sexta-feira, 6 de maio de 2016

Golpistas em pânico: queda de Cunha pode anular impeachment



LUIS MACEDO:
Conforme o ministro Teori Zavascki ia explanando as razões pelas quais aceitou (com quase cinco meses de atraso) a moção do procurador-geral da República, feita em dezembro último, pelo afastamento do agora ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, muitos dos que assistiram àquela cena podem ter se surpreendido.
Enquanto os golpistas babam ódio contra Dilma Rousseff e Lula, acusando-os de tudo e mais um pouco, a Casa dos Representantes do Povo jazia paralisada pela ação de Cunha, eximindo-se de votar matérias de interesse da nação em benefício único e exclusivo do agora já defenestrado ex-presidente daquela Casa.
Nesse sentido de usar a Presidência da Câmara para se proteger, Cunha também tomou atitudes condizentes com a pecha de “gangster” que lhe é invariavelmente pespegada por tantos quantos têm vergonha na cara. A conduta dele mais concernente a esse conceito certamente foi a intimidação de parlamentares que ameaçavam fazer andar o processo de sua cassação.
Para terminar, Cunha ainda usou o cargo para impedir investigações contra as duas centenas de deputados que o apoiam, entre os quais o famigerado parlamentar que atende pela alcunha de “Paulinho da Farsa Sindical”.
A mídia se surpreendeu e se estarreceu com a decisão tempestiva do STF de pôr fim à farra de Cunha e seus 200 picaretas. Afinal de contas, Valdir Maranhão (PP-MA), o 1º vice-presidente da Câmara, quem irá assumir o lugar de Cunha enquanto a Câmara não lhe cassar o mandato, votou contra o impeachment de Dilma e certamente colocará fim à paralisia legislativa e aos golpes contra o governo Dilma.
Em caso de impeachment de Dilma, provavelmente Maranhão não dará guarida a Michel Temer, contra quem há pedidos de impeachment tramitando na Câmara.
Além de tudo isso, para desespero dos golpistas a lei favorece o questionamento de todos os atos de Eduardo Cunha durante o exercício da Presidência, entre os quais – e à frente de tudo – a decisão dele pela abertura do processo de impeahcment de Dilma Rousseff.
Para completar o quadro de intranquilidade pelos golpistas, a defenestração de Cunha pelo STF em peso cria uma situação nova para a Corte que lhe permite, em tese, analisar o mérito do impeachment para poder decidir se o ato do ex-presidente da Câmara de abrir o processo é ou não passível de anulação.
Enquanto escrevo este texto, assisto a Globo News. Surpreende – pero no mucho – o semblante de abatimento dos repórteres e apresentadores. Quem se lembra do abatimento deles a cada eleição que o PT vencia não se surpreende por apresentarem o mesmo sintoma em um momento em que o golpe ameaça subir no telhado.

Um comentário:

  1. Nesse sentido de usar a Presidência da Câmara para se proteger, Cunha também tomou atitudes condizentes com a pecha de “gangster” que lhe é invariavelmente pespegada por tantos quantos têm vergonha na cara. A conduta dele mais concernente a esse conceito certamente foi a intimidação de parlamentares que ameaçavam fazer andar o processo de sua cassação.

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