Gilmar Mendes & Veja: a pauta do desespero
Gilmar Mendes & Veja: a pauta do desespero
A desfaçatez perpetrada desta vez só tem uma explicação: bateu o
desespero; possivelmente, investigações da CPI tenham chegado perto
demais de promover uma devassa em circuitos e métodos que remetem
às entranhas da atuação de Mendes e VEJA nos últimos anos. Foram para
o tudo ou nada.
- por Saul Leblon, no Blog da Frases
A revista que arrendou uma quadrilha para produzir 'flagrantes' que dessem
A revista que arrendou uma quadrilha para produzir 'flagrantes' que dessem
sustentação a materias prontas contra o governo, o PT, os movimentos sociais
e agendas progressistas teve a credibilidade ferida de morte com as revelações
do caso Cachoeira. VEJA sangra em praça pública. Mas na edição desta semana
tenta um golpe derradeiro naquela que é a sua especialidade editorial: um grande
escândalo capaz de ofuscar a própria deriva. À falta dos auxilares de Cachoeira,
recorreu ao ex-presidente do STF, Gilmar Mendes, que assumiu a vaga dos integrantes
encarcerados do bando para oferecer um 'flagrante' à corneta do conservadorismo
brasileiro. Desta vez, o alvo foi o presidente Lula.
A semanal transcreve diálogos narrados por Mendes de uma inexistente conversa
A semanal transcreve diálogos narrados por Mendes de uma inexistente conversa
entre ele e o ex-presidente da República, na cozinha do escritório do ex-ministro
Nelson Jobim. Gilmar Mendes --sempre segundo a revista-- acusa Lula de tê-lo
chantageado com ofertas de 'proteção' na CPI do Cachoeira. Em troca, o amigo do
peito de Demóstenes Torres, com quem já simulou uma escuta inexistente da PF
(divulgada pelo indefectível Policarpo Jr, de VEJA, a farsa derrubou o diretor da ABI,
Paulo Lacerda), deveria operar para postergar o julgamento do chamado 'mensalão'.
Neste sábado, Nelson Jobim, insuspeito de qualquer fidelidade à esquerda, desmentiu
Neste sábado, Nelson Jobim, insuspeito de qualquer fidelidade à esquerda, desmentiu
cabalmente a versão da revista e a do magistrado. Literalmente, em entrevista ao
Estadão, Jobim disse: 'O quê? De forma nenhuma, não se falou nada disso. O Lula
fez uma visita para mim, o Gilmar estava lá. Não houve conversa sobre o mensalão;
tomamos um café na minha sala. O tempo todo foi dentro da minha sala (não na cozinha);
o Lula saiu antes; durante todo o tempo nós ficamos juntos", reiterou.
A desfaçatez perpetrada desta vez só tem uma explicação: bateu o desespero;
A desfaçatez perpetrada desta vez só tem uma explicação: bateu o desespero;
possivelmente, investigações da CPI tenham chegado perto demais de promover uma
devassa em circuitos e métodos que remetem às entranhas da atuação de Mendes e
VEJA nos últimos anos. Foram para o tudo ou nada. No esforço para mudar o foco da
agenda política e criar um fato consumado capaz de precipitar o julgamento do chamado
'mensalão', jogaram alto na fabricação de uma crise política e institucional. O
desmentido de Jobim nivela-os à condição dos meliantes já encarcerados do
esquema Cachoeira. A Justiça pode tardar. A sentença da opinião pública não.
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