Doria vai rever material escolar, entrega de leite e transporte a alunos

O primeiro a ser reduzido deve ser o programa Leve Leite, que hoje atende estudantes da creche ao 9º ano da rede municipal. Segundo o secretário municipal de Educação, Alexandre Schneider, a compra de material escolar e o transporte de alunos irão passar por um pente-fino e também podem ser revistos.
Já reduzido devido à crise na economia, o orçamento se tornou uma peça ainda mais sensível da nova gestão após o congelamento das tarifas de ônibus em R$ 3,80 neste ano –o que ampliará em cerca de R$ 1 bilhão os gastos da prefeitura com as viações.

Rubens Cavallari-28.mai.2015/Folhapress
Estudantes em escola municipal em Paraisópolis, na zona sul
Estudantes em sala de aula em escola municipal em Paraisópolis, na zona sul de São Paulo
PUBLICIDADE
Com graves dificuldades orçamentárias, o prefeito João Doria (PSDB) pretende rever gastos da Secretaria de Educação que não estejam ligados diretamente ao ensino.
O primeiro a ser reduzido deve ser o programa Leve Leite, que hoje atende estudantes da creche ao 9º ano da rede municipal. Segundo o secretário municipal de Educação, Alexandre Schneider, a compra de material escolar e o transporte de alunos irão passar por um pente-fino e também podem ser revistos.
Já reduzido devido à crise na economia, o orçamento se tornou uma peça ainda mais sensível da nova gestão após o congelamento das tarifas de ônibus em R$ 3,80 neste ano –o que ampliará em cerca de R$ 1 bilhão os gastos da prefeitura com as viações.
Há menos de 15 dias no cargo que já havia ocupado entre 2006 e 2012, na gestão Gilberto Kassab (PSD), Schneider tem se debruçado sobre as finanças da pasta para desenhar as ações para os próximos quatro anos.
"A situação fiscal da prefeitura não é fácil. Chego em um momento muito mais difícil que da primeira vez que fui secretário", disse à Folha.
Estão na mira gastos que consomem em torno de R$ 1,1 bilhão do orçamento da secretaria –de um total de R$ 10,9 bilhões. O secretário de Doria cita que, por outro lado, a rubrica de apoio pedagógico, aquele diretamente ligada à sala de aula, soma somente R$ 130 milhões.
"Todos os contratos e projetos estão sob revisão. Mas, se tiver que rever o leite, contratos de serviços terceirizados, se tiver que aprofundar esse revisão, por mais mérito que tenha, vamos fazer", diz. "Os recursos que vão para a escola terão prioridade".
A previsão de gastos em 2017 para material escolar e uniforme é de R$ 140 milhões. Outros R$ 260 milhões estão destinados para o transporte escolar gratuito. O programa de passe livre para estudantes criado pela gestão Fernando Haddad (PT) deve comprometer neste ano, segundo Schneider, R$ 400 milhões do orçamento da pasta.
"Socialmente, é interessante garantir acesso ao transporte gratuito. Mas, do ponto de vista da educação, cria um problema no orçamento", declara ele.
Já o Leve Leite tem a previsão de gastos de R$ 340 milhões em 2017. O programa, criado em 1995 na gestão de Paulo Maluf (PP), oferece latas de leite em pó a todos os 900 mil alunos da rede municipal, da creche ao 9º ano.
No ano passado, por causa da crise, a gestão Fernando Haddad (PT) já havia reduzido temporariamente a quantidade de produto entregue às crianças.
O novo secretário de Educação não deu detalhes de como esses gastos podem ser reduzidos, mas a Folha apurou que o programa de entrega de leite deve ser restringido para crianças de 0 a 6 anos.
Questionado sobre o assunto na manhã desta sexta-feira (13), o prefeito João Doria (PSDB) afirmou que está analisando o assunto do Leve Leite. "Vamos ter cortes profundos em vários setores da prefeitura de São Paulo. O tema do Leve Leite está sendo estudado pelo secretário, não é uma decisão tomada", disse.
PRIORIDADE
Promessas de campanha de Doria, como criação de vagas em creche, valorização dos professores e expansão de ensino integral, exigem investimentos. Segundo Schneider, o objetivo é ser transparente e "explicar para a sociedade" o que não puder ser feito.
Sobre as creches, a gestão pretende regionalizar o plano de criação de vagas com objetivo de atender os mais pobres. As filas por vaga já são maiores nos extremos sul, norte e leste da cidade.
Haverá um novo critério de preferência aos mais pobres. A secretaria pretende fazer ainda uma busca ativa de famílias vulneráveis não atendidas. O secretário diz que os reajustes para professores já previstos em lei serão honrados. São 8,78% em 2017 e 8,41% em 2018.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Socialismo

Unicef: 700 crianças palestinas são presas por forças israelenses

NAZIFASCISTAS BRASILEIROS