Família Bolsonaro quer ressuscitar a golpista UDN
Depois de turbinar o PSL com muitos votos e uma série de escândalos, o clã Bolsonaro já planeja deixar a legenda. Conforme reportagem do jornal O Estado de S.Paulo, publicada neste domingo (17), os filhos do presidente Jair Bolsonaro (PSL) negociam migrar para a UDN (União Democrática Nacional). O novo partido, em fase final de criação, é a reedição da antiga e golpista UDN (União Democrática Nacional), que conspirou contra os presidentes Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e João Goulart.
Do Portal Vermelho
Montagem: Mauricio Ricardo
A família Bolsonaro: projeto político de aglutinar lideranças da direita nacional
Um dos estopins da articulação é o agravamento da crise do PSL, que está sob suspeita de desviar verba pública por meio de candidaturas “laranjas” nas eleições 2018. Conforme três fontes ouvidas pelo Estadão, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) se reuniu na semana passada em Brasília com dirigentes da nova sigla para tratar do assunto. Ninguém mais do que ele tem urgência em levar adiante o projeto.
Eleito com 1,8 milhão de votos, Eduardo teria o apoio de seu irmão, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ). Com esse movimento, a família buscaria preservar seu capital eleitoral diante do desgaste do partido. As suspeitas atingiram o presidente da legenda, deputado federal Luciano Bivar (PSL-PE).
O caso também foi pano de fundo da crise envolvendo o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gustavo Bebianno, que foi chamado de mentiroso por Carlos Bolsonaro depois de afirmar que tratara com o pai sobre o tema. Após cinco dias de crise, Bebianno deve ser exonerado do cargo nesta segunda-feira, 18, por Bolsonaro.
Mas o que a família quer não é apenas se afastar dos problemas do PSL – até porque muitos desses problemas foram causados pelos próprios Bolsonaros, pai e filhos. De modo complementar, a nova sigla realizaria o projeto político de aglutinar lideranças da direita nacional identificadas com a plataforma do clã Bolsonaro, sobretudo o liberalismo econômico e a pauta nacionalista e conservadora.
No começo do mês, Eduardo foi ungido por Steve Bannon, ex-assessor do presidente americano Donald Trump, a representante na América do Sul do The Movement, grupo que reúne lideranças nacionalistas antiglobalização. O deputado deu grande publicidade ao anúncio.
Mas o projeto do novo partido é tratado com discrição no entorno do presidente. A UDN, embora ainda em formação e sem registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), foi um dos partidos sondados em 2018 por interlocutores de Jair Bolsonaro para que ele disputasse a eleição. A articulação não avançou. Depois de anunciar a adesão ao Patriota, Bolsonaro acabou escolhendo o PSL.
A nova UDN é um dos 75 partidos em fase de criação, conforme o TSE. Segundo seu dirigente, o capixaba Marcus Alves de Souza, apoiadores já reuniram 380 mil assinaturas – são necessárias 497 mil para a homologação da legenda. O partido já tem CNPJ e diretórios em nove estados, como exige a legislação eleitoral para a homologação.
A legenda tem em Brasília um de seus principais articuladores, o advogado Marco Vicenzo, que lidera o Movimento Direita Unida e coordena contatos com parlamentares interessados em aderir ao novo partido. A articulação envolveria ainda o senador Major Olímpio (PSL-SP), que nega.
Souza não comenta as tratativas do partido que estão em curso, mas admite que a intenção é criar o maior partido de direita do País. Como se trata de uma sigla nova, a legislação permite a migração de políticos sem que eles corram o risco de perder seus mandatos. “O único partido que tem o DNA da direita é a UDN. A gente não pode ter medo de crescer, mas com responsabilidade”, afirmou, desqualificando, de uma tacada só, siglas como o DEM e o Novo.
Souza deixou o Espírito Santo, onde atuou na Secretaria da Casa Civil do ex-governador Paulo Hartung, e mudou-se para São Paulo para concluir a criação da nova UDN, que adotou o mesmo mote de sua versão antiga: “O preço da liberdade é a eterna vigilância”. As aspirações são imensas. “Nosso sonho é que a UDN renasça grande e se torne o maior partido do Congresso”, afirmou seu presidente. Segundo ele, a legenda pretende apoiar o governo Bolsonaro e está aberta “para receber pessoas sérias do PSL e de qualquer partido”.
“Apelo popular”
Em processo de homologação no TSE, a UDN é inspirada no partido que nasceu em 1945 para aglutinar as forças que se opunham ao presidente Getúlio Vargas. Com o discurso de moralização da política e contra corrupção, a frente unia originalmente desde a Esquerda Democrática – que romperia um ano depois com a sigla e fundaria o Partido Socialista Brasileiro – a antigos aliados getulistas, como o general Juarez Távora e o ex-governador gaúcho Flores da Cunha, rompidos com Vargas.
Em 1960, o partido apoiou a eleição de Jânio Quadros, eleito presidente, e, em 1964 , a deposição do governo de João Goulart. “O PSL é um partido de aluguel. Já a UDN tem um apelo histórico e popular. Os Bolsonaros podem usar isso”, avalia o historiado Daniel Aarão Reis, professor da Universidade Federal Fluminense (UFF). Ele lembra que a antiga UDN, embora “muito ideologizada”, tinha um perfil heterogêneo. O mesmo pode acontecer com a nova versão.
Enquanto a versão original da UDN tinha líderes como o brigadeiro Eduardo Gomes, o jurista Afonso Arinos e os ex-governadores Carlos Lacerda (Guanabara), Juracy Magalhães (Bahia) e Magalhães Pinto (Minas), a nova legenda tem potencial para atrair lideranças do DEM ao PSDB, passando pelo MBL. Entre os políticos que são vistos como “sonho de consumo” da UDN em 2019 está o governador de São Paulo, João Doria, que descarta a ideia de deixar o PSDB.
Com informações do Estadão
Eleito com 1,8 milhão de votos, Eduardo teria o apoio de seu irmão, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ). Com esse movimento, a família buscaria preservar seu capital eleitoral diante do desgaste do partido. As suspeitas atingiram o presidente da legenda, deputado federal Luciano Bivar (PSL-PE).
O caso também foi pano de fundo da crise envolvendo o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gustavo Bebianno, que foi chamado de mentiroso por Carlos Bolsonaro depois de afirmar que tratara com o pai sobre o tema. Após cinco dias de crise, Bebianno deve ser exonerado do cargo nesta segunda-feira, 18, por Bolsonaro.
Mas o que a família quer não é apenas se afastar dos problemas do PSL – até porque muitos desses problemas foram causados pelos próprios Bolsonaros, pai e filhos. De modo complementar, a nova sigla realizaria o projeto político de aglutinar lideranças da direita nacional identificadas com a plataforma do clã Bolsonaro, sobretudo o liberalismo econômico e a pauta nacionalista e conservadora.
No começo do mês, Eduardo foi ungido por Steve Bannon, ex-assessor do presidente americano Donald Trump, a representante na América do Sul do The Movement, grupo que reúne lideranças nacionalistas antiglobalização. O deputado deu grande publicidade ao anúncio.
Mas o projeto do novo partido é tratado com discrição no entorno do presidente. A UDN, embora ainda em formação e sem registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), foi um dos partidos sondados em 2018 por interlocutores de Jair Bolsonaro para que ele disputasse a eleição. A articulação não avançou. Depois de anunciar a adesão ao Patriota, Bolsonaro acabou escolhendo o PSL.
A nova UDN é um dos 75 partidos em fase de criação, conforme o TSE. Segundo seu dirigente, o capixaba Marcus Alves de Souza, apoiadores já reuniram 380 mil assinaturas – são necessárias 497 mil para a homologação da legenda. O partido já tem CNPJ e diretórios em nove estados, como exige a legislação eleitoral para a homologação.
A legenda tem em Brasília um de seus principais articuladores, o advogado Marco Vicenzo, que lidera o Movimento Direita Unida e coordena contatos com parlamentares interessados em aderir ao novo partido. A articulação envolveria ainda o senador Major Olímpio (PSL-SP), que nega.
Souza não comenta as tratativas do partido que estão em curso, mas admite que a intenção é criar o maior partido de direita do País. Como se trata de uma sigla nova, a legislação permite a migração de políticos sem que eles corram o risco de perder seus mandatos. “O único partido que tem o DNA da direita é a UDN. A gente não pode ter medo de crescer, mas com responsabilidade”, afirmou, desqualificando, de uma tacada só, siglas como o DEM e o Novo.
Souza deixou o Espírito Santo, onde atuou na Secretaria da Casa Civil do ex-governador Paulo Hartung, e mudou-se para São Paulo para concluir a criação da nova UDN, que adotou o mesmo mote de sua versão antiga: “O preço da liberdade é a eterna vigilância”. As aspirações são imensas. “Nosso sonho é que a UDN renasça grande e se torne o maior partido do Congresso”, afirmou seu presidente. Segundo ele, a legenda pretende apoiar o governo Bolsonaro e está aberta “para receber pessoas sérias do PSL e de qualquer partido”.
“Apelo popular”
Em processo de homologação no TSE, a UDN é inspirada no partido que nasceu em 1945 para aglutinar as forças que se opunham ao presidente Getúlio Vargas. Com o discurso de moralização da política e contra corrupção, a frente unia originalmente desde a Esquerda Democrática – que romperia um ano depois com a sigla e fundaria o Partido Socialista Brasileiro – a antigos aliados getulistas, como o general Juarez Távora e o ex-governador gaúcho Flores da Cunha, rompidos com Vargas.
Em 1960, o partido apoiou a eleição de Jânio Quadros, eleito presidente, e, em 1964 , a deposição do governo de João Goulart. “O PSL é um partido de aluguel. Já a UDN tem um apelo histórico e popular. Os Bolsonaros podem usar isso”, avalia o historiado Daniel Aarão Reis, professor da Universidade Federal Fluminense (UFF). Ele lembra que a antiga UDN, embora “muito ideologizada”, tinha um perfil heterogêneo. O mesmo pode acontecer com a nova versão.
Enquanto a versão original da UDN tinha líderes como o brigadeiro Eduardo Gomes, o jurista Afonso Arinos e os ex-governadores Carlos Lacerda (Guanabara), Juracy Magalhães (Bahia) e Magalhães Pinto (Minas), a nova legenda tem potencial para atrair lideranças do DEM ao PSDB, passando pelo MBL. Entre os políticos que são vistos como “sonho de consumo” da UDN em 2019 está o governador de São Paulo, João Doria, que descarta a ideia de deixar o PSDB.
Com informações do Estadão
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