da nossa condenação aos crimes cometidos por dirigentes dos partidos políticos na era Lula, os textos de Demétrio Magnoli , Marco Antonio Villa, Ricardo Noblat , Merval Pereira, Dora Kramer, Reinaldo Azevedo, Augusto Nunes, Eliane Catanhede, além dos que agora se somam a eles, são fontes preciosas para as futuras gerações de jornalistas e estudiosos da comunicação entenderem o que Perseu Abramo chamou apropriadamente de “padrões de manipulação” na mídia brasileira. Seus textos serão utilizados nas disciplinas de ontologia jornalística não apenas com o exemplos concretos da falência ética do jornalismo tal qual entendíamos até aqui, mas também como sintoma dos novos desafios para uma profissão cada vez mais dominada por uma economia da moralidade que confere legitimidade a práticas corporativas inquisitoriais vendidas como de interesse público.
O chamado “mensalão” tem recebido a projeção de uma bomba de Hiroshima não porque os barões da mídia e os seus gatekeepers estejam ultrajados em sua sensibilidade humana. Bobagem! Tamanha diligência não se viu em relação à série de assaltos à nação empreendidos no governo do presidente sociólogo! A verdade é que o “mensalão” surge como a oportunidade histórica para que se faça o que a oposição – que nas palavras de um dos colunistas da Veja “se recusa a fazer o seu papel” – não conseguiu até aqui: destruir a biografia do presidente metalúrgico, inviabilizar o governo da presidenta Dilma Rousseff e reconduzir o projeto da elite ‘sudestina’ ao Palácio do Planalto.
Minha esperança ingênua e utópica é que o Partido dos Trabalhadores aprenda a lição e leve adiante as propostas de refundação do país abandonadas com o acordo tácito para uma trégua da mídia. Não haverá trégua, ainda que a nova ministra da Cultura se sinta tentada a corroborar com o lobby da Folha de S. Paulo pela lei dos direitos autorais, ou que o governo Dilma continue derramando milhões de reais nos cofres das organizações Globo e Abril via publicidade oficial. Não é o PT, o Congresso Nacional ou o governo federal que estão nas mãos da mídia.
Somos todos reféns da meia dúzia de jornais que definem o que é notícia, as práticas de corrupção que merecem ser condenadas, e, incrivelmente, quais e como devem ser julgadas pela mais alta corte de Justiça do país. Na última sessão do julgamento da ação penal 470, por exemplo, um furioso ministro-relator exigia a distribuição antecipada do voto do ministro-revisor para agilizar o trabalho da imprensa (!). O STF se transformou na nova arena midiática onde o enredo jornalístico do espetáculo da punição exemplar vai sendo sancionado.
Depois de cinco anos morando fora do país, estou menos convencido por que diabos tenho um diploma de jornalismo em minhas mãos. Por outro lado, estou mais convencido de que estou melhor informado sobre o Brasil assistindo à imprensa internacional. Foi pelas agências de notícias internacionais que informei aos meus amigos no Brasil de que a política externa do ex-presidente metalúrgico se transformou em tema padrão na cobertura jornalística por aqui. Informei-lhes que o protagonismo político do Brasil na mediação de um acordo nuclear entre Irã e Turquia recebeu atenção muito mais generosa da mídia estadunidense, ainda que boicotado na mídia nacional. Informei-lhes que acompanhei daqui o presidente analfabeto receber o título de doutor honoris causa em instituições européias, e avisei-lhes que por causa da política soberana do governo do presidente metalúrgico, ser brasileiro no exterior passou a ter uma outra conotação. O Brasil finalmente recebeu um status de respeitabilidade e o presidente nordestino projetou para o mundo nossa estratégia de uma America Latina soberana.



Meus amigos no Brasil são privados do direito à informação e continuarão a ser porque nem o governo federal nem o Congresso Nacional estão dispostos a pagar o preço por uma “reforma” em área tão estratégica e tão fundamental para o exercício da cidadania. Com 70% de aprovação popular, e com os movimentos sociais nas ruas, Lula da Silva não teve coragem de enfrentar o monstro e agora paga caro por sua covardia.Terá a Dilma coragem com aprovação semelhante, ou nossa meia dúzia de Murdochs seguirão intocáveis sob o manto da liberdade de e(i)mprensa?
* Jaime Amparo Alves é jornalista, doutor em Antropologia Social, Universidade do Texas em Austin – amparoalves@gmail.com

Resposta a Demétrio Magnoli: preconceito, rancor e ódio de classe





Fátima Mello, da Rede pela Integração dos Povos, sustenta: país e América do Sul tornaram-se protagonistas globais, em uma década; só elites não veem, cegas de preconceito e rancor

Por Fátima Mello, em OutrasPalavras
Demétrio Magnoli,
Li com atenção e espanto seu artigo publicado no Globo de 31/1/2013 “Lula e a falência da ` Doutrina Garcia’”. Sou membro de uma organização da sociedade civil brasileira – FASE – e de uma rede – Rede Brasileira Pela Integração dos Povos/REBRIP – cuja atuação nacional, regional e global se orienta pela defesa dos direitos humanos, da sustentabilidade, da redução das desigualdades dentro e entre países. É com este olhar que atuamos sobre a política externa brasileira. E é por isso que tanto me surpreende sua avaliação.
demétrio magnoli
Demétrio Magnoli (Foto: Estadão)
Em primeiro lugar sua referência a um suposto “fracasso estrondoso da política externa – e da crise regional que se avizinha” não coincide com os fatos. Antes da era Lula o Brasil entrava pela porta dos fundos do sistema internacional; hoje entra como protagonista nos principais fóruns de negociação global. Antes de 2003, a região encontrava-se imersa em uma profunda crise, resultante do receituário do Consenso de Washington — que acirrava o que era e continua sendo a pior enfermidade entre nós, as desigualdades. As urnas de diversos países da região deram um basta e inauguraram um novo ciclo político, que com contradições e fortes condicionamentos externos, tenta se aproximar das demandas populares por inclusão social. A região estava prestes a se tornar oficialmente um protetorado dos EUA, se as negociações da ALCA não tivessem sido esvaziadas pela política externa brasileira em concertação com países vizinhos.

Leia também:

O esquerdista fanático e o direitista visceral: dois perfeitos idiotas

O que o Sr. chama de uma suposta Doutrina Garcia prefiro definir como diretrizes de política externa definidas e compartilhadas por todo o governo. Em 2003 o Itamaraty formulou duas propostas cruciais para o enfrentamento das assimetrias de poder entre países: propôs a criação do G20, na reunião ministerial da OMC em Cancun, e apresentou a proposta de negociação em três trilhos da ALCA, o que efetivamente esvaziou a desmedida ambição dos EUA.
Ambas propostas tiveram o mérito de sintonizar a comunidade internacional com a necessidade de inclusão de novos atores no processo decisório, sinalizando que o mundo de fato estava entrando numa era multipolar. O que o Sr. chama de “fracasso estrondoso da política externa” colocou o Brasil como membro dos BRICS, do G20 financeiro, do IBAS, dos BASIC nas negociações de mudanças climáticas; na região, a inclusão da Venezuela no Mercosul resulta em um peso econômico infinitamente maior ao bloco. Além disso, apesar do ódio que a elite tem contra Chavez, o fato é que hoje a Venezuela é o país menos desigual na região.



A necessidade de uma doutrina a que se refere o ex-presidente Lula me parece referida à urgência de construirmos uma identidade e projeto regionais que auxiliem a transição de uma posição até então submissa e periférica para outra, constituída pela articulação de interesses econômicos e políticos comuns e por aproximações culturais e simbólicas que nos unem como povos que têm uma história compartilhada.
A suposta “crise regional que se avizinha” ou ainda a “desintegração da América Latina” supostamente evidenciada na Aliança do Pacífico também não sobrevive aos fatos. Como assinalou José Luís Fiori, “este ‘cisma do Pacífico’ tem mais importância ideológica do que econômica dentro da América do Sul, e seria quase insignificante politicamente se não fosse pelo fato de se tratar de uma pequena fatia do projeto Obama de criação da “Trans-Pacific Economic Partnership” (TPP), peça central da sua política de reafirmação do poder econômico e militar norte-americano, na região do Pacífico.”
Apesar de apoiar as diretrizes gerais da política externa brasileira dos últimos dez anos, como integrante de movimentos sociais que lutam por justiça e sustentabilidade, temos muitas críticas e propostas, pois não há dúvida que muitos são os problemas e contradições envolvendo, por exemplo, as iniciativas de cooperação e investimentos internacionais do Brasil, bem como a insustentabilidade ambiental na qual se ancora a ação externa do país. O problema é que o viés claramente marcado pelo ódio de classe e ideologicamente preconceituoso de críticas como a sua nos impedem de realizar um debate de qualidade.
Atenciosamente,
Fátima Mello
http://www.pragmatismopolitico.com.br/2013/02/resposta-a-demetrio-magnoli-preconceito-rancor-e-odio-de-classe.html

sexta-feira, 15 de março de 2013

40 anos depois, Alexandre Vive!



Por Renato Rovai, em seu blog:

Começa hoje, 14(quinta), uma série de atividades, encabeçadas pela Comissão Estadual da Verdade e diversas entidades e organizações da sociedade civil, para homenagear Alexandre Vannucchi Leme, estudante de Geologia assassinado pela ditadura militar em 1973.

Entre as atividades está o reconhecimento pela Comissão da Anistia da condição de anistiado politico de Alexandre e a entrega para a família do jornalista Vladimir Herzog, também assassinado pela ditadura, de sua certidão de óbito corrigida. Os atos em homenagem ao estudante assassinado nos porões da ditadura foram batizados de “40 anos depois, Alexandre Vive!”.
Confira abaixo trechos de uma entrevista feita por Felipe Rousselet com Paulo Vannucchi, primo de Alexandre e ex-titular da secretaria nacional de Direitos Humanos, além da programação do “40 anos depois, Alexandre Vive!”.

A história do assassinato de Alexandre Vannucchi Leme
Paulo Vannucchi - Alexandre Vannucchi Leme, um jovem nascido em Sorocaba que com 22 anos estudava o quarto ano de Geologia da USP, participava normalmente das aulas, tinha liderança, era querido pelos colegas, e desapareceu.

Poucos dias depois do seu desaparecimento, foi noticiado pela imprensa no pior momento da ditadura, que foi 1973, uma versão oficial e mentirosa, como mais tarde se repetiria no caso Vladimir Herzog, Manuel Fiel Filho e tantos outros, de que Alexandre teria sido preso como terrorista – não era -, e que, tentando fugir, foi atropelado por um veículo na região do Brás.

Dezenas de presos políticos que estavam no DOI-CODI, na rua Tutóia, em São Paulo, testemunharam em juízo, reiteradas vezes, o que ocorreu de fato em detalhes. Alexandre estava recolhido a chamada cela 0. O carcereiro veio abrir a cela dizendo para ele subir para o interrogatório, seguiu-se um silêncio e depois o carcereiro saiu gritando que o “homem morreu”. Em seguida, vários agentes do DOI-CODI vieram para simular uma blitz em busca de gilete, com o argumento de que o preso da cela 0 teria cometido suicídio com uma gilete. Portanto, antes de inventarem a versão do atropelamento.

A reação da resistência
Paulo Vannucchi - A diferença de Alexandre para dezenas de casos anteriores, de líderes estudantis igualmente assassinados, é que mesmo com todo o terror do regime político daquela época, os estudantes de Geologia, quando souberam da notícia decidiram paralisar as aulas, fazer uma greve. Isso na época era perigosíssimo, podia custar a prisão, tortura e espancamentos. Organizaram comissões e foram buscar esclarecimentos, providências das autoridades.

Nessa busca procuraram o cardeal arcebispo de São Paulo, Dom Paulo Evaristo Arns, grande nome da área dos direitos humanos que, de uma maneira muito corajosa, decidiu celebrar uma missa na catedral da Sé, no dia 30 de março de 1973, treze dias depois da morte do Alexandre.

Para se ter uma ideia, essa missa envolveu a formação de bloqueios na ponte da Cidade Universitária pelos agentes do DOI-CODI, para evitar que os estudantes viessem até a Sé. Dezenas de outras barreiras policiais também foram feitas. As três mil pessoas que estiveram presentes na missa em regra sabiam que estavam ali colocando o seu pescoço em risco, poderiam sair dali para o DOI-CODI.

Essa missa, celebrada por Dom Paulo Evaristo Arms e por Dom Angélico Sandalo Bernardino, teve a presença do cantor Sérgio Ricardo, que era conhecido por ser o autor da trilha sonora de filmes de Glauber Rocha. Ele cantou a música “Calabouço”, feita em memória de outro estudante, Edson Luis Lima Souto, morto pela PM do Rio de Janeiro em uma passeata no dia 28 de março de 1968, cinco anos antes. Calabouço era o nome do restaurante universitário onde os estudantes comiam e, quando foi anunciado o fechamento deste restaurante, os estudantes protestaram e um grupo de PM’s entrou disparando na manifestação. A morte de Edson Luis tinha sido o estopim para todas as passeatas estudantis no ano de 1968, incluindo a famosa passeata dos 100 mil no Rio de Janeiro.

A missa do Alexandre antecipou em dois anos e meio a missa que o mesmo Dom Paulo Evaristo Arns celebrou em outubro de 1975, protestando contra a falsa versão de suicídio do jornalista Vladimir Herzog.

As homenagens pelos 40 anos da morte de Alexandre Vannucchi Leme
Paulo Vannucchi - Tem um encontro amanhã, às 12h, na própria faculdade de Geologia da USP, onde a Comissão da Anistia na presença do seu presidente, Paulo Abrão; do presidente da Comissão Nacional da Verdade, Paulo Pinheiro, e de outros membros desta comissão, da UNE, do DCE da USP, que foi batizado com o nome de Alexandre Vannucchi Leme. Ali, haverá uma sessão solene em que a Comissão de Anistia vai declarar Alexandre Vannucchi Leme anistiado político, pedindo desculpas em nome do Estado Brasileiro, aos seu familiares, colegas, estudantes da mesma escola e amigos por esta violência praticada pela ditadura.

O regime político é outro, mas o Estado Brasileiro é o mesmo, portanto ele é o responsável. Haverá também o descerramento de uma placa em homenagem ao Alexandre, e a Comissão Nacional da Verdade fará a entrega, à família Herzog, da certidão de óbito corrigida, porque esta Comissão encaminhou ao poder judiciário a solicitação, e conseguiu a emissão de uma nova certidão, registrando que ele foi morto sob tortura no DOI-CODI de São Paulo.

Hoje à noite, às 19h, no Centro Cultural Vergueiro, ao lado do metrô Vergueiro, com entrada gratuita, haverá um show em homenagem a Alexandre feito pelo mesmo cantor Sérgio Ricardo que, amanhã, na missa das 18h na Sé, voltará a cantar a canção Calabouço na missa celebrada pelo mesmo Dom Angélico Sandalo Bernardino, que co-celebrou com Dom Paulo a missa de 1973, 40 anos atrás. E o coral Luther King estará presente para cantar hoje uma música com Sérgio Ricardo. Haverá algumas intervenções sonoras e de iluminação, inclusive ali nas imediações do Centro Cultural Vergueiro, e também amanha na Sé. Então, são três atividades.

Resgatando a imagem
Paulo Vannucchi – São muitas as questões importantes. A mais positiva é resgatar de uma imagem, construída na época pela ditadura, da maldição. A mesma imagem que há muito tempo foi construída pelo Estado Brasileiro em torno de Tiradentes, enforcado na Inconfidência Mineira defendendo o sonho de uma Brasil independente de Portugal.

Por 100 anos, Tiradentes foi mantido com essa menção de “maldito’, de “bandido”, de “traidor”, seria a palavra ‘terrorista” que se usa hoje. E agora, menos de 100 anos após a morte de Herzog, de Alexandre Vannucchi Leme, de Marighella, de Lamarca, menos de 50 anos depois, o Brasil dá este passo de resgatar a imagem de lutadores pela liberdade, de diferentes maneiras, com diferentes métodos. São 400, 500, ninguém sabe ao certo, toda uma juventude estudantil, que participou da guerrilha do Araguaia, que deixarão de ser tratados como bandidos, traidores e terroristas, e passarão a ser reverenciados como lutadores e heróis da conquista da democracia que temos hoje. Democracia que ainda tem muitos defeitos, limites, que precisa melhorar muito, mas, sobretudo, traz para a juventude de hoje o sentimento que existem lutas sociais, lutas nacionais, coletivas, que são mais importantes que os meros interesses individuais.

Este país, tantas vezes tratado como um lugar onde tudo é errado, que o povo não é bom, é um país que sempre teve no seu povo os segmentos de resistência, que não aceitaram a opressão. Dos tempos de zumbi ao período de Alexandre Vannucchi Leme, Vladimir Herzog, Honestino Guimarães, presidente da UNE, e muitos outros.

Para as famílias, é um conforto que o Alexandre, o Herzog, estão sendo lembrados como vitoriosos. Saber que o Brasil se orgulha de ter essas pessoas como integrantes do seu povo lutador.

Punição aos torturadores
Paulo Vannucchi - Precisamente em 2010, o STF, que já errou outras vezes, como na expulsão de Olga Benário Prestes e em outros casos mais recentes, errou novamente.

Esse erro de 2010 foi um erro grave. Com exceção de 2 votos, prevaleceu a interpretação de uma maioria de que a Lei de Anistia de 1979 proíbe qualquer investigação. Interpretação errada que tem de ser corrigida e, na minha opinião, será corrigida. Será corrigida daqui a um ano, ou cinco, ou 20 anos, mas será.

O avanço da democracia levará ministros a repensarem e entenderem, mesmo que se considere que a Lei de Anistia não pode ser revista, porque existe o argumento que uma lei não pode ser feita para trás, mesmo assim é incorreta a interpretação que o texto da lei protege torturadores. Não protege torturadores. Pode-se argumentar que o que foi combinado verbalmente na época era a proteção de torturadores, mas não adianta fazer combinação verbal na hora de escrever uma lei, a lei tem de ser clara.

Quando a lei fala que estão anistiados os crimes conexos, a palavra “conexos” não tem a significação de qualquer tipo de estupro, assassinato ou ocultação de cadáver. Se a lei quisesse dizer isso teria que dizer literalmente: “estão anistiados todos aqueles que cometeram crimes no exercício dos interrogatórios e da repressão política”. Seria uma lei absurda, o regime não fez isso porque não reconhecia o uso da tortura e nem sequer a existência de presos políticos, eram todos terroristas.

Quando a democracia brasileira avançou e inviabilizou este processo, essa mentira, a cada dia vai avançar a consciência e a compreensão. E eventos como estes em homenagem ao Alexandre Vannucchi Leme são muito importantes para deixar claro que o Brasil precisa completar alguns passos da chamada justiça de transição.

Se me perguntarem se os torturadores tem de ser punidos, eu respondo imediatamente que sim, e serão punidos. Se me perguntarem se a punição tem de ser prisão, isso é uma outra discussão. Existem outras punições que não são prisões: punições morais, declaratórias, onde são declarados como responsáveis por violências sexuais, delitos que ferem até a honra militar e os torna indignos de terem servido aos poderes públicos. Essa condenação, muito mais que jogá-los numa cadeia, é que é indispensável para que os jovens de hoje compreendam que delitos dessa importância, quando praticados, poderão aguardar 10, 20 ou 30 anos, mas terminarão sendo examinados e haverá punições.

Já existe uma punição moral. Esses torturadores só conseguem vir a público dizer que não houve tortura e nenhuma pessoa sensata acredita neles. Eles estão derrotados e isso precisa ser formalizado nas leis brasileiras para que não volte a acontecer no nosso país nunca mais.

Punir os erros dos resistentes?
Paulo Vannucchi - A Declaração Universal dos Direitos Humanos aprovada pelas Nações Unidas, em 1948, estabelece em 30 artigos as condições que todos os países precisam seguir para o mundo ter um clima de paz e harmonia.

No seu preâmbulo, a Declaração diz que é preciso estabelecer critérios de igualdade, de justiça e de liberdade para que os povos não sejam novamente impelidos ao exercício do direito de rebelião contra a tirania e a opressão. Este direito milenar e histórico, neste dia em que se anuncia um novo papa para o catolicismo, está em Tomás de Aquino, na Bíblia, tem sustentação teológica e também no pensamento político. John Locke é um pensador liberal que valoriza o direito de rebelião.

Então, instalada uma ditadura, existe o direito de rebelião. Quem se rebelou, os resistentes, não cometeram crimes, não violaram direitos humanos. Podem ter errado, cometido erros, e erros gravíssimos, porque toda a luta política, e, especialmente, toda guerra, envolve exercício de violência, de irracionalidade. Por isso, os defensores dos direitos humanos buscam, em primeiríssimo lugar, lutar pela paz. Instalada a guerra, os direitos humanos passam a ser violados.

Não se pode falar juridicamente, filosoficamente, eticamente, em termos das concepções da ONU, em violações dos direitos humanos praticados por resistentes. A violação destes direitos é um atributo histórico da violação que o Estado comete contra indivíduos.

Pessoas como o deputado [Jair] Bolsonaro, e de alguns outros órfãos da ditadura – o próprio deputado Bolsonaro já declarou que o único erro do DOI-CODI foi não ter matado todos, ter deixado sobreviver Dilma Rousseff, José Dirceu, Franklin Martins e tantos outros – esses órfãos do DOI-CODI têm de compreender essa realidade e reconhecerem os crimes cometidos.

E as Forças Armadas precisam reconhecer oficialmente os seus crimes, inclusive o seu erro, a sua ilegalidade e a sua inconstitucionalidade na deposição de João Goulart em 1974. Qualquer que fosse o problema do governo João Goulart, não havia o fantasma do pretexto do comunismo, o Brasil não tinha nenhuma estrutura forte nesse sentido. Qualquer que fosse o pretexto, as Forças Armadas não poderiam destituir um presidente. Presidente só é substituído em caso de morte, afastamento médico, impeachment e por outras situações, sobretudo a natural, que é a realização de uma nova eleição. Jamais através de golpe de Estado.

O mundo hoje sabe disso. Naquela época, a Guerra Fria gerou golpes de Estado em todos os países aqui da região, mas 50 anos depois o Brasil chegou a um amplo consenso. No ano que vêm, o golpe completa 50 anos e é o momento adequado para que o Estado Brasileiro faça, formalmente, esse pronunciamento condenando o golpe. Exército, Marinha e Aeronáutica condenando o golpe e reconhecendo todos os erros, toda a truculência do aparelho de tortura e de repressão que foi montado pelas Forças Armadas.

Serviço
14de março

- Show “Conversando com a Paz”, com Sergio Ricardo e convidados

Local: Centro Cultural São Paulo.

Horário: 19h

15 de março

- Comissão de Anistia do Ministério da Justiça / 68 Caravana da Anistia: Ato Oficial de Reconhecimento pelo Estado Brasileiro de Alexandre Vannuchi Leme como Anistiado Político.

Local: Instituto de Geociências (USP)

Horário: 12h

- Missa em Homenagem a Alexandre Vannuchi Leme

Local: Catedral da Sé

Horário: 18h

http://altamiroborges.blogspot.com.br/2013/03/40-anos-depois-alexandre-vive.html

Demóstenes e a seletividade da mídia























Por José Dirceu, em seu blog:

É importante recordar como a imprensa, com exceções, esqueceu-se do caso Demóstenes Torres/Carlinhos Cachoeira/Marconi Perillo. O caso foi abandonado nos descaminhos da Justiça e mesmo do Conselho Nacional do Ministério Público.

O tempo passa e o PSDB-DEM-PPS, envolvidos no escândalo, apostam no esquecimento. Você se lembra de ter visto alguma notícia sobre o assunto nos últimos dias? Pois é.

Ontem, o CNMP rejeitou todos os recursos apresentados pelo senador cassado Demóstenes Torres contra abertura de processo por irregularidades cometidas quando ele era procurador de Justiça de Goiás. Mas o assunto não interessa mais à imprensa.

Diferentemente do que ocorre quando qualquer denúncia – mesmo sem procedência nenhuma – envolve o PT.
As acusações feitas por Marcos Valério ao ex-presidente Lula já foram investigadas em inquéritos policiais, e o Supremo Tribunal Federal por mais de uma vez o excluiu da AP 470, não atendendo aos pedidos de um dos réus.


Leia também:

 O esquerdista fanático e o direitista visceral: dois perfeitos idiotas




Isso evidencia o abuso de autoridade do Procurador Geral da República ao enviar as declarações de Marcos Valério para o exame da Procuradoria de Minas Gerais – que agora agiu segundo a lei, concluiu que não havia o que investigar e enviou o caso para Brasília.

http://altamiroborges.blogspot.com.br/2013/03/demostenes-e-seletividade-da-midia.html

Censura no facebook!!


















Democracia aonde, cara-pálida???


         Os "democratas-capitalistas" que me bloquearam lá Facebook são, além de autoritários, malandros: na verdade, eles não querem me calar  (se não desse tanto na cara, até fariam isso, me excluindo de vez), posso até postar, figuras, certas "denúncias", etc....o que eles NÃO PERMITEM, É DIVULGAR AS MATÉRIAS DE MEU BLOG naquele local "DEMOCRÁTICO" .Não posso colar nada em meu perfil que venha do BLOG! Eles sabem, que a grande maioria de leitores que vão aos blogs -pelo menos o meu-, progressistas e alternativos são oriundos do facebook, pois é uma rede social "popular" , e que em nosso caso, serve de "vitrine" para nossas matérias , reportagens e denúncias, daí suas tentativas em cercear, colocar obstáculos em nossos trabalhos afim de calar nossa opinião e nossas idéias que vão ao desencontro ao sistema vigente corrupto e hipócrita que eles representam e defendem!Lamentável que passemos por isso enquanto a máfia da imprensa golpista deita e rola por aí....impunemente....



OEA -Organização dos Estados Americanos 

DECLARAÇÃO DE PRINCÍPIOS SOBRE LIBERDADE DE EXPRESSÃO


2. Toda pessoa tem o direito de buscar, receber e divulgar informação e opiniões livremente, nos termos estipulados no Artigo 13 da Convenção Americana sobre Direitos Humanos. Todas as pessoas devem contar com igualdade de oportunidades para receber, buscar e divulgar informação por qualquer meio de comunicação, sem discriminação por nenhum motivo, inclusive os de raça, cor, religião, sexo, idioma, opiniões políticas ou de qualquer outra índole, origem nacional ou social, posição econômica, nascimento ou qualquer outra condição social.

5. A censura prévia, a interferência ou pressão direta ou indireta sobre qualquer expressão, opinião ou informação através de qualquer meio de comunicação oral, escrita, artística, visual ou eletrônica, deve ser proibida por lei. As restrições à livre circulação de idéias e opiniões, assim como a imposição arbitrária de informação e a criação de obstáculos ao livre fluxo de informação, violam o direito à liberdade de expressão.



A paz ,se possível, mas a verdade a qualquer preço!

www.blogdocarlosmaia.blogspot.com

Carlos Maia

quinta-feira, 14 de março de 2013

O clima de horror nas redações


Por Luciano Martins Costa, na Observatório da Imprensa:
 

Tem grande repercussão nas redes sociais a reportagem publicada na segunda-feira (11/03) pelo Portal Imprensa sobre o aumento dos casos de depressão, infidelidade conjugal e uso abusivo de drogas e álcool entre profissionais de jornalismo.

O estudo foi realizado pelo doutor em Psicologia José Roberto Heloani, da Unicamp, cobrindo um período de dez anos.

Segundo o pesquisador, na última década os jornalistas brasileiros se tornaram mais sujeitos a pressão por causa de circunstâncias de trabalho, tornando-se mais vulneráveis a assédio moral e sexual, além de outras condições capazes de produzir desequilíbrio emocional e doenças mentais.

No período mais recente de seu estudo, Heloani trabalhou com uma amostragem de 250 jornalistas, analisando aspectos de suas vidas como saúde mental, identidade e subjetividade e resiliência a situações estressantes.

leia também:

Gazeta do Povo e o jogo sórdido da imprensa paranaense


Ele encontrou um grande número de profissionais trabalhando em estados de pré-exaustão ou exaustão na maioria das redações.

A concentração da propriedade dos meios de comunicação, que torna crucial a aceitação de um jornalista no restrito e concorrido mercado da imprensa, o transforma em um indivíduo passivo diante de circunstâncias indignas de trabalho.

"No Brasil, há seis grandes grupos de comunicação. Você precisa ter muita coragem para fazer uma denúncia formal de assédio se quiser permanecer no mercado. A pessoa pode até pensar em mudar de área, ir para assessoria ou área acadêmica, mas nenhuma alternativa é fácil", resume o pesquisador.

O uso de drogas aumentou cerca de 25% no período estudado, como uma das consequências das condições opressivas de trabalho.

Em função das longas e extenuantes jornadas, muitos dos entrevistados também relatam dificuldades de relacionamento, insegurança e medo de tomar decisões.

Essa realidade, confrontada com a imagem idealizada da profissão, produz uma sensação geral de vulnerabilidade e frustração, que levam aos casos de depressão.

Do assédio ao crime
Coautor do livro "Assédio moral no trabalho" (Ed. Cengage), com Maria Ester de Freitas e Margarida Silveira Barreto, Heloani tem grande experiência no estudo de processos de expropriação da dignidade no ambiente de trabalho.

Um de seus ensaios, publicado em 2004 (ver http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-56482004000100013), relata o processo em que, submetido a constante assédio moral e depreciação, o trabalhador acaba por emular a personalidade que lhe é atribuída, com a consequente redução de sua autoestima e de suas ambições profissionais e pessoais.

Essa foi a circunstância encontrada por ele no acompanhamento de três grupos diferentes de jornalistas, o primeiro formado em 2003 por profissionais atuando no eixo Rio-São Paulo.

Heloani considera que o fato de os profissionais de imprensa terem que enfrentar, progressivamente, mais desafios e complexidades, por exemplo, com a exigência de desenvolver habilidades multifocais, agrava a situação.

No primeiro grupo estudado, ele não encontrou tantos casos de estresse patológico grave, mas nos grupos acompanhados mais recentemente, sua pesquisa revelou a presença de profissionais debilitados, extenuados, muitos recorrendo a drogas lícitas e ilícitas para suportar o ritmo de trabalho.

Interessante observar que, tendo sido publicada na última segunda-feira, a pesquisa não despertou interesse nos grandes grupos de comunicação, justamente os lugares que concentram o problema.

Há vinte anos ou mais, essas empresas tinham comissões internas de qualidade no trabalho, com programas de prevenção que protegiam os jornalistas dos riscos mais comuns da profissão.

Com o fim da exigência do diploma específico para o exercício do jornalismo e o desmanche das atividades sindicais, as redações ficaram submetidas ao arbítrio de editores e diretores nem sempre habilitados para a gestão de pessoas.

Os casos de assédio se multiplicam mas não são relatados publicamente, porque as vítimas têm medo de perder o emprego e entrar numa lista negra dos grandes jornais.

O mais grave deles se transformou em escândalo com o assassinato da jornalista Sandra Gomide pelo ex-diretor de redação do Estado de S. Paulo.

O episódio sangrento, que evoluiu do assédio ao homicídio, é minuciosamente investigado no livro "Pimenta Neves - uma reportagem" (ed. Scortecci), de autoria de Luiz Octávio Lima, lançado na semana passada em São Paulo.

O estudo de José Roberto Heloani mostra que esse crime covarde não ensinou nada às redações.

Dilma “asfixia” mídia alternativa


Por Juliana Sada, no blog Escrevinhador:

Nesta segunda-feira, a redação da revista “Caros Amigos”, que estava em greve desde sexta-feira (08/03), foi alvo de uma demissão coletiva. Nas redes sociais, leitores protestaram, considerando a atitude incompatível com uma revista de esquerda. Wagner Nabuco, diretor da Editora Casa Amarela, responsável pela publicação, alegou “quebra de confiança” da equipe, e afirmou ter sido surpreendido pela declaração de greve dos onze integrantes da redação.
Os funcionários demitidos, por sua vez, dizem que entraram em greve por causa da falta de diálogo e para reagir ao anúncio de cortes de 50% na folha de pagamento.Aqui, no “Viomundo”, você pode ler na íntegra as manifestações dos jornalistas e do diretor da Caros Amigos.

A crise da chamada “imprensa alternativa”, no entanto, é mais ampla. A greve e as demissões na “Caros Amigos” expõem uma situação grave: a precariedade e a falta de recursos que afetam vários sites e publicações.

O portal “Carta Maior” reagiu de forma direta: divulgou uma nota criticando a postura do governo federal, e informou que a origem do problema da “Caros Amigos” está na “asfixia financeira, decorrente das decisões do governo federal de suprimir publicidade de utilidade pública nos veículos da mídia alternativa”.

Carta Maior disse mais: “a revista [Caros Amigos] resistiu ao ciclo tucano dos anos 90, mas não suportou os ‘critérios técnicos’ da Secom no governo Dilma, cuja prioridade é concentrar recursos nos veículos conservadores”.

Fundada em 97, a “Caros Amigos” tornou-se referência de jornalismo crítico e independente, num momento em que as redações da chamada “grande imprensa” eram dominadas pelo pensamento neoliberal. A “Caros Amigos” cumpriu – de forma competente – a função de oferecer espaço para quem se opunha à onda liberal. Naquele momento, não havia blogs nem redes sociais. A revista resistiu. Foi, também, a única publicação do país a dar – com destaque – reportagem sobre o suposto filho de FHC com uma jornalista da Globo (no fim, o filho não era de FHC; mas FHC e a Globo achavam que era, sim - essa já é outra história…).

Nos últimos anos, a “Caros Amigos” tem enfrentado sérias dificuldades financeiras, que a levaram a reduzir o quadro de funcionários. Quando entraram em greve, os jornalistas relataram outros problemas: “ausência de registro na carteira profissional, não recolhimento das contribuições do FGTS e do INSS, e, agora, o agravamento da situação pela ameaça concreta de corte da folha salarial em 50%, com a demissão de boa parte da equipe”.

Precarização e crise
A situação descrita não é exclusividade da “Caros Amigos”. De maneira crescente, empresas de comunicação (inclusive na “grande imprensa”) precarizam o trabalho do jornalista, que de funcionário passa a ser um “colaborador fixo” ou “prestador de serviços” para que as empresas cortem os gastos com impostos e contribuições trabalhistas. Há anos a situação é denunciada por entidades da categoria, mas com poucas vitórias.

Por sua vez, a imprensa escrita como um todo passa por um momento de mudança e dificuldades. Nos últimos anos, tradicionais jornais deixaram de circular no Brasil, como o “Jornal da Tarde” e a “Gazeta Mercantil”. Já o “Jornal do Brasil” e o “Estado do Paraná” passaram a existir apenas no meio digital.

Dentro desse panorama, há ainda a peculiaridade dos veículos da imprensa “alternativa” (ou contra-hegemônica”, como preferem alguns), que possuem mais dificuldades de financiamento. Como explica Renato Rovai, da Altercom (Associação Brasileira de Empresas e Empreendedores da Comunicação), “no Brasil a verba publicitária é pessimamente distribuída”. Editor da revista Fórum, ele relata ainda que em 2012 o veículo perdeu 50% da receita publicitária proveniente da Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República), órgão responsável pela distribuição da publicidade do governo federal.

A Altercom defende que “30% das verbas publicitárias sejam distribuídas às pequenas empresas de comunicação e aos empreendedoras individuais de comunicação, como já acontece em outras áreas, por exemplo, na compra de alimentos da agricultura familiar para a merenda escolar”, explica Rovai. A proposta foi apresentada à Comissão de Finanças do Congresso, onde está sendo debatida, e à ministra Helena Chagas, da Secom.

Rovai destaca a importância de uma divisão mais justa da publicidade: “se isso fosse feito, certamente a situação da Caros Amigos e dos seus trabalhadores seria muito diferente”.

Nota do Escrevinhador: As informações que chegam de Brasília indicam que a Secom não tem qualquer intenção de mudar os critérios de distribuição das verbas oficiais de publicidade. O governo Dilma ajuda a concentrar as verbas nas mãos de poucos. Age, assim, na contramão das políticas adotadas por democracias ocidentais que destinam parte da verba para “fundos de democratização da mídia”; e parece mais preocupado em não criar “zonas de atrito” com meia dúzia de famílias que, donas de revistas e jornais conservadores, se esbaldam com a verba de publicidade oficial.