Prefeito showbiz tira leite, mas dá xampu
Os novos governantes recrutados pelo prefeito apolítico não devem fazer a menor ideia da importância deste programa Leve Leite para quase um milhão de famílias paulistanas.
Por Ricardo Kotscho, no blog Balaio do Kotscho:
Duas medidas anunciadas nesta quinta-feira pela gestão do prefeito showbiz João Doria, prestes a completar suas duas primeiras semanas na administração pública da maior cidade brasileira, dão ideia do que nos espera.
Ao mesmo tempo em que a Secretaria da Educação estuda o corte nas verbas do Leve Leite, programa que atende 900 mil crianças das creches e das escolas da rede municipal, Doria quer deixar os moradores de rua mais cheirosos.
Nos próximos dias, a Prefeitura vai distribuir em seus albergues 80 mil xampus e 96 mil desodorantes, além de sabonetes, escovas de dente e tubos de creme dental, informa a coluna de Monica Bergamo.
A distribuição de um milhão de unidades de produtos de higiene pessoal não vai abalar o orçamento municipal. Foram doados pela empresa Unilever.
O que vai afetar o orçamento e provocar cortes na Secretaria da Educação é a promessa que Doria fez durante a campanha de não aumentar as passagens de ônibus para ganhar votos e evitar protestos de rua.
Sem o reajuste das tarifas, a Prefeitura vai consumir mais R$ 1 bilhão este ano em subsídios para as companhias de ônibus, mais ou menos o mesmo valor da verba que deve ser cortada dos programas do Leve Leite, material de ensino e transporte escolar.
Mesmo sem o aumento, centenas de militantes do Movimento Passe Livre fecharam no final da tarde de ontem a Paulista e outras avenidas num protesto que pretendia chegar até a casa do prefeito no Jardim Europa, mas foram impedidos pela Polícia Militar.
"A situação fiscal da Prefeitura não é fácil", constata o secretário da Educação, Alexandre Schneider, como se todo mundo já não soubesse disso durante a campanha eleitoral, a começar pelo então candidato João Doria.
Estava na cara que, sem o reajuste das tarifas e com o aumento dos subsídios, teriam que ser cortadas verbas em outras áreas.
Alguém teria que pagar esta conta - e, como tem acontecido, sobrou para o lado mais fraco, que nem tem como protestar.
Os novos governantes recrutados pelo prefeito apolítico não devem fazer a menor ideia da importância deste programa Leve Leite para quase um milhão de famílias paulistanas.
Nas casas delas, podia faltar de tudo, mas pelo menos o leite das crianças estava garantido, diziam. Não mais.
No ano passado, com tudo o que está acontecendo neste país de mais de 12 milhões de desempregados, a única queixa de dona Edite, uma senhora baiana que cria sozinha uma neta orfã de dez anos e há séculos trabalha com a gente, foi a suspensão da distribuição de leite durante um breve período na administração anterior.
Todo dia ela me peguntava quando o leite iria voltar, a sua maior preocupação.
Ainda não se sabe quantas crianças serão afetadas pelo corte do Leve Leite, um programa criado em 1995, quando o prefeito era Paulo Maluf, que também se apresentava como empresário rico e bom gestor.
Segundo a Folha, o programa só deverá atender a crianças de 0 a 6 anos - a neta de dona Edite ficaria de fora.
Depois do xampu grátis, da tarifa congelada e de se vestir de gari com uniforme sob medida empunhando uma vassoura para os fotógrafos, espetáculo que promete repetir nos próximos fins de semana, aguarda-se os novos coelhos que João Doria pretende tirar da cartola para se manter nas capas dos jornais e nas colunas sociais.
Duas medidas anunciadas nesta quinta-feira pela gestão do prefeito showbiz João Doria, prestes a completar suas duas primeiras semanas na administração pública da maior cidade brasileira, dão ideia do que nos espera.
Ao mesmo tempo em que a Secretaria da Educação estuda o corte nas verbas do Leve Leite, programa que atende 900 mil crianças das creches e das escolas da rede municipal, Doria quer deixar os moradores de rua mais cheirosos.
Nos próximos dias, a Prefeitura vai distribuir em seus albergues 80 mil xampus e 96 mil desodorantes, além de sabonetes, escovas de dente e tubos de creme dental, informa a coluna de Monica Bergamo.
A distribuição de um milhão de unidades de produtos de higiene pessoal não vai abalar o orçamento municipal. Foram doados pela empresa Unilever.
O que vai afetar o orçamento e provocar cortes na Secretaria da Educação é a promessa que Doria fez durante a campanha de não aumentar as passagens de ônibus para ganhar votos e evitar protestos de rua.
Sem o reajuste das tarifas, a Prefeitura vai consumir mais R$ 1 bilhão este ano em subsídios para as companhias de ônibus, mais ou menos o mesmo valor da verba que deve ser cortada dos programas do Leve Leite, material de ensino e transporte escolar.
Mesmo sem o aumento, centenas de militantes do Movimento Passe Livre fecharam no final da tarde de ontem a Paulista e outras avenidas num protesto que pretendia chegar até a casa do prefeito no Jardim Europa, mas foram impedidos pela Polícia Militar.
"A situação fiscal da Prefeitura não é fácil", constata o secretário da Educação, Alexandre Schneider, como se todo mundo já não soubesse disso durante a campanha eleitoral, a começar pelo então candidato João Doria.
Estava na cara que, sem o reajuste das tarifas e com o aumento dos subsídios, teriam que ser cortadas verbas em outras áreas.
Alguém teria que pagar esta conta - e, como tem acontecido, sobrou para o lado mais fraco, que nem tem como protestar.
Os novos governantes recrutados pelo prefeito apolítico não devem fazer a menor ideia da importância deste programa Leve Leite para quase um milhão de famílias paulistanas.
Nas casas delas, podia faltar de tudo, mas pelo menos o leite das crianças estava garantido, diziam. Não mais.
No ano passado, com tudo o que está acontecendo neste país de mais de 12 milhões de desempregados, a única queixa de dona Edite, uma senhora baiana que cria sozinha uma neta orfã de dez anos e há séculos trabalha com a gente, foi a suspensão da distribuição de leite durante um breve período na administração anterior.
Todo dia ela me peguntava quando o leite iria voltar, a sua maior preocupação.
Ainda não se sabe quantas crianças serão afetadas pelo corte do Leve Leite, um programa criado em 1995, quando o prefeito era Paulo Maluf, que também se apresentava como empresário rico e bom gestor.
Segundo a Folha, o programa só deverá atender a crianças de 0 a 6 anos - a neta de dona Edite ficaria de fora.
Depois do xampu grátis, da tarifa congelada e de se vestir de gari com uniforme sob medida empunhando uma vassoura para os fotógrafos, espetáculo que promete repetir nos próximos fins de semana, aguarda-se os novos coelhos que João Doria pretende tirar da cartola para se manter nas capas dos jornais e nas colunas sociais.
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